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O dr. Mário Soares fala demais, quando melhor faria em encolher os ombros e calmamente dirigir-se ao Bel Canto para um pacato repasto à beira do S. Carlos.
Desta vez, engalinhou-se com a muito provável recondução de Durão Barroso na Comissão Europeia. Torna-se cada vez mais inextricável a linha de pensamento de alegados políticos que se ensimesmam em vãs certezas ou delírios tão infalíveis como uma aposta na roleta do casino.
A vantagem da permanência de Barroso à frente da "UE", não pode deixar de ser encarada como muito importante para Portugal. Não vale sequer a pena enumerar as conhecidas e exaustivamente debatidas razões. Qualquer idiota as compreende.
O argumento da famigerada "foto dos Açores" na qual apenas esteve a mais o primeiro-ministro espanhol, é não só insignificante como demonstrativo da perfeita inconsciência ou desinteresse acerca da política externa portuguesa. Barroso nada mais fez senão cumprir uma linha traçada pela história e que garantiu durante mais de seis séculos a independência nacional. Soares conhece bem as razões e desastradamente pretende querer fazer passar uma imagem anacrónica e já esquecida, de um anti-americanismo de subúrbio. Falando de cimeiras de vergonha, sugeria-lhe uma recordação da Cimeira de Lusaca, onde Soares participou. A contragosto, diz hoje. Mas a sua assinatura consta no documento final.
A arrogante deselegância das palavras, remete-nos uma vez mais, para o desgraçado episódio Nicole Fontaine. Já não é um estadista. Tê-lo-á sido alguma vez? Boa questão.*
*É de elementar justiça reconhecer que ao longo da sua carreira, M. Soares teve momentos altos, em que o seu posicionamento político coincidiu exactamente com aquilo que é o interesse nacional. No entanto, um estadista deve naturalmente sê-lo a tempo inteiro e não pode tergiversar consoante ódios ou paixões particulares e partidárias, em total oposição à verdadeira grandeza daquele que muitas vezes prescinde dos seus, em benefício de todos. Mário Soares adquiriu por mérito próprio um estatuto que neste regime, o coloca em clara vantagem sobre todos os outros homens do seu tempo.