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" No pasa nada "

por Cristina Ribeiro, em 07.12.08

o mais grave é mesmo o conformismo  com que as nossas  anestesiadas gentes aceitam este seu medíocre destino.

publicado às 19:23


10 comentários

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De Paulo Cunha Porto a 07.12.2008 às 21:53

No colete de forças de um regime de partidos...
Beijo
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De Ana Vidal a 08.12.2008 às 11:40

Paulo, não sejas faccioso. Uma monarquia também pode ser um verdadeiro colete de forças e, por definição, até tem muito mais probabilidades de sê-lo. O defeito não está na essência da democracia mas na prática que dela fazemos. A democracia é um regime perigoso para a nossa índole conformista? Talvez, mas qualquer outro mais fechado não o será menos.
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De Samuel de Paiva Pires a 08.12.2008 às 13:20

Ana uma monarquia absolutista, coisa que seria impensável nos nossos dias, essa sim é um verdadeiro colete de forças. Uma monarquia liberal, constitucional, parlamentar, como o são as monarquias europeias ou o foi a nossa monarquia desde 1834, são por definição mais democráticas do que um regime republicano onde os partidos esgotam o Estado simplesmente porque o rei e a eventual 2.ª câmara difundem o poder e geram uma dinâmica de checks and balances que impede tiques autoritários. Basta olhar para as monarquias europeias vigentes e depois cruzar com os índices relativos à qualidade da democracia nos diversos países. Por alguma razão aparecemos sempre nos últimos lugares...
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De Ana Vidal a 08.12.2008 às 21:22

Tinha deixado aqui um comentário que não apareceu... o que dizia é que tenho, pelos vistos, muito a aprender sobre monarquias, Samuel.

Admito que as modernas monarquias europeias têm demonstrado ser regimes equilibrados e flexíveis, até porque têm um parlamento com poder executivo, que as regula e "tempera". Mas se são assim é porque se aproximaram da democracia, ou estou enganada?

Seja como for, o que eu queria dizer ao Paulo é que não é justo culpar a essência da democracia, o mal está (em relação ao nosso país, pelo menos) em sermos um povo abúlico e demissionário na aplicação e no uso da nossa liberdade.
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De Samuel de Paiva Pires a 08.12.2008 às 21:38

Ana mas não há uma dialética entre democracia e monarquia, como por exemplo me recordo que Fernanda Câncio há cerca de um ano atrás fazia passar, dizendo que a democracia está associada ao conceito de república, o que é um erro crasso. A democracia moderna começou precisamente numa monarquia (Grã-Bretanha). A democracia em Portugal foi o liberalismo de D. Pedro IV e demais liberais oitocentistas que a trouxeram a Portugal e foi a I República e o Estado Novo que representaram o rompimento com a democracia em Portugal. Ainda assim, claro que sim, foram as monarquias que se aproximaram do conceito moderno de democracia, até porque praticamente todos os regimes eram monarquias, só a França e a Suíça não o eram quando se dá a implantação da I República.
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De Ana Vidal a 08.12.2008 às 21:55

Será então um erro crasso, e nunca tinha pensado nisso por esse prisma. Instintivamente associo a democracia à república e nunca à monarquia, possivelmente pela impossibilidade de eleição livre dos governantes, que a sucessão monárquica impõe. E que é, já agora, o meu principal óbice quanto à monarquia.
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De Samuel de Paiva Pires a 08.12.2008 às 22:05

Ana mas isso acontece quando o monarca é efectivamente governante, ou seja, em monarquias absolutistas que na Europa há muito deixaram de existir. O problema é mesmo esse, é as pessoas associarem democracia a república (quando a I República era tudo menos democrática, especialmente se comparada com o regime anterior), e associarem a monarquia ao absolutismo quando a nossa monarquia desde 1834 que foi uma monarquia constitucional, parlamentarista, liberal, ou seja, o conceito moderno de monarquia. No conceito moderno de monarquia o monarca não é governante, é um símbolo da unidade da nação com poderes muito limitados, um chefe de estado preparado especialmente para tal que carrega o ónus da História da nação que representa, representando-a melhor do que qualquer presidente o possa fazer (é eleito por apenas parte do eleitorado, está dependente de muitos interesses instalados e comprometido porque já fez parte do jogo da politiquice, coisa que o monarca está impedido de fazer). Os governantes, quem tem efectivamente o poder, são eleitos, são os governos, deputados, senadores (ou o que exista, se existir, enquanto 2.ª câmara do parlamento). Se assim não fosse Ana acha que o regime britânico ou as demais monarquias europeias eram sustentáveis? E sem esquecer que as suas democracias são bem mais saudáveis que a nossa...
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De Ana Vidal a 08.12.2008 às 22:36

Caro Samuel, assim de repente ocorre-me dizer que a parte do eleitorado que elege um presidente é, apesar de tudo, maior do que aquela que elege um rei... a sua própria família!
Nada tenho a opor ao papel do rei como símbolo da unidade da nação e seu representante. Mas se o rei for completamente esvaziado de poder e só lhe restar um papel simbólico, então não estamos a falar de uma alternativa mas de uma coabitação entre monarquia e outro qualquer regime que se ocupe da governação. Ou seja, a monarquia não constitui uma verdadeira alternativa, é apenas um parceiro... certo?
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De Samuel de Paiva Pires a 08.12.2008 às 22:49

Se formos aos ensinamentos de Cícero rapidamente nos apercebemos que os melhores regimes são os regimes mistos onde se geram contrapoderes. Na prática, em Portugal há um regime tripartido: monarquia enquanto elemento simbólico e chefia de estado (presidência da república), democracia (primeiro-ministro e governo) e aristocracia (deputados, magistrados). E também na prática, alguém tem a ilusão que qualquer um pode ser Presidente da República? O eleitorado só escolhe à priori, e mesmo assim...E na prática, podemos inventar todas as formas mas a substância será a mesma em todas as democracias liberais ocidentais: o primado do executivo. E é ao executivo que cabe essencialmente a governação, seja em regimes republicanos ou monárquicos. Mas o poder de influência e defesa dos interesses da nação que um Rei pressupõe é muito maior que o de um Presidente da República, pelo que as próprias instituições monárquicas são perpassadas por um sentido de estado que a república nunca conseguirá incutir. E isso em si, é para mim uma alternativa. Em monarquia liberal a governação nunca coube ao Rei. É que se se vir apenas como alternativa o conceito de monarquia absolutista, então eu terei obrigatoriamente que deixar de ser monárquico.
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De Ana Vidal a 08.12.2008 às 23:14

Oh, Samuel, tenho muita dificuldade em ver no nosso Cavaco a figura de um rei (a não ser em forma de bolo...), e ainda maior dificuldade em ver aristocratas nos míseros deputados que nos "representam", com as atitudes pouco nobres a que assistimos todos os dias...

Mas esta minha apreciação foi um fait divers, claro. Brincadeira, embora meio a sério. Voltando ao tema, não concordo inteiramente consigo: depende muito do rei ou do presidente a capacidade de influência no exterior e a qualidade da representação do seu país... não é o regime que lhe dará essa faculdade se ele não estiver à altura do papel, seja ele um ou outro.

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