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Isto é mais realidade que fantasia

por Nuno Castelo-Branco, em 27.09.08

publicado às 16:51


6 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 27.09.2008 às 21:32

Pois é, CMF, estamos então a falar de elites. Há uns anos estive (apenas, confesso) um mês em Nova Iorque e acredite que frequentei certos meios considerados "da alta". Fiquei absolutamente estarrecido com a ignorância mais crassa, a falta de interesse por tudo aquilo que os rodeia! Inacreditável, até os conceitos mais básicos - em gente da zona de Park Avenue, pois esta reportagem cinge-se à micro-burguesia e algo mais - passam ao lado dawquela gente. Até lhe direi uma coisa que aos seus olhos me fará parecer um pobre imbecil.
Como não consigo separar as cidades das suas gentes, confesso que detestei Nova Iorque. Visitei os "locais de culto" que tem a qualidade que lhes é legitimamente reconhecida. Gente malcriada, brutinha, egocêntrica, do "patrício ao mitra de rua", foi o que vi e senti. Não gostei mesmo nada. E ainda por cima, fui a NY depois de ter visitado megalópoles asiáticas. Bombardeado ao longo de décadas com imagens da Big Apple, não me impressionou nem um bocadinho. de tal forma que nunca mais lá voltei, nem me parece que lá volte em breve. Em termos de cidade, Los Angeles - feiosa, arrastada e caótica lepra de betão que se espalha por dezenas de km - agradou-me mais, exactamente por causa das pessoas.
É claro que as universidades americanas são boas e mesmo aqui há que fazer distincções, porque a maioria sabemos bem o que valem. Não estamos aqui a falar da UCLA, Princeton etc. São boas e caras, fazendo-se pagar muito bem.
O nível geral é baixíssimo e olhe para os políticos deles. Até os nossos são crânios de intelectualidade se os compararmos com a bestinha Palin e a emptiness do Obama e do outro. para não falar da trivialidade Kennedy, Clintos, ou Carter. O Nixon era outra coisa. Batoteiro, mas com substância. O Roosevelt era um pateta que nos deixou os russos em Berlim e outras grandes asneiras mais.
No caso português, concordo consigo, pois embora o ensino seja acessível a mais pessoas, a qualidade do mesmo caiu estrondosamente desde o 25 de Abril. Contra factos não há argumentos.

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De CMF a 28.09.2008 às 05:26

Nuno, não são apenas as universidades de elite que fazem a diferença nos EUA. Mesmo as de "segunda" linha (e algumas até estatais) têm um desempenho que envergonha algumas das melhores escolas europeias. O ensino superior europeu (e estou principalmente a falar na área da investigação, mas tudo está ligado, claro) depende quase a 100% do financiamento público, o que faz com que se gaste tempo e energias a tentar perceber critérios, obedecer a critérios (mesmo que isso implique pôr em causa a qualidade científica), e finalmente "sacar" o tão desejado dinheiro. Portugal é um caso desesperado, é verdade, mas é também um fruto do sistema europeu. Por isso tantos investigadores, portugueses e não só, preferem um lugar numa universidade americana de segunda ou terceira linha, do que procurar colocação numa "conceituada" da sua terra natal (eu é que tenho um fraquinho pela Europa, embora aliado a um certo cepticismo, caso contrário já estava a procurar um lugar do outro lado do charco há muito tempo; trabalha-se melhor). E não é só pelo dinheiro, pois se é verdade que se paga bem, também é verdade que não existe a estabilidade laboral (e ainda bem, para o ensino americano) que existe na Europa.

Sobre Nova Iorque, e fazendo um pouco de conversa de café, só posso dizer bem. Sou um deslumbrado pela cidade, desde que lá passei pela primeira vez, numa tarde fria de Inverno, há nove anos. É, para mim, A Cidade, o acme da civilização moderna, o paraíso do urbanita convicto. Tenho também opinião diferente sobre as gentes (uma opinião superficial, de visitante, apenas). Não as vejo como seres superiores, claro, mas também não encontro matéria para me indispor mais com os nova-iorquinos do que com qualquer nativo de qualquer cidade do mundo. E não posso deixar de me deslumbrar com a delicadeza de certa gente que percorre os cafés, os alfarrabistas, as galerias. (Um homem atende o tm, recentemente em NY: I can’t talk loud now, I’m in the cafe, let me go out…). Há “gente malcriada, brutinha, egocêntrica”, obviamente, mas isso também eu vi, e muito mais intensamente, há alguns dias, e só para dar um exemplo, entre os nossos “patrícios” de Bruxelas. Gente mesmo muito brutinha a viver no centro da Europa.
(Note como Nova Iorque quase se antropomorfizou, e deu origem a uma infindável produção artística, no cinema, na literatura, na fotografia. Nova Iorque é uma musa, universal, e poucos lugares têm esse dom. Sobre NY, Nuno, penso que temos que concordar que discordamos :) )

Quantos aos políticos, estão bem uns para os outros, actualmente, europeus e americanos. Mas a classe política portuguesa já bateu tão fundo, que nem deviam entrar nestes jogos de comparação. Obama, ao lado de Sócrates, é um animal político, como se costuma dizer, e isso não abona nada em favor deste (desse) regime. (E Zapatero, a quem o poder caiu no colo, é uma nulidade que apenas pretende criar uma nova Espanha à medida das suas ideias progressistas. E Sarkozy, que tanto prometeu no início, pois parecia trazer uma ruptura com a velha França refém da geração de 68, deixou-se cair num triste circo mediático. E podíamos ir por aí fora… penso que a Europa, neste momento, não pode dar lições a ninguém no que diz respeito a regimes e seus tutelares.)

Um abraço
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De CMF a 28.09.2008 às 05:37

Nuno, só mais uma coisa. Julgo que o ensino básico e secundário perdeu muita qualidade nos últimos anos. Mas o ensino superior melhorou com o 25 de Abril. E por uma razão muito simples: porque tinha que melhorar. O ensino superior implica investigação, contacto com os pares, competição. E nada disso havia no regime anterior. O ensino superior, num país pequeno e fechado, está condenado à estagnação. Entretanto, como era de esperar, o novo regime tratou de boicotar essa melhoria, estragando o ensino secundário, facilitando, aumentando absurdamente o número de vagas de certos cursos, e burocratizando ainda mais as funções de professores e investigadores. O ensino superior em Portugal está estagnado, dominado por uma classe que se eterniza nos lugares de docência, e invadido por uma horda de bárbaros, de gente impreparada, cívica e culturalmente. São as consequências do "trabalho" de um dos monstros da democracia, o Ministério da Educação.

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