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Em Espanha, os extremistas já entenderam perfeitamente o papel unificador da Monarquia. Tendo contemporizado com a instituição que permitiu as Autonomias e a democratização do Estado, conseguidos agora os seus primeiros intentos, já querem muito mais. As quiméricas independências ditadas sobretudo pelo despeito, baixezas várias e projectos caciquistas de alguns, encontram na Coroa o obstáculo intransponível. Total desconhecedores de outras realidades históricas que com o fim do Império Austro-Húngaro - e também da Jugoslávia e da Rússia/URSS - trouxeram o caos à Europa central e oriental, nada lhes serve de argumento para contrariar as pulsões mais ordinárias. Desta vez, organizaram uma monumental assobiadela aos soberanos espanhóis, quando da final da Taça do Rei em basquetebol.
Insultos ao Hino e apupos aos monarcas, foi aquilo que os bem organizados promotores da assoada fizeram escutar. De facto, os eventos desportivos são hoje um poderoso atractivo para todo o tipo de manifestações organizadas e a visão de qualquer reportagem acerca de um jogo de futebol "dos grandes", demonstra pela gritaria e certa simbologia utilizada, o que por ali vai em termos de marginalidade.
A política deixa-se sufocar nesse abraço mortal do velho pão e circo de outros milénios e assim, cede à comparência em locais onde devia estar ausente. O profissional-desporto, omnipresente na imprensa e numa televisão que a todos deixa exaustos de asco, obtém um tempo de antena desmedido e ocupa a abertura e fecho dos noticiários. Mal fazem os agentes da autoridade política - e decisores da informação - em aquiescer com todo o tipo de abusos que aviltam as instituições e embrutecem os espíritos, já por si atreitos à ligeireza de discernimento da hierarquia das coisas.
Imagina-se o que significará em Portugal, o próximo campeonato do mundo a realizar-se na África do Sul... Mais uma oportunidade para a total bestilização do momento, sofregamente aproveitada pelo laparotismo militante em todos palácios do regime.
Os reis de Espanha podem ter uma certeza e essa é sem dúvida, a consciência do papel fundamental que desempenham na união do Estado e daquela imensa maioria composta por castelhanos, bascos, galegos ou catalães que nada mais desejam senão a tranquilidade dos seus dias e a prosperidade em casa e no trabalho.
João Carlos e Sofia foram assobiados por marginais extremistas "nacionalistas". Não se preocupem Suas Majestades. No passado dia 31 de Janeiro de 2010, Cavaco Silva, o 1º ministro, o presidente do Parlamento e outros dignitários do Estado português, foram recebidos nas cerimónias comemorativas da derrota de 1891, aos gritos de "gatunos para a prisão!"
Não é a mesma coisa.