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Medidas de austeridade aplicadas por este governo do lado da receita retiraram poder de compra aos portugueses, provocando a contracção do consumo interno e aprofundado a recessão, levando a um decréscimo das importações. Empresas do sector de bens transaccionáveis, nesta conjuntura, conseguiram aumentar a sua actividade direccionada para o exterior, aumentando as exportações, o que terá levado a um excedente comercial. Grande parte do meu feed de notícias do Facebook e da blogosfera propagandeia isto como se tivesse sido uma grande vitória do governo, logo legitimando, na óptica de quem assim pensa, a elevadíssima carga fiscal e a degradação da qualidade de vida dos portugueses. Entretanto há crianças portuguesas a emigrar para trabalhar, registamos a 2.ª taxa de desemprego mais alta entre os países da OCDE e o investimento afunda pelo segundo ano consecutivo. Mas o governo está de parabéns, isso é que importa.

publicado às 13:09


7 comentários

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De Lionheart a 11.07.2012 às 15:07

Como é que se está a resolver o desequilíbrio externo? Pelo lado da pobreza, tal como no tempo do Salazar. Podia ser diferente? Podia, se a "Europa" estivesse disposta a meter cá o "carcanhol". Como não está, e ainda quer receber o que lhe devemos e depressa, o que temos é uma enorme falta de liquidez na economia, que faz com não haja dinheiro para consumir. O resultado é o anunciado excedente comercial, embora pela via de uma enorme contracção no consumo e não tanto por um grande aumento das exportações (embora estas tenham aumentado também) porque para isso teria de haver um aumento na capacidade de produção e consequente aumento do "output". Como não tem havido investimento (pelo contrário), não foi isso que aconteceu. E o sector produtivo tem de crescer bastante para absorver os quase 900 mil desempregados (que seriam bem mais se não fosse a emigração, como reconhece Santos Pereira). Com um mercado interno tão deprimido e uma situação internacional em que não se sabe se a própria moeda que circula em Portugal sobreviverá, não há confiança para investir.

As consequências disto a nível de microeconomia, por exemplo, são que hoje em dia a maioria das empresas já não tem "stocks". Como muitas se abastecem no exterior, onde lhes é exigido pagamento a pronto (por causa do "rating" que Portugal tem) estas ou já não concedem crédito aos seus clientes, ou só fazem encomendas mediante encomendas. Poucas compram para ficar em armazém à espera de encomenda, pois a procura diminuiu bastante e assim arriscavam-se a não vender. Mais. Há empresas de países emergentes que desistiram de vender ferro e aço para Portugal, pois o nível das nossas encomendas baixou tanto, que o pouco que venderiam para cá não chegava para compensar os custos com o transporte marítimo.

Devemos pedir mais tempo à "troika"? Depende das condições que nos vai exigir em "tro(ik)a", porque se o Governo está reticente em aproveitar a "boleia" espanhola, não é só por querer fazer boa figura. Além disso, não deve haver ninguém mais farto da "troika" do que o Governo, que tem de levar com eles a toda a hora. Pedir mais dinheiro ou mais tempo (o que implica mais dinheiro) seria uma humilhação. Dinheiro que se esvairia depressa, e ainda tinhamos de levar com a má cara dos outros, como se nos estivessem a dar o "euromilhões". Queremos, ou não queremos, vê-los daqui para fora? Pode não haver alternativa, mas não se pode pedir mais tempo de ânimo leve, como se isso não trouxesse também consequências negativas para Portugal.
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De Samuel de Paiva Pires a 11.07.2012 às 15:13

De acordo em toda a linha.
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De João Quaresma a 11.07.2012 às 16:07

Muito bom comentário, Lionheart. O mais grave é justamente a questão da confiança: um ano depois e sem reformas de fundo e sem cortes decisivos na despesa corrente (nomeadamente nas PPPs), ninguém confia no país o suficiente para aqui investir. Podem vender a TAP, a NAV e os outros anéis que, a continuar assim, daqui a um ano estaremos exactamente na mesma.
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De Lionheart a 11.07.2012 às 17:07

As PPP's são um enorme berbicacho para o país, não só para o Estado. Alguém tem de pagar porque Portugal endividou-se lá fora e agora tem os credores à perna. Imagine-se que o Estado se recusa a pagar. Pagam as construtoras e os bancos. Nesse caso ficariam em causa o nosso sistema financeiro (por mais detestáveis que sejam alguns banqueiros) e as maiores construtoras. Mais uns valentes milhares para o desemprego. Não vejo como o Estado pode escapar. Ou paga de uma maneira, ou de outra, porque o mal está feito. Mal esse que foi lançar obras para dar negócio a bancos e construtoras sem que as mesmas se justificassem, porque se fossem investimentos rentáveis o problema não se punha.
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De João Quaresma a 11.07.2012 às 21:11

Uma coisa é certa, a economia não aguenta. As construtoras já estão a rebentar por si, pela queda do mercado. Penso que no caso das PPPs alguém terá que rebentar, e não será o Estado.
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De Lionheart a 11.07.2012 às 21:21

Então será a banca a rebentar. De uma forma ou outra, vamos todos pagar esta brincadeira, porque as PPP's são a nossa "bolha".
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De João Quaresma a 11.07.2012 às 22:40

Infelizmente, não é a única: há a bolha imobiliária, de que ninguém fala para fingir que não existe. Mas continua lá.

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