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Torre chama Dijsselbloem. Dijsselbloem, está aí?

por Fernando Melro dos Santos, em 31.07.14

Nem bailout, nem bail-in, nem aumento de capital.

publicado às 17:20

37 dias

por Nuno Castelo-Branco, em 31.07.14

Desta vez há que elogiar o serviço que a SIC N prestou ao transmitir a série 37 Days, da BBC.

 

Quase todos apontam a Alemanha e o Kaiser Guilherme II como os únicos responsáveis pela eclosão do conflito, mas a verdade foi desde sempre conhecida, embora escassamente aceite pelas multifacetadas opiniões públicas.

 

O resvalar para a guerra obedeceu aos interesses de cada uma das grandes potências e a uma miríade de enganos, mal-entendidos, expectativas goradas e  vaidade de alguns dos intervenientes, um jogo perigoso que conduziu a Europa à destruição. Infelizmente, os autores da série não se interessaram pelo decisivo papel representado pelas autoridades da Sérvia, ansiosas pelo liquidar da Áustria-Hungria. O governo de Belgrado claramente patrocinava os grupos subversivos e a pegada Dimitrievic era muito evidente, sendo difícil separar a condescendência dos governantes de Belgrado, da autoria moral e material do crime de Sarajevo. Outro aspecto que é uma novidade para a maioria dos telespectadores, será a imagem que nos fica dos soberanos das principais monarquias em liça. Os imperadores da Áustria e da Alemanha, o czar e o rei Jorge V, parecem muito cerceados daquele poder omnipotente que lhes era atribuído - especialmente no que se refere aos três imperadores -, evidenciando-se então o papel desempenhado pelos diplomatas onde Paul Cambon surge de forma episódica mas decisiva, as discórdias entre os membros dos governos das potências - sobressaindo o relativamente prudente chanceler Bethmann-Hollweg - e também, a pressão exercida pelos militares. Um mês de decisões erráticas, hesitações e porque não dizê-lo?, de múltiplos e recíprocos wishful thinking que levaram a Alemanha, Áustria-Hungria, Rússia, a França e o Reino Unido à guerra. 

Uma série a não perder.  

publicado às 15:51

Solidez

por Fernando Melro dos Santos, em 31.07.14

BES 0.209 -39.77%
BCP 0.108 -3.75%
PTC 1.62  -4.09%
JMT 9.71  -3.90%
BPI 1.50  -1.38%

 

publicado às 15:48

The Expendables

por Fernando Melro dos Santos, em 31.07.14

Grandes analistas. 

 

 

publicado às 15:05

Portugal, o BES e o fim da confiança

por John Wolf, em 31.07.14

Que se lixe a queda na bolsa das acções do Banco Espírito Santo (BES). O mais grave de tudo isto tem a ver com um valor intangível: a confiança. Por causa de salafrários como Ricardo Salgado, Jardim Gonçalves, José Sócrates ou Vale e Azevedo, para nomear apenas alguns de um imenso caldeirão de bandidos, o país inteiro passou a estar sob suspeita. A cada 24 horas que passa nasce mais uma extensão de uma longa novela de prevaricação. Acordamos, e mais três são implicados. Um deles, o delfim-genro de Ernâni Lopes, de seu nome Joaquim Goes (melhor aluno da Universidade Católica, segundo consta). Por causa destes sujeitos, já nem confiamos na Dona Ercília da Mercearia do bairro - "O pão é de hoje? É sim senhor. Acabadinho de chegar na Sexta-feira passada". Para além de todos os processos judiciais que possam decorrer da investigação às actividades financeiras destes indivíduos e dos grémios que os viram nascer, o povo português deveria levá-los à barra dos tribunais por danos morais e psicológicos causados. Deixamos de confiar. Qualquer coisa que mexa ficamos logo em sobressalto - de pé atrás. Começamos (ou continuamos) a ter dúvidas sobre as grandes instituições financeiras e os seus timoneiros, mas também a vacilar em relação à oficina de reparação da viatura e a conta apresentada, ou por causa da extensa lista de medicamentos inscritos na receita do dermatologista lá da seguradora. O português tem motivos para desconfiar. O cidadão nacional tem razões para olhar sobre os seus ombros. O povo, por estas razões todas, tem a obrigação de escrutinar os políticos, de espremê-los até ao tutano. Se não o fizer, a porta ficará aberta para ainda maiores desgraças. Entretanto, esta estória, para além de mal contada, está longe do seu desfecho.

publicado às 11:45

Spartacus

por Fernando Melro dos Santos, em 31.07.14

Snapshot de há instantes. Títulos: BES, BCP ,BPI e PT.

 

Qualquer pessoa que acredite que um aumento de capital (15 mil milhoes de acções? 20? a 15 cêntimos? a 10?) resolve isto,  está tão a leste como um trácio.

 

Cavaco pode ter tido, na frase em que empregou a palavra "sistémico" há dias, o único momento digno da sua Presidência.

 

 

publicado às 10:24

Teoria da Conspiração (Richard Donner, 1997)

por Fernando Melro dos Santos, em 31.07.14

 

"Como foi possível terem feito isto ao país?"

- Anónimo, 2011

 

Excerto de uma entrevista imaginária com o antigo primeiro-ministro e procônsul de Alijó, José Sócrates, na qualidade de cidadão:

 

- Senhor Engenheiro...

 

- José. Não precisamos dessas formalidades, estou aqui enquanto simples cidadão. Sou uma pessoa como outra qualquer. 

 

- José. É verdade que os governos por si liderados, enquanto foi mais do que um simples cidadão, desbarataram os fundos da União Europeia, criando acessoriamente uma rede tentacular de corrupção e controle corporativo de vários sectores da economia, mergulhando Portugal numa bancarrota irreversível e que cerceará o futuro das próximas oito gerações?

 

- É uma absoluta mentira. Repare, não nota que há um padrão evidente na regularidade com que vêm a lume esses alvitres cujo objectivo não é outro senão descredibilizar o trabalho histórico que o partido socialista tem feito no sentido de arrancar Portugal às garras da Idade Média em que os especuladores, tecnocratas, invejosos e inimigos da verdade gostariam que o nosso país ficasse? Os números não mentem.

 

- Mas os números dizem que de todo o dinheiro que veio, só 5% foi devidamente aproveitado, e que agora só temos fundos para quatro dias de funcionamento ao ritmo normal a que o Estado consome dinheiro.

 

- Isso é o tipo de bota-abaixismos que são cuidadosamente pensados para iludir as pessoas, para as distrair do essencial. É de uma ingenuidade perigosíssima dar ouvidos a esses boatos.

 

- Então os números estão errados?

 

- Olhe. Tenho aqui um papel muito interessante. Pode mostrar? Obrigado. Isto é um estudo - um estudo a sério, não é dessas vergonhas que se encontram em blogues e revistas - que demonstra um dos maiores triunfos das nossas políticas de investimento público.

 

- E qual é?

 

- Sabe quantas crianças calçavam, no máximo, o número 39 de sapatos em 1979? 

 

- Bom, não. 

 

- Mas eu digo-lhe, olhe, está aqui, e isto é um estudo elaborado por uma empresa fidedigna, com quem o Estado trabalha desde - sabe desde quando, ó Zé Alberto, olhe, desde 1981. Já viu bem portanto que não se trata de embusteiros. Contamos com esta firma para nos prestar apoio jurídico, na fiscalidade, na constitucionalidade, em tudo. (pausa e enche o peito) Em 1979, em média, só 67% das crianças calçavam no máximo o 39. Já viu? Dois terços. Ora isto é de um país com dificuldades, onde é preciso intervir como ápenas o Estado o consegue. E hoje, volvidos pouco mais de 35 anos, essa média - quer ouvir, ouça bem que isto é que essa gente sem vergonha devia dizer - essa média passou para 82%. Oitenta e dois. Um aumento colossal de 15%, que coloca Portugal no 43º lugar da lista de países abrangidos por este estudo. Isto é que é importante.

 

Podia continuar a destilar para aqui o eco de todo o fel que me causou, e causa, a ascensão, principado, e continuada presença de José Sócrates no seio das nossas vidas. Contudo, a pergunta que me assomou à ideia, esta madrugada no duche, foi outra.

 

Quando se pergunta "como foi possível terem feito isto ao país?" é preciso encarar a interrogação com seriedade, aliás com solenidade fúnebre. Chamem-me o que quiserem, como diria o Henrique Monteiro, mas a mim causa-me uma certa estranheza que todo um eleitorado, votante ou demissionário, testemunhe reiteradamente as exibições públicas de tal criatura e não detecte, imediatamente - seja por exercício do instinto ou do intelecto - a completa desconexão com a realidade, a patranha, os indícios de um mapa clínico malsão. E não posso crer, ou não tenho querido crer, que de entre os que votam, todos estão vendidos à máquina partidária. 

 

Ora se nem todos os votantes são "migalheiros", e a coisa na rua não sobrepuja os demais assuntos do quotidiano como o futebol etc., é porque alguma inflexão, fundamentalmente profunda e potencialmente destruidora do equilíbrio em Portugal, se deu algures antes de Sócrates ascender ao andaime de onde perorou como um sátrapa durante anos. 

 

A pergunta que devemos fazer é: porque é que o sistema de ensino transformou três gerações de alunos em homúnculos apáticos incapazes de procurar, ler, interpretar e debater uma notícia? A resposta mais óbvia, Ockham-laminada, é que era preciso agradar a Bruxelas e enviar folhas de Excel com os dados certos (o número máximo de aprovações e transições de ciclo)  que renderiam muitos, muitos dobrões à paróquia. Não é difícil aceitar isto. 

 

Indaguemo-nos, porém, sobre o descabimento de outra hipótese: e se a cavalo no requisito contabilístico acima aludido, o então governante - Guterres, com a sua "paixão pela educação" - tivesse arado a seara para que pudesse emergir, incólume de escrutínio e lido com juízo acrítico, aquele que viria a ser o mais perigoso déspota em potencial, o tiranete de pacotilha com ligações mais sombrias, de que há memória na história recente?

 

Não esqueçamos que a Parque Escolar foi uma festa; mas não esqueçamos, de igual modo, como os nossos filhos deixaram de ser avaliados pelo seu mérito no domínio da Língua, da Matemática, do Desporto ou da Arte, para serem tidos, dali em diante, como pequenos cidadãos com valências diferenciadas, fossem elas a dança, o manobrar de plasticina, a expressão hiperactiva de condicionantes emocionais, ou a sensibilidade extrema para o silêncio e a quietude. Quase consigo ouvir um jovem casal de Oeiras, "caramba, o nosso Gonkas foi campeão ibérico de copy-paste" enquanto ela lê a Caras e ele deita abaixo a sexta cerveja a ver o jogo entre o Raio Pevidense e a União de Varge Mondar.

 

Epah, não sei. Pensem nisto agora que os vermes começam a sair da madeira por acção do calor.

publicado às 09:05

Antónios, primárias e dinheirosas...

por John Wolf, em 29.07.14

António Costa bateu por meia-hora o rival António José Seguro - chegou trinta minutos mais cedo para formalizar a sua candidatura às eleições primárias no Partido Socialista (PS). Mas Seguro, certamente melindrado pelo facto, não foi de meias-medidas e apresentou uma resposta à altura da situação: o orçamento para sua campanha é maior que o de António Costa - 165 mil euros contra 163 mil. Parece-me que somos confrontados com um empate técnico. Contudo, existe uma questão de fundo, menos jocosa e mais pertinente, que deve ser endereçada sem demoras, neste caso ou noutros de índole semelhante: a proveniência dos dinheiros de campanha. Este é o momento mais que indicado para avançar com medidas tendentes à normalização e transparência dos processos eleitorais. O cidadão português, recenseado ou não, tem o direito de saber de onde vêm os valores que ajudam a sentar políticos nas cadeiras do poder. As questões financeiras relacionadas com campanhas são sempre apresentadas de um modo convenientemente vago. São frases como; "estimam gastar 328 mil euros" ou "está tudo em aberto", que minam a confiança dos eleitores e dão margem para trafulhices. À americana, sem rodeos ou rodeios, que seja publicada a lista oficial de fundos e donativos concedidos à campanha deste ou daquele (podem inserir o apelido Wolf no motor de busca). O Dr. Solgado passou um cheque de 10 mil euros? Não, não consta na lista. Muito bem. Adiante. O Eng. Santos dos Soares teve uma atenção para com o outro? Sim, senhor - está aqui na terceira página do balancete. Estão a perceber? É simples. Pagou - passa-se recibo (dedutível no IRS logo se vê) e publica-se a folha de pagamentos no diário da república. Bananas. Obrigado. Passe bem. Passa para cá o meu.

publicado às 18:08

Mais um mamarracho à vista, na Fontes Pereira de Melo

por Nuno Castelo-Branco, em 29.07.14

 

Há uns tempos questionávamos acerca do futuro destes três edifícios sitos na Av. Fontes Pereira de Melo.

 

Parece que há quem anda com as ideias do costume, as que as fotos mais abaixo mostram. Vamos lá a ver quem serão os patrocinadores dos projectados mamarrachos. E pensarmos que durante anos andaram a azucrinar-nos com a "monstruosa volumetria" do demolido Monumental...

 

Em escassos 500 metros, temos: o mamarracho Monumental, o mamarracho "Duque" (aquela rasquíssima coisa branca, no Saldanha), o mamarracho Atrium Saldanha, o mamarracho hotel em construção na mesma praça, o mamarracho Saldanha Residence, os dois mamarrachos Sheraton/Imaviz, o mamarracho PT, e pela avenida F. P. de Melo abaixo, horrores mamarrachados dos anos setenta e oitenta - sim, os da 2ª República/ Marcelo Caetano também contam - , culminando com o recente mamarracho Sana. Tudo isto sob o patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa.  

 

Coitados dos senhores Saldanha, Fontes Pereira de Melo e Sebastião José.  

 

  

publicado às 18:00

E agora, quem defende os Clássicos?

por Cristina Ribeiro, em 29.07.14

A leitura do comentário ao Diálogo em louvor da nossa linguagem >, de João de Barros, no boletim de Abril de 1951 da Sociedade de Língua Portuguesa, assinado por M. M. T., lembrou-me que, até que Vasco Graça Moura deixou de nele escrever, apenas abria o Diário de Notícias, na versão digital, para o ler. A incondicional defesa da Língua Portuguesa, não poupando os acordistas de serviço, nas suas muitas incongruências, a revolta contra o escandaloso desaparecimento, nos programas de ensino, dos grandes vultos da nossa literatura. Que falta faz nos tempos que vivemos o azorrague empunhado pelo escritor nortenho.




Post Scriptum : Tenho de ressalvar o esforço que no mesmo sentido tem sido feito por um outro jornal, um dos poucos que teima em não baixar os braços nesta patriótica cruzada: refiro-me ao jornal " O Diabo "

publicado às 17:06

Lisboa, alegado terreno fértil

por Nuno Castelo-Branco, em 29.07.14

Entre  omissões e esquecimentos, temos agora mais um daqueles casos capazes de levantar a má-língua dos blogistas, vizinhos da zona em questão e uns tantos interessados nos assuntos de apaga fogos.

 

O mais recente episódio que deixa um sabor salgado nestas andanças do imobiliário, respeita ao quartel de Bombeiros na Luz, Benfica. É a mais recente infraestrutura construída para os bombeiros de Lisboa e a Câmara Municipal aventa com "problemas de construção, infiltrações", etc. Pelo contrário, quem lá trabalha diz não ser necessária qualquer demolição, mas tão só algumas obras de remodelação. Existe um problema insolúvel - para os bombeiros - e é fácil percebermos porquê. O grupo Espírito Santo alegadamente quer alargar as suas actividades naquela zona, anexando o terreno onde se ergue o quartel dos bombeiros, contíguo ao seu hospital na Av.dos  Lusíadas.

 

Manuel Salgado, o espirituoso vereador do urbanismo de Costa, santamente assinou a proposta. 

 

Diz a Câmara que esse terreno irá a hasta pública. Estranha alegada hasta pública em que por mero alegado acaso de apelido, já surge um alegado vencedor. 

publicado às 09:56

Humilhação nacional

por Nuno Castelo-Branco, em 28.07.14

Em Lourenço Marques, durante a I Guerra Mundial, o meu bisavô (2ª fila, o quarto a contar da direita para a esquerda, com bigodes retorcidos "à Kaiser") acompanhado por militares portugueses e britânicos  

 

Querem uma verdadeira e bem mais dolorosa que o recente negócio do ingresso de uma pequena parte do Golfo da Guiné na CPLP? Não se trata de qualquer parlapatonice a comentar na TV a propósito de quebra de protocolo, ou de  amuos salva-faces.

 

Aqui está a esmagadora humilhação, podendo ser acrescentada a outras que nos seriam impostas sessenta anos depois. 

publicado às 18:26

Sugestão para Belém

por Nuno Castelo-Branco, em 28.07.14

As regras são aquelas que se esperavam após a ascensão ao trono. Oxalá por cá se adoptassem normas de conduta como as agora anunciadas em Madrid e porque não?, uma audição a todas as contas de Belém. Sugere-se uma data de partida para o esmiuçar: 1986. 

publicado às 18:02

Há cem anos, pelas 11 da manhã

por Nuno Castelo-Branco, em 28.07.14

publicado às 11:00

Novecento

por Fernando Melro dos Santos, em 26.07.14

Olá amiguinhos,

 

Tarde no pré-Agosto. Camila Kemp, Teresa Bonvalot e uma Carina surfaram com muito gáudio. Havia também um Frederico. É belo o Verão nestas edições da Caras para romenos, bolivianos, hondurenhos e lisboetas despojados, ora rebanho resignado àquilo que sobrevier. É horrivelmente matemático de se assistir à balcanização sovietizante da maralha autóctone, quando regressam do curro com os ovos, o pão e as cervejas comprados à força de brutidade obstinada.

 

Relvas nos terraços do Chiado. Ebola. Gins a 20 euros no Urban Beach. O lobby monhé. Peste bubónica, a primeira forma de guerra biológica. Verão total. Há smartphones a menos de 30 euros, manda SMS para o xxxxx com o texto SOMOSTODASVACASDOREGIME.

 

Mário Soares, múmia suprema, foi há dois anos a esta parte apanhado em pleno usufruto de um carro do Estado, surfando o asfalto a 200 km/h e disse, cito os jornais, que a multa seria paga "pelo mesmo de sempre". E foi, e não consta que o tenham sancionado além. Não é que alguém inquira ou esbugalhe. Os jornaleiros preferem vender o coiro rosáceo de polinésias vivências. É a silly reason. Hillbilly season.

 

O cidadão X, em Janeiro deste ano, foi notificado atempadamente que se encontra acusado, arguido, alvo e recipiente das consequências decorrentes de uma contravenção grave: seguia a 102km/h numa avenida mandada construir pelo edil Costa, esse labrego de espaldas assentes na mais quente escalfeta, de origens perdidas na bruma, noutra época escutado à saciedade em conversas onde se aludia a "um núcleo sinistro", "os outros maiores", "a culpa não morrer solteira" e "o bibi comer por todos" - avenida essa onde o edil Costa mandou que se apusessem placas a delimitar o trânsito a 50 km/h, mas com três modernas faixas, largas, abertas, lhanas. Soube enquanto transeunte, não soube enquanto cidadão. Não podem fazer-me nada. Ademais, estou desempregado. O cidadão X contou-me por entre o pranto e a raiva.

 

Fica o utente feito contribuinte sujeito a coima de €300 e como sombra proactivamente educadora 4 a 48 meses de sanção acessória traduzida na inibição de conduzir.

 

E Soares? E Costa? E o BPP, o BPN, o Salgado, o Ferro, o Costa? E o Cavaco, o Sócrates, o Guterres do PIB, Otelo, Durão, e a festa que foi a Parque Escolar? O que pagam e a que sanções se subjugam os animais merdosos que há quarenta anos chupam da teta dos apanhados na faixa do meio em pleno exercício do sorriso e da bonomia?

 

Quem os inibe? Quousque tandem, Catilina?

 

Deixem estar, as respostas estão todas na mesma pergunta.

 

Grandes filhos da puta. Um dia, que espero para breve, o dinheiro dos outros acabar-se-à. As forquilhas, cujas pontas Bertolucci filmou com a cumplicidade de um moço de estrebaria, terão o seu dia. E depois o dilúvio.

publicado às 18:16

Moreirando

por Nuno Castelo-Branco, em 26.07.14

"Os nove países integrantes da CPLP são lusófonos. Se entre os seus princípios fundadores estão o primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social, também é verdade que a força inspiradora da organização punha os valores na lógica de uma lusofonia em diálogo."

A escriba nunca terá ouvido palavra que fosse a respeito de trivilidades como a chacina de toda a oposição negra não-samorista. Pouco lhe importará a astronómica soma de crimes perpetrados ao longo de vinte anos de regime capitaneado por Samora e sucessores. Para a menina Isabel, as chacinas na Angola de Agostinho Neto, a sua ocupação de facto pelos cataneiros de Fidel, foram coisa pouca ou passageiras brisas da estória. A liquidação de milhares de negros, ex-soldados do exército português na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, "nunca" existiu, talvez sendo execrandos ecos da influência da propaganda vinda dos tempos em que o seu pai era Ministro do Ultramar do governo de Salazar.

 

Quanto aos roubos e apropriação dos bens públicos pelas oligarquias libertadoras de alguns destes países africanos, deverão para Isabel ser coisa marginal, pois habituada como está a assistir a actividades paralelas na antiga Metrópole, não valerá a pena levantar lebres em capim alto. 

publicado às 17:50

Conhecer Portugal pelo carrascão e pela patanisca

por Nuno Castelo-Branco, em 25.07.14

Esteve na TVI24 - programa das dez da noite - a sempre excitadíssima Gomes que segundo Carlos Abteu Amorim, é "uma grande especialista nos assuntos dos negócios estrangeiros". É? Uma tirada destas leva-nos imediatamente em viagem no tempo à capital do III Reich, quando Goering dizia que Ribbentrop conhecia a França através do champanhe e a Grã-Bretanha pelo seu brandy*.  Com especialistas como a dona Gomes, está-se mesmo a ver, vamos longe.

 

Como matatempo, vejam o debate(zinho) e concluam acerca do tipo de capoeira em que o país se meteu. 

 

* Era mais ou menos isto, brandy ou whisky, tanto faz.

publicado às 22:57

Os Senhores do Corisco

por Nuno Castelo-Branco, em 25.07.14

 

Havia de cá voltar o Duarte Pacheco Pereira e logo o seu enervado descendente ficaria com as orelhas a arder.

 

Os comovidos mega cefalópodes do comentório sabe-tudo, têm-se desunhado com o habitual argumento da "não existência de laços históricos" entre Portugal e o território que forma a actual Guiné Equatorial. Várias vezes dei comigo a responder-lhes diante do ecrã, aconselhando-os a uma sumária pesquisa que não demoraria mais que uns escassos minutos. "Toda a gente sabe" que Fernando Pó e Ano Bom foram possessões portuguesas até bem perto do final do século XVIII. Por alguma razão D. João II intitulou-se Senhor do Corisco, venera que hoje em dia pertencerá ao Sr. Obiang. 

 

Para cúmulo do azar dos embarbichados, Portugal alienou a soberania em troca de benefícios territoriais no Brasil, consolidando o domínio sul-americano que hoje é a principal potência da CPLP, o tal Estado sucessor que naturalmente tem a devida proeminência na organização que não pode limitar-se a ser um "centro de afectos" e de charlas saudosistas. Há que ver para além dos sundowns enriquecidos com croquetes, pastéis de bacalhau, chamuças e baji purís. 

 

Embora os nomes de D. Maria I e de Carlos III sejam para os mega cefalópodes, tão estranhos como os de qualquer monarca da Coreia pré-japonesa, nem por isso deixam de ser os que surgem como signatários dos dois Tratados - Santo Ildefonso e do Pardo - que consumaram a transferência daquelas ilhas para a Coroa espanhola e em troca, para benefício de Portugal, de territórios que hoje integram o Brasil. Aqui está um argumento persuasor que graciosamente lembramos aos nossos amigos brasileiros, decerto agradecidos por aquela auspiciosa permuta. 

 

Eis mais uma desculpa airosa para o ingresso da Guiné Equatorial, betões, comes e bebes , gases e petróleos incluídos. Pois sim, berrem à vontade. 

publicado às 17:53

Boas Férias, Portugal!

por Fernando Melro dos Santos, em 25.07.14

Excisões clitorianas forçadas em Mosul, a tumba de Jonas morteirada, Ebola e peste bubónica à solta, um inverno que vai rivalizar com o do Game of Thrones sem gás nem petróleo Russos, e esta gente bamboleia o bolbo raquidiano entre a praia, o diâmetro das sanitas, as putas do PS e a ficção rebelopintiana da banca salva por investidores crentes - como todos sabemos, uma contradição nos termos. Vai ser lindo e cá estaremos. 

publicado às 17:45

Waiting for the Sun

por Fernando Melro dos Santos, em 25.07.14

Fui a quatro aviários. Estavam todos fechados para férias. 

Nao me cruzei com um único transeunte capaz de prestar informação acerca dos caminhos para a eles chegar, que não fosse categorizável numa destas quatro alíneas: octogenário, trolha, comercial da edp ou maluquinho da aldeia. 

Devia ter desconfiado logo quando procurava o primeiro. Passei nas seguintes ruas, travessas e até alamedas: Catarina Eufémia; do Operário; do Poder Local; Zeca Afonso; Amigo Trabalhador; Amílcar Cabral; das Indústrias.

É claro que estariam de férias.

publicado às 13:12

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