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Roubalheira à republicana!

por Nuno Castelo-Branco, em 30.11.09

 

 

Este singelo sitezinho - que não chega à unha negra do pé esquerdo do verdadeiro, o site do Centenário da República - custou a módica quantia de 99 500 Euros. Sim, leram bem: noventa e nove mil e quinhentos Euros. Feito a partir de uma plataforma grátis e tendo por base um template também de graça, estamos definitivamente nisto: é a república no seu melhor. Veja a notícia  A Q U I !

publicado às 23:59

Construir uma Democracia – Iª parte

por Manuel Pinto de Rezende, em 30.11.09

Construir uma Democracia – texto para o Estado Sentido

 

Já está disponível, no blogue Democracia Directa – Uma Perspectiva Cristã, a resposta ao texto que publiquei neste espaço há uns dias atrás.

A democracia é um objecto de estudo riquíssimo, com múltiplas vertentes e teorias a serem analisadas, e muita doutrina construída à volta de ideias - princípio que, quando não se partilham, inviabilizam, na maioria dos casos, qualquer tipo de discussão.

O Pedro Félix já escreveu um texto que me parece importante para acompanhar a discussão.

Desde já agradeço ao Zé de Portugal a vontade de discutir. Escrevo agora eu, de uma perspectiva Monárquica, sim, mas acima de tudo Livre.

Vou começar o meu raciocínio expondo alguns pontos que me parecem importantes de elucidar:

 

1-      Não sou anti-democracia. No entanto, parece-me que este tema tem vindo a ser confundido com outras ideias que são igualmente ou mais importantes que a democracia.

Democracia não quer dizer Liberdade, ou Direito à Propriedade, ou à Saúde, ou à Segurança Social, etc.

A discussão democrática legítima, aquela que é feita sem coerção física e segundo um conjunto de regras próprias de uma civilização (supostamente) avançada e de um Estado de Direito, limita-se a procurar uma solução que seja do agrado à Maioria das pessoas envolvidas nela.

Ora, aqui põe-se a questão da conveniência deste factor de decisão.

Ostracizar Sócrates (o outro, não o de cá) foi, expressamente, do agrado da Maioria dos cidadãos atenienses da altura. O aborto livre, quando chegar, será muito provavelmente do agrado da maioria dos cidadãos.

Quem defende a Democracia Directa (a forma mais perfeita de democracia, e veículo pelo qual se deram os acontecimentos anteriores) alega que há uma necessidade de Educação da população para conseguir que esta não caia no erro de eleger líderes incompetentes ou decidir questões que são moralmente erradas ou prejudiciais para as suas comunidades e, claro, para elas próprias.

É tudo uma questão de ceder Informação ao Povo, por assim dizer.

2-      Quer me parecer que é esta a visão comum dos democratas do nosso tempo (ou melhor, de todos os tempos).

No entanto, que me parecer também que esta análise peca por uma abstracção quase total da realidade (tão própria dos círculos académicos).

Falo baseado na minha pequena experiência que o voto do cidadão não é mais que uma conjugação de interesses que cada um faz de forma a preservar melhor o que é seu ou as suas ideias e perspectivas.

E passo a explicar.

No processo eleitoral pairam os grupos oligárquicos e sectoriais, desde partidos a seitas, de sindicatos a clubes de futebol.

Organizações que se encontram mais próximas do cidadão do que a ideia mítica (injuriada e injuriosa) do Bem Comum.

 

Não creio que um enorme conjunto de Informação dada aos cidadãos portugueses preveniria cada um de olha por si e por aquilo que estima.

Formemos os petizes em Filosofia ou Ciência Política desde a 4ª classe, e o resultado será o mesmo.

 

A democracia num estado de direito só funciona estando prevista a liberdade de associação. A razão para isso, quer-me parecer, é o facto de a Democracia ser muito mais que o exercício de uma escolha individual:

Não tomo dúvidas nenhumas que, nas Sociedades Modernas, a Democracia é uma luta entre Grupos Oligárquicos baseados no seu poder sobre o Dinheiro (a Oligarquia Financeira e Económica), a Comunicação (a “Teatrocracia”) ou o Número (as Massas e a Demagogia).

 

3-      O que me leva ao terceiro ponto.

A teoria da soberania popular assenta no pressuposto, na ficção, da existência de uma massa homogénea e com vida própria, o Povo.

Esse Povo, constituído por Homens isolados que tomariam as decisões conforme a sua moralidade e concordância, ocupa o lugar que estava reservado aos Nobres e aos Reis das cidades e Estados das eras Pré-Modernas e Antigas.

Penso que já dei a entender o meu ponto de vista de como tudo isto é falso. As pessoas reúnem-se como bem querem, e exercem a sua opinião conforme o seu interesse pessoal, e não público.

Daí termos tido, até agora, governos que aumentam os défices e as despesas, que gastam e gastam, que usam o Estado para as suas jogadas pessoais ou vendem-no aos seus amigos e conhecidos.

As confrarias políticas, sejam partidos ou não, estejam representados ou não, negociarão entre si contra uma outra que lhes seja inimiga comum, muitas vezes aliar-se-ão com outras cujos interesses parecem inconciliáveis, mas fá-lo-ão sempre com o objectivo de usar o Poder e dispor dele entre si.

 

4-      A própria ideia de soberania parece-me, cada vez mais, um jogo cansado.

Em democracia o Povo é soberano, mas o Estado dependerá sempre de conjugações de interesses entre os grupos sociais e políticos.

 

Estas definições difíceis, com as quais se podem concordar ou não, são vitais à nossa coexistênci social.

A soberania popular parece-me, de facto, algo muito irracional.

No entanto, isso não tira ao Povo (essa ficção necessária) o direito, a necessidade e o dever de participar no processo político ao eleger uma Câmara que controle o exercício dos Executivos e da Administração, e que legisle.

 

No entanto, e pelas razões expressas, a participação directa do Povo na governabilidade deve ser limitadíssima, a meu ver, à circunscrição local e à matéria de política regional ou munícipe, de que falarei no próximo texto.

 

Dar à Maioria o direito de exercer a sua prerrogativa moral quanto ao direito de uns a casarem, ou de outros a abortarem uma vida humana, ou até outras questões mais complicadas e inacessíveis, como a entrada para uma confederação ou organização federativa internacional, é entregar a decisão política, que deve ser ponderada e séria, numa luta de interesses e sectores da sociedade que nivelará com o mais baixo possível da discussão civilizada.

 

E assim o vimos em todos os referendos que vimos até agora, cá dentro e lá fora.

publicado às 21:40

   

 

A nacionalidade, bem ao invés da consuetudinária propaganda pós-iluminista, não consiste num princípio "republicano". Com ela nascemos herdando-a como um privilégio que a origem geográfica impõe, ou desgraçadamente apega-se como um incurável carcinoma que apenas um milagre poderá resolver. 

 

Assim, neste importante aspecto da nossa identidade que é confirmada por fastidiosos preceituados legais que ditam ao mundo o nosso estatuto entre os demais povos, somos todos e cada um à sua maneira, "reis". Ultrapassando barreiras étnicas que uma história multissecular amesquinha, temos a felicidade de beneficiar das garantias burocráticas confirmadas em cartões, bilhetes de Identidade, certidões ou passaportes.  Somos o mais pobre país entre os ricos e o que isto significa numa sociedade completamente alheada dos dramáticos problemas de sobrevivência quotidianamente enfrentados pelos nossos semelhantes, remete-se única e exclusivamente  para o cada vez mais acossado reduto do consumismo que até hoje confere o estatuto.

 

A tradição portuguesa que sempre se soube dotar daquele sentido prático das coisas que uma exígua comunidade impunha, estabeleceu ao fim de duas décadas desde a chegada do Gama a Calecute, o princípio da tácita assimilação que propiciou uma muito prolongada sobrevigência de um Império que contra si tinha todas as probabilidades. Fosse no funcionalismo, nos mercados ou nas Armadas, lá estavam sempre os novos-portugueses que a necessidade impunha. Do sertão brasileiro à Guiné de Honório Barreto, dos macaenses ao abnegado heroísmo de D. Aleixo Corte Real e de Aniceto do Rosário, temos esse precioso património humano que garante por si, o nome de Portugal entre os grandes. Distraídos contumazes, temos entre nós os sobreviventes de uma época que parece para sempre perdida e entre estes, ergue-se a figura de um Marcelino da Mata, esquecido por oportunamente técnicas ou suspeitas questões de legitimidade do sistema.

 

Hoje, a cobiçada nacionalidade portuguesa parece apenas acessível a quem muito porfia ao longo de anos a fio, submetendo-se a todo o tipo de questões e prepotências legalistas que os balcões estatais ditam. São tristemente célebres e exasperantes os métodos do SEF e entidades adjacentes que ao invés, por vezes são estranhamente céleres na atribuição do passaporte nacional a meritórios jogadores de futebol e atletas de craveira olímpica. Estes nossos compatriotas, em muitos casos provêm de territórios que pertenceram à soberania portuguesa, o que ajuda a súbitas mudanças de ânimo que facilitam procedimentos claramente concomitantes com a oportunidade da conquista de galardões que prestigiam Portugal.

 

Na véspera do 1º de Dezembro, a data maior da nossa história, surge uma oportunidade única de demonstrar a uma grande potência, a razão da existência de um pequeno país que ao longo de quase meio milénio com ela compartilhou uma reduzida mas significativa fronteira territorial. 

Quando da entrega de Macau à República Popular da China, não passou despercebido um muito simbólico detalhe que os novos proprietários de Macau não deixaram de anotar. Quem comandava a unidade do nosso exército  que de espada em punho representou o nosso país, era um oficial português de etnia chinesa.  Se isto pouco significa para nós, um povo habituado a ver entre os seus gente proveniente de todos os continentes, para a orgulhosa China foi um sinal de uma grandeza que mesmo empalidecida pela inexorável passagem dos tempos, não deixa de ser uma mensagem que vai muito além das meras formalidades que os tratados internacionais e a lei do mais forte parecem garantir. Ainda no último 10 de Junho, as Forças Armadas tiveram a sageza de fazer desfilar as bandeiras históricas de Portugal e todos puderam verificar que uma ou outra era empunhada por alunos do Colégio Militar, cuja origem extra-europeia não oferecia a mínima dúvida.

 

Amanhã passa mais um 1ª de Dezembro. 

 

Portugal não pode arriscar-se a ver um homem recentemente galardoado com uma das mais relevantes - porque significativas naquilo que o seu próprio nome inspira - Ordens Honoríficas, ser expatriado para um país onde os direitos que aqui auferimos com naturalidade, não passam de uma quimera. Seria humilhante para Portugal, saber que o Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique, o Dr. Jing Guo Ping, desembarcara à força no aeroporto de Pequim e que de Comenda à lapela tivesse seguido imediatamente para um tugúrio prisional onde para sempre desapareceria numa tragédia de maus tratos e brutal coacção moral sobre si e sobre os seus.

Este homem já fez mais pelo nosso país, que regimentos de anónimos deputados, secretários de Estado, ministros e até chefes de governo e presidentes. O seu nome ficará para muito tempo ligado ao estudo da presença nacional no Extremo Oriente, defendendo mesmo contra os seus óbvios interesses materiais e de segurança pessoal, a verdade a que a História tem direito.

 

Este homem merece ser e de facto já é, um português de justiça e de Direito. Não se trata de qualquer súbito impulso generoso, concedendo a nacionalidade pelo conhecido princípio de protecção aos perseguidos que a Carta das Nações Unidas nos obriga. É fácil contrariar um país de reduzida influência internacional, escolhendo as nossas autoridades a seu bel-prazer e no cumprimento daquilo que se considera como interesse geral, novos cidadãos capazes de tornar mais conhecido o nome de Portugal. Impedido de trabalhar nos nossos centros de saber e perseguido há anos pela ameaça da expulsão, o Dr. Jin viu recentemente a Nação reconhecer-lhe a obra e o seu inegável valor que consolida a nossa própria consciência nacional e revigora uma presença secular em longínquas paragens.

 

Não sendo um "dono da bola", um proprietário de casinos ou um magnata na construção de aeroportos off-shore, o Dr. Jin Guo Ping já fez mais por Portugal que a maioria daqueles que ostentam o precioso e invejável passaporte deste país. O Estado não pode ficar agora preso a ínfimas formalidades processuais e deve ser célere e radicalmente incisivo na perfeita delimitação da sua soberania, ditada pela justiça e queiramos ou não, pelo interesse comum. Seremos mais respeitados, quanto mais firmes e ousados formos.

 

Não conheço pessoalmente o Dr. Jin Guo Ping, mas como português, sinto-o muito acima da minha pessoa. Este  académico deve poder trabalhar e contribuir para a consolidação da existência de um país que enfrenta hoje a mais ameaçadora hora da sua existência.

 

O Estado que o povo reconhece como seu, tem uma obrigação moral ditada até pela decência que deveria ser a norma geral nas relações internacionais. Hoje, vivemos "em república". Noutros tempos, uma simples carta com a intemporal assinatura El-Rei, ditaria a Lei que a decência obriga. Seria exactamente isso que o Senhor D. Duarte faria hoje mesmo, sem qualquer hesitação.

 

É urgente, vital e inevitável, a imediata atribuição da nacionalidade portuguesa ao Dr. Jin Guo Ping e à sua família refugiada neste país.

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Aqui está um sucinto currículo do Dr. Jin Guo Ping

 

JIN GUOPING

 

Natural de Shanghai. Curso de Espanhol de 1965 a 1975 no Colégio anexo à Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim. De 1975 a 1978, licenciatura em linguística hispânica pela Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim. De 1979 a 1981, pós-graduação em português na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim. De 1981 a 1982, Curso Superior de Cultura e Língua Portuguesa na Universidade de Lisboa. De 1981 a 1986, professor de Português no Departamento de Português da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim. Em 1986, emigrou para Portugal, onde se dedica actualmente aos estudos da presença portuguesa na China e da história de Macau.

 

OBRAS:

 

  As Relações Sino-Portuguesas Histórica e Geograficamente falando, (em chinês),Macau, Fundação Macau, 2000

 

 

 O Ocidente ao encontro do Oriente—Um Olhar Retrospectivo dos Primeiros Contactos Sino—Portugueses, (em chinês),Macau, Fundação Macau, 2000

 

 

 

 

Enciclopédia de Macauem chinês)(aproximadamente 40 entradas e redactor responsável da área histórico-geográfica da edição de 2004,Macau, Fundação Macau, 1999, 2ª edição 2004

 

 

 

 Dicionário da História de Macau》(em português)(aproximadamente 100 entradas, Universidade de Macau, 2004no prelo

 

 

 

 Fontes Ocidentais sobre Macau, séc. XV-XVIem chinês, vol. I, Edições do Povo de Cantão e  Fundação Macau, 2005

 

 

 

 

 OBRAS EM PARCERIA:

 

 

Para a vista do Imperador: memoriais da Dinastia Qing sobre o estabelecimento dos Portugueses em Macau (1808-1887)》(em português)(de parceria com António Vasconcelos de Saldanha, Macau, Instituto Português do Oriente, 2000

 

 

 

 

História(s) de Macau----Ficção e Realidade, (em chinês) de parceria com Wu Zhiliang, Macau, Associação de Educação de Adultos de Macau, 2001

 

 

 

 

 Em busca de história(s) de Macau apagada(s) pelo tempo, (em chinês) de parceria com Wu Zhiliang, Macau, Associação de Educação de Adultos de Macau, 2002

 

 

 

 

 Abrindo as Portas do Cerco, (em chinês) de parceria com Wu Zhiliang, Macau, Associação de Educação de Adultos de Macau, 2004

 

 

 

 

 Embaixada de D. João V de Portugal ao Imperador Yongzheng da China : (1725-1728) em português)(de parceria com Mariagrazia Russo, Lisboa, Fundação Oriente, 2004

 

 

 

 

 

 Navegações chinesas no século XV realidade e ficção em português e inglês)(de parceria com José Manuel Malhão Pereira, Lisboa, Academia de Marinha.  2006

 

 

 

 Macau nos seus primórdiosem chinêsde parceria com Wu ZhiliangEdições do Povo de Cantão e Fundação Macau, 2007

 

 

 

 

 

 

publicado às 17:42

 

reparo num poema assim iniciado

 

" Vila do Conde, espraiada

 Entre pinhais, rio e mar...

- Lembra-me Vila do Conde,

 Já me ponho a suspirar."

 

e sou levada a pensar que há terras fadadas com a ventura de terem entre os seus filhos quem, com talento, as saiba cantar; porque se tornou inevitável a lembrança daqueles que, com o mesmo afago, cantaram as terras banhadas por outro rio.

 

publicado às 22:34

 

Nunca me conformei com perdermos a que fora dos meus avós maternos, onde viveu a minha madrinha, a tia Micas. Belas tardes lá passei em criança, ou quando lia Camilo! "

 

É por aqui, pelas casas que amou na sua Vila do Conde natal, e para onde voltará, depois de andanças muitas, que o levariam ao Porto, Coimbra e Portalegre que, em mais um dia de chuva, aceito o convite para viajar com um escritor nortenho; desta feita é José Régio quem me guia os passos, ele que em tempo assim, do mesmo modo,  se " enterra na cadeira de lona, ouvindo em redor a monotonia da chuva " deixando que o  seu espírito flutue " ao sabor do que ia lendo ".

 

Mas Vila do Conde seria para o escritor um mundo muito maior do que as casas, de onde partia para outros lugares vividos, como o café e o club, até chegar à praia e ao mar que, aliado ao sol , ao rio e ao céu , o " impede de cair na negrura " que nele " sobe ", quando confessa nas « Páginas do Diário Íntimo » viver na " intimidade do Mar e dalguns livros queridos ", esse Mar onde vê " o resumo da Natureza ".

             Até que a necessidade de ganhar a vida o faz rumar, começava o ano de 1929, ao Sul, a Portalegre, aonde vai leccionar no Liceu Mouzinho da Silveira, depois de o ter feito, provisoriamente, no Porto.

Só em 1962 voltará, definitivamente, pois que a ela regressava sempre que podia, à terra que tanto o inspirou.

publicado às 16:07

O futuro da democracia portuguesa

por P.F., em 28.11.09

Dentre os vários desafios que esperam o País no futuro, a bem da própria sobrevivência, o sistema político-eleitoral, ou seja o tipo de democracia a adoptar, será um deles. Talvez o mais importante, pelo facto de com ele se relacionarem outros aspectos. Como por exemplo, o que respeita à reforma administrativa, caso a descentralização venha a concretizar-se. Seja através da regionalização ou de outro processo alternativo - como o municipalismo -, os processos eleitorais deverão obedecer a outro tipo de batalhas políticas com outro tipo de representatividade diferente da partidária. Isto irá implicar a adopção da democracia directa sob a forma referendária e plesbicitária com vista à resolução de questões de governo local.

O envolvimento dos cidadãos nas decisões políticas de âmbito local irá desencadear e fazer evoluir, mais cedo ou mais tarde, uma consciência política e cívica bem mais interventiva e exigente do que a actual e isso irá repercutir-se nas questões de âmbito nacional. O governo nacional, por sua vez, verá delegados muitos dos problemas actuais para o foro local ou regional, provavelmente incluindo questões relacionadas com a saúde, a educação e a cultura. A partidarite e os respectivos jogos de influências terão, portanto, de alterar seus contextos e o sistema partidário poderá deixar de ser tão decisivo e dar lugar a uma revisão constitucional de grande monta - bem necessária e tardia, diga-se. Por sua vez, as questões nacionais esbarrarão sempre no novo poder local, o que por seu turno dará origem a duas possíveis situações: referendos nacionais de sufrágio universal - mais democracia directa, portanto -,  ou à auscultação das instituições locais as quais também poderão ser de âmbito associativo ou corporativo.

Em suma, uma reforma política-administrativa, com real e positivo impacto nos sectores económicos e financeiros, passará impreterivelmente por mais democracia directa ou semidirecta. Aliás, apenas com esta haverá mais envolvimento dos cidadãos nos problemas que lhes dirão respeito.

Aliás, esta é a única forma de democracia que se adequa à tradição municipalista portuguesa, a qual nada tem que ver com modelos de democracia representativa e partidária, a não ser desde os tempos dos caciques e do voto às cegas, tão bem descritos nos romances de Júlio Diniz. Bem diferente da participação activa nos assuntos concelhios e nas cortes, exemplificada, com alguma ficção bucólica à mistura, por Francisco Rodrigues Lobo, passe a diferença quanto aos meios tecnológicos e à demografia da época em questão. 

publicado às 23:27

Prognóstico reservado.

por Cristina Ribeiro, em 28.11.09

Porque, diferentemente,  penso que Portugal está muito doente, rodeado de podridão, mesmo. E se Espanha já foi considerado o irmão doente da Europa, mais uma vez o nosso destino lhe está ligado. Sendo por demais evidente que Aquilo que transmite informação faz homens e mulheres livres que possam, participando directamente nessa mesma vida pública, ainda acudir ao enfermo, desastroso que se tem revelado o sistema integralmente representativo, baseado apenas na partidocracia, fonte de tantos e tantos males, de que a gritante corrupção não é o menor.

publicado às 15:08

A ler

por Samuel de Paiva Pires, em 28.11.09

O maravilhoso mundo da Assembleia Municipal de Lisboa, contado na primeira pessoa por Manuel Falcão (via ABC do PPM):

 

Em boa verdade, os deputados, individualmente, não têm nenhuma margem de manobra e fazem apenas figura de corpo presente  - as divergências com as lideranças das respectivas bancadas são reportadas e reprovadas e as posições individuais são rigorosamente controladas. Na verdade o voto dos deputados de pouco serve, apenas se tem em conta a decisão da direcção de cada partido ou formação na Assembleia. Aos deputados que têm problemas em votar a favor de uma proposta apresentada pelo seu grupo partidário é sugerido que na votação abandonem a sala para não se correr o desagradável facto de existir um voto não conformista. Não sei porquê, enquanto assistia ao espectáculo, só me recordava de um livro de Nabokov intitulado «Convite Para Uma Decapitação», no qual se acompanham os últimos momentos de um condenado por «torpeza gnóstica», ou seja, por não se conformar com o pensamento estabelecido como conveniente pela maioria.

 

Neste admirável mundo novo, pelo menos para mim, percebe-se bem o bas-fond da política: terça feira, por exemplo, percebeu-se que a cisão dos eleitos pelo Movimento Cidadãos Por Lisboa, de Helena Roseta, já estava anteriormente combinada com o PS, por forma a organizarem-se de forma autónoma, como antes das eleições - apenas esconderam o facto para iludirem os eleitores com uma ideia de unidade, falsa como agora se verifica. Aquilo a que assisti foi à revelação de um acordo espúrio patrocinado por Manuel Alegre, que levou pela mão Helena Roseta ao altar de António Costa para uma farsa de casamento político com divórcio a prazo contratado. Parece que isto é fazer política. Eu, na minha inocência, acho tudo isto extraordinário.

publicado às 14:41

Música para hoje: Tricky - You Don't Wanna

por Samuel de Paiva Pires, em 28.11.09

publicado às 14:27

La Fornarina-

por Manuel Pinto de Rezende, em 28.11.09

 

alguns detalhes:

na fita que a menina tem atada no seu braço esquerdo, está o nome do seu amante:

Raphael Urbinas

publicado às 13:03

 

até gostávamos de ver...; esperaríamos.

E o oleiro continuou a moldar o barro, sempre com o pé no pedal da roda. Das suas mãos, sujas de uma terra acastanhada, saía já quase perfeita uma  cantarinha.

 

Era mais um daqueles fins-de-semana que aproveitávamos para ir por aí fora. Paráramos no Crato, e, depois de tudo visitarmos, tínhamos entrado naquela pequena oficina; comprar um ou dois pratos para fazer doce igual ao que acabáramos de comer: sericaia, tinham dito, e que era preciso um prato grande de barro.

publicado às 19:11

Um site amigo de Portugal: visite-o

por Nuno Castelo-Branco, em 27.11.09

 

 

http://macaulogia.blogspot.com/

publicado às 18:57

Cavaco Silva não vai ceder. Muito bem!

por Nuno Castelo-Branco, em 27.11.09

Somos monárquicos e disso poucos duvidam. Assim sendo, nada nos impede de elogiar as atitudes correctas dos Chefes de Estado republicanos, sempre que julgarmos ser da mais elementar justiça. Desta vez, Cavaco Silva esteve bem e não cedeu às manobras dos habituais interesseiros. Chama-se a isto, sentido de Estado.

 

Fonte muito próxima da residência oficial do Chefe de Estado informa-me que o Professor Cavaco Silva recusou liminarmente a possibilidade de reverter a atribuição da Ordem do Infante a Jin Guo Ping".  Leia mais  AQUI, no Combustões.

publicado às 14:28

vigilância democrática

por Manuel Pinto de Rezende, em 26.11.09

There is, indeed, some force in such arguments. David Brin, the US writer and academic, argued in his 1999 book, The Transparent Society, that the unsurpassed opportunities for surveillance that technology offered us could be entirely benign.

He suggested, like Bentham before him, that there was nothing intrinsically wrong in encouraging people to give up their privacy if it was for their own good. In an ideal community, everyone would be watched and everyone would be accountable. This, he posited, could even be seen as a return to a tranquil and pre-lapsarian sort of life. The idea of anonymity, he pointed out, is "an illusion". In the village life of pre-industrial society, everyone knew everyone else's business, and this intimate surveillance offered a level of personal accountability that only technology could now return us to. All this, to critics of Labour's controlling and centralising tendencies, sounds impossibly idealistic. Interestingly, though, Brin would be the first to agree that this was the case.

 

He argues that, unless stalwartly resisted, "the biggest threat to our freedom is that surveillance technology will be used by too few people, not too many." He warns that a surveillance society run by bureaucratic edict will be too open to corruption. A truly transparent society trains its cameras, real and philosophical, on the people who are doing the surveillance just as mercilessly as it does on those who are being surveyed. In formulating his argument, he trawls back even further than Foucault managed, to assert that the essential question that needs to be asked was first put by the Roman poet Juvenal at the turn of the 1st century AD, in one of his most quoted maxims: "Who will watch the watchers?"

publicado às 23:23

 

pois que o piloto era São Vicente, o padroeiro da cidade. Do cancioneiro popular, talvez, constavam estes versos de um Livro da Primária usado por um irmão, mas que todos lá em casa cantavam, cada um com a música que melhor achava enquadrá-los:

 

Quem quer  ver a barca à vela,

Que se vai deitar ao mar,

Nossa senhora vai nela,

E os anjinhos a remar

 

São Vicente é o piloto,

Jesus Cristo o general,

Que linda bandeira leva,

A bandeira de Portugal !

publicado às 19:18

 

 

Honra e Glória ao Dr. Jin Guo Ping, Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique

 

Nem passaram vinte e quatro horas desde a condecoração do Dr. Jin Guo Ping e já se erguem as mesmas vozes dos "jornais de referência", fazendo um favor à diplomacia de Pequim. O mundo das negociatas e o franzir de sobrolhos dos mandarins que trocaram os maoístas pijamas verdes pelos globalizantes fatos cinzentos "Arremani" ou "Vézatche", podem, porque pagam.

 

Que vergonha, esta humilhação pública de quem tem sido ao longo de décadas, um estrénuo defensor da portugalidade, fazendo ruir as fantasiosas construções anglo-saxónicas que os ventos de loucura midesca de Pequim bafejam benevolentemente! A gente que o dr. Ping ajudou a fugir ao inferno pós-Tianamen, é comparável aos que ousaram saltar o Muro de Berlim. A Ordem do Infante D. Henrique, é exactamente a mesma que outrora foi conferida ao grande historiador Charles Boxer, pela sua obra O Império Marítimo Português.  Jin Guo Ping merece o reconhecimento e o Palácio de Belém agiu com acerto.

 

Como patriota e monárquico, creio que seria uma grande iniciativa da mais elementar justiça, a nomeação do Doutor Jin, como Cavaleiro da Ordem de N. S. de Vila Viçosa. Aqui deixo o apelo ao Senhor D. Duarte de Bragança!

 

A nossa imprensa do copy-paste, gosta de viajar, de convites e de cocktails. Pouco se lhe dá se os métodos persuasivos de Pequim, obedeçam à velha e conhecida cartilha do dr. Goebbels e que tão pressurosamente foi copiada pelos sátrapas do Kremlin. Quem fez o servicinho ao PCC, decerto terá um envelope à espera. Com um bilhete de avião, reserva marcada em hotel de luxo e vacaria* à disposição. Entre uma visita à Grande Muralha e outra ao Palácio de Verão, umas comprinhas no centro comercial.

 

Que sacanas!

 

* Substituí o termo, após alguns reparos amigos. Desculpem-me, mas estas coisas fazem-me perder a cabeça.

 

 
 
Jin Guo Ping, ao contrário de alguns académicos portugueses indignos do nome, nunca trabalhou para a secreta chinesa, nunca escreveu por encomenda para a fabulosa e falsa pseudo-historiografia chinesa, nunca atacou Portugal. Sabemos de fonte segura que alguns "sinólogos" portugueses receberam durante anos subvenções do governo de Pequim e, para o conseguirem, submeteram-se às mais vis indignidades. Uma destas académicas mediocridades chegou a extremos de traição, indo repetidamente a sessões pagas pelo Estado chinês para atacar, difamar e ridicularizar Portugal.


Portugal é, notoriamente, um país mal frequentado. A velha tradição do esbirro, do informador, do boateiro e do difamador continua a fazer escola numa terra que foi um dia da Inquisição, para logo de imediato se transformar num jardim pinamaniqueiro.

 

publicado às 17:23

Montaigne é o Super-Historicista

por Manuel Pinto de Rezende, em 25.11.09

Acho-lhes graça (aos filósofos) quando, para conferir alguma certeza às Leis, dizem que há algumas sólidas, perpétuas e imutáveis, a que chamam naturais, que estão impressas no género humano por via da própria essência (...)

Mostrem-me, para eu ver, uma lei deste tipo.

publicado às 20:48

Montaigne é Hayekiano e Historicista

por Manuel Pinto de Rezende, em 25.11.09

Apelidamos Deus de bom, forte, generoso, justo; mas não o apelidamos de virtuoso: todos os seus actos são espontâneos.

publicado às 20:44

Democracia Directa?

por Manuel Pinto de Rezende, em 25.11.09

- Só praticável numa escala local o mais mínima possível, visto que a atomização do voto desresponsabiliza o cidadão e entrega importantes decisões da nação aos ímpetos da maioria.

 

- A democracia directa de grande escala só é possível num país de cultura igualitarista.

Os países igualitaristas estão dependentes da Vontade Geral.

A Vontade Geral, segundo alguns liberais sectaristas, está acima da "Lei, da Constituição, do ALtar e do Trono".

 

- A Democracia Directa é anti-racional e anti-intelectual. As decisões referendadas estão dependentes não de quem percebe do assunto, mas sim de quem conseguir expôr melhor os temas em discussão perante as Massas, recorrendo às normais falácias.

 

- O seu igualitarismo é, logicamente, incompatível com a Liberdade.

 

- É, por último, apenas possível nos países de cultura colectivista e não-personalista.

Logo, é possível nalguns países protestantes, e impossível em todos os países da europa católica.

 

- É também o príncipio mais anti-cristão de que há memória.

Cada Referendo é uma Demanda pela Verdade. Essa Verdade, que é inatingível ou inaceitável pelo baixo nível dos representantes políticos, que acham a opinião dos eruditos contrária aos seus usos e ideias políticas, é por isso atirada ao Povo, para que decida conforme aprouver à maioria.

 

Também Pilatos fez assim. "O que é a Verdade?" perguntou ao Senhor, e a seguir deixou que o povo, em saudável democracia, lhe desse a resposta.

publicado às 20:13

A constante campanha que alia a política às farmacêuticas, é suficiente para nos deixar desconfiados. No entanto e corrigindo o alerta de leitores, esta senhora não foi ministra na Finlândia. Fica a correcção e da próxima vez consultarei as informações disponíveis.

publicado às 16:21

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