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(cérebro do português médio no que concerne à política)

 

Os partidos portugueses revêem-se essencialmente no socialismo e suas variantes e essencialmente à esquerda - reflexo disto é a promiscuidade entre os interesses de PS e PSD que se revêem na social-democracia, com o CDS um pouco mais liberal-conservador, sem o ser na sua essência, mas situado nas franjas do regime a agir como legitimador da aparente pluralidade democrática, chamado por vezes a coligar-se com os partidos do centrão, especialmente o PSD. Os partidos cujas ideologias são incompativeís com a prática da democracia, BE e PCP, têm entre os seus militantes e simpatizantes muitos dos responsáveis por aqueles "saudosos" tempos do PREC, em que tentavam substituir uma ditadura por outra e subverter todos os princípios da democracia liberal.

 

Os portugueses, na sua generalidade, reconhecem que a democracia é o pior regime excepto todos os outros. Mas, como escreve o Nuno Gonçalo Poças, "Num país em que, após 35 anos de regime, a corrupção impera (sobretudo no chamado poder local democrático), a justiça é uma nulidade, a saúde padece e o ensino embrutece, não há democracia que resista. No fundo, esta democracia é uma fantochada."

 

O povo queixa-se dos políticos que têm vindo há décadas a governar, no que é essencial, à esquerda (moderada vá), e o que é que faz? Vai votar ainda mais à esquerda, aumentando as intenções de voto para níveis como há muito não se via em relação ao BE e PCP e fazendo estremecer o bloco central de interesses que, em nome do realismo e em estado de necessidade, se vê na iminência de ter que assumir uma coligação PS-PSD, os dois partidos sociais-democratas e da esquerda moderada (embora o PSD seja uma amálgama de gente à esquerda e à direita).

 

Algumas conclusões possíveis, tendo em consideração a gravíssima iliteracia dos portugueses em relação à cultura e ciência política: primeiro, os portugueses não são verdadeiramente adeptos da democracia, caso contrário não votariam em partidos da extrema-esquerda que se chegassem ao poder desmantelavam a democracia liberal que somos em três tempos; segundo, os portugueses só vêem a preto e branco, a direita é "má", a esquerda será sempre e eternamente "boa", portanto se uma esquerda não resulta, vamos votar ainda mais à esquerda - isto faz algum sentido? 

 

Entretanto, como escreve o Henrique Raposo, a direita continua ilegalizada em Portugal:


Desta forma, todos os partidos foram forçados - pelo Conselho da Revolução - a aceitar o "socialismo pluripartidário". O trade-off de Costa Gomes evitou a guerra civil, mas matou a diversidade política da III República. Este acordo ilegalizou a direita democrática dentro da III República.

E essa ilegalização criou raízes. Ainda hoje as pessoas falam do "arco governativo" (PS, PSD e CDS) por oposição aos revolucionários (PCP e BE). Este "arco governativo" é, assim, o novo nome de código do 'socialismo pluripartidário'. Ou seja, mesmo quando não está no Governo, o PS 'governa' o país através deste consenso que o PSD e CDS nunca tiveram coragem de romper. 35 anos depois, a direita continua ilegalizada.

 

Para quando um partido verdadeiramente de direita em Portugal? E quando é que os portugueses vão perceber que a esquerda não é moralmente superior, muito pelo contrário, até como se pode perceber pelo (des)governo que nos tem imposto nestes 35 anos?

publicado às 23:23


29 comentários

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De Fulano a 05.05.2009 às 03:58

Tanto génio desperdiçado. Temos aqui a salvação do mundo e ninguém sabe. Têem a cartola cheia de soluções e ninguém os ouve. Uma pena!

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