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Armas em boas mãos (2)

por Samuel de Paiva Pires, em 24.08.08

Nuno, permite-me discordar de ti, algum dia tinha que ser ehehe :p)

 

No seguimento das afirmações infelizes do Director Nacional Adjunto da Polícia  Judiciária, Pedro do Carmo, e passo a citar, O sentimento de insegurança dos cidadãos é algo que é recorrente. Não está ao alcance das autoridades policiais eliminar completamente esse sentimento de insegurança. Todos nós temos que aprender a viver com um sentimento relativo de insegurança. Tal como temos medo de ter doenças, tal como temos medo que algo nos aconteça, naturalmente, a perspectiva de se ser vítima de um crime não pode ser desvalorizada, parece-me que breves considerações devem ser tecidas.

 

Cai muito mal proferir publicamente que temos que aprender a viver com um sentimento relativo de insegurança, não porque não seja verdade, até porque o simples facto de vivermos pressupõe pelo menos um risco ao qual estamos sujeitos permanentemente, o da morte, mas porque incita precisamente os cidadãos a protegerem-se com mais afinco perante um panorama de escalada de violência traduzida em numerosos e cada vez mais violentos assaltos e homicídios.E por mais afinco entenda-se precisamente o recurso a armas, instrumento que abunda em Portugal.

 

Das lições de Ciência Política, que não foram assim há tanto tempo quanto isso, recordo-me que umas das funções do Estado, dependendo dos autores e pontos de vista, como em tudo em ciências sociais, é precisamente providenciar aos cidadãos uma efectiva garantia de segurança e acrescento ainda o sentimento  naturalmente decorrente dessa. Caso contrário,numa situação extrema corre o risco de se tornar um estado falhado (Somália, Iraque, Afeganistão - mesmo que alguns não o sejam de acordo com a literatura e critérios ortodoxos, quanto ao critério acima referido vamos aqui tomá-los como tal), ou então pelo menos torna-se um país extremamente violento (Brasil por exemplo).

 

Quanto ao nosso país, o tal dos tantas vezes evocados e outras tantas ou mais não praticados "brandos costumes", obtém nos rankings internacionais sempre grande destaque como um dos países mais pacíficos e seguros do mundo. É algo efectivamente traduzido na realidade quotidiana do nosso país e a que a maioria dos portugueses já está habituada, independentemente do sempre evidente risco decorrente apenas da nossa mera frágil existência.

 

Ora se as autoridades competentes mal conseguem lidar com o panorama a que temos vindo a assistir, até porque muitas vezes são extremamente criticados,  (veja-se o caso dos reféns no BES que terminou com a morte de um dos assaltantes, acção policial muito criticada, inclusive pela irmã do indivíduo em causa que ainda teve o desplante de ao telefone do Brasil dizer que não consegue entender a acção da polícia, quando no Brasil a polícia se pauta precisamente pelo velho ditado de "disparar primeiro e perguntar depois" e é aquilo que todos sabemos, como se pode aferir por exemplo através do tão balado filme "Tropa de Elite"), e perante as afirmações acima referidas, é apenas natural que cada cidadão tome medidas para providenciar a sua própria segurança, nomeadamente através do recurso a armas.

 

Quanto ao desarmamento da população parece-me que tal acabaria provavelmente por ter um efeito contraproducente, incitando ainda mais a criminalidade, pois tráfico de armas haverá sempre, os criminosos terão sempre maneiras de as conseguir para com essas atentar contra a segurança do cidadão comum. Claro que eu gostaria muito, como me parece que todos gostariam, que tal fosse possível, mas não sendo, temos que lidar com estes fenómenos da melhor maneira possível, independentemente dos danos colaterais daí provenientes como as rixas entre familiares ou vizinhos que por vezes terminam em tragédia. E claro que também haverá sempre a possibilidade de desacatos de tal ordem que levariam a conflitos armados, num extremo a um levantamento ou guerra civil. Mas é precisamente às forças de segurança que compete evitar e/ou minorar tais eventuais ocorrências.

 

E como tal será apenas normal que se comece a assistir a represálias contra os criminosos que se aventurem por propriedade alheia, o que acabará por incutir algum receio nos eventuais perpretadores de actos violentos, levando naturalmente à diminuição da criminalidade. Lembro-me por exemplo da violência contra os taxistas que aqui há uns anos foi muito noticiada. Alguém se recorda de alguma medida tomada por vários taxistas para evitar/minorar eventuais assaltos ou actos violentos contra a sua pessoa? Pois, isso mesmo, muitos arranjaram armas.

 

post scriptum - Escrevo isto depois de ter passado a noite a escassos 2 km do local onde ontem assaltaram um casal de idosos no concelho de Ferreira do Zêzere, pondo ainda fim à vida da senhora. Devo dizer que me sentiria muito mais seguro com uma caçadeira ou um revólver ao lado da cama se morasse habitualmente num local isolado.

publicado às 01:59


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