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O facto de estar em mudanças, sem acesso fixo à net, e também o facto de se avizinharem dois exames nos próximos dias, farão com que esta semana não ande muito por aqui. Contudo, para concluir, por agora, a animada discussão que vai neste blog, devo dizer que também acho que merecia uma boa resposta. Contudo, não a obtive. E não a obtive porque D. Rezende, como uma habitué deste nosso espaço lhe chama, não teve a humildade suficiente para procurar argumentar convenientemente.
Os erros, para o serem objectivamente, necessitam de ser demonstrados por via de critérios e da retórica. E é necessário que todos os conceitos sejam operacionalizados, para todos sabermos do que estamos a falar - até porque muitas vezes os mesmos conceitos significam coisas diferentes para as diversas pessoas. Os erros não são auto-evidentes ou auto-explicativos. Aceito que me tentem explicar os erros em que caio. Não aceito é que se recusem a ver os erros em que caem ripostando novamente sem uma argumentação convincente, dizendo que "o que me têm tentado explicar...", sem no entanto se esforçarem por o explicar rigorosamente. Dou apenas 2 exemplos deste post do Manuel:
No meu texto indiquei até ao Samuel que a falta de critérios (democracia) causa a extorsão, i.e., o socialismo.
Não se percebe se o que o Manuel quer dizer é que a democracia tem como característica a falta de critérios. Convém, pelo menos, tentar fundamentar o que se diz, porque esta frase está ferida de morte de uma demagogia atroz e teria forçosamente de ser aprofundada. Que critérios, quanto ao quê, em que tipo de democracia, em que país, por exemplo. Sei que isto da blogosfera não é para andar a escrever teses académicas e também sei que é "mais fácil falar com Camilo do que escrever com a precisão que certos temas nos exigem". No entanto, eu, por outro lado, continuo a preferir tentar almejar uma certa precisão...
O problema é que estando o liberalismo ligado ao Rei Demos por um pacto de lealdade e laxismo, podemos esquecer totalmente o pacto de Neutralidade entre o Estado e a Sociedade que alguns ainda pensam ser possível.
E esta, também gostava de a ver fundamentada. É porque as interpretações possíveis são tantas que a falta de argumentação torna impossível a discussão.
Quanto ao Bem Comum, sabendo que obviamente Rousseau não é o autor original desta expressão, aquilo que eu gostava mesmo era que o Manuel concretizasse o seu critério de Bem Comum, a que tanto tem aludido. Tenho quase a certeza que posso refutar esse critério, desde logo com os autores que fundamentam o meu erro, Berlin, Hayek, Popper, Schumpeter. É que, eu também tenho um critério de Bem Comum. Todos temos. Ou pelo menos muitos de nós. E passível de ser refutado. O meu é seguir Popper na ideia de que em democracia não interessa saber quem manda, mas sim como se limita o poder de quem manda. Se isto é minimalista e um erro, ainda bem. Os britânicos e os norte-americanos que o digam. Nos respectivos países ainda se vai valorizando mais a liberdade individual do que nas sociedades mediterrâneas e latinas onde o jacobinismo/catolicismo do Bem Comum é tão propalado...
Só para finalizar, importa realçar que estou em acordo com o Pedro Félix, quanto ao que aqui escreveu sobre Rousseau. No entanto, quanto à responsabilidade e autoridade, talvez depois de passada esta semana tenha tempo para tentar esboçar algumas considerações. Até lá, vou-me dedicar à Filosofia e à Ética. A começar pela Encíclica Caritas in Veritae, do Papa Bento XVI.