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Repete-se conto por conto, família a família, desgraça a desgraça. Sem uma única novidade, eis que desfilam caras que podem credivelmente repetir outras de há umas tantas décadas ainda filmadas a preto e branco. Os arquivos contêm quilómetros de filmes guardados e impossíveis de mostrar pela crua violência. Percebe-se a razão para tal desfaçatez. Agora ainda podem fazê-lo de forma mitigada, mas a sociedade e a tecnologia disponível são diferentes e a primeira, mais atenta, envergonhada e miraculosamente dada a causas, dispõe dos meios que para supremo azar de quem pode ordenar, desta vez não deixará passar em claro.
O governo estará a fazer o que todos deveríamos esperar? Talvez, concedamos então o privilégio da incógnita, mas conhecendo a natureza dos políticos do regime, todos eles e sem excepção numa assentada, é cada vez mais duvidoso, para não dizer impossível. Sabemos que o caso Venezuela é melindroso, requer gigantescas cautelas e exige ainda mais cuidados do que o precedente que abrangia uma série de territórios portugueses espalhados por três continentes, cujo abandono apenas pode ser imputado a Lisboa e à sua desnecessária e abusiva rendição incondicional.
A Venezuela é um Estado soberano e facilmente poderá retaliar da pior maneira, bastando para isso o descarado e cada vez mais carnavalesco aprendiz de ditador fazer um daqueles discursos atabalhoados que nem o próprio Chávez ousaria. Soltará facilmente o ódio homicida pelas calles e isso o MNE sabe tão bem quanto a generalidade dos cada vez mais aterrorizados interessados.
Anda este blog a avisar esta certeza há pelo menos dois anos. Urgia fazer os inevitáveis preparativos, mas o encolher de ombros foi a norma, preferindo-se outras prioridades relativamente ingratas, como o país comprovou e eles sabem que nós sabemos.
Avisos sem resultado aparente, embora tenhamos tomado conhecimento de alguns textos passarem pelas secretarias de Estado correspondentes a este tipo de assuntos desagradáveis.
Já não podem ocultar sem escândalo público. Pelo que ouvimos hoje no telejornal da SIC que se deu ao extenuante e inglório trabalho de conceder meia hora de atenção a uns tantos casos relativamente felizes quando comparados com outros, podemos então imaginar o que estará vergonhosamente escondido, as imagens de gente idosa e semi esfarrapada a vaguear pelas ruas madeirenses e a suplicar por uma malga de sopa, numa recriação da famosa cena do filme Oliver Twist dos anos sessenta e o bem conhecido, please Sir, I want some more! Se a SIC transmitiu esta reportagem, é porque se trata de um problema piramidal, imenso e esmagador.
Paradoxalmente ou não, o número de pobres coitados vai diminuindo na contabilidade conta-cabeças por conveniência. Há uns tempos eram um milhão, agora apenas metade ou ainda menos. Parabéns pelo esforço, é o que nos é possível resmungar em incontida revolta.
Já vimos disto antes e agora, em pleno século XXI e perfeitamente conhecidos os factos que nos chegaram em fracção mitigada, repetem ponto por ponto o que sucedeu. O mesmo deixa andar, os mesmos terrores ideológicos retirados de cartilhas que superficialmente conhecem através de umas tantas citações, os mesmos delíquios laxistas e entre outras torpezas, a mesma extrema cautela para não ofender quem deve ser chamado à atenção que nem por sombras merece.
Já vimos disto, na verdade. A história repete-se, contrariando os insuportavelmente arrogantes partisans easy jet-set burgueses do politicamente correcto, provavelmente mais preocupados com as suas férias de verão num resort qualquer. Nem lhes passa pela cabeça o facto de estarem a ser aquilo que desbocada e alegadamente mais detestam: gente má e cruel.
O próximo assunto que se segue? O dossier África do Sul.