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As comemorações republicanas

por Nuno Castelo-Branco, em 01.02.10

 

 

Estavam lá os comensais do costume.

 

Recebidos aos gritos "gatunos prá prisão!",  foram chegando nas limusinas do Estado, para aquele aborrecido intróito antes daquilo que verdadeiramente lhes interessava: a farta manjedoura preparada na Câmara Municipal do Porto.

 

Com a flagrante - e digna - ausência do ex-republicano Ramalho Eanes, a comandita participou em peso. O nababo dos negócios de Macau, Angola e arredores, o expert em transacções imobiliárias e golfistas, o avinagrado sorriso do investidor em acções cotadas a 125% fora da Bolsa, o falhado do Porto Capital Europeia da Cultura, a habilidosa turma dos terrenos, sucatas, computices várias, centros comerciais e outros que tais. Apenas pareciam faltar os srs. Balsemão, Almeida Santos, Jorge Coelho e Pina Moura. Estariam de viagem para negócios?

 

Povo? Onde estava? Numa enorme praça, o minúsculo rectângulo cerimonial encontrava-se profusamente povoado de vitimizada tropa que aguentou estoicamente o frete, molhada até aos ossos por uma chuvinha fria, vingadora e justiceira. 

 

A sempre patética Igreja alinhou na parvoeira. Um corvo arvorado em Bispo do Porto, grasnou uns dislates contemporizadores para com a data, esquecendo-se daquilo que os seus pares passaram às mãos da cacicagem a soldo de Costas, Bernardinos e Camachos.

 

A RTP1 lá cumpriu a sua missão de agência noticiosa do regime. Designou um autêntico e reconhecido  semi-imbecil de nome Gabriel qualquer-coisa, para dirigir as duas dúzias de "interessados" na pepineira onde não deixou de exibir a sua arrogante ignorância e azeiteirismo de que faz gala. Estúpido como um galináceo, mal informado, pateta chapado e eloquente diseur de todo o tipo de cavalidades, fez o pleno do dia.

 

Muito apropriadamente, o 31 de Janeiro é o dia dos leprosos. Bem visto.

publicado às 11:43


6 comentários

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De Ricardo a 01.02.2010 às 12:59

Comentário acerbo - mas esta malta e o regime que defendem não mereciam menos!
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De Nuno Resende a 01.02.2010 às 13:01

Completamente, Nuno.
Desde a romagem dos velhinhos a cemitério, numa atitude entre o beato e o jacobino, até à expressão pasmada do banqueiro orgulhoso dos pergaminhos de marçano chapeleiro do avô, tudo jogava a favor de uma pálida e morrinhenta fotografia do republicanismo em Portugal.
Tudo tão sem glória.
Chega a ser triste.
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De Daniel Gonçalves a 01.02.2010 às 21:42

Discordo da frase "A sempre patética Igreja". Todos podem errar ou dizer disparates sem intenção. Não sei o que declarou ontem o Sr. Bispo do Porto nas cerimónias, mas assumindo que, em concordância com o lúgubre espectáculo, a sua mensagem não primou pela justiça dos factos, daí não se conclui que sempre e em qualquer circunstância disse disparates. Aliás convém recordar a ideia de D. Manuel Clemente (outra figura da Igreja) que alertava para o exagero e a bajulação que as cerimónias para o Centenário da República podiam atingir. Portanto nem sempre a Igreja é/foi patética, não tomemos a parte pelo Todo.
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De Nuno Castelo-Branco a 01.02.2010 às 23:39

Ontem foi. Um bispo?!
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De Daniel Gonçalves a 01.02.2010 às 22:11

Corrijo o meu post anterior. D. Manuel Clemente é o Bispo do Porto. Mas se, nas cerimónias, declarou frases injustas ou desacertadas terá sido pela força das circunstâncias que o levaram a usar de diplomacia e condescêndencia para com o acontecimento em si.
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De Nuno Castelo-Branco a 01.02.2010 às 23:41

E colabora como consultor da Comissão Oficial? Incrível. O padre que hoje fez a homília por D. Carlos e D. Luís, foi imensamente superior e infinitamente mais digno.
Não é por ver um fulano vestido de negro e de sotaina, que me decido logo à absolvição. Ontem, o bispo do Porto foi um autêntico corvo.

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