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"Quando começou a divulgar os resultados das prospecções arqueológicas sobre as ruínas de um velho povoado, que nas suas memórias de infância persistia como uma cidade de mouros, Francisco Martins Sarmento afirmou-se como um vulto de primeira linha na cultura europeia de finais do século XIX. A sua obra atraiu a atenção da Europa culta do seu tempo para a Citânia de Briteiros e ajudou a projectar internacionalmente a sua terra: Guimarães.
Para mostrarem o seu reconhecimento, os seus conterrâneos projectaram erguer-lhe um monumento. Sarmento recusou. Perante a persistência dos promotores da iniciativa, o arqueólogo acabaria por aceitar a homenagem, impondo uma condição: que, em vez do monumento, fosse criado um instituto, que, assumindo-se como um organismo vivo, prosseguisse uma missão de elevação cultural da população.
Na manhã de 20 de Novembro de 1881, realizou-se numa sala da extinta Assembleia Vimaranense, uma reunião (...) em que foi decidida a criação de uma associação, com o nome do arqueólogo, a qual promoveria o desenvolvimento da instrução primária, secundária e profissional.
Os fundadores explicaram assim o seu projecto: «Poderia erigir-se um monumento em granito ou mármore, abrindo-lhe na base inscrições comemorativas , mas (...) o monumento pode esboroar-se e desaparecer no fragor das tempestades ,ou no vandalismo das guerras; a instituição, se cria raízes, se preenche uma necessidade real, se representa um progresso na educação social, vive além das convulsões, adquire condições de perpetuidade, vive na memória dos que lerem as páginas da sua história»
(...)Mas a actividade dos pioneiros da SMS foi para além da promoção da instrução: desde cedo desenvolveram outras dimensões da produção e difusão da cultura, criando um Museu Arqueológico, que logo se tornou um modelo, abrindo as portas da Biblioteca Pública, lançando uma revista científica, a «Revista de Guimarães».
(...) A Sociedade detém um admirável acervo patrimonial de interesse cultural relevante, de natureza histórica, arqueológica, bibliográfica, documental, artística, etnográfica e científica, com elevado significado para a compreensão, permanência e construção da identidade nacional e local.
(...) Ao longo do tempo, com a persistência da sua acção de defesa e valorização da História de Guimarães, a Sociedade Martins Sarmento contribuiu para a formação nesta terra de uma consciência patrimonial que ajuda a explicar o cuidado e o carinho que aqui têm sido colocados na preservação do legado que recebemos dos nossos antepassados."