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Granizo, Saraiva e os Trópicos de Câncio

por John Wolf, em 30.09.16

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Não existe uma época em particular para falências éticas. A sazonalidade da mediocridade é coisa que não existe. Deve ter sido o efeito de estufa, o ozono, ou coisa que o valha a causar este estado de arte. Mas aqui a coisa está nivelada. O grau de toxicidade é equivalente. Estão ambos na mesma latitude - nos trópicos de Câncio. E chove. Saraiva, dizem uns. Granizo, dirão outros. A Fernanda não soube aproveitar a deixa erótica para se declamar como emancipada sexualmente. Ao fim e ao cabo, parecem todos padecer da mesma falta - falta de. Essa "falta de" é um perigo. Escorre e contamina as indústrias livres. Coloca a canzoada a latir em torno do mesmo canil de ofensas de partes baixas. E a fotográfia é uma disciplina maior. Não se pode admitir esta forma de auto-flagelo, estas sevícias no pudor útil. O corpo é essa maldita caixa de ressonância que vibra - qual fogo que queima sem se ver. O amor não abunda nos dias de hoje. Eu e os políticos. Belo título.

publicado às 11:14

No seguimento da nossa decisão de retirar o Estado Sentido do concurso Blogs do Ano, fomos contactados pela presidente do júri, Helena Forjaz.

 

Para além de ter ficado esclarecida a situação que relatámos sobre as entrevistas concedidas ontem num evento promocional da Media Capital/TVI, que terá ficado a dever-se a um mal-entendido, a presidente do júri explicou-nos também a dificuldade que os jurados tiveram no que diz respeito à decisão de incluir o blog Poupadinhos e com Vales na categoria de Política, Economia e Negócios.

 

Tendo-nos sido pedido para reflectirmos sobre a nossa decisão, decidimos mantê-la, essencialmente porque, como escrevemos no nosso primeiro post a este respeito, Não entendemos e não nos conformamos com a inclusão, nesta categoria, de um blog que não se consubstancia numa identidade crítica e intelectual, que nem sequer cultiva o primado da narrativa escrita, que não cria conteúdos próprios e que apenas se restringe à promoção da sua actividade mercantil. Sem desprimor pelas virtudes do blog Poupadinhos e com Vales, que exulta virtudes próprias, não nos parece equitativo que um blog desta natureza possa estar presente nesta categoria. Tratar-se-á de um blog que é um negócio e não um blog sobre negócios. São dimensões distintas que não foram levadas em conta e que ferem o esforço intelectual e literário de tantos blogs de índole política ou económica.

 

Para finalizar, permitam-nos registar publicamente o nosso agradecimento ao júri por nos ter nomeado e à presidente do júri pela simpatia e amabilidade que teve para connosco. Gostaríamos ainda de afirmar que nada nos move contra a Media Capital/TVI, com quem cultivamos as mais cordiais relações, não sendo despiciendo referir a nossa participação no saudoso Combate de Blogs, programa emitido há alguns anos pela TVI24 e cujo eventual regresso seria saudado pela blogosfera lusa, em especial a que trata de temas ligados à política e à economia.

publicado às 20:57

A intelectual pornográfica

por Nuno Gonçalo Poças, em 29.09.16

Nos últimos dias, como forma de anunciar o Salão Erótico de Barcelona, foi posto a circular um vídeo que, neste momento, conta com mais de um milhão de visualizações e partilhas pelas redes sociais e pelos órgãos de comunicação social de vários países.

A RTP (que, não vá alguém esquecer-se, todos pagamos) partilhou o vídeo na rede e, através de um texto da jornalista Joana Martins, esclareceu que «num vídeo com 1:30 são referidas todas as incongruências do povo espanhol».

Curioso, fui ver o tal vídeo à espera de ficar pasmado com a coragem de quem denunciava «um País hipócrita». Ao longo dos tais noventa segundos, uma actriz pornográfica dá-nos a conhecer o País que temos aqui ao lado e que, não fosse ela, continuaríamos a desconhecer por completo. O texto é o seguinte: «Chamo-me Amarna Millner. Sou actriz pornográfica e nasci num País hipócrita, em que os que me chamam puta são os mesmo que se masturbam com os meus vídeos. Um país que ama a vida mas que permite que se mate em nome da arte. Um país indignado com a corrupção, mas que continua a votar em ladrões. Um país em que se salvam os mesmos bancos que desalojam milhares de famílias. Um país que se diz laico, mas que oferece medalhas a virgens. Um país que trata os que emigram como heróis e os imigrantes como lixo. Um país em que os que se supõem guardiães da moral podem ser os mais perigosos. Um país onde a prostituição não é legal, mas em que anualmente cresce o número de clientes. Um país que se crê aberto e tolerante, mas um árbitro recebe ameaças de morte por ser gay. Sim, vivemos num país asquerosamente hipócrita, mas não nos rendemos».

Como não ficar estarrecido? Não se pode afundar já Espanha? Como é que um País hipócrita ainda existe? Como é que o Boaventura Sousa Santos nunca se deu ao trabalho de resumir num vídeo tão curto as nossas hipocrisias, que são tão parecidas? Por que é que podíamos ter vídeos tão simples em que os intelectuais porno se manifestavam e andamos a ouvi-los diariamente nas televisões, a lê-los nos jornais e a estudá-los nas universidades? Por que é que a Armarna está vestida? Talvez porque a hipocrisia de Espanha, denunciada de forma tão corajosa por Armarna Miller (ou por quem a pôs a falar), não seja assim tão grande. Vejamos:

  1. «Nasci num País hipócrita, em que os que me chamam puta são os mesmos que se masturbam com os meus vídeos.» Nós também vivemos num País hipócrita. Querem ver? Os que chamam ‘atrasado mental’ a um concorrente da Casa dos Segredos são os mesmos que veem o programa. Os que chamam ‘cabrão’ a um incendiário são os mesmos que passam horas a assistir a incêndios em directo na televisão. Claro que é errado chamar nomes a uma actriz pornográfica. Mas a verdade é que os que se masturbam com os vídeos dela são quem, na verdade, lhe paga o salário. Que lhe chamem nomes é feio, sim. Mas se compararmos a quantidade de gente que chama ‘puta’ a actrizes porno com a que chama ‘mentirosos’ a advogados, percebemos que eu estou claramente em vantagem. E com o meu trabalho ninguém se masturba – julgo eu. Isto não é um País hipócrita, Armarna. É a vida. As pessoas chamam nomes umas às outras. É por isso que precisamos de leis. E de guardiães da moral, já agora.
  2. «Um país que ama a vida mas que permite que se mate em nome da arte.» A intelectualidade pornográfica acha hipócrita que as pessoas tenham mais apreço pela vida de um ser humano recém-nascido que pela de um touro. Não chego mesmo a perceber, pelo texto, se há algum problema em amar a vida ou se o problema é só com matar em nome da arte. A propósito, Armarna, sabes como se chama aquela enfermeira que teve ébola e que viu o Excalibur ser abatido?
  3. «Um país indignado com a corrupção, mas que continua a votar em ladrões.» É uma chatice, eu percebo. Mas o voto livre não é sinal de hipocrisia, Armarna. No limite, é sinal de ignorância ou de comodismo.
  4. «Um país que se diz laico, mas que oferece medalhas a virgens.» Eu contextualizo: Carolina Marín foi a primeira não-asiática a ganhar uma medalha de ouro em badminton. A proeza deu-se este ano, no Rio de Janeiro, e, no regresso a Espanha, a atleta foi a um Santuário, em Almonte, e ofereceu a medalha que tinha ganho à Virgem do Rocio. Armarna não gostou, porque Espanha é laica. Em primeiro lugar, é o Estado espanhol que é laico. Isto significa que o Estado e a Igreja são coisas diferentes, que não se confundem. Não significa que as pessoas que vivem nesse Estado tenham de ser ateias. Hipocrisia é dizer que um Estado é laico quando o que se quer dizer é que todos os religiosos (excepto, julgo eu, os muçulmanos) deviam estar pendurados com uma corda ao pescoço.
  5. «Um país que trata os que emigram como heróis e os imigrantes como lixo.» Vejamos a dimensão da hipocrisia espanhola: segundo o MIPEX de 2015 (o Índex de Políticas de Integração de Migrantes), Espanha é o 10.º melhor País a acolher imigrantes, à frente de países como a Holanda, o Luxemburgo, a Dinamarca, a Itália, o Reino Unido, a França, a Irlanda, a Áustria, a Grécia, a Suíça ou o Japão. Se isto é tratar os imigrantes como lixo, imagine-se a dimensão da hipocrisia na ancestral Holanda.
  6. «Um país em que os que se supõem guardiães da moral podem ser os mais perigosos.» A mensagem aqui é clara e não visa alertar para qualquer alegada hipocrisia: o que interessa é fazer passar a ideia de que os padres da Igreja Católica são pedófilos. Não é por acaso que é filmado um actor a abanar uma batina com as cuecas à mostra. Não se denuncia hipocrisia nenhuma. O que se faz é condenar uma religião pelos seus abusos, depois de o próprio Papa já ter lamentado os casos de pedofilia que ocorreram com membros da Igreja.
  7. «Um país que se crê aberto e tolerante, mas um árbitro recebe ameaças de morte por ser gay.» É verdade que um árbitro espanhol recebeu ameaças de morte por causa da sua homossexualidade. Também é verdade que a sociedade espanhola e estrangeira se uniu para defender o tal árbitro. O comportamento de uns é usado para fundamentar uma alegada hipocrisia de um país com mais de 46 milhões de habitantes.

Na verdade, o vídeo de Armarna Millner é mais que publicidade ao Salão Erótico. É campanha ideológica de relativismo moral e cultural, de ateísmo militante, de progressismo totalitário. A revista Sábado diz que a actriz porno «arrasou a hipocrisia da sociedade espanhola». Em Espanha já ninguém deve dormir, tal foi a dimensão do arraso.

publicado às 17:37

Básicos incondicionais

por Fernando Melro dos Santos, em 29.09.16

Um tratado sobre a nesciência incurável, na sua rede psicopata de eleição.

publicado às 14:18

O narcisismo como causa

por Salvador Cunha, em 29.09.16

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publicado às 13:42

No seguimento do nosso último post a este respeito, bem como de um evento promocional do concurso Blogs do Ano, que teve lugar ontem no CCB, decidimos retirar-nos desta competição. Aqui fica a cópia do e-mail que enviámos à Media Capital:

 

Exmos(as). Senhores(as),

 

Vimos pela presente solicitar a imediata remoção do blog Estado Sentido da 1ª Edição do concurso Prémios Blogs do Ano TVI/Media Capital.

 

Não podemos pactuar com um conjunto de factos que ferem a idoneidade deste certame. A saber:

 

1. A inclusão do blog Poupadinhos e com Vales na categoria Política, Economia e Negócios quando o mesmo não é um blog sobre negócios mas um blog que é um negócio com uma base de seguidores/consumidores não equiparável ao número de leitores/visitantes de um blog convencional como o nosso ou o dos nossos outros colegas a concurso na mesma categoria – assunto que já abordámos há dias num outro post.

 

2. O tratamento preferencial em sede de comunicação social concedido ao blog Poupadinhos e com Vales, assim como a outros blogs “escolhidos”, que foram entrevistados no contexto de um evento promocional do concurso que teve lugar no dia 28 de Setembro no CCB, tendo os representantes do Estado Sentido sido informados que não seriam entrevistados outros blogs para além dos incluídos numa lista estabelecida pela TVI.

 

3. A não acreditação dos bloggers no acima referido evento por forma a que pudessem ser identificados, o que conduziu a que apenas os já conhecidos pela TVI fossem abordados e entrevistados.

 

4. A asserção clara e inequívoca de que uma série de juízos e preconceitos estarão a condicionar o processo electivo deste concurso.

 

Assim sendo, e em nome da transparência, da equidade, do mérito e da objectividade crítica e intelectual que seria expectável numa competição de blogs, o Estado Sentido pretende distanciar-se dos valores em causa neste concurso, pelo que nos retiramos do mesmo.

publicado às 09:24

Penúria endémica

por Fernando Melro dos Santos, em 29.09.16

Foto: urubu de cabeça vermelha, a ave totem do português médio que se alimenta da carniça deixada ao calhar por predadores que ocupam degraus cimeiros na pirâmide do proxenetismo de Estado

 

Durante alguns anos frequentei cafés, bares, transportes públicos e outros lupanares do vernáculo onde é possível coligir, por simples manutenção higiénica do funcionamento auricular, um tratado completo da identidade lusa. 

 

Se há constelação de sintomas que possa valer ao diagnóstico diferencial da portugalidade, com pê pequeno, a listinha seguinte ilustrá-la-á com rigor:

 

- cegueira bucólica crónica. para o português, o país pode ter a mais baixa taxa de fertilidade da OCDE, corrupção rampante a céu aberto, anacronismos de vária sorte próprios do Terceiro Mundo, mas tem sol; e como sabemos desde a aura Abrilina, o sol brilhará para todos nós, porque tal como a água, a educação e o direito a casas mobiladas, o sol é de todos e o que é de todos não pode ser denegrido, que é como quem diz privatizado (a não ser pelo Estado, por grémios progressistas, ou por um comentador-presidente que esgrime com afectos pelo Bem Comum)

 

- anorexia piramidal inversa.  mesmo sabendo que ocupa, na cadeia alimentar do esbulho ao dinheiro dos outros (seja por via fiscal directa, alocação de fundos europeus ou levando para casa uma resma A4 sacada ao economato da repartição) o lugar equiparado ao dos vermes anelídeos oligoquetas e poliquetas (Brusca, Richard (2007); Invertebrados - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan) o português contenta-se com os restos esmigalhados que sobram da parasitose social

 

- paralaxe multipolar, ou efeito "sardinha-para-três". a gasolina custa dois euros por litro? não faz mal, imaginem se custasse três. surge uma coima de dez mil euro devido a erro judiciário? vocês não sabem como aquela gente vive na Somália, que nem casas de banho tem. arderam mil hectares de floresta? na Austrália é que foi queimar, queixais-vos de barriga cheia. as reformas aumentaram trinta cêntimos* em dois anos? no tempo dos meus avós andávamos descalços.

 

Será então de espantar que na iconografia do português pequeno-mundista mais valha um cupão de desconto, atribuindo, digamos, um euro na compra da décima grade de cervejas, do que uma crítica ao Ministro da Educação? Não, não é de espantar. E a fixação voyeurista em espectáculos pornosociais como a Casa dos Segredos, o jogo particular entre Arouca e Leixões, ou as tiradas inanes do teatro de revista agora acessível a qualquer cretino, ou cretina, com facebook? No pasa nada. 

 

Enfim, é esperar. E enquanto esperamos nesta aldeia mágica, não esquecer, o tempo não passa, o mundo não gira, o dinheiro não acaba. 

 

 

 

 

 *por obra e graça do Senhor Santo Sócrates

publicado às 08:36

E se Marcelo fosse primeiro-ministro?

por John Wolf, em 28.09.16

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E se Marcelo Rebelo de Sousa fosse primeiro-ministro por um dia? O exercício é interessante. Nessas 24 horas teríamos de encontrar uma actividade de tempos livres para António Costa. Adiante. O que o Presidente da República afirma deve ser levado à letra. Fala de Sócrates e desse ano fatídico de 2011, do microfone na lapela, e o "estou bem assim? ou assim, mais para a esquerda?" - resgate à vista. Marcelo, que está uns furos intelectuais acima de Costa ou Mortágua, não está a ver as coisas de uma torre de marfim. Ele sabe que um país não pode desenrascar-se à pala do turismo. A cerimónia ejaculatória sobre o crescimento do sector assenta nalgumas contradições monetário-ideológicas. Se esses estrangeiros que andam a estragar a calçada portuguesa não tivessem acumulado riqueza não estariam aqui a gastar as suas poupanças. Se esses bifes ou boches tivessem vergonha na cara deixavam-se ficar por Bradford ou Dusseldorf. Mas esse estado de arte de passeio dos alegres pode acabar bruscamente. Basta uma crise Deutsche Bank, bastam sanções a Portugal, basta um ataque terrorista. E de repente teremos uma mercado de tuk-tuks usados interessante. Marcelo sabe, talvez melhor do que os associados em governo, que as vistas não podem ser sazonais. Parece ser um facto histórico inegável desde o tempo dos Descobrimentos existir uma certa predisposição comportamental. A riqueza nacional afinal não é nacional. Não tem cidadania. É refugiada. Vem de fora. Ora são especiarias, ora é o ouro. E mudam-se os tempos, mas o "chip" parece ser semelhante. A ver se cai algo lá de fora. Chamam-lhe turismo.

publicado às 08:04

Mais vale só que blog acompanhado

por Estado Sentido, em 26.09.16

A 19 de Setembro foram anunciados os finalistas nomeados para os Prémios Blogs do Ano, iniciativa promovida pela TVI e Media Capital.

 

O Estado Sentido foi um dos escolhidos para integrar o lote restrito de apenas 4 blogs, de entre milhares, na categoria de Política, Economia e Negócios, onde se encontram também o Aventar, o Lewis e o Poupadinhos e com vales.

 

Segundo o que os Prémios Blogs do Ano publicaram no seu site, a categoria em causa "engloba os blogs que falem/comentem assuntos ligados a política, economia ou mundo dos negócios e empresas". Naturalmente, compreende-se a inclusão do Aventar e do Estado Sentido, porquanto são, efectivamente, blogs que discorrem sobre assuntos ligados à política e à economia. Compreende-se também a inclusão do Lewis, um blog que, dedicando-se ao marketing, à comunicação e às relações públicas, acaba por estar relacionado com o mundo dos negócios e das empresas.

 

Mas é, de facto, incompreensível a inclusão nesta categoria de um blog como o Poupadinhos e com vales, que se limita essencialmente a fazer publicidade a vales de desconto e promoções, sem qualquer esforço intelectual para comentar assuntos ligados à política, economia, negócios e empresas.

 

Não podemos deixar de manifestar algum espanto e indignação pelo critério adoptado pelo júri. Não entendemos e não nos conformamos com a inclusão, nesta categoria, de um blog que não se consubstancia numa identidade crítica e intelectual, que nem sequer cultiva o primado da narrativa escrita, que não cria conteúdos próprios e que apenas se restringe à promoção da sua actividade mercantil. Sem desprimor pelas virtudes do blog Poupadinhos e com Vales, que exulta virtudes próprias, não nos parece equitativo que um blog desta natureza possa estar presente nesta categoria. Tratar-se-á de um blog que é um negócio e não um blog sobre negócios. São dimensões distintas que não foram levadas em conta e que ferem o esforço intelectual e literário de tantos blogs de índole política ou económica.

 

O Tony Carreira é bom, mas não pode estar em competição com Plácido Domingo. Não se misturam alhos com bugalhos, ou melhor, não se deveriam misturar. É que o público alvo dos blogs que efectivamente tratam de temas relacionados com política, economia e negócios é visceralmente diferente daquele que procura obter vales de desconto e promoções, sendo ambos igualmente meritórios. Mas o que é certo é que são diferentes, brutalmente diferentes. Diferentes ao ponto de os blogs de política, economia e negócios mais célebres em Portugal terem, no seu auge, visitas diárias na ordem dos 1.000 a 5.000 visitantes e, por exemplo, blogs como o Poupadinhos e com vales ou A Pipoca Mais Doce ou, ainda, Visão de Mercado, terem, no mesmo período, mais de 10.000 visitas diárias.

 

Assim, lamentavelmente, o Estado Sentido, bem como outros parceiros de competição, encontra-se numa situação de clara desvantagem perante um blog que, tendo o seu mérito, em nada se enquadra numa categoria que pretende premiar os blogs que comentem assuntos ligados à política, economia, negócios e empresas.

 

Se o objectivo da TVI e da Media Capital consistia em promover e premiar blogs que são em si um negócio e que não contribuem para o debate político, poderia ter sido criada uma categoria para o efeito, ou uma categoria denominada “Outros”, onde pudessem estar blogs que não se enquadravam em nenhuma das categorias a concurso.

 

Somos uma entidade sem fins lucrativos, a não ser que consideremos as mais-valias que advêm do grande debate a que nos propomos em nome do desenvolvimento de Portugal. Somos contribuintes líquidos para o processo de pensamento a que este país está obrigado. Não somos mercadores de opiniões alheias nem temos lucros a reportar. O desnível dos números que se regista é avassalador e provoca a diluição da relação competitiva que se desejava saudável e justa. A autenticidade, a dimensão de um blog, as referências e a sua relevância são critérios válidos desde que a disciplina conceptual seja observada. Ora nesta competição que ainda corre, os desequilíbrios formais e substantivos não passam despercebidos pondo em causa a idoneidade dos organizadores, dos jurados e dos próprios blogs a concurso.

publicado às 21:15

Servimos, percebes

por John Wolf, em 26.09.16

 

 

 

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Nomeados Blog do Ano TVI / Media Capital. Vote aqui.

publicado às 17:08

O Estado Sentido não faz descontos

por John Wolf, em 26.09.16

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 Nem promovemos cupões. Estamos na final dos PRÉMIOS BLOG DO ANO - TVI // MEDIA CAPITAL.

 

Vote aqui.

publicado às 09:07

Irra que é Pombo

por João Almeida Amaral, em 25.09.16

 

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Não consigo deixar de me pronunciar sobre o meu zapping nocturno.

 A Teresa Guilherme com um peitinho de plástico, que mais parece um rabo, vai explorando um desgraçado na casa dos segredos. A Áurea e companhia, na 1, mostra-nos um país em que um canal público arranja sempre um tachinho para as Catarinas cá da terra. Falta lá a Martins para rimar.  Na 2, um concerto, que deve ter uma audiência abaixo da linha de água, e a 3 com uma novela tão má, tão má, que ninguém vê.

Na dúvida varri os de informação "mais séria". Na Sic Notícias o Jesus fala da sua qualidade pessoal e, segundo o próprio, as pessoas " ajuízam como querem". A RTP3 fala mais do mesmo Jesus, a TVI24 com o Mário Vargas Llosa faz a diferença, porque ao passar para a CMTV  regressamos a Jesus.  

Por estas e por outras fui a Mação passar o fim de semana e conhecer a terra de Carlos Alexandre. Num café as conversas são sobre o ex-primeiro-ministro José Socrates. No meio de algum entusiasmo alguém exclama "o Sócrates é um caso de polícia, só que ainda não entendeu". Um idoso vira-se, olha para o grupo e diz " Irra que é Pombo" 

publicado às 23:21

Mercado de falências éticas

por John Wolf, em 24.09.16

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O mercado de falências éticas não está fechado. Aliás, nunca fechou. É um centro comercial aberto 24 sobre 24 horas. O mais difícil é chegar a um preço justo, dados os valores em causa. Quanto vale meia dúzia de homenagens a Sócrates? Será que se podem trocar duas por uma nomeação quente na Goldman Sachs? E os Isaltinos podem ser transaccionados no mercado secundário? Não existe uma entidade reguladora para estabelecer as paridades? Dois Cadilhes por uma Felgueiras? Uma antiguidade Oliveira e Costa por um Pedroso restaurado? Um SISA Vitorino por um terço de BPN Rendeiro? Acho vergonhoso que não exista um supervisor que ponha cobro a este mercado negro. Já agora quanto rende um Carlos Alexandre? Meio Pinto Monteiro? Ou três paletes de Procuradores da República? Será que cabe tudo numa caixa geral?

 

vote aqui: http://blogsdoano.pt/votacao

publicado às 10:36

Sim, entre outras coisas...

por Nuno Castelo-Branco, em 24.09.16

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...também somos caçadores-recolectores

 

publicado às 07:00

Obrigado, Mortáguas

por Nuno Gonçalo Poças, em 22.09.16

Em 1961, Palma Inácio, Camilo Mortágua e outros personagens que a história rapidamente fez esquecer, desviavam o “Mouzinho de Albuquerque”, um avião da TAP que cumpria a rota Casablanca-Lisboa. O aparelho devia ter aterrado na capital perto das 11 horas, mas acabou por ser utilizado pelos piratas do ar para fazer distribuir mais de 100 mil panfletos revolucionários sobre várias cidades do País. O terrorismo aéreo fez escola em Portugal muito antes de Bin Laden.

No mesmo ano, o mesmo Camilo Mortágua, desta vez sob o comando de Henrique Galvão, tomou de assalto o paquete Santa Maria, onde viajavam 600 turistas a caminho de Miami, e desviou-o para o Brasil. A verdade é que a “Santa Liberdade” não olhava a meios para atingir os seus fins. A nobre missão fora preparada por Galvão e Humberto Delgado, o antigo apoiante da Alemanha nazi, antigo Procurador à Câmara Corporativa no Estado Novo e antigo Chefe da Missão Militar junto da NATO, nomeado por Salazar, nesta altura já mais preocupado em desviar navios.

Já em 1967, a dupla Palma Inácio e Camilo Mortágua (também com a companhia de mais umas personalidades que o tempo tem feito o favor de ignorar) resolveu assaltar a sucursal do Banco de Portugal na Figueira da Foz, de onde roubou mais de 29 milhões de escudos – qualquer coisa como 10 milhões de euros, a preços de hoje. Porque as revoluções não se fazem com filantropos.

Já depois do 25 de Abril, Camilo Mortágua liderou, com Wilson Filipe, a ocupação da Herdade da Torre Bela, a maior área agrícola murada do País. Desta ocupação resultou um documentário realizado pelo alemão Thomas Harlan, um cineasta de extrema-esquerda, que se deu ao trabalho de filmar o quotidiano da “revolução”, sumptuosamente instalado nos aposentos do Duque de Lafões, o real proprietário da Herdade. Graças a essas imagens, temos hoje a possibilidade de olhar para 1975 e perceber o que temos hoje.

Um oficial do Exército em revolução conferiu legalidade à ocupação e ao sonho de Mortágua e Wilson: «Eu acho que, de maneira nenhuma, podem estar ou devem estar à espera que legalmente saia um decreto a dizer que vocês podem ocupar. Vocês ocupam e a lei há-de vir, pá».

Para a história – muito graças às filmagens e à divulgação permitida pelas novas tecnologias – ficou um marcante episódio que envolveu Wilson Filipe e um trabalhador. O “revolucionário” explicava-lhe o caminho para a riqueza através do socialismo. O outro, mais inteligente, só via naquilo uma forma de esbulho e não abdicava da enxada.

A Herdade da Torre Bela era (e é) associada ao 1% da população portuguesa. Ocupar aquilo que era de tão poucos, e que tinham tanto, não tinha outro objectivo para além da redistribuição. O que era de tão poucos passaria a ser de todos. O Duque de Lafões estava a acumular em excesso, pelo que era necessário redistribuir pelos que pouco ou nada tinham.

Nenhuma daquela gente ficou menos pobre com a ocupação. Camilo Mortágua, em 1978, acabaria por aviar a trouxa e seguir a sua vida, reconhecendo o fracasso que fora a experiência. Não funcionou. O Duque de Lafões tinha ficado sem a Torre Bela; os ocupantes continuavam com o que tinham antes da ocupação. Camilo Mortágua, em 2005, afirmou ao Correio da Manhã que “não é possível fazer vingar uma experiência numa sociedade que caminha noutro sentido”. A experiência estava a vingar, a sociedade é que não estava a seguir a mesma linha. Mariana Mortágua, a filha do terrorista que a comunicação social continua a tratar como um “revolucionário romântico”, preocupa-se por estar “a dizer coisas que as pessoas não entendem”. Ninguém percebe os Mortágua. Nem mesmo quando se está a falar só de 1%. Dos ricos. Dessa gente que tudo tem. E que é preciso arruinar.

Recentemente, em 2011, Camilo Mortágua dizia ter “muito receio que à juventude de hoje não tenhamos sido capazes de transmitir a experiência do passado”. Como sempre, acredito que também aqui estava errado. Nós aprendemos com a experiência do passado. Tal como as gentes do passado aprenderam com essas experiências. O País, na sua grande maioria, percebeu que é a quem tem muito que se exige que contribua mais. Mas também percebeu que não se lhes deve exigir ao ponto de ficarmos sem eles, porque não ganhamos nada com isso. Percebemos que o roubo ao 1% significaria, mais tarde ou mais cedo, o roubo aos 99%. Até ao dia em que tudo fosse do Estado. Em que tudo fosse da Revolução – assim, com maiúscula.

Mariana Mortágua aprendeu com o pai. O resto do País também.

publicado às 21:24

A perda como essência do conservadorismo (2)

por Samuel de Paiva Pires, em 22.09.16

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 Andrew Sullivan, A Alma Conservadora:

Não constitui, pois, grande surpresa que o primeiro grande texto sobre o conservadorismo anglo-americano, as Reflections on the Revolution in France (Reflexões sobre a Revolução Francesa) de Edmund Burke, verse todo ele sobre a perda. Trata-se de um longo discurso desesperado e eloquente em relação à injustificada destruição da velha ordem. Quando os revolucionários franceses tomaram de assalto a Bastilha e deitaram abaixo uma monarquia e a Igreja, refizeram o calendário e executaram milhares de dissidentes em nome de uma nova era para a humanidade, Burke sentiu, antes de mais, uma enorme tristeza. O seu primeiro impulso foi ficar de luto pelo que se perdera. Ficou de luto embora nada daquilo lhe pertencesse. Não era a mesma coisa do que, na verdade, defender a velha ordem, a qual a muitos títulos era indefensável, tal como Burke acaba por admitir. Era simplesmente para lembrar aos seus companheiros humanos que a sociedade é uma coisa complicada, que as suas estruturas se desenvolvem não por meio de acidentes mas por meio da evolução, e que mesmo os laços mais imperfeitos que unem os indivíduos não podem ser cortados à toa em nome de uma ideia de perfeição que ainda nem sequer tomou forma.

publicado às 21:12

A alegoria da acumulação do BE

por John Wolf, em 22.09.16

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Queria encontrar outro tema para explorar, mas regresso ao mesmo. São questões incontornáveis. São pedras no sapato. São alergias e urticárias provocadas pela audácia descarada de quem nem sequer consegue apalpar o conceito de riqueza - a ideia de que o mundo abunda em meios financeiros acumulados é totalmente falsa. A maior parte do "dinheiro" está consignada a propriedades imobiliárias (na forma de residências principais) e fundos de pensões que investem em títulos de tesouro e acções. Quando um governo ataca a sua própria base de poupança, invocando falsas teses de redistribuição de riqueza, operada pela via fiscal persecutória, omite a grande tendência de ascensão económica e social do nosso mundo. São os aforristas chineses e indianos que demonstram o caminho da sustentabilidade. São nativos desses países que têm vindo progressivamente a "pôr de parte" uma parte dos rendimentos auferidos do trabalho para dispor dos mesmos no último terço das suas vidas enquanto complemento de reforma. Ou seja, mesmo que os sistemas de pensões não entrem em falência material, estarão "minimamente" preparados para o advento do mesmo. O Bloco de Esquerda (BE) faz leitura diversa da realidade. Ao castrar a ideia de poupança e "acumulação" grande ou pequena, lança sobre os ombros da administração central um ainda maior fardo de garantia de sustentação dos seus súbditos. A riqueza acumulada a que se refere a mestrina Mortágua não está parada num cofre à tio Patinhas. Essas "fortunas" de 51 mil euros residem em aplicações dinâmicas buscando um maior ou menor retorno conforme a tolerância de risco do titular. Ora essa predisposição, essa inclinação para dar um destino ao que monetariamente nos pertence, é uma prerrogativa dos cidadãos de um Estado alegadamente democrático. São os cidadãos que devem escolher o modo como interpretam o futuro. São os pequenos ou grandes investidores que decidem quem os deve governar. Nessa medida, e atendendo à declarada autofagia do BE, encontramo-nos diante de uma profecia que realizar-se-á sem grande necessidade de nervosismo ou alarido. O radicalismo extremo encontra sempre uma saída - um beco daqueles que tão bem conhecemos.

publicado às 10:34

Quem reinventou o capitalismo?

por John Wolf, em 21.09.16

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Já acumulei horas e mais horas de voo com o incorrecto axioma monetário de Mariana Mortágua. Já pedalei muito. A detentora da pasta das finanças do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista não está a prestar atenção às grandes correntes e tendências de moda do Banco Central Europeu (BCE). A troupe de Mario Draghi não menciona a função fiscal dos governos de países em apuros na última tirada vinda a público. Refere sim a importância de genuínas reformas estruturais conducentes ao crescimento das economias dos países da Zona Euro. Refere o lado da oferta agregada e não destaca o papel da procura - ou seja, de nada serve o pobretanas receber umas notas sacadas ao vilão que acumulou fortuna. Aliás, podemos e devemos ir mais longe. O capital avultado, "concentrado", se desejarem, se for sujeito a uma "reforma agrária-fiscal" de transformação em "minifúndio", perde a sua força transformadora. Por outras palavras, tirar a quem acumula para dar a quem não é empreendedor, mas mero consumidor, retira virilidade à realidade macro-económica. O que pensa a Mariana Mortágua sobre o que tem feito o BCE nos últimos tempos? Tem feito a sua vontade. Não tem deixado acumular grande coisa nos cofres desse banco e tem distribuído mundos e fundos pelos Estados em apuros. A compra de títulos de dívida pelo BCE corresponde, em certa medida, ao idioma recente da declamante bloquista. Mas o problema de fundamentalistas amblíopes é terem vistas curtas, umbilicais. O problema, vasto e complexo, não se encaixa no radicalismo que o BE procura encarnar. No entanto, existe uma outra leitura exclusivamente política. O BE  pode estar a preparar o próximo ciclo de poder. Saber onde encaixa levanta algumas dúvidas existenciais. Cinicamente, mesmo que não o saibam, a iminência de mais umas ajudas de custo em forma de novo resgate, não se pode excluir. Um descalabro do governo de geringonça obriga o BE (e o PCP, embora menos) a pensar a travessia do deserto. Por isso a doutrina Mortágua de reinvenção do capitalismo foi agora lançada. Funciona como uma apólice de seguro para desastres políticos naturais - aqueles que sabemos que estão para acontecer mais dia menos dia.

publicado às 08:58

A perda como essência do conservadorismo

por Samuel de Paiva Pires, em 20.09.16

andrew sullivan - a alma conservadora.jpg

 

Andrew Sullivan, A Alma Conservadora:

 

Todo o conservadorismo parte de uma perda.

 

Se nunca soubéssemos o que é a perda, nunca sentiríamos a necessidade de conservar, e isso é a essência de qualquer conservadorismo. As nossas vidas, uma série de momentos desconectados de experiência, simplesmente mover-se-iam sem esforço, deixando o passado para trás quase sem nenhuma retrospectiva. Mas o facto de o ser humano ter autoconsciência e memória força-nos a confrontar o que já passou e o que poderia ter sido. E nesses momentos de confrontação com o tempo somos todos conservadores.”


(..)

 

Há um bocadinho de conservadorismo na alma de toda a gente – mesmo na daqueles que orgulhosamente dizem que são liberais. Ninguém é imune à perda. Todos envelhecemos. Podemos observar o nosso próprio envelhecimento e declínio; vemos como as novas gerações nos suplantam e nos ultrapassam. Cada vida humana é uma série de pequenas e grandes perdas – perdemos os nossos pais, a juventude, o optimismo fácil dos jovens adultos e a esperança incerta da meia-idade – até que nos confrontamos com a última perda, a da nossa própria vida. Não temos maneira de o evitar; e a força e a durabilidade do temperamento conservador parte deste facto, e também lida com ele. A vida é impermanente. A perda é real. A morte é certa. Não há nada que possa mudar isto – nenhuma nova aurora da humanidade, nenhuma maravilha tecnológica, nenhuma teoria, ideologia ou governo. Intrínseca à experiência humana – aquilo que nos separa dos animais – é a memória das coisas passadas. E é também a transformação dessa memória numa identidade consciente de si mesma. Por isso a perda imprime-se nos nossos espíritos e almas e forma-nos. É parte daquilo que somos.

publicado às 22:27

Morte, Água

por Fernando Melro dos Santos, em 20.09.16

Os portugueses sabem bem que o Estado gerirá sempre com rigor a redistribuição do vil proveito conseguido em vida por quantos, desprovidos de consciência social, o usam para fins egoístas e salazarentos como beber vinho tinto, quando ainda há tantas festas do Bloco onde ele (cedo ou tarde) falta. 

 

Por exemplo, com o número de série 5815, foi publicado hoje o Anúncio de Procedimento seguinte:


Descrição: Aquisição de serviços de manutenção de todas as fontes, lagos, espelhos de água e geiser marítimo do Município de Oeiras.
Entidade: Município de Oeiras
Preço Base: 543185.28 €

 

Não consigo pensar em nada mais torpe e reaccionário do que deixar o Município de Oeiras sem o geiser marítimo em pleno e perpétuo estado de ejaculação aquífera. 

 

A seguir temos que perder a vergonha e ir buscar um rim às pessoas que acumulam dois. 

publicado às 09:09

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