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O esquema vigente

por Nuno Castelo-Branco, em 30.06.17

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Em 1975 o país fervilhava de paixões e sedição descarada. Subitamente desapareceu então uma boa quantidade de equipamento de campanha, neste caso as G-3 que tinham prestado os seus bons ofícios em todas as frentes no Ultramar. Logo houve quem pronunciasse a copcónica tolice de estarem as armas em boas mãos. Sabia-se de imediato ao que se referia, pois dado o contexto, tudo era de prever, como aquele assassinato à porta do RAL 1 foi um marco de tudo aquilo que mais tarde se passou.

Agora desapareceu nada misteriosamente uma quantidade muito mais importante de armas de guerra, entre elas os pouco ou nada temíveis lança-granadas que aqui e ali vamos vendo em filmes de acção, seja ela fictícia à Rambo 21 com sequelas previstas, ou bem real nos telejornais que nos contam muito ao de leve e com apertada censura, do que tem ocorrido em todo o Próximo Oriente. Felizmente podemos ficar todos bastante tranquilizados, pois não desapareceram facas de degola, mas à falta delas, umas tantas inofensivas granadas ofensivas e milhares de munições de praticamente inócuo calibre 9mm, incapazes de perfurar um tanque Leopard II A6, valha-nos Nosso Senhor. Do mal o menos e tal como malissimamente parece estar a ser sugerido, encolhamos então os ombros e sigamos em frente, até porque factos semelhantes têm ocorrido noutros conhecidos países da NATO.

Provavelmente a poderosa cerca de arame farpado foi estoicamente trabalhada de modo a abrir uma brecha tão grande como a frente do Mosela e o talhe de foice das Ardenas em 1940. Provavelmente o detector de presença - existia? -, foi sabiamente avariado há uns anos sem que disso alguém tivesse dado conta. Provavelmente a vídeo vigilância estava desactivada devido a uma falta de cassetes vhs. Provavelmente eram conhecidas as rotinas das patrulhas e como estas eram feitas. Tudo provável e alegadamente, tal como o esquema vigente há muito nos habituou para o que quer que seja e as Forças Armadas com os seus mais altos representantes, poderem uma vez mais fazerem a carantonha moita-carrasco.

É praticamente certo de que jamais teremos novidades acerca deste negligenciável assunto de início de verão, a tal silly season.

publicado às 18:10

A vedação foi dada como culpada em Tancos

por John Wolf, em 30.06.17

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Lamentavelmente entrámos num registo de inevitabilidades, de avarias e peças defeituosas. Falo do Estado, naturalmente. Refiro-me ao governo, obviamente. Primeiro foi o SIRESP que deu o berro, mas a Ministra da Administração Interna lá continua a lamentar um incêndio descomunal e não arreda pé. Depois foram as granadas e engenhos explosivos que "alguém" abarbatou em Tancos (ainda não escutei o Ministro da Defesa, mas temos tempo). Ainda antes tivemos a flatulência de intervenção do arrivista-artista. O que se seguirá? Um software seco que toma conta do sistema de semáforos da metrópole e provoca acidentes na Av. Padre Cruz?  Aparentemente foram tudo causas naturais. Não houve mão humana que tivesse determinado o destino deste cabaz de incongruências. Foram três penáltis sem resposta. Mas devemos nos preocupar seriamente. Quando o inimigo assinar o decreto, quando o adversário declarar guerra aberta, o governo já terá esgotado o kit de desculpas esfarrapadas. Os seus serviços de desmancha-verdades deixarão de fazer sentido. Os inquéritos de opinião para determinar os níveis de popularidade de nada servirão para camuflar os efeitos nefastos deste regime, este socialismo-nacional. Enfim, o estado de arte resume-se a um farpado. Uma vedação. A culpada inquestionável, sem margem para dúvida.

 

Adenda:

Não esquecer - são as catástrofes que estendem e validam mandatos caducos.

publicado às 17:43

Political Science and the 2017 UK General Election

por Samuel de Paiva Pires, em 30.06.17

Até ao fim de Julho podem aceder livremente a esta colecção de artigos subordinados à temática ‘Political Science and the 2017 UK General Election’. Destaco “Political Opposition and the European Union” de Peter Mair e “The Populist Zeitgeist” de Cas Mudde.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 10:36

Peido suicida

por John Wolf, em 28.06.17

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São precisamente temas de pasquim como a declaração suicida de Passos Coelho ou a flatulência de Sobral que determinarão o próximo incêndio em Portugal. O povo aprecia o circo, e dispensa a essência basilar de um sistema. Rir à conta da palermice e da mediocridade afasta o ser pensante dos grandes desígnios do país. Ser profundo e consequente custa. E, in spite of it all, não se chega a bom porto com festas de auto-comiseração, espectáculos narcisistas e verberações masturbatórias. Sentar-se à mesa como adultos e encarar a música desafinada não é para qualquer um. Ao validarem a ideia de absolvição dos pecados, numa congregação de "manifesta e inequívoca solidariedade", adiam o trabalho duro, sujo. São momentos de pico como este, de libertação orgásmica, de hibridismo transformador da "dor dos outros" em esperança para "todos", que eternizam a noção de ascensão e queda, fulgor e inconsequência. Por mais que estiquem os zeros do milhão, os mesmos não tapam a parte descoberta de um país inteiro versado nas artes hedonistas, nos prazeres. Foram os deleites que mataram as florestas. Foram as extravagâncias de uns que abandonaram o interior. Foram os cosmopolitas vibrantes que deitaram fogo à ruralidade em nome da sofisticação cintilante de uma festa de arromba. A silly season está oficialmente aberta.

publicado às 12:51

Da incapacidade crónica para assumir responsabilidades

por Samuel de Paiva Pires, em 28.06.17

Se considerarmos os problemas do SIRESP recentemente revelados, nomeadamente, a cláusula de exclusão de responsabilidade da empresa que gere o sistema caso este falhe aquando de situações de emergência - que terá tido a anuência de António Costa, Ministro da Administração Interna que assinou o contrato em 2006 -, o relatório de 2014 da KPMG, solicitado pelo governo de Passos Coelho, que identificava várias falhas no sistema, e, no que diz respeito em particular ao que se passou no incêndio em Pedrógão Grande, o vergonhoso jogo de vários organismos que procuram atribuir culpas uns aos outros e não se responsabilizam pelos seus próprios erros e problemas, concluímos que não só ninguém fica bem na fotografia, como estamos perante indivíduos com uma mentalidade infantil no que concerne à assunção de responsabilidades - só falta dizer, como as crianças, que "foi sem querer".  

 

Todos os anos Portugal é assolado por incêndios. Todos os anos os políticos se lamentam, mas pouco ou nada fazem para mudar esta situação. Desta feita, morreram 64 pessoas, muitas das quais devido a terem sido encaminhadas para uma estrada que deveria ter sido cortada. O Estado falhou naquela que é a sua principal incumbência, proteger os seus cidadãos, ninguém quer assumir responsabilidades pelas falhas e erros e o pior é que, provavelmente, no próximo ano continuaremos a ver milhares de hectares do país a arder. Tudo isto é absolutamente vergonhoso.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 09:55

In cauda venenum

por Fernando Melro dos Santos, em 27.06.17

Oligarca entre oligarcas, spinner de spins futuros, idiota inútil.

 

 

publicado às 18:47

Todos os caminhos vão dar a Goa

por Fernando Melro dos Santos, em 27.06.17

 

 

 

 

publicado às 12:35

Verdadeiramente espantoso e de deixar qualquer um boquiaberto

por Samuel de Paiva Pires, em 27.06.17

Deixando de lado as notórias tentativas de cobertura das falhas recentes do SIRESP, note-se o seguinte:

O contrato assinado entre o MAI e a SIRESP, S. A. – assinado em 2006, era António Costa responsável pela pasta – estabelece que a ocorrência de situações de “força maior” ilibam a empresa de responsabilidades, em caso de falha do sistema.

O contrato refere que serão considerados “casos de força maior os eventos imprevisíveis e irresistíveis, cujos efeitos se produzem independentemente da vontade da operadora ou da sua atuação, ainda que indiretos, que comprovadamente impeçam ou tornem mais oneroso o cumprimento das suas obrigações contratuais”. E enumera: “Atos de guerra ou subversão, hostilidades ou invasão, rebelião, terrorismo ou epidemias, raios, explosões, graves inundações, ciclones, tremores de terra e outros cataclismos naturais que diretamente afetem as atividades” do SIRESP.

Ou seja, muitas (se não todas) as situações anormais em que se esperaria que o sistema de comunicações de emergência garantisse os contactos entre as autoridades que precisam de articular a ação no terreno — uma vez que os utilizadores do SIRESP vão dos bombeiros à Proteção Civil, passando pelos militares, câmaras municipais, serviços de informações, portos, entre outros — estão previstas no contrato como casos em que, falhando o SIRESP, a empresa fica isenta de responsabilidades.

publicado às 11:12

As Vidas dos Outros

por Fernando Melro dos Santos, em 26.06.17

Hoje vimos Passos Coelho, alquebrantado, cometer seppuku por conta de uma série de gente cujo suicídio, bem provável, não se deu de forma tão ritual.

 

O douto e afável fisco, província de leitões cobertos a unto, declara que o IRS poderá ser pago a crédito (para legar aos filhos a canga da submissão ao muezzim tesoureiro) e o IMI a prestações (para que sobre maior folga com a qual se possa consumir inutilidades, e assim recorrer a crédito) demonstrando cabal e ilatoriamente a lei zero da termodinâmica. 

 

Ainda não se sabe quantos desapareceram nos incêndios, nem sob que guisa real se acoita Sebastião, e tão pouco o actual tamanho dos babygrows que envergam os filhos de Cristiano Ronaldo. 

 

Sabe-se que o estio é longo e a memória curta, e sabe-se igualmente aquilo que já se sabia do panorama vindouro: é como o viu Stendhal, vermelho e negro. 

 

De resto, para onde desagua o sumidouro que mantém hospitais imundos, helicópteros em terra e pessoas na morgue? Para o prostíbulo do costume, o quintal do vizinho. Filho da puta que não se fica a rir por ter um carro maior que o da minha Aurora. 

 

 

 

 

publicado às 23:26

Se Pedrógão fosse no Texas

por John Wolf, em 26.06.17

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Sou apenas mais um que ignora os factos. Sou um mero papalvo que aceita as patranhas. Sou um sobrevivente da calamidade - e estou à mercê do estado de graça de Portugal. Se fosse no Texas seria bem diferente. Ao mero indício de falha de um sistema de comunicações, e à luz dos cidadãos mortos pela incompetência e irresponsabilidade políticas, os familiares das vítimas já tinham movido um processo ao Estado Português. O governo da república sabe que do outro lado da barricada está gente pequena, minifundários, almas sem grande poder de fogo para ripostar. Mas há bastante mais. Há o negócio volumoso que o SIRESP envolve; os contratos, os financiamentos, as contrapartidas. Não sei quantas centenas de milhões de euros este matrix das emergências já consumiu, mas "algum" do dinheiro tem proveniência externa. A União Europeia (UE), essa entidade reguladora por excelência, parece o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português - não se pronuncia sobre putativas responsabilidades políticas. O esclarecimento cabal de que fala António Costa não pode nascer a partir de uma comissão de inquérito de um concelho socialista como Pedrógrão Grande. Tem de ser a Comissão Europeia a iniciar um processo que extinga todas as dúvidas sobre o SIRESP; quanto dinheiro foi lá metido? E quanto terá escorrido para bolsos alheios? Finda essa parte instrutória, a "judicialidade" da UE deve determinar o grau de culpa do Estado Português e distribuir sanções e multas. Com os da casa isto não vai lá. Querem enrolar-nos a todos.

publicado às 10:46

Vir prudens non contraventum mingit

por Fernando Melro dos Santos, em 25.06.17

A História do sufrágio no Portugal pós-Abrilino é a história de um compadrio que se sublima numa putrefacção lenta, em larga medida alimentada por duas seitas diferentes de um mesmo culto, ao qual penso que será adequado denominar de social-proxenetismo, e que é indissociável do espírito Constitucional da República, por seu turno retrato fidelíssimo do povo.

 

Na essência, desde 1976, colectivistas de índole medíocre e sem quaisquer intentos de promover a evolução do país fingem, mediante acordos prévios entre as suas facções e terceiros que possam adjuvá-las, dividir-se distribuídos entre margens opostas de barricadas ideológicas. No terreno, contudo, que difere inteiramente do mapa, o que se vê com a devida paralaxe orbital é um cenário absolutamente ordeiro e síncrono, pautado pelo fito único de manter a alternância no saque ao erário - agora Europeu e de liquidez exacerbada - mantendo a ordem social através da expansão controlada do aparelho do Estado e respectivas sinecuras, prebendas e bloqueios.

 

A populaça, timorata e de parco contento, vai embalando nos esguios bracinhos a batata fervente que todos passam em diante, como se viesse a arder dos resquícios cintilantes de algum raio beirão. 

 

Quando Pedro Passos Coelho, a última figura minimamente digna a ter segurado o tubérculo, começou a tresandar a caixão, foi lesta uma das seitas - digamos, os Capacitados - a desmultiplicar esforços para os seus caciques, sequiosos do rancho e à beira de uma síncope nervosa, não perderem o comboio uma vez escancarado, de novo, o vazio odioso que deve ser preenchido por quem saiba dar destino ao rio dourado que canga fiscal, BCE e esquemas de clareza dúbia vão permitindo rolar. 

 

Por sua vez, guiada pelos medidores de calendas usuais, e cegos para uma realidade que os minimiza, a segunda seita promove selectos festins e elege xamãs em preparação para o féretro do governo que está, ignorando grosseiramente que se este governo ainda está, contra o torvelinho de desgraça que acometeu a terra na semana passada, é porque algo o sustém.

 

A arrogância crónica que tolhe a praça é, assim, mal disfarçada quer tentem escamoteá-la por detrás de piadas boçais na boa tradição da extrema-esquerda como faz a primeira seita; quer, à moda dos segundos, seja ela mal tapada a vinho e a bifes por entre oratória onanista nas Avenidas Novas, numa patine finissima da paroquialidade consanguínea que MEC tão bem definiu

 

É assim, amiguitos. Estamos entregues a sanguessugas sem espinha. De várias cores, é certo, como as belas luzes que adornam as aldeias ainda não ardidas para festejar os santinhos padroeiros. E isto vai durar sem qualquer agitação, sobressalto ou alternância, até ao momento e nem um dia além do momento em que o BCE entender reciclar o milagre da dívida. 

 

A partir daí bem podeis capacitar populações, congregar tribos, ou que merda vos aprouver tomar em plenário como cicuta final, que o desfecho estará traçado e será magnífico de contemplar a partir desta varanda. 

publicado às 19:53

Lobbying em Portugal

por Samuel de Paiva Pires, em 25.06.17

Não sou adepto daquele estafado provincianismo que acha que o que se faz lá fora é que é bom e tem de ser importado para Portugal. Mas neste caso, basta olhar para as realidades de Bruxelas, Londres ou Washington para compreender que um regime de transparência na actividade de representação de interesses seria um saudável desenvolvimento que melhoraria a qualidade da nossa democracia. Bem, portanto, o CDS, o PS e o PSD. Já os "argumentos" de BE e PCP são de uma pobreza atroz.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 15:03

Baldaia, morde aqui!

por Fernando Melro dos Santos, em 24.06.17

Por mais heróica que seja a atitude do Vítor e do Hélder, não posso permitir o seu martírio às mãos pansexuais da Câncio. O Sebastião Pereira sou eu.

publicado às 09:31

Poupança portuguesa

por John Wolf, em 23.06.17

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Tenho autorização para regressar à economia real? Se sim, então tomem nota do seguinte: "a poupança das famílias recuou para 3,8% do rendimento disponível no primeiro trimestre de 2017, marcando assim o valor mais baixo da série que teve início há 18 anos". Significa isto que os portugueses pouco aprenderam e que acreditam no conto do vigário. Somem a este vector o outro - o nível de dívida pública acima dos 130% do PIB e temos o cocktail perfeito para deflagrar mais um descalabro, um semelhante àquele de 2011. Nem mesmo as sucessivas tragédias incendiárias ensinam grande coisa. O comportamento colectivo é unamunaniano, suicida. A expressão saving for a rainy day não se aplica ao continente ou às regiões autónomas. Não sei qual a medida portuguesa, e não sei se a família-tipo tem reservas equivalentes a 6 salários ou se prefere ir de férias e logo se vê. Os partidos que formam o governo de Portugal não parecem ligar muito a estas leituras estatísticas. E existe uma explicação para isso - replicam os comportamentos individuais. Vivem para além das possibilidades. Nem acima nem abaixo. Vivem noutro universo desprovido de responsabilidade moral. A dívida e a falta de poupança são dissabores que ardem sem se ver. E eles querem que assim seja, que não sejam vistos ou revistos.

publicado às 20:35

Os Homens-Elefante

por Fernando Melro dos Santos, em 23.06.17

Em comunicado, o Conselho de Ministros, que é o nome pomposo dado nesta Nicarágua sub-europeia a uma das infindas tocas onde se acoitam assassinos e mafiosos, récuas de chulos, e demais índios do abrilinho mamão, lança sobre donativos solidários - as peles que restavam a quem o fisco já espoliou na sanha eterna de alimentar o meta-Estado a perdiz e conhaque - as unhas famintas já emporcalhadas de tanto esgravatar.

 

Não parece haver limites para a prepotência, justificadíssima aliás pela passividade sodomita do contribuinte ora negador diário da sua natureza cobarde e amorfa. Esta gente, que não presta e cheira àquilo a que cheira o tipo de gente cuja sujidade não sai com sabão nem a rasquice com escola, desconhece quaisquer princípios de dever, rigor, honestidade e lucidez. 

 

Pior: vai tudo passar em claro. Pior ainda: ninguém quer saber se há mentira, dolo e compadrio por cima das 64 campas, e no dia em que vierem a ser 640 ou 64000 a merda será a mesma.

 

Ide foder-vos enquanto Rocha Andrade, o Leitão Fiscal, não se lembra de taxar o uso do expletivo pelo conforto mental que propicia ao utente, à falta de oportunidade para passar a ferro, em veículo de bom aço alemão ou japonês, todas as ratazanas que se pavoneiam impunes no seio de um país tornado oficialmente caso clínico sem precedentes no planeta.

 

 

publicado às 12:53

Servidão Humana

por Fernando Melro dos Santos, em 22.06.17

Dando conta de mais um camarada mártir às mãos do Estado-sarcófago, mais não posso fazer do que abstrair-me dos capítulos correntes nesta ópera distópica e regressar, um pouco, ao passado.

 

Corria a década de 1990. António Guterres, uma nulidade processual biológica, assumira as rédeas da carroça macabra que já era o Portugal de então, mal descolonizado de si mesmo entre as heranças da inquisição, do índex, da filoxera, do Estado Pai, dos kolkhozes em Alcochete e finalmente, em auge dourado como o da pintada Danae, da teta farta e sudibunda germinada em Bruxelas.

 

Desde então, o arquétipo do aluno luso passou a avatarizar, entre inúmeras outras, as seguintes máculas indiciárias:

 

- obter 11 como resultado da divisão de 200 por 20

- não perceber a utilização do hífen ("ah fodasse!", a exemplo)

- inabilidade de definir um rectângulo sem desenhar uma variante do mesmo

- desinteresse e/ou desconexão com a realidade laboral e financeira do meio

- erros grosseiros de paralaxe ao tentar ler uma notícia 

- "attention span" de dez minutos

- correlação negativa, até à terceira derivada, com os valores que criaram a sociedade que o criou

- alcoolismo, depressão, e dissonância cognitiva

- software mental assente, com cofragem adamantina, sobre o relativismo absoluto e a negação da adversidade

- episodios frequentes de desconexao, à espera de instruções de uma casa-mãe em Andrómeda

 

Qualquer adulto nascido antes de 1976 (eu nasci em '71)  sendo ou nao progenitor de uma prole, tendo ou nao lido Gramsci, amargando a côdea rija dos justos ou demitindo-se desta merda toda, saberá que a raiz mais seminal de toda a lassidão que ainda grassa é o sistema de ensino.

 

Restando apurar se houve intento, deriva doutrinal ou estupidez pura na amorfização de três gerações, facto é que perante uma tragédia da qual só pode ser dito: foi um assassinato em massa por negligência grosseira, a indiferença e a anomia dos jovens - mais gritante e grotesca agora do que, a exemplo, quando se demitem do voto - conubiada com a aceleração do desastre demográfico (reparem que nao falo da perda de população, e sim da intensidade com que aumenta a mesma, coisas bem diferentes para um estatístico) - no entanto nao camufla verdades simples que são inegáveis e públicas.

 

Maria de Lurdes Rodrigues anda aí e escreve num jornal. Ferro Rodrigues anda aí e viaja à Ásia Menor. Armando Vara anda aí. António Guterres é líder, passe o termo, da ONU. Portugal tem aos comandos da coisa fisco-social dois sicários da ignorância, sendo que um é torpe da mente e o outro um perigo ambulante movido a cobiça, que acaso estivessem na América, com mísseis ao seu alcance, e seria de orar aos deuses por uma catástrofe geológica global que os comesse. 

 

Bom, já nem sei onde ia. Às páginas tantas uma pessoa tem de cozinhar para comer, e de comer para viver. Se alguém estiver aí a ouvir, que diga qualquer coisa. Eu por mim acho que demitir a ministra resolve zero ou nada, mas que demitir do exercício cardíaco a classe política, numa catarse que só Goya saberia registar para a museologia futura, é que era de gente.

 

Abraços. Tentem não ter muito nojo ao espelho. Digo eu.

publicado às 19:36

Rescaldo

por Fernando Melro dos Santos, em 22.06.17

Absolutamente inacreditável a quantidade de tontinhos - e/ou sanguessugas circunstanciais do erário - em negação, incapazes de perceber que nem o seu voto alguma vez valeu coisa alguma, nem a sua conivência com os sevandijas no poder era, afinal, tão inócua quanto julgavam. 

 

É que uma coisa são furtos, e outra assassinatos. E ao contrário dos nascituros chacinados desde 2007, agora o faz-de-conta é menos viável, porque morreu gente em tão atrozes mortes, morta de incúria e de desprezo, tão à vista do mundo que nos paga o pão, que o ranço do medo finalmente chegou às cabecinhas do povo.

 

As ervas daninhas são como o animal-totem deste país delicodoce e cálido, a ubíqua mosca varejeira. Devem ser arrancadas uma a uma, desde a funda terra onde se guardam à espera da sombra, para que algo saudável cresça.

 

publicado às 14:16

Breviário de um sorriso imutável

por Fernando Melro dos Santos, em 21.06.17

Setembro de 2014:

 

 

Outubro de 2014:

 

 

Novembro de 2014.

 

Dezembro de 2014:

 

 

Abril de 2015:

 

 

Agosto de 2016:

 

 

 

Outubro de 2016.

 

Novembro de 2016.

 

Janeiro de 2017:

 

 

Junho de 2017:

 

 

 

 

 

publicado às 19:16

Astérix e os Castrados

por Fernando Melro dos Santos, em 21.06.17

Se bem entendi,

 

- antes de ter caído um raio sobre árvore já identificada e constituída arguida, ficando sujeita a termo de identidade e residência, o IPMA removeu do seu site todas as informações acerca da queda de raios

 

- alguém disse à GNR para enviar quarenta e sete pessoas por um carreiro esburacado que ardia bem alto

 

- derreteu uma torre da PT adjudicada por contrato devidamente repleto de salvaguardas cuja eliminação impediu a GNR de perceber que estava a receber indicações conducentes ao perigo publico

 

- morreu gente, e depois foi morrendo mais gente

 

- o cabeçudo carnavalesco que 90% dos portugueses, ora material combustível, puseram em Belém pelas suas qualidades humano-afectivas e destreza na linguagem gestual enquanto comentador televisivo, chegou ao teatro de operações sem saber o que se passava mas lesto bramiu umas inanidades acerca do dispositivo de emergencia, em seu tempo implementado a peso de ouro com tentacular distribuicao de rendas

 

- o anormal que lhe sucede como segunda figura de um Estado que só a povos sadomasoquistas pode agradar veio entretanto encher os écrans, pajeado pelo sequito mediatico dependurado na tríade Proença-Balsemão-Amaral, bolçando igual dose de vácuo quântico

 

- os bombeiros ficaram sem agua, mal grado o esforço de uma pequena percentagem da população (escriba incluído) que lha levou durante horas a fio, mas a senhora ministra do gin e da noite declarou que havia falta de armazéns e como tal as doacoes deveriam ser suspendidas

 

- a mesma ministra impediu um comboio humanitario galego de vir em socorro dos nossos soldados no terreno

 

- a mesma ministra foi incapaz de exprimir-se em português coerente mesmo em ambiente controlado pelos media

 

- os mortos começaram a ser levados numa carrinha de congelados alimentares porque a viatura (uma?) da ANPC avariou

 

- durante horas nao se percebeu se caíra um avião, explodira uma roulotte ou algo mais grave sucedera

 

- ferro rodrigues, a partir da Asia Menor, disse que estava muito condoído com a morte alheia, e disse-o sem se cagar para o facto de ser escutado pelo país

 

- vem a saber-se que ha planos, estudos, ideias, e se calhar contratos ja prontos para o reordenamento territorial, o relançar do carvalho, a ecologia mais-que-verde, e as novíssimas oportunidades, a cuja concretizacao nao basta a "pipa de massa" que o Cherne a soldo da Goldman conseguiu sacar aos contribuintes europeus para o Portugal 2020, aguardando-se nomeação do mendigo oficial a enviar a Bruxelas

 

- Guterres está demasiado ocupado a banhos

 

- os lunáticos marxistas, passe a redundancia, que colocaram o Partido do Crime de volta no executivo estão mais calados agora, por impossivel que possa parecer, do que quando Maduro começou a mandar abater pessoas nas ruas de Caracas

 

- afinal o raio foi enviado por mao criminosa, e supoe-se que o inspector da PJ que identificou a arvore causal esteja agora a galgar os ceus no encalço de Zeus, Thor ou outra divindade afiliada com coriscos marginais que possa estar por detrás da ocorrencia

 

- isto tudo decorre num ambiente festivo, com aldeias, vilas, cidades e espaços turisticos num abandono lascivo perfeitamente hondurenho, e nao se vislumbra sequer um aroma de que alguém, seja por raiva, dor, indignação ou hombridade, queira assacar directamente responsabilidades aos responsáveis

 

- vós continuais a achar que viveis na Europa, mesmo após tornar-se claro que de Europeus só tendes a mania

 

Percebi bem?

publicado às 13:46

Velhas oportunidades

por Fernando Melro dos Santos, em 21.06.17

O meu canalizador é bom canalizador, mas é confrangedoramente néscio em hidraulica, termodinamica, e ate electricidade.


Ora isto é preocupante porque, por exemplo, ele nao percebe que se purgar o ar de um circuito solar abrindo a valvula da bomba enquanto esta gira, de facto o ar sai mas a rotacao cria uma ligeira conveccao que suga mais ar la para dentro, embora em quantidade menor do que aquela que sai.


Sucessivos governos, conhecendo a abominacao europeia à falta de qualificacoes, * tentaram com sucesso extorquir dinheiro aos paises civilizados para supostamente sanar a maleita.


O dinheiro foi estoirado em putas, vinho verde, sinecuras sociais, rotundas baptizadas segundo ditadores latinos, logotipos, estudos, e toda a sorte de injeccoes hiponeuronais administradas via powerpoint, e as deficiencias de base mantiveram-se.


Entao sucessivos governos apostaram nas requalificacoes profissionais, e voltamos ao ponto assinalado com *.


Quando finalmente começaram a morrer pessoas assadas no mato devido ao efeito borboleta e à maldita lei das consequencias inesperadas, foi convocado um conselho de estado para que os governos vindouros, em vez de recorrerem no erro, passassem a ter uma base legislativa sobre a qual voltar, desta vez com preceito e rigor, ao ponto assinalado com *.

 

O eleitorado gostou muito da forma simpatica e humana com que o ultimo rei da escocia presidente da republica geriu a crise, e votou em peso no sufragio seguinte, mostrando assim ao mundo a sensatez de portugal enquanto destino turistico de excelencia.

publicado às 12:58

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