por Nuno Castelo-Branco, em 01.04.09
Como nota, apenas a eterna questão: não será o presidente uma das componentes do problema?
Ainda há poucos dias afirmou que não tinha soluções, reconhecendo apenas aquilo que sempre pensámos da instituição que por si, pouco ou nada vale. Não é histórica, não empolga, nem sequer empresta a decência necessária para a aceitação popular das grandes decisões que forçosamente terão de ser tomadas. O próprio presidente é uma parte interessada do sistema e foi pela sua consolidação responsável durante mais de uma década, além de representar um determinado sector partidário. É o grande óbice que inibe o restabelecimento da confiança e os actuais sonhos de presidencialização do regime mais não são que o envergonhado apelo ao golpe de Estado constitucional, assumindo o p.r. as funções reservadas ao primeiro-ministro. Uma profunda clivagem política com evidentes consequências de crispação da sociedade, é o que parece ser desejável para os sectores da manutenção da actual situação, pois o sistema manter-se-á absolutamente intacto, regressando o dr. Cavaco Silva à condição de presidente do Conselho de Ministros de uma forma encapotada. Não merece o esforço paliativo. Estamos numa fase de generalizado curto-circuito.