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O saco azul das autárquicas

por John Wolf, em 31.08.17

 

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A campanha para as autárquicas é uma espécie de saco azul de misérias onde enfiam tudo e mais alguma coisa. À falta de argumentos profundos, sentido de Estado, verdade e ética na condução da missão política, serão miudezas de toda a espécie de que se servirão os políticos e afins para marcar pontos na caderneta mediática. Sim, os meios de comunicação social também lambem a sarjeta em nome de audiências e favores de antena política. Não tenham dúvidas da agenda em curso, marquem no calendário. A crise da Autoeuropa não passa de uma guerra partidária, arrufos por resolver entre sindicalistas e patrões, autarcas e investidores. Os partidos do governo, os sindicatos, e os agentes económicos privados, fazem parte do mesmo enredo. Por outras palavras, o que acontecer na Autoeuropa tem ramificações em diversos planos de natureza governativa e e em especial no que diz respeito ao rating de Portugal a determinar por diversas agências que acompanham o filme. Parecia tudo correr tão bem (e sobre rodas) à geringonça, mas isto que se passa projecta uma imagem negativa com repercussões além-fronteiras. Quem quer investir o seu futuro empresarial num país a discutir sábados? Os investidores directos e estrangeiros estarão atentos ao desenrolar dos eventos. Misturem nesse cocktail a merda que deu à costa em Carcavelos e peçam ao Garrett Mcnamara para surfar a maior poia do mundo. Medina bem pode ser o ardina da "cidade com a melhor qualidade de vida do mundo", mas será Isaltino a sorver essa água de beber da linha. E há mais. Há os desentroncados, cheios de rancor, ávidos por saltar para a espinha de Cavaco Silva que apareceu na Universidade de Verão, como poderia ter ido para a Arrábida ditar as mesmíssimas profecias de um socialista internacional como Guterres que desavergonhadamente fez plágio, desrespeitando tabus, roubando a Martin Luther King a frase exclusiva e intransmíssivel: "I have a dream". No entanto, a ameaça terrorista é moderada.

publicado às 14:45

A Lisboa do esquema vigente

por Nuno Castelo-Branco, em 30.08.17

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Há precisamente 43 anos, a 31 de Agosto de 1974, pela primeira vez vi a Lisboa que conhecia através de centos de imagens que os meus pais me mostraram sem que jamais cá tivessem estado. Identificava facilmente as zonas e logo passámos semanas a percorrê-las a pé, num turismo gostosamente forçado que recolhia a altas horas da noite ao refúgio na roulotte do primo Joaquim Dantas, estacionada no parque de Campismo de Monsanto, 5m2 à medida de 1m2 por pessoa do nosso agregado familiar.

Era ainda uma magnífica cidade, com áreas relativamente bem delimitadas pelo percurso da história de um país que contando com centenas de anos, nem por isso deixou de seguir, por vez tardiamente, os padrões aceites e vigentes no resto da Europa ocidental e central. Existia a cidade do Iluminismo, a de uma reconstrução admiravelmente conseguida. Sobreviviam poucos vestígios anteriores, tanto medievais como da Renascença que chegando aqui relativamente atrasada - e boa parte dela desapareceu em 1755 -, talvez em boa parte tenha coincidido com a união ibérica. Logo se seguiu a Lisboa burguesa num tímido imitar dos Boulevards da rectílinia e plana Paris, estendendo-se as novas ruas e bairros desde o início da Avenida até ao Campo Grande. A cidade republicana, essa limitava-se quase exclusivamente ao que a 2ª república em escassos anos, dado o volume que ainda ocupa, ergueu e expensas de proprietários obrigados a ceder posses, terrenos votados ao abandono e algum património do Estado. É mesmo aquela que grosso modo compreende a vasta área que vai da Praça do Chile aos Olivais, incluindo as artérias adjacentes à Avenida de Roma e todos os bairros ditos sociais que foram sendo ocupados por vários estratos relativamente afectos - ou naquele portuguesíssimo assim-assim - ao regime vigente.

Em 1974, poucos meses decorridos após o golpe de Estado, a cidade estava imunda, coberta de dizeres materialmente inócuos mas tremendamente violentos de morra! isto, morra! aquilo, alternando o forro de cartazes até aos terceiros andares, com os borrões de tinta passada à brocha que nem sequer pouparam monumentos. Uns tantos magníficos murais do MRPP, compunham o todo e sobressaíam, é mesmo verdade.

Lisboa ainda tinha e oferecia a oportunidade a quem quisesse vê-la para além dos passageiros estragos. Imponentes edifícios burgueses oitocentistas cobertos de ornamentos e arrebiques, grandes cafés de época, enormes teatros e aquela certa homogeneidade de áreas que contavam uma história, um certo tempo.

Tudo desapareceu, inclusivamente a fauna humana que então fervilhava e era espessa na Baixa, espessa nas Avenidas Novas, espessa nos locais onde facilmente eram catados turistas de ocasião. Foi a Lisboa que vi aos 15 anos de idade, uma cidade que se apercebia para além de um segundo do tempo da sua existência.

Dei-me esta noite ao voluntário trato de polé de assistir a uma espécie de debate televisivo em que se digladiaram todos os candidatos a presidir à edilidade da capital portuguesa. Um desastre que apenas confirmou as minhas suposições há muito tempo enraizadas após a passagem de décadas como pedestre e interessado não apenas no fachadismo, mas também voltando a minha curiosidade para a organização interior dos espaços que também desfiavam a história dos seus residentes, dependendo da ampulheta que marca o tempo e das condições propiciadas pelo mesmo.

Todos bem sabemos que os problemas da cidade já nos chegam após muitas décadas de depredações, quiçá podendo nós situar como marco a destruição calamitosa da Praça da Figueira e do Martim Moniz que lhe é contíguo. A partir daí, o camartelo tomou força e fúria e trepou pela Avenida acima, arrasando, mutilando e desfazendo belas realizações que um dia mereceram o Prémio Valmor, talvez o único prémio mundial que garante a futura demolição do galardoado. Para sempre desapareceram prédios de arrendamento, palacetes, igrejas e tantos, tantos outros exemplos daquilo que significava uma cidade relativamente europeia, pois a modéstia nacional não concentra a monumentalidade de capitais imperiais como Viena, Paris, Roma ou a Berlim também para sempre desaparecida com a terraplanagem final de 1945. Pouco se preservou e aquilo que sobra é adulterado, pladurizado, aluminizado e dotado de modernices brilhantes à luz led. Vingam os cabeçudos onde os arquitetos sem C teimam em deixar marca tão indelével e malcheirosa como o líquido aspergido pelo muito mais simpático e relevante cãozinho que fareja para logo alçar a perna. Desta forma vão vingando uns desgraçados monos aqui e ali e damo-nos, pobres coitados, a olhar para um das dezenas de Herons Castilho e exclamarmos ..."pelo menos salvou-se uma parte da fachada!" Muitos conhecem-no pelo Frankenstein da Rua Braamcamp.

Pensei que iam falar da verdadeira razão da explosão incontrolável do muito necessário e bem-vindo turismo para este ensolarado Portugal, turistas esses empurrados por aquilo que os candidatos fazem de conta não perceber e têm em reserva mental, ou seja, a segurança. Não merecendo sequer a pena tecerem-se considerações a respeito das razões de uma tranquilidade durante passeios neste país que lhes é estrangeiro e que todos entendemos perfeitamente, politicamente tornou-se incorrecto mencionar ou identificar a causa desta súbita irrupção de forasteiros que antes preferiam o Egipto, o Próximo Oriente ou um dos países do Magrebe. Preferiam e suspeito intimamente ainda preferirem no recôndito dos seus cérebros à procura de aventuras exóticas. Portugal era uma fraca piada que poucos sequer tentavam conhecer através de fotografias, em suma, não interessava. 

Esperaria que pelo menos alguém ousasse falar da escandalosa depredação de património arquitectónico, miseravelmente substituído por construções horrendas, vulgares e sem qualquer interesse que num futuro bem próximo não concitarão a menor curiosidade ou estima. Não prestam nem sequer em qualidade estética que decorre de qualquer novidade. Copia-se em pequenino e mau a roçar o rasca, eis a situação.
Resolvidas as questões de instabilidade em certas áreas bem próximas da Europa, podemos ter a certeza deste turismo de massas desaparecer e oportunistamente deveremos desde já implorar a todas as alminhas do purgatório para que a criminosa violência por lá continue por muitos e bons anos. É o ponto a que chegámos.

A verdade é que o Esquema Vigente tornou-se tão retorcido, que a principal vereação da edilidade, a do urbanismo, tornou-se, alegadamente, numa ampla coutada de um conluio de certos fundos imobiliários adstritos a uma suspeitosa banca e em claro conúbio com as construtoras mais ou menos amigas. O resultado está à vista e podemos estar certos de que não sobejará pedra sobre pedra, cingindo-se a Lisboa que interessa a bem pouco das construções sobreviventes entre a Rotunda e o Tejo. A isto resumir-se-á a capital de Portugal.

O cúmulo da desfaçatez que me fez decidir a ir uma vez mais à secção de voto para depositar um X de alto a baixo? Ousaram mencionar a grande e muito necessária obra do Palácio "nacional" da Ajuda "não concluído desde há 200 anos". Ainda se gabam todos aqueles pobres tolinhos de olhinhos em alvo, como se de uma suprema e final conquista se tratasse. Bem vistos os factos, esta menção à Ajuda resume a total incapacidade e míngua mental de um bando de cinco paraquedistas da políticazinha.

 

É mesmo uma desgraça Ribeiro Telles não ter hoje 50 anos.

publicado às 22:28

Sobre a rede de transportes de Lisboa

por Samuel de Paiva Pires, em 30.08.17

No debate entre os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa, que decorre neste momento na SIC, após a afirmação de Ricardo Robles de que os transportes públicos de Lisboa, que utiliza todos os dias, estão à beira do colapso, Teresa Leal Coelho replicou que não é verdade e, sem se rir, ainda acrescentou que só com o actual governo se degradou a rede de transportes públicos de Lisboa e que o anterior até tinha melhorado a qualidade dos serviços prestados. Permitam-me apenas dizer que certos políticos, já que não têm pudor, talvez devessem, nem que fosse por um só dia, dar folga ao motorista e ao carro do Estado em que se passeiam habitualmente e experimentar a sensação de sardinha em lata na linha verde do Metro (ainda pior que nas outras linhas), no eléctrico 15 entre a Praça da Figueira e Algés ou nos comboios urbanos da CP (especialmente os da linha de Cascais durante a época balnear), o tempo de espera médio de 10 a 20 minutos em hora de ponta na linha amarela do Metro ou os autocarros da Carris que falham recorrentemente os horários indicados, em determinadas horas são suprimidos sem qualquer aviso prévio aos utentes e, num tempo em que a tecnologia de geolocalização se encontra tão aperfeiçoada, frequentemente não estão em consonância com a previsão nos painéis luminosos instalados nas paragens (os próprios painéis encontram-se, o mais das vezes, avariados). Não sou do Bloco de Esquerda - bem pelo contrário, sou militante do CDS - mas fui utente do Metro, da Carris e da CP de 2004 até há cerca de de um ano e foi precisamente por se terem tornado praticamente insuportáveis que deixei de utilizar os transportes públicos em Lisboa. Que a Câmara Municipal de Lisboa, quer com António Costa, quer com Fernando Medina, tenha a obsessão de dificultar o trânsito automóvel na cidade, só contribui para infernizar ainda mais a vida dos que residem e/ou trabalham na capital.

publicado às 22:08

Qual o género da Autoeuropa?

por John Wolf, em 30.08.17

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A galinha de ovos de ouro do PIB, de sucessivos governos e campeões ideológicos, está a cantar de viva-voz. A geringonça está a ter algumas dificuldades para resolver este bico de obra. A comissão de trabalhadores da Autoeuropa não pertence ao Arménio Carlos ou ao Carlos Silva. Não a conseguem meter no bolso assim sem mais nem menos. A fábrica de automóveis da marca alemã já foi publicitada como a jóia da coroa, a tal contribuinte de 2% da riqueza gerada em Portugal durante um ano. Os trabalhadores, difíceis de enquadrar nas hostes de uma CGTP, sabem que podem alavancar soluções a bem ou a mal. Para além da paragem efectiva de produção daquela unidade fabril, seria um perfeito desastre se outras empresas lhe seguissem as pégadas de greve e protesto. Os efeitos multiplicadores negativos são muito mais intensos do que os positivos da actividade produtiva dita normal. Ou seja, o élan gerado pela paragem económica não é compensado pela continuidade produtiva. O que está a acontecer, e seja qual for o desfecho "laboral-patronal", o mote fica dado, e a imaculada padroeira do emprego da geringonça leva um valente rombo. Faltará muito pouco para que alguma histérica do BE ou algum marxista do PCP, aliciados pelo PS, afirmem que se trata de uma conspiração de Angela Merkel. Uma forma de submeter os devaneios de um governo de Esquerda, que na outra face do mesmo jornal celebra a mais baixa taxa de desemprego desde os Lusíadas de Camões. O Titanic da economia portuguesa (que nem sequer é português), mas sim pertença daqueles chauvinistas alemães, encalhou no rochedo da consternação do governo. O ministro da economia, no entanto, declara que espera que haja acordo entre as partes. Entre as partes? Sim, por isso se chama acordo e não solução unilateral. Resta saber qual o género da Autoeuropa. Se é daquelas oferecidas que se deixa comprar ou se é daqueles que pega de empurrão.

publicado às 14:08

Alexandre Herculano citado por Hipólito Raposo

por Cristina Ribeiro, em 29.08.17

Na ' Oferenda '

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" No meio de uma nação decadente, mas rica de tradições, o mister de recordar o passado é uma espécie de magistratura moral, é uma espécie de sacerdócio. "

publicado às 18:53

Coligação Valentim-Isaltino-Sócrates

por John Wolf, em 29.08.17

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Estou preocupado com o futuro político do escritor José Sócrates. Isaltino Morais e Valentim Loureiro já lhe passaram a perna. Estão lançados na corrida autárquica com o beneplácito do povo, mas não escreveram obras nem defenderam teses de mestrado. Sócrates pertence às elites do desenho técnico de Castelo-Branco, e o salto a Paris deve ser encarado com naturalidade - estava escrito. Contudo, devemos levar em conta certos espinhos de rosa. O Partido Socialista de António Costa nem serve para montar uma estufa para o cultivo de tomate - há, mas nem sequer são verdes. Sócrates é, nessa medida, um homem livre, disponível para transferências, quiçá no mercado de autárquicas. Bem sei que chega tarde, mas à falta de cão caçará com gato. Ou seja, não prevejo um regresso à política pela porta grande do Rato. O carimbo de aprovação do bom filho que a casa torna não será esmurrado no certificado de retorno. Por outras palavras, com outro livro a bombar, não tarda nada, Sócrates deve replicar as congéneres de Gondomar e Oeiras. Deve transformar os onze meses de prisão política em força mandeliana. Quando menos esperarmos, Sócrates lançará o seu míssil para um mar de possibilidades efectivas. Um povo que leva em ombros os seus detractores, não sabe cortar orelhas a quem tem muita lábia de mercador. As autarquias terão o que merecem. Venha de lá mais um comprador de livros por atacado. Sócrates nem precisa de tomar notas. É só imitar o Tino ou o Valentim.

publicado às 13:29

Gritar à toa

por Samuel de Paiva Pires, em 28.08.17

Sonho com o dia em que a diferença salarial média entre homens e mulheres se inverta em favor das mulheres e o número de mulheres em cargos políticos e públicos e de direcção no sector privado seja superior ao dos homens. Primeiro, porque, embora se trate de uma realidade em que gostaria de viver, especialmente considerando que durante a esmagadora maioria da história da humanidade as mulheres foram e continuam a ser discriminadas de formas abjectas, repulsivas e sem qualquer justificação, perceberíamos todos que nem assim se conseguiria ultrapassar falhas características da cultura de cada corpo político. Segundo, e mais importante, porque deixaríamos de assistir ao chinfrim que os guerreiros pela igualdade de género a todo o custo teimam em produzir vociferando os seus preconceitos ideológicos assentes numa concepção profundamente errada da condição humana e numa compreensão débil dos fenómenos sociais, decorrentes do racionalismo construtivista. O que não quer dizer que, entretanto, não encontrem outras causas a que possam dedicar os seus esforços. Afinal, o racionalismo construtivista talvez nunca tenha tido um solo tão fértil como as hodiernas sociedades demo-liberais onde, infelizmente, a política da cartilha ideológica se sobrepôe à política enquanto conversação e acomodação de diferentes perspectivas. Como canta Samuel Úria numa belíssima crítica à primeira, Repressão!/ Repressão!/ Grita-se à toa/ Qualquer causa é boa num refrão. 

(também publicado aqui.)

publicado às 17:40

A propósito...

por Nuno Castelo-Branco, em 28.08.17

....como é que param as modas quanto aos retornados da Venezuela?

publicado às 16:46

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Fernanda Câncio está para António Costa, assim como Manuela Moura Guedes não esteve para José Sócrates. Somos quase todos adultos e sabemos como funciona a história da carochinha - uns fazem fretes, outros abrem as pernas, e no fim alguém paga a conta. Moura Guedes foi uma digna e honrada excepção.Todos os regimes têm os seus guionistas de serviço. Gente que parece não ter grandes ligações políticas, mas na verdade anda lá a chafurdar sem dó nem piedade. E existe sempre uma agenda, uma lista de objectivos a atingir, usando os meios mais subtis à disposição. Neste caso em concreto lidamos com algo mais elaborado - sociologias de bolso e algibeira. Um enunciado de pseudo-considerações que emprestam a aura de intelectualidade, mas que no fundo apenas dizem respeito ao avançar de neo-causas ideológicas. Alguém tem de fazer o frete nesta história de igualdade do género. O alinhamento temático da Câncio é descaradamente previsível. Em vez da estupidificação do eleitorado, verificamos a putificação de domínios apropriados para excitar certas vontades ideológicas. Mas há mais. Os jornalistas estão em apuros. O Grupo Impresa daqui a nada usará a expressão layoff e, naturalmente, a competição saudável entre repórteres dará lugar a uma luta sanguinária em nome da preservação do posto laboral. Nesse sentido, Câncio, co-adjuvada por certos palanques partidários, deita gasolina em cima de temas que foram criteriosamente plantados no imaginário de auto-intitulados iluminados políticos. Existe um condão, um fio condutor, que liga a sombra de quem escreve aos desígnios de quem decide. Nestes casos, duvido que a pobrezita tenha tido grande poder de escolha. É do tipo que não bate com a porta. Está tudo bem, desde que lhe dêem cordel.

publicado às 13:15

Eterna caloira

por Cristina Ribeiro, em 27.08.17

na língua portuguesa, é sempre com prazer que leio - e releio! - autores como Camilo, Tomaz de Figueiredo ou João de Araújo Correia. Desta feita são os " Pontos Finais " que me chamam de novo. Alguns capítulos já os lera, tempos atrás, mas a urgência doutro livro, não lembro já qual, obrigou-me a adiar a leitura a que hoje volto. E logo castiço vocábulo me empurra para aquele conselho do nosso grande esgrimidor do vernáculo. ( que, por sua vez, o recebera do poeta Donas Boto )

Sim; neste tempo de facilitismos digitais, os velhos dicionários, Morais ou outro, ainda nos movem, com vantagem!

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publicado às 18:50

O fim da inocência lusitana

por John Wolf, em 26.08.17

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Começo este post com um disclaimer - não existe tal coisa de excepcionalismo. Nem do tipo americano nem do tipo português. Não existem povos eleitos ou nações predestinadas. Temos sim, paragens de autocarro e consultas de dentistas, filas de supermercado e jogos da bola. O resto, aquilo de que os governos se servem, é apenas um conjunto de chavões de alegada grandeza e imunidade. E por essa razão não devemos ficar espantados com os números - mais de mil queixas por mês apresentadas na Esquadra de Turismo. O Diário de Notícias também faz parte do equívoco ao repetir ao longo da peça, parafraseando incautos, que custa acreditar que tamanhos furtos possam acontecer numa cidade como Lisboa. O saudosismo conveniente dos brandos costumes trará prejuízos de maior vulto se não for rapidamente recambiado. Passei hoje mesmo em Belém e lá vi os cubos de betão para dissuadir outro género de furtos. Mas regressemos ao flagelo dos carteiristas de mão invisível e o crescimento quase exponencial de ocorrências. Meus senhores (entenda-se todos os géneros), estamos na presença de mais um caso de negligência crónica, à laia da floresta perdida e fogos indomáveis. O número de queixas apresentado reflecte bem o défice conceptual no que concerne aos aspectos securitários decorrentes do crescendo de fenómeno turístico. Portugal é essencialmente um destino turístico há mais de quatro décadas pelo que houve tempo mais que suficiente para que os governos pudessem responder às exigências, às demandas repetidas vezes sem conta pelas forças policiais. Sucessivos governos têm tratado a dimensão de segurança interna como matéria de segundo plano. Os orçamentos de Estado têm sido anémicos na dotação de meios adequados às polícias que definem o quadro securitário interno de Portugal. Os desafios, que agora se agudizam com a pendente ameaça terrorista, devem ser aproveitados para reinvindicar mais meios e mais músculo operacional para as forças de segurança. Quando acontecer algo dramaticamente trágico, estarei ao lado das polícias que muito provavelmente serão requisitadas para o papel de bode expiatório, derradeiros responsáveis pela inevitabilidade. Nada mais falso.

 

publicado às 13:48

Orwell à Mesa

por Fernando Melro dos Santos, em 26.08.17

Deserção é brio. Fome é fartura. Caro é barato. Os ricos são sempre os outros. Uma exibição repugnante de caviarismo.

publicado às 09:42

A extraordinarização do banal

por John Wolf, em 25.08.17

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O que escrevo integrar-se-á também na categoria do efémero. Assistimos a um processo de extraordinarização do banal, mas com uma nuance curiosa. Não são os outros que convertem a entidades sagradas os afazeres de uns e de outros - são os próprios. Assistimos, num curto espaço de tempo, ao processo de transformação do quotidiano em sublime, como se houvesse valor acrescido na self-distinção, na auto-atribuição de um papel de relevo na transformação das nossas sociedades - como se a secretária de Estado fosse a guru dos oprimidos do género. Se a Graça Fonseca continuasse com a sua vidinha teria sido melhor. Todos somos discriminados e maltratados, por uma ou outra razão. Uns por serem baixos e gordos, outros por não fazerem parte do sistema de trânsito partidário e outros por serem lésbicas. Embora a secretária de Estado julgue que serve uma causa incontornável, acaba por praticar uma espécie de engenharia social de algibeira. E há mais. Aproveita o cargo, a visibilidade e o amiguismo da Câncio para definir, em nome de uma imensa comunidade de desconhecidos, a defesa de uma categoria identitária que não a reconhece como sendo lider. Se nada fizesse e continuasse a secretariar, a coisa seria normal e levava o seu caminho. No entanto, coloca-se outra possibilidade. Será que foi humilhada ou gozada por colegas de geringonça? Esta tese não me parece assim tão rebuscada. De outro modo, o salto que faz da cartola apenas cria ruído em relação a um não tema. Pelos vistos não tem a maturidade suficiente para se aceitar e continuar a ser quem é. E há mais. Será que pôs em risco a condição estável de muitos que se acomodaram ao armário? Por que razão tem de ser assim? Volto à tese inicial. Se foi assediada por algum membro ou membra do governo deve apresentar queixa à APAV. E pelos vistos Marcelo também anda a inventar passes de magia. O que é isto? Nada.

publicado às 15:50

Orwell nunca foi a Quarteira

por Fernando Melro dos Santos, em 23.08.17

perante a nota que a CIG divulgou hoje à comunicacinha social, achando-a branda insto o governo a levar por diante este ordálio ate ao fim. tem de sugerir à administracao da TAP que retire de circulacao todos os avioes actualmente pintados de branco, e que os substitua por uma frota com pelo menos sete cores. de caminho, a estatua de ronaldo é para derreter e no seu lugar colocada a de ux atletx LGBTÇKJDKJSGYSGOD(W/("#%)&%. e nao sei se nao sera de arrasar as rotundas todas que ja existem, por terem sido construidas num tempo menos moderno que o do instante actual, com sugestoes de revisao a cada dez dias.derrubar já a estatua de eusebio. representa um negro em cor escura, estereotipando assim as pessoas negras, designadamente as que podem identificar-se como brancas. acho que nao devemos descansar ate deitar abaixo a torre de belem, o padrao dos descobrimentos e o mosteiro dos jeronimos, que respectivamente simbolizam a opressao falico-cristã, a emigração forçada e o sexismo onomastico. o governo recomenda que nao se venda batatas desta marca. que se opte pela vodafone. que igualizemos a coisa humana conforme a constixão. que o suor seja puro. post escrito num Huawei P8 Lite só com um dedo. boa tarde.

publicado às 18:22

Da violência política

por Samuel de Paiva Pires, em 23.08.17

Niall Ferguson, "There's more than one side to the story":

I do not remember Biden, much less his boss, tweeting “There is only one side” after any Islamist atrocity. On the contrary, president Obama often used his considerable eloquence to make just the opposite point. In his speech following the 2012 Benghazi attacks, he even went so far as to say: “The future must not belong to those who slander the prophet of Islam,” as if there were some moral equivalence between jihadists and those with the courage to speak critically about the relationship between Islam and violence.

Last week one of the chief executives who repudiated Trump, Apple’s Tim Cook, announced a $1 million donation to the Southern Poverty Law Center. Yet that organization earlier this year branded Ayaan Hirsi Ali (full disclosure: my wife) and our friend Maajid Nawaz “anti-Muslim extremist.” That word “extremist” should be applied only to those who preach or practice political violence, and to all who do: rightists, leftists, and Islamists.

Trump blew it last week, no question. But as the worm turns against him, let us watch very carefully whom it turns to — or what it turns turn into. If Silicon Valley translates “There is only one side” into “Censor anything that the left brands ‘hate speech,’” then the worm will become a snake.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 12:22

Freak show

por Fernando Melro dos Santos, em 21.08.17

Um maluquinho no DN encontrou os 0.072% de muçulmanos em Barcelona que supostamente repudiam o atentado. Vai daí sai uma peça intitulada "o problema é o terrorismo e não o Islão". Ora eu também acho que o problema em 1939 foi a guerra e não o nazismo.

Entretanto, a direcção do Pravda-nas-Laranjeiras opina que o importante é fazermos a nossa vida normal, como o binómio Marcelfie-Monhé a beber café nas Ramblas. Era um guarda-costas e dez snipers para a mesa do canto, oh faxavor, que eu quero ser normal.

Vou caminhar.

 

publicado às 08:19

Atentado na Catatonia

por John Wolf, em 19.08.17

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Enfrentamos um falso dilema ideológico. Os governos de Esquerda invocam que a sua natureza não é securitária. Defendem as liberdades individuais e o direito à criatividade, mas sabemos - porque a história é tramada e não mente (embora existam revisionistas!) -, que foram também regimes estalinistas e que são regimes de inspiração maoista que mais controlam (ou controlaram) os seus cidadãos. Os atentados de Barcelona remetem-nos para a Catalunha, e simultaneamente para a catatonia, ou seja, a forma de esquizofrenia que se caracteriza pela alternância de períodos de passividade e de excitação repentina. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa diz que "não há razões para alarmismos" e, deste modo, preenche uma das metades do estado catatónico. António Costa também lá anda na mesma ala de prejuízo e inconsequência. A geringonça, que saúda a estirpe revolucionária de um Manuel Alegre inspirador, tarda em dar conta do recado. Portugal está à mercê, pôs-se a jeito. Enquanto deglutem as mortes da avó e da neta, esquecem a geração do presente, aquela ensanduichada na mesma irresponsabilidade que grassa de Pedrógão a Tancos. A Esquerda ainda julga que existe um oásis moral, uma reserva intangível. Será expressamente proibido efectuar controlos aleatórios de cidadãos nas ruas pejadas de turistas. Está completamente vedada a colocação de barreiras físicas nas portas da Rua Augusta. É totalmente inconcebível colocar militares na ruas. Porque tudo isso é obra para o diabo  - a Direita que deve carregar o regime securitário às costas. Quem disse que a festa do Avante não é um soft target? O governo está à espera que elas aconteçam. Desse modo, pode alinhar-se com os países civilizadamente evoluídos que já viram os seus corações destroçados. Até uma criança pode entender o guião, a argumentação subjacente. Estão à espera de um estoiro de dimensão assinalável para poderem justificar as tais medidas securitárias. Inventaram a figura de estado de calamidade preventiva, mas não pescam nada de nada do mundo perigoso em que vivemos. Tenham cuidado. Ninguém vos protege. Estão sós. Estavam.

publicado às 19:47

Pimenta no cu dos outros

por Fernando Melro dos Santos, em 19.08.17

Este artigo de hoje é de uma alarvidade colossal, e ilustra bem o plano das esquerdas para um Mundo "justo e livre", e que vem sendo executado paulatinamente sob o estupor amorfo das massas, massinhas e maçonas. 

Salvai o planeta!, que nós viajaremos de avião a toda a parte para melhor vos informar.

Fazei filhos mestiços!, que nós tê-los-emos aos pares, bem alvos e de casta autóctone.

Sede ciganófilos!, mas lá longe enquanto aqui nós laboramos na vossa reeducação.

Derrubai o General Lee!, não toqueis porém em Chávez, um defensor do proletariado descalço.

E, claro, acabai de vez com a fome em Africa - dai às criancinhas biscoitos proteicos de belo travo a grilo e tenébrio; nós vamos só ali dar mostras de pluralismo em doses moderadas de sushi, hamburgers, e postas de cherne.

Começa a ser acrobática a oscilação entre a aleivosia e a estupidez grosseira.

publicado às 09:28

Darwin, sushi e a pastorinha das Laranjeiras

por Fernando Melro dos Santos, em 18.08.17

na cabeça evoluida e cheia de omega-3 de leonidio ferreira, os 100% de islamidade verificados nos atentados deste seculo nao devem conduzir-nos a cair na islamofobia. tendo eu conversado no real com esta corpulencia parda, ouso supor que assenta a sua tese na ideia de terem sido pessoas em nome do islao, e nao o islao arquetipal em si, a matar; um pouco da mesma forma que foram pessoas em nome do comunismo, do nazismo e de pazuzu quem perpetrou chacinas sem conta no seculo passado, e nao aquelas construcoes ideologicas nem uma postulada totalidade dos seus seguidores. nao é preciso ser biologo para perceber que o leonidio, tal como o quadros, o markl, a cancia e restantes autistas profissionais, podem ser muita coisa mas certo é, como qualquer não-negacionista do darwinismo pode apurar, que sao produtos de uma especiação diferente da minha e da de gente que seja sadia do encéfalo. a falacia que corre por estas redes fora continua a ser comentá-los e àquilo que escrevem como se de humanos se tratasse, quando seria suficiente comparar, com a devida paralaxe, a qualidade e o teor do séquito que os acolita para concluir pela gargalhada. desculpem la a falta de acentos mas estou de luto, a escrever sem tempo e sentado num wc.

publicado às 06:49

A geringonça e as barrigas privadas

por John Wolf, em 08.08.17

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Tudo se compra, tudo se vende. Sim, tudo se transforma. Não sei qual a tabela praticada, mas as peças saem por encomenda. Eu aprecio estas reportagens de jornal que sabem inclinar o campo de jogo, que contam metade da história e que se esqueçem de alguns detalhes. A geringonça está por detrás disto, como está em cima dos acontecimentos. O aumento recorde, Guinness dirão alguns, do número de contratos públicos e respectivos valores é realmente uma coisa formidável. Gostava apenas de saber se é com o dinheiro das cativações, com o aumento de receitas fiscais ou com o aumento da dívida pública que fazem a festa? A quem ficam a dever? Simples. A resposta é simples. Serão os portugueses que pagarão a dívida a si mesmos. Costa bem pode agradecer o agachamento de juros e o beneplácito do Banco Central Europeu que continua a molhar a sua mão visível no alguidar de poncha financeira. Sou fã ferveroso dos ajustes directos. Essa modalidade prescinde de tangas, de aquecimento, de preliminares. É sexo duro, contra a parede, com pés de barro que fazem estremecer, vibrar. O ajuste directo é uma espécie de assédio glandular de grande angular. É a expressão mamária em todo o seu esplendor. É dar a chupar àqueles que mamam, mas que quando passarem a fase do desleite, ingressarão logo na falange de apoiantes do regime, à espera de mais. O grande problema de toda esta excitação tem a ver com um pequeno apêndice. Esta fartura de contratos públicos tem um efeito limitado na dinamização da economia. Por outras palavras, embora os queiram alugar como indicadores de vigor económico, a verdade é que os contratos públicos revelam mais sobre a disfunção da economia do que a plenitude da sua virilidade. Mas nada disto tem importância. O dinheiro não é deles. É dos portugueses. A geringonça fornece apenas a barriga.

publicado às 14:05

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