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Miguel Castelo-Branco publicou um artigo no seu blogue onde se deixam à mistura alguns alhos e bugalhos.
De facto, o conhecimento que MCB tem vindo a partilhar com os seus leitores sobre as coisas do Oriente contraria algumas ideias trasnimtidas neste texto.
Meter o seppuku e a tourada no mesmo saco que a mutilação genital feminina parece a lógica do bom progressista.
A tourada não tem apenas um valor tradicional. Não é o facto de os minóicos já praticarem esta arte (ou prática bárbara e cruelmente sangrenta) que aficiona o comum dos mortais. É a excitação de ver dois animais extremamente diferentes aos olhos de Deus num embate entre as suas naturezas. O touro e a sua violência e o homem e a sua racionalidade. Num e noutro está aquilo que o fará vencer o desafio. É um exercíco que envolve coragem e galanteria temerária e indicador que grande parte da população não tem total noção do risco físico que corre. E não me venham com tretas de que enfrentar um touro a cavalo é para cobardes. Alguns bicharocos são tão grandes que eu só os veria de perto enfiado num tanque de guerra.
Sendo que o seppuku é, basicamente, a sanção aplicável ao bushido, pelo menos aquela cuja moldura penal é mais grave (visto que implica o fim da vida), parece que aplicar o mesmo sentido de morte pela honra ao corte de clitóris é sobre-simplificar.
Sendo que mais uma vez o movimento de proibição das touradas vem de Lisboa, pergunto-me se será algo nos ares do sul do País que enche os ânimos dos homens de vontade de higienizar os hábitos dos rurais idiotas que para aqui deambulam, pagando impostos e queimando matas no Verão.
A juntar à lista de coisas horríveis a fazer aos animaizinhos, às práticas que envolvem cortes e aos desportos que implicam pessoal magoar-se à séria, todos juntos numa miscelânea de práticas bárbaras e não-sei-mas-quê que algumas leitoras mais descontroladas não deixaram de mencionar, eu proponho que lhe juntem o seguinte:
A matança do porco (coisa de homem)
O corridinho
A luta de touros
Os jogos do Sporting (piores, este ano, que a mutilação genital masculina)
As marchas de Lisboa (piores, todos os anos, que ensaboar a garganta com palha de aço)
O jogo do pau (coisa de homem)
A circuncisão
A praxe (esta para ligar com a justificação da escravatura)
Os rodeios
Os rodízios
O carnaval à portuguesa, com toda a violência dos foliões e das partidas que se pregam nas aldeias
Os duelos de esgrima
A queima das fitas
etc...