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A brave british new world

por John Wolf, em 24.06.16

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A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) deve ser colocada na mesma régua de importância histórica da queda do Muro de Berlim, do 11 de Setembro ou do crash bolsista de 1987. O que está acontecer é avassalador. Manifesta-se nas dimensões política, financeira, económica e social da Europa, mas também nas realidades de outros países distantes ou próximos. Por mais que António Costa elenque um conjunto de generalidades sobre o grande desígnio europeu, a verdade é que Portugal sofrerá as consequências do resultado do referendo. A saber; os juros dos títulos de dívida de Portugal terão tendência a agravar-se de um modo expressivo - o Reino Unido deixará de ser contribuinte do pote da UE e, nessa medida, Portugal terá menos a receber e terá de pagar caro o seu financiamento. A valorização do euro face à libra é péssimo para as exportações nacionais, e o sector do turismo sentirá a menor presença de britânicos na época balnear que se inaugura. O processo de saída da UE será moroso e concordante com a cultura burocrática de Bruxelas. Ou seja, será lento e doloroso. O Bank of England acaba de anunciar que tudo fará para estancar a grande volatilidade que se faz sentir nos mercados. O governador Mark Carney informa que planeia injectar 250 mil milhões de libras esterlinas na mercado por forma a acalmar os ânimos, mas, Mário Centeno que vive noutro planeta, assegura que Portugal tem provisões suficientes para fazer face ao descalabro gerado pelo Brexit. Como podem ver, Portugal está entregue à caixa mágica destes lideres. Agarrem-se que isto não vai ser bonito. E faltam as eleições em Espanha. Mas não faz mal, a geringonça tem tudo controlado. Para estes irresponsáveis é: business as usual.

publicado às 13:14

Centeno, um humorista encostado às Cordes.

por John Wolf, em 16.06.16

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Mário Centeno não é Sinel de Cordes. O ministro das finanças pratica outro género de humor. A sua comédia é mais do tipo absurdo. Agora anda a pedir para que invistam em Portugal. E aqui reside uma grande parte da contradição. Portugal não é, decididamente, investor-friendly. Se esta malta da geringonça fosse inteligente já teria criado onshores - zonas de exclusão fiscal no país continental, e em particular nas zonas mais afectados por altas taxas de desemprego, pobreza crónica e ausência de tecido industrial. Simples. Já teria criado mecanismos de financiamento ao nível autárquico como acontece nos Estados Unidos - nunca ouvi falar de municipal bonds - títulos de dívida para financiar obras em concreto que se venham a desenvolver nas autarquias. Mas há mais matéria de nível infantil que não está a entrar na cabeça de Centeno. Um dos pressupostos que empresta confiança a um país consubstancia-se no seu grau de checks, controls and transparency. Ora a Caixa Geral de Depósitos está a ser protegida pelo governo que não apoia a ideia de uma comissão parlamentar de inquérito a seu propósito. Por outras palavras, um investidor estrangeiro nem sequer pode contar com o due diligence do governo nacional. Depois somos confrontados com outra barbaridade do mercado contaminado por preferências ideológicas. As "desprivatizações" em curso enviam um sinal claro a potenciais investidores - Portugal tem sintomas de Venezuela. E isso segue em sentido contrário à ideia de investimento seguro. Sabem lá essas multinacionais se a geringonça de repente decide afiambrar-se do que não lhe pertence com uma taxa inventada à pressão? O Commerzbank tem razão no que afirma. Portugal inverteu o rumo iniciado pelo governo anterior, mas essa mudança de sentido de marcha não melhorou nem o nível de vida dos portugueses nem as condições de atracção de investimento directo estrangeiro. O Centeno e os outros que andam em Paris nem sequer são capazes de esboçar um pacote de oferta para aqueles que venham a ser intensamente afectados pelo Brexit. Afinal o que anda Centeno a inventar para captivar algum incauto? Só pode ser ficção. Um conjunto de baboseiras.

publicado às 08:56

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Mário Centeno pode ter andado em Harvard, mas parece confundir análise fundamental (que uma economia exige), com análise técnica (de que os especuladores se servem). Ou seja, produz estimativas respeitantes ao Produto Interno Bruto (PIB), mas utiliza factores de cálculo que se alimentam da volatilidade na sua forma mais crua. Quando um trader aposta na continuidade do trend de um título, geralmente o mercado passa uma rasteira e inverte. Nem é preciso ser um técnico de primeira para saber ler indicadores básicos. O Relative Strength Index (RSI) é um indicador mais que suficiente para determinar o nível de overbought ou oversold de qualquer posição ou título. O actual governo de Portugal assume, de um modo descarado, um cenário continuado de preços baixos do crude, quando sabemos, olhando para os gráficos, que a inversão estará para breve. E não será suave. Os últimos anos de recessão a nível mundial determinaram um abrandamento acentuado dos níveis de investimento em infraestruturas de prospecção e extracção petrolíferas. Quando houver um movimento correctivo do preço do barril de crude, a violência do mesmo fará cair por terra a ingenuidade (ou cinismo) de António Costa. O efeito de chicote será muito mais amplo do que a irresponsabilidade socialista. O Orçamento de Estado de 2016 baseia-se em pressupostos de extrema volatilidade e depende de factores instáveis, quando deveria espelhar uma visão prospectiva que conseguisse mitigar os elementos conjunturais ou de circunstância ideológica. Mas existe uma certa coerência nesta abordagem. As vistas curtas condizem com o espaço temporal de um governo cada vez mais a prazo. Não é preciso ser a Comissão Europeia, nem o Eurogrupo, nem Wolfgang Schäuble para entender este dilema. A Grécia nunca esteve assim tão longe.

 

Aqui está (em actualização).

publicado às 11:44

DBRS vs. António Costa

por John Wolf, em 06.02.16

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And the winner is....DBRS! Deixemo-nos de danças de salão, de intrigas e rancores ideológicos. O que ontem aconteceu em Bruxelas não foi o resultado de trabalho de contabilistas engenhosos. As convicções políticas foram definitivamente varridas do espectro do processo de tomada de decisões. O malabarismo de números é um apenas: + Austeridade. Seja qual for a fórmula de eufemismo que se escolha, os portugueses vão contribuir ainda mais para salvar os erros de governação de sucessivas gerações. Coloco-me, deste modo, à margem de preferências partidárias, como se fosse uma parte não interessada. Mas não é verdade. O que se passa em Portugal é excessivamente importante para ser menosprezado. Ficou demonstrado que os mercados continuam a falar mais alto. Uma "mera" agência de rating encostou os socialistas, os bloquistas e os comunistas às mesmas cordas. Os grandes investidores, os lobos de Wall Street, os chefes de Hedge Funds e os gestores de Government Bonds encomendaram o serviço à agência de rating canadiana. Ou estás connosco, ou levas com um downgrade que fará disparar os juros da dívida pública - é isto, em traços largos. É assim que funciona lá fora, no mundo cruel, hardcore. O mais alarmante, contudo, tem a ver com a parcela atribuída em sede de Orçamento de Estado ao departamento de "estímulos à economia". Até parece uma piada de mau gosto. 140 míseros milhões de euros para lançar novos incentivos ao investimento? A espinha dorsal de um país, que permite devaneios de funcionalismo público e extravagâncias de outra natureza, foi simplesmente preterida. Sem uma economia vibrante não há nada que se possa fazer a seguir. A não ser que o pressuposto seja esse mesmo. Garantir a continuidade de dinheiro fresco de entidades externas, comprometendo de um modo ainda mais intenso o nível de dívida e a competitividade da economia. Por outras palavras, António Costa e Mário Centeno são apologistas do pobre "coitadismo" de Portugal, eternizando um problema de auto-estima que já está cravado na matriz nacional há demasiado tempo e acentuado sempre que os "subvencionistas" socialistas chegam ao poder. Não se escutou da parte deste governo uma palavra sequer alusiva à grande estratégia nacional. Tiraram uma fotografia que é igual a tantas outras gastas. O Orçamento de Estado de 2016 espelha o passado. É saudosista na sua substância, e retrógrada na obrigação que lhe competia. O Partido Socialista, e as roulottes mais à Esquerda, que andam a reboque ou puxam o cangalho, deixaram de ser ideologicamente disciplinadas. Tanto se lhes faz serem marxistas ou social-democratas. Os portugueses, vítimas do arresto parlamentar, não entregaram a chave de sua casa à Esquerda. Assinaram de cruz e passaram a procuração a um módulo de decepção. Mas o mais grave no meio disto tudo é a falta de sinceridade, honestidade intelectual. Foram os de Bruxelas que ganharam. E esses dependem de terceiros.

publicado às 15:12

O perigo de governos míopes

por John Wolf, em 27.01.16

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De nada serve o Tratado de Methuen assinado entre Portugal e Inglaterra  - o governo de António Costa tem a obrigação de delinear uma série de planos B para a eventualidade de uma saída britânica do Euro e muito mais que consta da ementa do quadro internacional. Mas os políticos, na sua generalidade, apenas conseguem ver um palmo à frente do seu nariz, obviando uma visão panorâmica e integrativa de diversos factores de risco. A saber; (aquele que acabo de referir - o Brexit), a crise dos refugiados, a obliteração do enunciado pelo tratado de Schengen e o seu impacto nos assuntos internos da União Europeia nos planos social e económico, a desaceleração da economia chinesa, o efeito cada vez mais minguado do programa de estímulo financeiro lançado pelo Banco Central Europeu, as ameaças terroristas convertidas em actos pelo Estado Islâmico em distintos endereços do espaço da UE, a quebra acentuada e continuada do preço do crude, as implicações da política externa da Rússia no que diz respeito à ruptura de equilíbrios já de si frágeis (no contexto do (des)intervencionismo americano), a (des)democratização da Húngria e da Polónia com efeitos nefastos e contagiantes no demais espaço da UE, a possibilidade de uma vitória presidencial de Donald Trump e a implementação de uma política externa intensamente agressiva, o conflito sírio e as suas ramificações no espaço do Médio Oriente, designadamente no que concerne à relação entre o Irão e a Arábia Saudita, a iminência de mais uma crise financeira com impacto acentuado, numa primeira fase, nos mercados bolsistas, e num segundo momento na economia real dos países desenvolvidos; as crises em diversos países emergentes como por exemplo o Brasil, e por último, num plano doméstico, mas não menos importante, a desagregação do actual governo de Esquerda colado a cuspo, e apoiado em acordos frágeis e de conjuntura que não produzem propostas que merecem a aprovação da Comissão Europeia. Enfim, o que está em cima da mesa é de facto incontornável, seja qual for o governo em funções. Acontece que António Costa e o seu tesoureiro Mário Centeno estimam os seus extraordinários resultados baseando-se no princípio de ceteris paribus, quando é precisamente o oposto que sucede. A realidade é um difícil alvo em movimento. E não me parece que este governo tenha a visão panóptica para sequer equacionar o sarilho em que está metido. Agarrem-se à cadeira. Não tenham dúvidas. Isto vai estoirar. Lá e cá.

publicado às 18:53

Estado de graça e estado de Schäuble

por John Wolf, em 08.12.15

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E prontos, por hoje é tudo. Espero que tenham gostado do programa. Não se esqueçam que a seguir ao estado de graça, segue já a emissão do estado de Schäuble apresentado por Mário Centeno...

publicado às 20:11

Momento Rangel de Centeno

por John Wolf, em 31.08.15

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Mário Centeno também quis ter o seu momento Rangel. O putativo mestre das finanças do Partido Socialista congratula os portugueses pelos indicadores respeitantes ao desemprego - foram os trabalhadores e os empresários que melhoraram os indicadores, e não o governo. Podemos deduzir, por esta lógica da batata, que qualquer governo é dispensável, incluindo um eventual executivo de matriz socialista. Não fica bem a um pseudo-político não dar o braço a torcer. Vá lá, pelo menos o principezinho não afirmou que os números do Instituto Nacional de Estatística só foram possíveis porque a coligação PSD-CDS está no poder. E sabemos porque não o diz. Aquele instituto está carregado de camaradas socialistas, matemáticos caídos em desuso na disciplina de economia, ou que findaram as sabáticas no Instituto Superior de Economia e Gestão. Ah, já agora, passei por essa escola, mas apenas fiz uma cadeira antes de mudar de curso: estatística. O professor era simpático, mas fumava em cadeia. Na sala de aula.

publicado às 17:14






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