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Desta vez há que elogiar o serviço que a SIC N prestou ao transmitir a série 37 Days, da BBC.
Quase todos apontam a Alemanha e o Kaiser Guilherme II como os únicos responsáveis pela eclosão do conflito, mas a verdade foi desde sempre conhecida, embora escassamente aceite pelas multifacetadas opiniões públicas.
O resvalar para a guerra obedeceu aos interesses de cada uma das grandes potências e a uma miríade de enganos, mal-entendidos, expectativas goradas e vaidade de alguns dos intervenientes, um jogo perigoso que conduziu a Europa à destruição. Infelizmente, os autores da série não se interessaram pelo decisivo papel representado pelas autoridades da Sérvia, ansiosas pelo liquidar da Áustria-Hungria. O governo de Belgrado claramente patrocinava os grupos subversivos e a pegada Dimitrievic era muito evidente, sendo difícil separar a condescendência dos governantes de Belgrado, da autoria moral e material do crime de Sarajevo. Outro aspecto que é uma novidade para a maioria dos telespectadores, será a imagem que nos fica dos soberanos das principais monarquias em liça. Os imperadores da Áustria e da Alemanha, o czar e o rei Jorge V, parecem muito cerceados daquele poder omnipotente que lhes era atribuído - especialmente no que se refere aos três imperadores -, evidenciando-se então o papel desempenhado pelos diplomatas onde Paul Cambon surge de forma episódica mas decisiva, as discórdias entre os membros dos governos das potências - sobressaindo o relativamente prudente chanceler Bethmann-Hollweg - e também, a pressão exercida pelos militares. Um mês de decisões erráticas, hesitações e porque não dizê-lo?, de múltiplos e recíprocos wishful thinking que levaram a Alemanha, Áustria-Hungria, Rússia, a França e o Reino Unido à guerra.
Uma série a não perder.