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As boas vindas à Guiné Equatorial

por Nuno Castelo-Branco, em 22.07.14

 

Uma tremenda derrota para os sabichões relativistas do "comentoriorismo" televisivo, os das t-shirts do Che e dos cursos de férias em Washington.

 

Aqueles que jamais disseram coisa que se ouvisse acerca de regimes como os dos irmãos Castro e que com toda a bonomia bem convivem com bolivarianismos, daniéis orteguismos dos anos 80 e evomoraleirices, abespinham-se com o regime de Obiang. Não sendo de molde a provocar grandes entusiasmos de partilha de experiências de vida, o sistema vigente naquele país  fronteiro a S. Tomé e Príncipe não se diferencia de sobremaneira daqueles que durante décadas vigoraram nos principais Estados africanos da CPLP. Alguém se recorda hoje do sanguinário, prepotente e totalmente inepto regime de Samora Machel e dos morticínios Por Bem dos governos de Agostinho Neto? Não, não convém recordar essas ninharias, para mais da autoria de grandes libertadores e de excelsos amigos do povo português. 

 

Toda a publicidade televisiva anda em torno do total desrespeito pelos Direitos Humanos e descarado nepotismo do esquema Obiang, dois argumentos suficientes para impedirem o ingresso da Guiné Equatorial na CPLP. Verdade? É verdade. Perguntemos então aos indignados que andam pelo PSD, PS e PC, a opinião acerca do que desde 1975 se tem passado em Luanda e Lourenço Marques, perdão, Maputo. Não é preciso entrarmos em detalhes, todos compreendem o que queremos dizer. Alguns nomes de filhos, filhas e parentes por inerência, sempre efusivamente aguardados na Portela, significam babados negócios e compinchagens com a gente do regime de Lisboa. Veremos se o caso BES não significará mais umas tantas concessões aos aguardados salvadores.

 

A Guiné Equatorial não é um país onde se fale o português, aqui está o segundo argumento do rol. Verdade? É verdade, mas o que dizermos então de Timor Leste, onde decorrida mais de uma década desde a auspiciosa independência, pouco tem sido feito para estender o português à condição de língua franca? Qual o esforço feito pelas autoridades portuguesas quanto a este assunto de interesse nacional? Onde está o aproveitamento da "válvula de escape" para professores jovens e desempregados? Onde? Os indignados que nos esclareçam.

 

A entrada da Guiné Equatorial na CPLP, representa antes de tudo, uma verdadeira oportunidade para o exercício da persuasão das suas autoridades. Os ditadores vão e vêm e como dizia o santarrão Estaline a respeito dos alemães, "o povo fica". A pertença deste país à organização da lusofonia - e correspondentes vertentes da economia, educação, segurança e intervenção poíitica no concerto internacional -, implica a  aceitação de regras aceites pelo regime e decerto não tardarão sensíveis modificações na situação geral, tanto política, como económica e social. 

 

Portugal tem relações diplomáticas com Cuba? Tem, são excelentes e assim deverão continuar a ser, gostem ou não gostem os nossos aliados americanos. Portugal aceita as credenciais dos embaixadores do regime dos aiatolás? Certamente e bem longe vão as indignações contra o governo do grande Xá Reza Pahlavi. Portugal cultiva profícuas relações com a Arábia Saudita, China, Cuba, Qatar, Paquistão? Sim e com todos anseia estabelecer proveitosos negócios. Não existem por aí uns tantos Bernardinos que não estão seguros de a Coreia do Norte "não ser uma democracia"? Pois é mesmo assim. 

 

Seja então bem-vinda a Guiné Equatorial. Contabilizando factos nas imediações da vasta região um dia genericamente conhecida por um certo povo como a Costa da Mina, retoca-se agora mais uma das páginas do nosso álbum de recordações históricas. Desta vez, com uma quase garantida perspectiva de benefícios mútuos, multilaterais. Desta vez e ao contrário de Samora, Neto ou do guineense Luís Cabral, é mesmo Por Bem

publicado às 16:37


1 comentário

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De Pedro a 08.10.2014 às 17:51

Na verdade é uma derrota monumental para a  diplomacia espanhola e nem aquela visita da selecção espanhola aparentemente descabida à Guiné Equatorial e que a grande maioria dos espanhóis não se terá a apercebido bem o porquê, teve o efeito desejado para demover a entrada da Guiné Equatorial na CPLP.
É curioso notar que este ano o ministério dos exteriores espanhol emitiu um comunicado com os cento e tal objectivos da acção do governo de Espanha no exterior e pasme-se ou não, figura o aprofundamento das relações com a Guiné Equatorial, como se costuma dizer vai lá agora com trapos quentes.
Creio que Portugal fez a sua parte do teatro e a meu ver bem, deixou passar a história que ficou encostado às cordas apenas para americano e espanhol verem, para não transmitir um regozijo natural numa situação destas, porque em primeiro lugar capta um país que vai acrescentar mais valia ao nível da exploração petrolífera e que converte a CPLP numa importante detentora de grandes reservas petrolíferas mundiais, ultrapassando os países árabes. 
Em segundo lugar capta um país na orla da francofonia e hispanidade, tirando a Espanha a única pérola em África.
Certamente que Espanha irá à carga tentando recuperar o tempo perdido, mas Portugal sabiamente saberá sair dessa cena e deixar que o Brasil e Angola façam o seu trabalho deixando os espanhóis a falar sozinhos.
É uma derrota clara para os iberistas e seus capachos da comunicação social da praça e devidamente reconhecidos e é de realçar que os anticorpos à entrada deste país surgiram justamente dessas influências que minam o espectro político nacional e dos media pelo grupo Prisa.
É evidente que tudo são falácias, uma Guiné Equatorial no seio da CPLP, só irá melhorar ao nível dos direitos humanos e até contribui para a democratização do país a médio prazo, isto claro se Angola e a própria Guiné Bissau evoluírem nesse sentido como será inevitável pela força das circunstâncias.

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