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Havia já uns bons cinco minutos que ouvia a mãe a chamá-la. Eram, bem o sabia, mais do que horas de levar o comer à bicharia - o balde da lavadura que estaria já pronto para os porcos, o milho para as galinhas...
Mas queria lembrar, mais um bocado que fosse, o dia anterior, a tarde lá na Senhora da Saúde.
Que não, que não ia; queria aproveitar a tarde de Domingo, livre dos muitos afazeres que lhe tomavam o tempo todo, e acabar a toalha que andava a bordar para a madrinha - fazia anos daí a dois dias! -, dissera quando as amigas a foram desafiar - está um dia tão lindo! ; até é pecado ficares assim p'ráqui -
Mas foi. E agora aquele sorriso...
Lá chegadas, logo se aproximou o bando de rapazes que já se encontravam, encostados à parede da ermida. Entre eles, o António, que sempre que por ela passava dava os bons dias de uma maneira que a fazia deitar os olhos ao chão, numa tentativa de esconder o rubor que sentia espalher-se-lhe pela cara.
Mas agora, depois das boas tardes dadas, perguntava-lhe se não queria ir juntar-se aos dançarinos que rodopiavam no terreiro. Que fosse, elas iam já de seguida, empurraram-na as amigas. E depois...
- Pronto, mãe, já vou! E o sorriso continuava a dança da véspera...