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De malware a pior

por John Wolf, em 15.05.17

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Sou da geração que leu Alvin Toffler, que assistiu ao advento da Macintosh e que viu nascer a internet. Sou da geração que ainda chegou a enviar telegramas e que achava o FAX uma maravilha tecnológica ímpar. E ainda sou de uma geração que enviava postais e colava o selo com cuspo a partir de um destino de férias. A digitalização do nosso mundo, na maior parte dos casos, não se limitou a limar o presente e a forjar o futuro. Não. As tecnologias de informação foram ao passado exterminar processos arcaicos, físicos. Há inúmeros métodos tradicionais que pura e simplesmente deixaram de existir. A Suécia, considerada a madrinha do modelo de organização social, foi ainda mais longe na senda dessa extravagância modernista e aproxima-se a passos largos da visão utópica - já é quase uma cashless society. As APPs é que estão a dar As notas monetárias e as moedas já se encontram nesse país nos cuidados intensivos, à beira da morte, em estado comatoso. Os malfeitores deste mundo, as organizações criminosas, apenas tiveram de esperar para ver onde se encontravam as fissuras informáticas dos sistemas de administração de organizações públicas ou entidades empresariais para fazerem provar do seu veneno. Os governos puseram-se a jeito. Os media que dão cobertura à epidemia de Malware e Ransomware, apenas recebem migalhas de informação respeitante aos pagamentos efectuados por administrações públicas a redes criminosas. O ataque cibernético da semana passada denominado Wannacry pôs de joelhos o NHS (National Health Service) do Reino Unido e impediu a realização de sessões de quimioterapia ou intervenções cirúrgicas, mas os media disseram que foi coisa pequena que envolveu pagamentos de apenas duas dezenas de milhar de libras. É este o estado em que nos encontramos. Estas sofisticadas organizações informáticas criminosas têm um plano meticuloso de assalto. Será apenas uma questão de tempo até que as revoluções políticas ocorram por asfixia operacional. Se uma qualquer Autoridade Tributária deste mundo for algemada por processos de Ransomware, a única coisa que têm a fazer é pagar. Se não o fizerem as receitas do Estado ficarão comprometidas. Tudo isto tem a configuração de um Matrix invertido ou de Marxismo revertido a favor de máfias planetárias intensamente capitalistas. Mas foi o que as sociedades quiseram, foi o que a cultura determinou. Embora rebuscado, arrancar as vinhas também contribuiu para este estado de arte de riqueza virtual, de meios de subsistência clean, sem terra debaixo das unhas para não envergonhar a geração seguinte formada na universidade e com diploma avançado em sofisticação. A modernidade que rebentou com a mercearia da Tia Alice e destronou o Alfredo dos biscates é a grande culpada. Corremos todos atrás da grande moda monetária, do Simplex. Mas o mal não reside no progresso. Os perigos residem na eliminação dos costumes monetários de troca directa, de pagamento em espécie, e  no valor de geometria variável que nos reduz todos a plástico. Não é só na música que faz falta o sentimento. Em tudo o resto fazem falta doses imensas de bom-senso.

publicado às 12:07


6 comentários

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De pito a 15.05.2017 às 15:36

Lobo! Muito bom, como é seu hábito.
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De John Wolf a 15.05.2017 às 17:52

Grato! Nem sempre, mas por vezes a margem de disparate é menor. Bem haja, Wolf
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De Nuno Castelo-Branco a 16.05.2017 às 07:47

Tens razão e desde já informo que:
1. Não tenho Iphone ou Andróides
2. Não faço pagamentos por net nem sequer sei ou me interessa saber como isso se faz
3. Uso dinheiro "vivo" o mais que posso
4. Não tenho um único cartão de crédito. Não quero nem sequer posso tê-lo
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De Alex a 16.05.2017 às 13:11

Deveriam começar a implementar Linux nas infraestruturas em vez de lixo fechado.
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De Helena a 16.05.2017 às 15:08

Exacto!!!
Também acho uma tolice, essa moda do dinheiro virtual ...
Um ataque informático, e foi-se !!! .... para nunca mais voltar.
Eu gosto de pagar em dinheiro .... tem-se mais a percepção de quanto custam as coisas, e vê-se (literalmente) o dinheiro a desaparecer da carteira .... 🤦‍♀️
Desde que me deixei de cartões, acabo por ter muito mais dinheiro, porque ele não "desaparece" sem me passar pelas mãos ... 
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De Anónimo a 20.06.2017 às 14:00

"Os perigos residem na eliminação dos costumes monetários de troca directa, de pagamento em espécie, e  no valor de geometria variável que nos reduz todos a plástico." Bem metido. Ao ler o post lembrei-me do "Die Hard 4". Noutro dia um cliente pagou-me em bacalhau. Foi o melhor negócio que fiz nas últimas décadas. (E espero que ele também!) Cumps.

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