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Alguém leu Fernando Nobre?

por Nuno Castelo-Branco, em 19.01.11

Uma campanha quase ignorada. Dois até há pouco desconhecidos e dois políticos de toda a vida. Um quinto candidato, surge como aquele com o percurso de carreira mais interessante e susceptível da  atenção de um eleitorado massacrado por décadas de enganos. O nosso assumidamente ex-correligionário (?) Fernando Nobre, cumpre assim os requisitos para a generalizada atenção de quem antes de tudo, deseja ver uma abnegada entrega ao serviço do próximo.

 

Mas quem é Fernando Nobre? Aquilo que se conhece, consiste numa exaustiva enumeração de benfeitorias, sem que os media habituados à formatação politicamente correcta, procurem saber algo mais do seu pensamento, nas linhas gerais que o próprio candidato presidencial evidencia através das ideias deixadas no seu livro "Humanidade. Despertar para a Cidadania Global Solidária”.

 

Há quem tenha lido a obra e nos deixe uma imagem bem diversa e inesperada:

 

"Em segundo, não é apertando o cinto “dos ricos”, o que significa aumentar o confisco dos que produzem no primeiro mundo pelos que dizem praticar o bem e vivem da parasitagem (os magnatas e as corporações vivem também dos erários e das leis pró-monopólios: os tais ricos que pagam as contas são apenas os remediados), que os brasileiros ficarão mais ricos. Ficarão é mais pobres e mais dependentes de quem os atrapalha! Necessitam, ainda que isso não seja tudo, é que os seus produtos sejam cada vez mais procurados e valorizados por centenas de milhões de europeus e americanos que vivam bem e consumam mais. O que os povos do Sul precisam, e eu os conheço muito bem pois não vivo numa redoma ou lido apenas com gente desesperada sobre a qual tenho poder de vida ou morte, é de independência e dignidade, e não de protectores que usam a miséria para ficarem bem em fotografias de auto-promoção que fazem as delícias de bilionários e burocratas em Nova Iorque e Genebra.

De injustiça os que dizem lutar contra ela vivem, afinal são eles, os que trabalham em organizações internacionais, que comem em restaurantes caros de Estocolmo, Paris e Oslo, tudo, claro, pago com dinheiro do contribuinte anónimo em vias de empobrecimento, seja por via directa, através dos dinheiros extorquidos pelo roubo fiscal que os estados dão aos “benfeitores do mundo”, ou indirecta, por via das corporações que sobrevivem graças aos regulamentos que garantem que os seus ineficazes monopólios se eternizem às custas dos pequenos que desejam erguer negócios e viver sem patrão ou sem dar satisfações a burocratas com o admirável novo mundo na barriga."

 

Leia o texto completo AQUI

publicado às 21:46


12 comentários

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De João Pedro a 20.01.2011 às 01:08

As conclusões que o blogue em questão tira das palavras de Nobre parecem-me teoria da conspiração a mais. Crer que ele é um enviado da "Nova Ordem Internacional" ou dos Bildebergs, dos Iluminatti ou de qualquer outro grupo secreto, real ou não, é uma leitura demasiado delirante. Pode-se, obviamente, discordar das ideias e dos meios que Nobre defende, ou duvidar mesmo das suas intenções como uma forma de atraír as atenções. Tudo o mais parece-me imaginação vinda não se sabe de onde.
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De Manuel Marques Rezende a 20.01.2011 às 10:15

Quando se pretende refutar um texto contrário, é suposto contra-argumentar os pontos revelados pelo opositor, e não citar trechos indiscriminadamente.
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De Nuno Castelo-Branco a 20.01.2011 às 11:11

Manuel, creio que o Carlos tentou fazer isso e não citou indiscriminadamente. Parece-me até que o fez de forma exaustiva para um blog.  Fiquei com curiosidade de saber mais acerca de Nobre.
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De Manuel Marques Rezende a 20.01.2011 às 21:06


Peço desculpa, Nuno, o meu comentário foi despropositado. Não percebi bem o sentido do post. Estou em plena concordância com o Carlos Velasco neste ponto, de facto.
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De Carlos Velasco a 20.01.2011 às 10:41

Sr. João Pedro,

Leitura demasiado delirante foi a que o senhor fez do meu texto, na melhor das hipóteses. Não escrevi nada acerca dele ser um enviado daquilo que chamas de "Nova Ordem Internacional", quanto mais dos Bilderberg ou dos Iluminatti, ou, o que é pé um delírio digno de LSD, de qualquer grupo secreto. Afirmo que o FN defende o fim das soberanias nacionais, o que está no livro dele, e que isso é exactamente o que defendem os meios socialistas fabianos (nesse caso cito Bilderberg, que de facto existe),  o que pode ser comprovado por extensa literatura que posso lhe facultar.
Relativamente ao uso do rótulo de teoria da conspiração, isso é uma acusação pueril. Desde quando a defesa de um reforço das instituições internacionais em detrimento das soberanias nacionais é uma conspiração? Uma conspiração, ao que sei, exige secretismo total, e nesse caso garanto que ele não existe e nunca existiu.
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De João Pedro a 20.01.2011 às 12:17

Caro Carlos, lamento muito, mas o que vejo são parágrafos do livro de Nobre com interpretações demasiado extensivas ou mesmo abusivas, como quando coloca o candidato como um agente encartado da ONU (que também aparece demasiadamente diabolizada) com objectivos obscuros; não vejo ali qualquer apologia de um "governo socialista mundial". Vejo um homem com boas intenções, algo ingénuo nuns casos, com alguma demagogia à mistura, defendendo posições com as quais não concordo (a culpabilização exclusiva de EUA e Israel, por exemplo). Tudo o resto, desculpe-me, não faz qualquer sentido. Quando ele se refere ao Zimbabwe e Birmânia, queria que fizesse o quê, a apologia desses regimes? Até lhe digo mais: parte do que ele diz poderia ser dito pelo Papa Bento XVI, que não é exactamente defensor de uma ritos animistas à Terra.

Quanto aos Iluminati, é apenas um acrescento meu, mas que deixei para ilustrar estas afirmações("apenas uma reedição em linguagem cifrada e politicamente correcta dos planos apoiados pelo CFR, pelo Clube Bilderberg, pela Comissão Trilateral, pela ONU e por outras entidades internacionalistas que desejam o estabelecimento de uma ditadura tecnocrática global"), e para afirmar que não acredito em teorias de domínio global tal como são as apresenta no seu post.
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De Carlos Velasco a 20.01.2011 às 13:33

Caro João Pedro,

É verdade que só citei trechos, mas o senhor pode ler o livro e constatar se fiz ou não interpretações abusivas.  Se citei apenas trechos como artifício para comentar as ideias principais, foi por razões práticas, de espaço.  Dizer que fiz interpretações abusivas a partir da leitura dos tais trechos que cito, coisa que usei como técnica para tecer comentários sobre as ideias que guiam FN,  é injusto. Desafio qualquer pessoa a provar que interpretei mal o que FN defende. Mas deixo aqui a pergunta: o senhor leu o livro? Lembro que uma das coisas que digo no post é que todos o devem ler, se quiserem conhecer FN ao invés de se guiarem por imagens, o que demonstra a minha boa fé. O aconselho a fazer isso.
De resto, vejo que o senhor não entendeu o que descrevi, o que está bem evidente no comentário acerca do trecho em que FN refere a Birmânia e o Zimbabué. Não defendo estes regimes socialistas, só digo que os desmandos deles são aproveitados pelos próprios socialistas como razão para uma maior erosão das soberanias nacionais em favor de instituições internacionalistas que promovem o socialismo. Não é este o caso da ONU?
O senhor tem todo o direito em não acreditar em teorias de domínio global. Eu também não acredito nisso. Mas infelizmente há quem acredite e deseje isso. Para além dos fabianos, os comunistas perseguem isso, como Marx e Lenine deixaram bem claro, e o próprio Islão quer a mesma coisa, afinal, o que é o tal do Califado Universal? Há loucos para todos os gostos.
E pode ser que tenhas razão em relação a Fernando Nobre. Talvez ele seja de facto só um ingénuo. Se assim for, ele deve me agradecer por o alertar para o perigo das ideias em que ele crê e das más companhias, como o tal Jean Ziegler, que ele chama de amigo várias vezes.



 
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De 1143 a 20.01.2011 às 18:05

este tipo como candidato ao país disse em campanha que o sonho dele é fazer um hospital no meio do mato lá em Africa , nem sei o que dizer , o gajo em vez de dizer o que iria fazer pelo país , sai-se com esta .
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De Carlos Velasco a 20.01.2011 às 19:51

Caro João Pedro,

 

Enquanto não respondes, adianto algumas coisas que FN defende no seu livro.

 

1 - Taxa Global sobre transacções financeiras.

2 – Extensão da jurisdição do Tribunal Penal Internacional a todos os países do mundo

3 - Controlo de todos os recursos hídricos por uma instituição internacional. (Consulte a obra de Karl Wittfogel para saber o que isso significa).

4 –Jerusalém sob controlo da ONU.

5 - Acordo mundial vinculando todos os países a regras sobre emissões de carbono. Lembro que isso implica nada mais que o controlo sobre toda a actividade humana e é baseado na farsa do aquecimento global antropogénico. O ponto mais importante disso é a criação de um imposto mundial sobre as emissões de carbono. Será difícil constatar que toda a vida emite carbono e este princípio constitui um perigo terrível pois sujeita tudo ao controlo estatal?

 

O que é isso a não ser a defesa de um governo global socialista?

Sei que poderá parecer estranho que eu diga no post que as corporações, supostamente capitalistas, defendam uma forma de socialismo. Bom, quem me abriu os olhos para isso foi o Joseph Schumpeter na época que andava a devorar os clássicos da economia, no livro Capitalism, Socialism and Democracy. Outro economista que escreveu muito acerca do tema foi o Anthony Cyril Sutton, que quase ninguém na academia conhece.

Por falar em economistas, recordo que o John Maynard Keynes, socialista fabiano, apologista da ONU, mentor do FMI e do Banco Mundial, já queria na altura de Bretton Woods a adopção de uma moeda mundial, o Bancor. É só procurar.

A defesa de um estado global, ainda que isso seja um tema tabu nos meios académicos, é desde há muito um tema chave da discussão política. Não é preciso procurar personagens “obscuros” como o conde Coudenhove-Kalergi, desconhecido da maioria, para achar referências a isso. Posso citar dois nomes sonantes: H.G. Wells (leia The Open Conspiracy) e o historiador Arnold Toynbee, um dos promotores dessa coisa chamada História Universal, que afirmava claramente que a “humanidade” tinha duas opções: suicídio ou unificação política. Procure pelo livro America and the World Revolution.

Aqui mesmo em Portugal se pode achar defesas bem claras disso. Uma delas está no livro “Que Nova Ordem Mundial?”, escrito pelo Almeida Santos. Vale a pena ler.

Bom, já escrevi demais e fico por aqui.

 

Cumprimentos.

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De João Pedro a 20.01.2011 às 23:52

Caro Carlos,

Repito-lhe que não vejo nas suas ideias a menor defesa global de nenhum governo, e menos ainda socialista (poderíamos por isso chamar-lhe muita coisa, dependendo das ideologias; também há quem se refira aos judeus, por exemplo). Já lhe dise que há várias ideias apregoadas por Nobre com que estou em desacordo ou que são irrealizáveis. Outras há com as quais nem discordo. o estatuto de Jerusalém, por exemplo, um caso dificlímo de resolver (se não irresolúvel), não veria com maus olhos se tivesse uma administração onusiana, já parece demasiado preciosa para que o seu domínio seja atribuido a um país. O acordo sobre carbono é também duvidoso, mas porque me fala em "farsa do aquecimento global antropogênico"? já acreditei mais na teoria, mas havendo indícios (não provas) da sua veracidade, mais vale prevenir antes que daqui a umas décadas estejamos a abanar a cabeça pensando nas medidas que se poderiam ter tomado antes da terra arável ser um deserto e a costa actual estar debaixo do mar. Sobre os autores citados, relembro que a especialidade de Hells era a ficção científica, e Almeida Santos é alguém que não merece (nem tem) o menor crédito...além de que a candidaura que apoia não é a de Nobre.

 
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De Carlos Velasco a 20.01.2011 às 19:53

Caro Nuno,

O comentário saiu naquele formato por acidente. Se quiser apagar, volto a pôr com uma letra decente.

um abraço.
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De Nuno Castelo-Branco a 21.01.2011 às 01:36

Não é preciso. Até se lê melhor...

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