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Em nome da liberdade (XXIV) - Erros

por Samuel de Paiva Pires, em 05.07.10

O facto de estar em mudanças, sem acesso fixo à net, e também o facto de se avizinharem dois exames nos próximos dias, farão com que esta semana não ande muito por aqui. Contudo, para concluir, por agora, a animada discussão que vai neste blog, devo dizer que também acho que merecia uma boa resposta. Contudo, não a obtive.  E não a obtive porque D. Rezende, como uma habitué deste nosso espaço lhe chama, não teve a humildade suficiente para procurar argumentar convenientemente.

 

Os erros, para o serem objectivamente, necessitam de ser demonstrados por via de critérios e da retórica. E é necessário que todos os conceitos sejam operacionalizados, para todos sabermos do que estamos a falar - até porque muitas vezes os mesmos conceitos significam coisas diferentes para as diversas pessoas. Os erros não são auto-evidentes ou auto-explicativos. Aceito que me tentem explicar os erros em que caio. Não aceito é que se recusem a ver os erros em que caem ripostando novamente sem uma argumentação convincente, dizendo que "o que me têm tentado explicar...", sem no entanto se esforçarem por o explicar rigorosamente. Dou apenas 2 exemplos deste post do Manuel:

 

No meu texto indiquei até ao Samuel que a falta de critérios (democracia) causa a extorsão, i.e., o socialismo.

 

Não se percebe se o que o Manuel quer dizer é que a democracia tem como característica a falta de critérios. Convém, pelo menos, tentar fundamentar o que se diz, porque esta frase está ferida de morte de uma demagogia atroz e teria forçosamente de ser aprofundada. Que critérios, quanto ao quê, em que tipo de democracia, em que país, por exemplo. Sei que isto da blogosfera não é para andar a escrever teses académicas e também sei que é "mais fácil falar com Camilo do que escrever com a precisão que certos temas nos exigem". No entanto, eu, por outro lado, continuo a preferir tentar almejar uma certa precisão...

 

O problema é que estando o liberalismo ligado ao Rei Demos por um pacto de lealdade e laxismo, podemos esquecer totalmente o pacto de Neutralidade entre o Estado e a Sociedade que alguns ainda pensam ser possível.

 

E esta, também gostava de a ver fundamentada. É porque as interpretações possíveis são tantas que a falta de argumentação torna impossível a discussão.

 

Quanto ao Bem Comum, sabendo que obviamente Rousseau não é o autor original desta expressão, aquilo que eu gostava mesmo era que o Manuel concretizasse o seu critério de Bem Comum, a que tanto tem aludido. Tenho quase a certeza que posso refutar esse critério, desde logo com os autores que fundamentam o meu erro, Berlin, Hayek, Popper, Schumpeter. É que, eu também tenho um critério de Bem Comum. Todos temos. Ou pelo menos muitos de nós. E passível de ser refutado. O meu é seguir Popper na ideia de que em democracia não interessa saber quem manda, mas sim como se limita o poder de quem manda. Se isto é minimalista e um erro, ainda bem. Os britânicos e os norte-americanos que o digam. Nos respectivos países ainda se vai valorizando mais a liberdade individual do que nas sociedades mediterrâneas e latinas onde o jacobinismo/catolicismo do Bem Comum é tão propalado...

 

Só para finalizar, importa realçar que estou em acordo com o Pedro Félix, quanto ao que aqui escreveu sobre Rousseau. No entanto, quanto à responsabilidade e autoridade, talvez depois de passada esta semana tenha tempo para tentar esboçar algumas considerações. Até lá, vou-me dedicar à Filosofia e à Ética. A começar pela Encíclica Caritas in Veritae, do Papa Bento XVI.

publicado às 01:38


8 comentários

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De P.F. a 05.07.2010 às 18:32

Claro que isso é uma questão pessoal tua. Eu apenas comentei o uso do verbo "saber", visto a crença ou falta dela não ser uma questão cognitiva - ao contrário do que muitos podem querer fazer parecer. Não quis nem posso, a menos que não estivesse bom da cabeça, afirmar categoricamente nada em relação às tuas crenças. Apenas disse que as afirmações categóricas acerca deste assunto não podem ser efectuadas no campo cognitivo, por não terem qualquer fundamentação científica.
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De Samuel de Paiva Pires a 05.07.2010 às 18:35

Tens toda a razão. Claro que não posso saber, e o emprego desse verbo da minha parte está errado, claro. De resto, tenho mais provas de que existe algo para lá deste mero plano terreno do que o contrário, mas enfim, entre a dúvida e a certeza, lá vamos caminhando e procurando a verdade...

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