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A Copa del Rey e o 31 de Janeiro: não foi a mesma coisa

por Nuno Castelo-Branco, em 22.02.10

 

 Em Espanha, os extremistas já entenderam perfeitamente o papel unificador da Monarquia. Tendo contemporizado com a instituição que permitiu as Autonomias e a democratização do Estado, conseguidos agora os seus primeiros intentos, já querem muito mais. As quiméricas independências ditadas sobretudo pelo despeito, baixezas várias e projectos caciquistas de alguns, encontram na Coroa o obstáculo intransponível. Total desconhecedores de outras realidades históricas que com o fim do Império Austro-Húngaro - e também da Jugoslávia e da Rússia/URSS - trouxeram o caos à Europa central e oriental, nada lhes serve de argumento para contrariar as pulsões mais ordinárias. Desta vez, organizaram uma monumental assobiadela aos soberanos espanhóis, quando da final da Taça do Rei em basquetebol.

 

Insultos ao Hino e apupos aos monarcas, foi aquilo que os bem organizados promotores da assoada fizeram escutar. De facto, os eventos desportivos são hoje um poderoso atractivo para todo o tipo de manifestações organizadas e a visão de qualquer reportagem acerca de um jogo de futebol "dos grandes", demonstra pela gritaria e certa simbologia utilizada, o que por ali vai em termos de marginalidade. 

 

A política deixa-se sufocar nesse abraço mortal do velho pão e circo de outros milénios e assim, cede à comparência em locais onde devia estar ausente. O profissional-desporto, omnipresente na imprensa e numa televisão que a todos deixa exaustos de asco, obtém um tempo de antena desmedido e ocupa a abertura e fecho dos noticiários. Mal fazem os agentes da autoridade política - e decisores da informação - em aquiescer com todo o tipo de abusos que aviltam as instituições e embrutecem os espíritos, já por si atreitos à ligeireza de discernimento da hierarquia das coisas.

 

Imagina-se o que significará em Portugal, o próximo campeonato do mundo a realizar-se na África do Sul... Mais uma oportunidade para a total bestilização do momento, sofregamente aproveitada pelo laparotismo militante em todos palácios do regime.

 

Os reis de Espanha podem ter uma certeza e essa é sem dúvida, a consciência do papel fundamental que desempenham na união do Estado e daquela imensa maioria composta por castelhanos, bascos, galegos ou catalães que nada mais desejam senão a tranquilidade dos seus dias e a prosperidade em casa e no trabalho.

 

João Carlos e Sofia foram assobiados por marginais extremistas "nacionalistas". Não se preocupem Suas Majestades. No passado dia 31 de Janeiro de 2010, Cavaco Silva, o 1º ministro, o presidente do Parlamento e outros dignitários do Estado português, foram recebidos nas cerimónias comemorativas da derrota de 1891, aos gritos de "gatunos para a prisão!"

 

Não é a mesma coisa.

publicado às 20:02


20 comentários

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De manuel gouveia a 23.02.2010 às 13:59

Gosto dessa teoria da superioridade do sangue, que talvez se possa expandir para a superioridade hetero sobre o universo gay... e outras superioridades do género.

O problema é que em Portugal sempre tivemos uma corte de província... sangue mais ligado à cultura da batata do que à fruição do intelecto.
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De Anónimo a 23.02.2010 às 21:59

Caro comentador,

A sua resposta é dirigida a mim? Percebi-a? Não sei.
À cautela, deixe-me referir-lhe tão só isto: eu não defendo teorias «da superioridade do sangue», mas defendo teorias de superioridade do intelecto. Na verdade, medem-se QI´s, logo não me sinto mal em defender o segundo tipo de teoria.

Não percebo a expansão de qualquer uma delas para o universo «gay». Os gays são seres humanos, sendo certo que, já que esse é o assunto que anda por «cá» a fracturar discussões, para mim não é normal a atracção entre pessoas do mesmo sexo. Ele é facto, porém, que aquela existe, e quanto a isso nada posso fazer, sendo certo que prefiro ver duas pessoas do mesmo sexo gostarem uma da outra do que guerrearem-se.
Convirá que sendo a nossa sociedade um conjunto de convenções e outras realidades convencionadas ou naturalmente sentidas e vistas como normais, que haja movimentos de oposição. Da mesma maneira que a comunidade gay defende a sua posição, a comunidade «straight» defende a sua. Não pode haver ódios, nem rancores nem ressentimentos nessa discussão, pois isso « é desejar a morte de alguém».
Deverá ir a referendo ? Não, pois ninguém tem que ver com as opções sexuais de ninguém.
Deverá ir a referendo? Sim, porque a união e as repercussões que daí resultam para a sociedade clássica, são evidentes.

E agora, sim ou não? Não sei! É complicado.

Eu conheço «gays», recebo-os e sento-me à mesa com eles. Nunca discriminaria em função do sexo! Mas convirá que esta matéria é polémica, não pode ser aceite ou imposta sem mais, até quando num patamar de discussão, temos uma lei que legaliza a união gay, mas proíbe-lhe a adopção, a perfilhação e por aí fora. Há valores tradicionais, completamente enraizados. A discussão em sociedade pedia outro tipo de introdução e de preparação. Sem se mexer no erário público. Sabe porquê?
Porque há pessoas que morrem de fome, que não têm casa, que não têm camas de hospital, que não têm cadeiras de rodas, e a administração estadual «borrifa-se» para o assunto», manda o seu representante ir à TV mentir, distrair, atacar, quando a postura devia ser outra! Entre gastar dinheiro para clamar os direitos dos gays, que vem do meu bolso, eu prefiro que este seja gasto em quem luta pela sobrevivência, a do dia a dia, ou a do hospital.
Mas não me quedo aqui, pois para quem acusa a «antiguidade» e a «retrogadice» dos straights contra os gays, eu questiono-me: o que estará na ratio de uma lei que defende a legalização da união gay mas lhe proíbe a adopção? Então está bem para uma cosia e já não o está para outra? Pode casar mas não pode fazer «família»? Passamos a ter dois conceitos de família? Naturalmente uma discussão acesa que vai alongar-se e suscitar muitas palavras, guerra. Eu só participo em manifs pela paz. Qualquer tipo de paz.

Quanto à « corte de província» concordo inteiramente consigo, sendo, de resto, permita-me a franqueza, o PR e sua Senhora, um exemplo disso. Não a confundo com a cultura da batata, porque esta precisa de intelecto e aposto que muitos dos «moralerdas» que pairam no universo «pulhítico» e outro, não sabem semear batatas. O PR? Até pareceria mal ver o Sr. Presidente a cavar batatas e a Senhora «dele» a apanhá-las para o cesto…pois então…são doutores! Dizem. Sei lá eu…com os cursos telemáticos que por cá se espalharam…
OK. Mas então representem à altura.

Já agora sei semear batatas….veja bem, sou descendente de« gentes do campo »que felizmente sempre tiveram muita «terrinha» para plantar batatas, feijões e toda essa «coisa biológica»que dantes alimentava Portugal e que hoje é importada sem sabor da vizinha Espanha.

E também sei pôr burros a andar à nora...
Com os melhores cumprimentos,
Eucadinha
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De manuel gouveia a 24.02.2010 às 00:06

Quando distorcemos a realidade expandimos o caos.

Aceito a superioridade do intelecto, desde que isso não abra as portas a privilégios especiais que não decorram directamente do mérito em se aplicar esse mesmo intelecto.

Confesso que nunca pus nenhum burro a andar à nora, mesmo quando suscito respostas mas intempestivas, que alimentariam uma boa discussão que daria para esvaziar um poço.

Eucadinha, gostei deste debate.
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De Anónimo a 24.02.2010 às 01:40

Ok....mas olhe que punha mesmo os burros a andar á nora....o meu avô obrigava-me...grande seca....

Só no Verão, quando ia lá, claro...agora adorava pôr o Socartes a andar de quatro...já viu...ainda por cima com a boca aberta como ele costuma fazer...

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De manuel gouveia a 24.02.2010 às 08:22

Hum!... Acho que o Sócrates mandava um dos seus assessores puxar a nora...
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De Anónimo a 24.02.2010 às 13:11

Eu diria Boys, apenas boys ... polivalentes, alguns doutoraram-se em telemarketing e a distinção com que se formaram, trouxe-lhes outro tipo de distinções...

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