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devagar cada palavra, como quando, com o mesmo vagar, se saboreia um pedaço de chocolate que se quer lentamente degustar.
Falo daqueles livros de que vamos retirando, a intervalos deveras irregulares, um pensamento que nos deixa a pensar, a meditar ou até a flutuar nas ondas imaginárias de um mar sem sobressaltos.
No caso, de uma dessas reflexões que vou percorrendo sem obedecer a ordem alguma, retiradas do caderno de notas que é o « Diário Quase Completo » de João Bigotte Chorão.
É a ele que vou buscar o que considero ser das coisas mais bonitas que sobre a mulher tenho lido « À clássica imagem da mulher submissa, apagada, silenciosa, que bebe, como palavra revelada, o que o homem diz, vai-se substituindo a imagem, fascinante e provocante, da mulher que tem ideias próprias e discute as alheias. Gosto desta última imagem, se a mulher não toma um irritante ar de sabichona, e consegue manter toda a sua feminina graça. O amor - disse Dostoievsky - é uma forma de luta, e certamente não pensava, quando escreveu isso, só no amor físico. A jovem insolência da mulher que desafia, encantando- o, o homem....»