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Viagens na minha terra.

por Cristina Ribeiro, em 27.05.13
" É um belo percurso, com admiráveis relances panorâmicos. Os olhos não se cansam de percorrer montes e vales, despenhadeiros e barrancos, verdadeiros trechos de pintura romântica, a par de fugitivos quadros de penetrante intimidade. ( ... )
A paisagem duriense é inteiramente diferente de toda a paisagem do País..Como desenho é forte e doce; pela cor,azul e verde; pela expressão, violenta e carinhosa ( ... )
Onde o Marão avança, logo o Montemuro recua. No fundo, o vale do Douro nasceu da luta entre estas duas serras tremendas. (... )
Em boa verdade, o Douro é talvez a região onde se trabalha mais em Portugal. A terra áspera e íngreme, onde, pela disposição, nenhum mecanismo agrícola pode ser empregado, é toda laborada a aço e a pulso.
De grandeza nem falemos. Quem vê o Douro do Alto de Mesão Frio ou do Vale Claro, na estrada de Resende a Lamego, é como seolhasse uma gigantesca taça de bordos de bronze "                              
                                    Pina de Morais, « Guia de Portugal »
Havia já a intenção de voltarmos ao concelho de Lamego, e, depois, perdermo-nos por essa prodigosa Província do Alto Douro. Mas o propósito foi antecipado por repto lançado aqui na caixa de comentários do blogue: " aconselho as cerejas de Penajóia! ".
                                O Marão, vestido com as cores de Maio, ficara para trás já. Depois de Mesão Frio, era o Douro Vinhateiro que avistávamos, a caminho de Peso da Régua. Almoço rápido, e seguimos para Lamego. A Sé que está em obras, mas que pudemos visitar. O castelo, ao cimo de um caminho muito íngreme, em obras também. Dentro do recinto amuralhado, ruelas estreitas levam-nos até à lindíssima igreja de Santa Maria de Almacave, onde se terão realizado as primeiras cortes do Reino de Portugal, corria o ano de 1143, logo após a assinatura do Tratado de Zamora.
Hora de buscar as afamadas cerejas da última freguesia do concelho de Lamego, antes de iniciar-se o de Resende, famoso também pelas mesmas razões frutícolas. E que vistas se alcançam dos seus miradouros sobre o vale!
Deliciosas as cerejas!!!

Voltamos a Peso da Régua e tomamos a estrada para o Pinhão. Pelo caminho placas a indicar que por ali poderíamos ir a Tabuaço, S.João da Pesqueira e Armamar. É Tarde já e alguns destinos ficam adiados: na volta do Pinhão iremos a Armamar.

Subíamos a serra, já no regresso de terras de Alijó, e ficávamos " sem fôlego " perante tanta beleza que da encosta avistávamos!
Na freguesia, sede de município, uma construção medieval a obrigar uma paragem: é a igreja matriz, dedicada a São Miguel.

Perguntamos pela ermida de São Domingos:  fica no alto do monte que dali se avista. Mais, que não maior, porque " melhor é impossivel ", deslumbramento!
Pena a ermida, situada em lugar paradisíaco, se encontrar em obras, tendo em vista, talvez, próxima romaria, e totalmente escondida dos olhares curiosos por altos taipais. Havemos, se Deus quiser, de voltar!
Mas agora a noite aproxima-se já, e é tempo de regressar.

publicado às 19:13


2 comentários

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De Duarte Meira a 27.05.2013 às 21:50

« As primeiras cerejas cativam os olhos de toda a gente. Quem vê ou quem prova a primeira cereja exclama: Ano melhorano! – Há também quem diga, mais pausado: Ano, melhor ano!

As cerejas servem de adorno. Os boieiros prendem-nas às molhelhas dos bois. As crianças põem-nas ao dependuro das orelhas, como brincos. Mulheres há que demoram tempo infinito uma cereja rubra entre os dentes brancos.

A terra das cerejas é a Penajóia. Muito anchos desta regalia, costumam os da Penajóia dizer em Maio e Junho, quando alguém lhes pergunta de que terra são:

Sou da Penajóia!
A espada vai na burra!
Se quer alguma coisa,
Salte cá prà rua
.

Fora do tempo farto, se alguém perguntar de que terra é a um da Penajóia, ouvirá a seguinte lamúria: - Sou da Penajóia, meu senhor… Daquela penada terra…
Contam-se estas coisas, mas não serão verdade. Como também dizem que os da Penajóia, se virem que o pássaro lhes foge com uma cereja, vão atrás dele até ao calcanhar do mundo, para que o caroço não fique em terra estranha.

Verdadeiro é o seguinte ditado, corrente em todo o Douro:

Do castanho ao cerejo
Mal me vejo.
Do cerejo ao castanho
Bem me abanho
. »

"Abanho" é "avenho", no sentido de "cá me vou mantendo/sustentando".

Quem assim escrevia, Cristina, era um escritor a quem Aquilino tratava por "mestre": - João de Araújo Correia. E muito justamente.
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De Cristina Ribeiro a 27.05.2013 às 22:16

Duarte, 
Desse amante da escrita de Camilo li só, ainda, Terra Ingrata, mas ficou a vontade de ler mais.








Agradeço o bom conselho :)

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