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F16 ou o Euromilhões?

por John Wolf, em 31.10.14

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Não nos devemos esquecer quais são as fronteiras geopolíticas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN-NATO), e, nessa medida, relembrar que Portugal assinou o tratado constituinte da organização a 3 de Abril de 1949, sendo desse modo, um dos países fundadores da organização. A Rússia não nem nada a favor ou contra Portugal. Acontece que, a haver uma "porta" mais vulnerável à entrada de estranhos no "território" NATO, essa porta Ocidental pode muito bem ser Portugal. Enquanto os analistas e estrategas apontam o radar à centralidade euroasiática, a Rússia demonstra que um "assalto" é possível a partir de quadrantes distintos, de outras latitudes. Aqueles que sempre se manifestaram contra o investimento nas Forças Armadas Portuguesas e a aquisição de uma esquadra de F-16, parecem ter caído num silêncio incómodo, mas, efectivamente fica demonstrada a utilidade dos caças, na defesa do espaço nacional, mas também num quadro de apoio recíproco que a NATO convencionou entre os seus membros. Não chegamos ao patamar que implique o invocar do Artº 5 do tratado, contudo, os primeiros mecanismos de resposta parecem estar a funcionar com a agilidade de comando e controlo que incidentes desta natureza exigem. O principal desafio que se apresenta na interpretação dos mais recentes acontecimentos, prende-se com a provável escalada das provocações e a resposta que terá de ser produzida numa ordem proporcional e dissuasora. O facto do espaço aéreo nacional ter sido violado pela força aérea russa, não pode ser menosprezado, subestimado. O ministro dos negócios estrangeiros Rui Machete não pode ser o porta-voz de um falso sentimento de acomodamento. Na estrutura organizacional da NATO, e atendendo a um quadro geopolítico muito mais amplo, existem considerações maiores - patentes mais elevadas, perigos consideráveis. O destino de um país não pode resultar de um acaso, de uma tômbola de azares e fortunas em política externa. Sorte ou falta dela.

publicado às 19:26

Aprender com África

por Fernando Melro dos Santos, em 30.10.14

O meu desejo de São Martinho, Helloween, Samhain, Solsticio, Yule, Natal, Ano Novo, e já agora aniversário.

E é sincero. Num país de grunhos que se desmancham em riso porcino perante as câmeras, a troco de umas rifas migalheiras que os demarquem perante o resto do bairro, e que de tanto vilipendiar o conhecimento e o mérito acabaram por correr com o futuro, é o mínimo que posso querer ver no meu tempo de vida.

 

Em 40 anos, o Alto Volta fez-se um país condigno. E no mesmo período, Portugal fez-se uma casa de putas.

 

 

 

Manifestantes ateiam fogo ao Parlamento no Burkina Faso, em protesto.

 

http://www.sol.pt/noticia/117586

 

 

http://www.aljazeera.com/news/africa/2014/10/protesters-storm-burkina-faso-parliament-20141030103451460862.html

 

http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-29831262

publicado às 16:22

Medalhas socráticas

por John Wolf, em 28.10.14

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Sei que faz parte da matriz cultural portuguesa a progressão na carreira ao fim de certos anos de serviço e a passagem administrativa de mero funcionário a quadro da entidade em causa, e, que para todos os efeitos, o desempenho pode ser um mero factor secundário - o que conta é que se apresentou no emprego e não teve muitos dias de baixa médica. Ou seja, nem é preciso ser bom naquilo que se faz. É preciso é aparecer e ocupar o gabinete. Já devem ter percebido do que falo. Onde está escrito que o Presidente da República é obrigado a condecorar um Primeiro-Ministro? Mesmo que pareça uma tradição ou seja um costume, o direito discricionário deve prevalecer - a medalha não deve ser atribuída de um modo burocrático. Se vamos pelo caminho do choradinho - "aquele menino recebeu um chupa-chupa e eu também quero" - estaremos de facto a nivelar tudo e todos de acordo com a mesma bitola baixa. Se assim fosse, atribuir-se-ia a distinção logo na tomada de posse, no momento inaugural, no dia da vitória eleitoral, no primeiro visionamento da ecografia política. Quem sabe ao certo qual o tempo de gestação das decorações? Se a medalha for como o vinho do Porto, então talvez valha a pena esperar uns bons 50 anos para brindar. Talvez seja boa ideia pensar uns segundos sobre a matéria.

publicado às 10:23

Stress tretas e o MillenniumBCP

por John Wolf, em 25.10.14

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É tão bom ter amigos destes. Daqueles que pagam adiantado e torcem as verdades para defender interesses  alheios. Já sabemos que o sistema está podre, que a política e as finanças se corrompem mutuamente. Mas os meios de comunicação social também estão metidos até ao pescoço na mesma porcaria. Os mercados vivem de rumores e mexericos, boatos e desmentidos, e, os jornais e a televisão prolongam esse estado hipocondríaco, para vender postas de alegada credibilidade, amostras de ganhos futuros. Como é que o Económico sabe que o banco MillenniumBCP não vai precisar de reforçar rácios de capital, à luz dos mais recentes resultados dos stress tests do Banco Central Europeu? Ou será que em vez de praticar jornalismo de um modo deontológico e sério, escolheu o caminho do desvio da verdade e a disciplina de ficção financeira? Já ouvimos esta conversa tantas vezes; o paleio de que o Banco Espírito Santo está a salvo, a declaração de solvência do Banco Português de Negócios, ou ainda, as certezas sobre o estado de saúde do Banco Privado. O aumento de capital é uma bela jogada para tapar o sol com a peneira. É como verter água de um modo contínuo e abundante para um tanque rachado por um sismo de magnitude 8 na escala de richness. E a dívida privada, consubstanciada no crédito malparado? E os instrumentos financeiros complexos de que se serve este banco, como fazem todas as outras instituições financeiras? É sempre tudo um belo mar de rosas. Não era suposto os meios de comunicação social serem isentos e realizarem a entrega de mensagens de um modo imparcial? Pois, mas não parece ser esse o caso em Portugal. Parece haver uma agenda de comunicação em Portugal, dirigida por um qualquer clube macarrónico ou maçónico, que determina o teor e o grau de informação que deve chegar ao cidadão comum. O cangalho está arruinado e não há nada a fazer senão aceitar esse estado de desgraça. Não vale a pena se porem a inventar que está tudo bem. Não está nada bem. O resto são detalhes de contabilidade - accountability é outra estória. Preparem-se. Ainda há mais drama alinhado para delírio do prime time dos jornais e televisões nacionais.

publicado às 15:58

Austeridade ou da prostituição nas urnas

por Fernando Melro dos Santos, em 23.10.14

 

publicado às 15:57

Atropelos em pé

por John Wolf, em 23.10.14

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Sem excepções, e diariamente, atravessar uma passadeira na cidade de Lisboa é um martírio. O total desrespeito pelos peões diz muito sobre o modo como o cidadão trata o seu concidadão. E pouco importa que as posições sejam revezadas - o mesmíssimo peão, que há instantes quase foi atropelado na passadeira, será o condutor seguinte a colocar em perigo a vida de outrém. Este estado de alma nacional tem muito a ver com as causas da crise, do descalabro. Tem a ver com a ideia da obtenção de vantagens sobre o semelhante. Tem a ver com atribuir maior importância à vida de uns em detrimento de outros. Tem a ver com a distorção do conceito de democracia. Tem a ver com a ditadura e a liberdade que residem no espírito de cada um. Tem a ver com a pressa de chegar a parte alguma, a um destino que pouca diferença faz. Animais. Zebra - superior no seu estado selvagem. 

publicado às 11:57

In memoriam - David Garcia

por Pedro Quartin Graça, em 21.10.14

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Lutador incansável pela Causa Monárquica, David Garcia deixou-nos hoje. Um jovem a quem a vida foi madrasta descansa agora em paz.

O velorio terá lugar amanhã, dia 22 de Outubro, às 16h00 na Igreja de São Miguel, em Sintra. Será celebrada missa de corpo presente entre 12.30 e as 14h00. O funeral sairá da Igreja às 14h00 de quinta-feira, dia 23 de Outubro.

À sua Família, que sempre esteve com ele, as minhas mais sinceras condolências.

Um abraço David e até sempre. 

publicado às 16:24

Boas notícias!

por Fernando Melro dos Santos, em 21.10.14

Na sequência do sucesso bacteriológico da minha primeira crónica semanal, fui convidado para uma entrevista com a repórter da RTP3, Katalina Passos Sócrates de Cunhal, que me garantiu em genuflexão nada ter a ver com qualquer figura do meio político, tanto que nasceu em Shaolin e só veio para a UE quando já tinha o cartão jovem caducado, aos 54 anos.

Licenciada em Filologia das Possibilidades Urbanas, a minha futura interlocutora conseguiu convencer-me a aceitar, pela primeira vez na minha incipiente vida, o salto para a mesma ribalta onde pontificam figuras como os concorrentes d'O Preço Certo, os incontáveis bandos de transeuntes sem eira nem beira dos areais de onde é transmitido Nós Somos Portugal - a missa social que tantos admiradores congrega nestes tempos difíceis - e Pacheco Pereira. 

Deixo-vos com o apontamento cultural do dia, um filminho que vem comigo desde os meus doze anos, ao qual tenho a certeza que a ser incluído num quiz para deputados, 99.99% não saberiam reconhecer. Mas o importante é que vocês votam sempre neles, não é? Pois é. A vida tem de continuar, amiguinhos, mesmo que façam de nós os maiores, mais gananciosos e mais ingénuos parvos da História. 

 

Divirtam-se e koniec!

 

 

publicado às 14:24

A Sul do Céu - crónica semanal

por Fernando Melro dos Santos, em 21.10.14

Semana de 14 a 21 de Outubro, Anno Constitutio 2014

 

Socialização da apatia e da morte 

No Bairro do Zambujal, nos arredores da Amadora, deflagrou (presume-se que espontaneamente, como tudo neste país, sem causa que não o acaso) - um incêndio que consumiu uma habitação onde residiam seis crianças e os seus pais, aos quais de acordo com informação prestada por vizinhos é imputada a prática frequente da ausência, deixando os petizes à sua sorte. 

Foi essa a rifa que calhou a Samira, a mais velha (14 anos, senhores) das seis crianças, que morreu num acto de bravura e heroísmo que deveria envergonhar o somatório das figuras públicas, semi-públicas e das que competem para um dia vir a ser para-públicas, até que todos se enfiassem no esgoto de onde nunca deveriam ter saído.

Ameaçada pelas chamas, Samira retirou, um por um, os irmãos de dentro da habitação ardente. Quando terminou, ainda voltou para trás com o fito de certificar-se de não ter deixado ninguém esquecido. De acordo com alguns espectadores (tétrico, não?) citados pelos media, as autoridades não permitiram que ninguem socorresse ou auxiliasse Samira, que já não voltou a emergir do apartamento.

Não consta, até hoje, em qualquer jornal que vá ser aberta uma investigação ou que as crianças sobreviventes possam ser subtraídas à égide dos "pais". Isso seria certamente fascismo, ou pior, insocialismo. Também não consta que Samira vá ter o seu nome numa rua, rotunda, praça, ou jardim - que devem estar reservados para Mário Soares e quejandos próceres do estado a que chegou o Estado.

Mas consta que a Câmara, a mesma entidade que supostamente articula esforços com a Segurança Social para que episódios destes possam ser evitados, vai realojar a família. Assim, sem mais, e sem que alguém ache estranho. É parte do fardo que Abril nos deixou, a branda placidez democrática.

 

 

A Quadratura e o Olho na Pirâmide

Abomino António Costa, tal como me encolho, em inapelável retenção de líquidos, sempre que testemunho o efeito do discurso socialista - seja ele de esquerda, de centro ou de direita como é consequência dos cinco partidos que no burgo o defendem - nas massas famintas. Nutro uma completa abjecção pelo sorriso sintético e calculado com que o Obama do Intendente brinda o séquito renovado, essa manada de migalheiros que vende os filhos por meia dúzia de óbulos em segunda mão. 

Contudo, porque sou uma pessoa humana e como tal coerente, acho estranha a indignação, aqui e ali, por Costa ainda comentar num programa semanal emitido por uma televisão privada. E estranho, porque Costa é um só homem: nao existe o Costa cidadão e o Costa candidato, tal como não existia, aquando da indignação prévia, o Sócrates que tomou conhecimento de um facto enquanto cidadão e o Sócrates que tomou conhecimento do mesmo facto enquanto Primeiro. 

Se queremos que nos respeitem, temos que dar-nos ao respeito e isso passa por não fazermos dos nossos opositores uma espécie de bandalhos com duas faces que se viram consoante a estação, como se fossem colchões de molas. Para isso é costume alugar-se a Aula Magna.

 

 

No campo e na praia é que se está bem

Esta semana ouvimos agricultores queixarem-se, por uma vez na vida com dignidade lúcida ao não clamarem pelo subsídio salvífico, da ruína iminente que sobre eles pende devido às flutuações climatéricas, designadamente esta onda trigésimo-gradista, que se faz sentir um pouco por toda a província e que dá cabo de sementeiras, colheita e armazenamento.

Ouvimos, cabe-me esclarecer, é termo que emprego como força de expressão. Apanhámos uma notícia ou outra em rodapé, a correr, por entre relatos em directo e entrevistas em diferido a banhistas impantes de felicidade acéfala, adoradores do ritual chinelante e das intermináveis - e pouco verde-fiscais - filas de automóveis promotoras de alguns exemplos antológicos, e quiçá exportáveis, da hospitalidade Portuguesa. 

Também nos hipermercados, verdadeiros pratos de Petri para a gripe e direitos adquiridos cuja adequação ou salubridade hoje ninguém ousa questionar, ali se congregando em magotes como enxames de varejeiras sobre qualquer paul infecto, se está muito bem com este calor. Ainda hoje entrei num, em Setúbal, e havendo três lugares de entre os quais escolher, arrumei o carro no que deixava mais espaço para os eventuais turistas que me sucedessem na chegada. 

Quando regresso carregado com as minhas compras, acondicionadas dentro de sacos plásticos em quantidade suficiente para causar uma apoplexia ao imberbe reeducador que pretende passar por Secretário de Estado, constato que tenho a frente do carro bloqueada por outra viatura, estacionada na perpendicular em plena faixa de rodagem. 

Decorridos pacientes vinte minutos, surge por entre o betão um rapaz magro, com ar sério (possivelmente um trabalhador das finanças, agora elevado ao estatuto de juiz, juri, e carrasco a quem deixa de ser possível mandar para o caralho sem que sejamos logo presos) e camisa às riscas, que num só acto de prestidigitação abre o carro, salta la para dentro, e diz "desculpláóamigquistojetaimpssivelenavialugarnenhum".

Conduzi dentro dos limites de velocidade até casa e agradeci a Deus por não me ter dado ainda, que eu saiba, nenhuma doença terminal que me impelisse por desespero e indiferença a enfiar duas lambadas no focinho daquele imbecil.

 

Gandhi, Zeinal e o fantasma do mercado futuro

Vi um mentecapto na RTP2, única estação que vejo por já ter há cerca de dois anos prescindido de televisão paga, à beira de propor, horrorizado pela "quebra brutal no valor da PT", que caíra 29% em bolsa até meio do dia de ontem, mas foi prontamente "salva", até fechar a menos dez ou quinze por cento, pela intervenção dos compradores de serviço a soldo dos bancos centrais, porque, e cito, "vale certamente mais do que esta cotação - porque tem uma facturação muito interessante": que se proíba, de todo, vender seja o que for. Passa a poder apenas comprar-se. 

Só se pode comprar. Não se pode shortar, a liquidez cai do Céu, onde mora o Rei D. Carlos que foi morto por muito menos, e não se pode dizer não, tem é de se regular, banir, normalizar, dizer sim, não olhar, acreditar.

O socialismo em Portugal atinge níveis que ensombram a Coreia do Norte no tempo do Avô Kim. Aliás, basta que googlem "constitution" + "socialism", e confirmarão que não estou, ainda, totalmente louco.

A culpa não é do círculo interno, do sanctum sanctorum, feito dos pulhas consanguíneos de 1974. A culpa, irmãos, rebanho, é dos mercados. Não vejam, creiam. Não vendam, comprem. 

Cada vez mais, John Carpenter afirma-se como um realizador visionário.

 

 

Um filme

"Gone Girl", de David Fincher. A América pós-Quatro de Julho, ou da rendição voluntária ao protoplasma homuncular que "todos" descobrimos um dia em nós próprios. 9/10

 

Um álbum

"Nothing's Shocking", dos Jane's Addiction. Banda sonora para este Verão Índio. 8/10.

 

 

publicado às 11:33

Do sindicalismo indígena

por Samuel de Paiva Pires, em 21.10.14

Arménio Carlos quer os utentes do Metro de Lisboa a apoiar a greve dos trabalhadores daquele que é um dos principais meios de transporte para milhares de pessoas que vivem e/ou trabalham em Lisboa. Uma greve que, diz o líder da CGTP, é em defesa do serviço público, para logo de seguida falar na falta de aumentos salariais e nos cortes que os trabalhadores do Metro sofreram nos complementos de reforma, como se a esmagadora maioria das pessoas não estivesse a ser afectada pela crise, em muitos casos de forma bem mais gravosa.

 

É caso para perguntar a Arménio Carlos se ser sindicalista implica ser estúpido. Será que ainda não percebeu que não vão obter o apoio de quaisquer utentes, que estes anseiam precisamente pela privatização do Metro e que quanto mais greves ocorrerem mais se reforça a legitimidade e a necessidade de acelerar o processo de privatização?

 

Esta é uma luta que os sindicalistas habituados a tornar a sociedade refém das suas reivindicações - egoístas e despropositadas na conjuntura em que vivemos - vão perder, mais cedo ou mais tarde. Felizmente.

publicado às 10:23

Os fanáticos da dívida e o PS

por John Wolf, em 20.10.14

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O Partido Socialista (PS) afirma que é contra o "fanatismo da austeridade", como se não fizesse parte da história que conduziu a esse estado clínico. Para demonstrar boa-vontade e fair-play, o PS deveria reconhecer que os loucos que agora apertam o cinto dos portugueses também são seus filhos - são monstros criados por si. Foram décadas de gestão esbanjadora que tornaram a dívida avassaladora e crónica. Há algo de incoerente nesta abordagem. Não foi José Sócrates que jurou que a dívida não se resolve? Que a dívida é um bicho para se ir gerindo? Alguém acredita que é possível fazer tábua rasa da realidade financeira, que é adversamente negativa, e começar de novo como se nada fosse? A haver uma renegociação da dívida, que desconto será efectivamente obtido na factura? Olhar para o problema através da óptica europeia faz sentido, mas também faz sentido reflectir sobre o impacto que as doutrinas alegadamente socialistas tiveram na estrutura económica e social da Europa - as ilações ideológicas ainda não foram tiradas, o mea culpa ainda não foi feito. Esta iniciativa de pré-executivo é um claro indicador de que existe a noção no PS que os problemas económico-sociais são grandes demais para a sua camioneta. Aos poucos, porque são ratos, percebem que devem meter todos ao barulho. Uns quantos do Manifesto 74, e ainda outros provenientes de outras latitudes. Resta saber como os socialistas, após anos de rejeição ideológica da receita de Angela Merkel, vão encetar negociações com a mesma senhora que lá estará para os receber. Prevejo que, se e quando chegarem ao poder, todo o gás da claque da oposição socialista seja convertido em algo mais etéreo, contraditório. Embora de momento ainda sejam do contra, quando forem governo e a Realpolitik de Bruxelas lhes bater na cara, aposto que vão comer e calar. E nesse momento passarão a ter outra dívida para com os eleitores portugueses. Para já o PS ainda pensa ter bom crédito dos eleitores. Veremos.

publicado às 17:23

Também santo?

por Nuno Castelo-Branco, em 19.10.14

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 As consequência da sua aposta em certa gente - influiria poderosamente no trabalho de sapa de uma parte da hierarquia em África -, conduziu milhões ao calvário da fome, miséria extrema e liquidação física. Santo? "Por amor da santa!"

publicado às 20:56

Guest posts (III)

por Fernando Melro dos Santos, em 18.10.14

Prefácio 

 

A nova vida do meu amigo Paulo Fanha, que faz mais falta a este país do que jamais este país lhe fez falta a ele, ou a qualquer pessoa válida da cabeça, e que emigrou para uma terra que também a mim seria grada. Talvez seja coincidência, talvez nem tanto, que esta noite eu tenha sonhado com as filhas trigémeas que nunca terei, as quais brincavam e sorriam deitadas ao meu lado na mezzanine enquanto ouvíamos a discografia completa da Mari Boine e eu jogava xadrez contra a consola. Uma voz feminina doce e espectral galgava a escada a espaços incertos inquirindo por entre o aroma de bolos frutados se as miúdas estavam bem e em que ponto já ia o marcador do volume sonoro. Quando acordei soube então que despertara para um campo de terra minada, em que cada bomba enterrada tinha gravada, a letra dourada, a frase lixada "vais escrever qualquer merda que ao Pedro Chagas Freitas parecerá gamada". E assim com essa certeza abri o facebook, dei com dois posts do meu amigo, cuja saudade em mim certamente um dia suplantará o medo de voar, e decidi que fariam muito melhor figura do que qualquer coisa que de meu peito extraída eu pudesse aqui meter hoje. Cá vai e desculpem.

 

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Tomo I

 

Foi na noite de 15 de outubro de 2014 que apanhei o avião que iria levar para Moscovo para o início de uma nova vida. Despeço-me do meu pai, mãe, irmã e sobrinho e tento não chover enquanto as nuvens se esforçam por não chorar. Evito olhar para trás. Sabia que ia ser muito difícil, mas é muito pior do que julgava saber. Passo o primeiro controlo, as lojas de Duty Free e deixo uma última líquida, quente e amarela parte de mim nos primeiros sanitários que encontro.


Recomponho-me, faço o controlo eletrónico de passaporte e dirijo-me para as portas de embarque. Aí chegado, telefono a algumas (das muitas) pessoas que são importantes para mim. À minha avó, à minha madrinha, a alguns amigos de quem não me tinha ainda despedido. Já estou a embarcar quando a minha esposa se junta a mim, sempre atrasada com a graça que Deus lhe deu. Ou que Krishna lhe deu. Ou que lhe foi dada por outrem ou simplesmente por mais ninguém. Mas que ela tem.


Entrámos no autocarro (onde constato ser o único português), que muito se demora antes de nos conduzir ao avião, essa caravela dos tempos modernos que me levará à descoberta de outros mundos. As portas fecham-se, os motores aquecem e o avião começa a movimentar-se. Primeiro, devagar; depois, mais depressa e que por fim acelera rumo à rampa de lançamento. As rodas perdem o contato com a terra que é a da minha nação e, embora as nuvens teimem em não chorar, já eu chovo convulsivamente, enquanto a caravela voadora navega rumo ao futuro que é incerto. Mas quem de nós tem um futuro certo?

 

Tomo II

 

Ontem saí pela primeira vez de casa. Era necessário registar-me no posto dos correios. Nunca mais me queixarei dos correios portugueses. Em plena Moscovo, um posto com instalações fisicamente degradadas contém uma trabalhadora com uma mentalidade de um tamanho inversamente proporcional à dimensão do país e um ritmo de trabalho a condizer. Pela primeira vez sou exposto a uma situação em que só posso tentar fazer-me entender em russo. Na ausência da minha esposa (que me tinha abandonado temporariamente na fila para tratar de um qualquer papel) uma senhora de idade aborda-me por trás e diz-me algo que não me foi inteligível. Respondo-lhe, em bom russo, que não a percebo e ela parece entender. Não sabendo como lhe dizer que aguardo pela minha consorte, digo-lhe algo que pretendia significar que esta não estava ali, o que parece deixar a minha interlocutora algo confusa. Foi-me explicado mais tarde que por uma ausência temporária teria feito mais sentido dizer que a minha mulher estava ali, de uma forma indefinida.


Rapei um briol do catano. Foi a primeira vez que nevou, desde que cheguei. A Kátia parece não entender o meu fascínio pelo fenómeno. Mas eu só o observei duas vezes em Lisboa e em ambas o Benfica foi campeão. Podem-me dizer que a mínima foi de 2ºC, que eu não acredito. As mãos expostas ao frio iam ao bolso à vez (uma delas estava ocupada), bem como a aliança de casamento, cuja condutividade térmica parecia amplificar a sensação de frio. Já a cabeça, recém-rapada, parece que vai explodir tal a pressão que sinto nas têmporas. Hoje, gorro e luvas.

Leio num jornal em língua inglesa que existe um grupo de conversação em russo para expatriados “from zero to hero” e uma liga de futebol para expatriados que requer jogadores e managers acima dos 28 anos. Vou lá meter o nariz. Está na hora de mostrar as minhas excelências.


Tenho vontade de bater em alguém! Portanto, hoje irei ao centro de xadrez Botvinik disputar um torneio em ritmo de Blitz onde, com os meus 1972 pontos Elo FIDE, me situarei na segunda metade do ranking inicial. No primeiro jogo, terei direito a um Super Grande Mestre (acima de 2700) para abrir a pestana. A minha ou a dele...

 

(continua)

publicado às 09:04

...

por Fernando Melro dos Santos, em 16.10.14

Correio da Manhã @cmjornal
IRS: Filhos até aos 25 anos podem receber vales sociais de educaçãoxl.pt/r/1CrOn5g

@_Morning_
@cmjornal eu com 25 anos ja era pai.

publicado às 21:05

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Peço ajuda a quem de direito (da Direita ou da Esquerda), no sentido de me explicar, como se eu fosse uma criança, qual o significado de "Outras*" na secção Garantias Concedidas a Outras Entidades (página 68 do Orçamento de Estado 2015)? Eu sei que posso parecer chato e obstinado, mas estamos a falar de mais de 2 mil e 100 milhões de euros dos contribuintes portugueses. Que 38 entidades públicas não reclassificadas, privadas e países objeto da cooperação portuguesa são estes? Desde já os meus agradecimentos à Exma. ou ao Exmo. Alguém que me fizer o favor de esclarecer.

publicado às 13:48

MEO, Canal de "História" e alienígenas em sucata

por Nuno Castelo-Branco, em 16.10.14

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O Canal de História, a pior programação possível de imaginar: aliens de manhã até à noite - quem não conhece o alvar despenteado mental que até em Leonardo vê um "extraterrestrial"? - a "Caça de Tesouros" (toneladas de precious sucata acompanhada por muitos "really?", "A-o-w, m-y G-o-d!", "Wow!", "It's awesome!"), redneckismo em barda, "O Preço da História" através de casas de penhores durante horas a fio, "Monstros Lendários", maluquices esotéricas e maçonices para todas as indigestões, "Livros de Segredos", "Loucos por Carros"  e tantas, tantas outras parvoíces que preenchem integralmente um Canal de História que de ano para ano vai caindo na mais absurda vacuidade. Safa-se um ou outro programa de documentários de época e nada mais. Quando tentam apresentar algo alegadamente sério, sai-nos na rifa uma péssima, ridícula série acerca dos líderes das principais potencias participantes na II GM - Churchill, Hitler, Roosevelt, Mussolini, Estaline, Tojo, além de... MacArthur e Patton (?) - e os seus percursos de vida desde 1914. Uma colossal vergonha cheia de anacronismos, erros crassos ditados pela ignorância dos realizadores e respectivos escribas de serviço, despudoradas manipulações - yes!, claro que "foi o Sr. general Pershing quem venceu a Grande Guerra" ... - , etc. Se a isto juntarmos muitos dos programas da NG e alguns disparates a que o Odisseia recorre, estamos perante o zero. Não esqueçamos os filmes do Hollywood, AXN e FOX - o Syfy é por regra, abaixo de cão - que se repetem durante meses a fio. 


A menos que nos dediquemos ao mundo Disney e aos futebóis, assim não vale a pena pagarmos a TV por cabo.

publicado às 13:19

Unicórnios

por Fernando Melro dos Santos, em 16.10.14

Dizer

"Impostos podem baixar 'se todos pedirmos factura'"

é como dizer (com sotaque nazi)

"manel, podes ficar vivo se matares o joao".

publicado às 10:02

Instituto Libera Ratio - Islão: uma ameaça para a Europa?

por Samuel de Paiva Pires, em 15.10.14

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No próximo dia 21 de Outubro o Instituto Libera Ratio retoma as suas actividades com uma conferência subordinada à temática "Islão: uma ameaça para a Europa?", que terá como orador o Professor Jaime Nogueira Pinto. A conferência terá lugar no IDL - Instituto Amaro da Costa (Rua do Patrocínio, n.º 128 - A, 1350-232 Lisboa), pelas 21h15, e a entrada é livre.

publicado às 21:18

...

por Fernando Melro dos Santos, em 14.10.14

"WHO is alarmed by media reports of suspected Ebola cases imported into new countries that are said, by government officials or ministries of health, to be discarded as 'negative' within hours after the suspected case enters the country. Such rapid determination of infection status is impossible, casting grave doubts on some of the official information that is being communicated to the public and the media."

publicado às 20:40

Edição especial

por Nuno Castelo-Branco, em 14.10.14

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Uma até agora pouco conhecida Aventura de Tintim. Com o patrocínio municipal e totalmente à revelia de Gonçalo Ribeiro Telles.

publicado às 20:13

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