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Michel de Montaigne, Da Vaidade:
"A mania de escrever parece constituir um sintoma de uma época sobrecarregada. Desde quando escrevemos tanto senão desde que nos encontramos em apuros? Desde quando os romanos o fizeram senão depois da sua ruína? Além do mais, tal como o apuramento dos espíritos, não há uma moderação organizacional; esta azáfama ociosa nasce do facto de que cada um se entrega indolentemente ao ofício da sua função, pervertendo-o. A corrupção dos nossos dias faz-se do contributo individual de cada um de nós: uns insuflam-lhe a traição, outros a injustiça, a irreligião, a tirania, a avareza, a crueldade, conforme sejam mais poderosos; os mais frágeis, entre os quais me encontro, inculcam-lhe a estupidez, a vaidade, a ociosidade. Parece que estamos na época das coisas vãs quando os acontecimentos perniciosos nos pressionam."