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Epitáfio

por Fernando Melro dos Santos, em 23.02.15

Deixa de haver lugar a qualquer exercício de expressão, seja ele motivado por um cúmulo de pressão interna, pela necessidade de ajudar (que não se confunda com as fusões frias que movem os educadores do povo, que a vulgata tem por jornalistas, ministros, e treinadores de futebol) ou ainda por puro egoísmo sindicado na geração que nos seguirá, e quem tem prole e a ela quer bem saberá do que falo.

 

Este país - notem, este país, e não o Governo, ou o Estado, porque ambas citadas encarnações do colectivo pois dele dimanam, do país, que está cheio de "paisanos" - permite e promove, amiúde com gozo grotesco e tribal, que vicejem figuras como Jardim, Soares, Otelo, Marinho, cabeças d'agulha numa pirâmide que é incontável, inumerável e insondável ao reles vil coloidal aglomerado ambulante de matéria taxável que ocasionalmente chega a casa sem sobressaltos. 

 

Este país - vós, retardados - permite que um casal torture dois filhos, que a esse casal sejam reconhecidos direitos humanos, e pede, na mediana, "a pena máxima prevista na Lei", como se a puta da lei, no espírito ou na letra, nao fosse a culpada de tudo quanto aqui nos trouxe.

 

Vejamos a bem do entendimento, e memorai: o eleitorado elege os mesmos de sempre (porque também não há outros, entre a histeria infantil dos que amam os pobres, como bem disse Alberto Gonçalves, desde que permaneçam pobres) e o arremedo de feudalismo grassante na ponta oposta; aqueles, os do meio, os eleitos, em concubinato com os cabrões dos advogados, legisladores, magistrados-sombra, enfiadores de betão e enviados como o Cherne ao cerne da bestial distopia que nos formata os bisnetos, cumprem: alimentam a imutabilidade.

 

Não há como escrever. Não há como exprimir. O reduto final de um homem livre, querendo e podendo fazer algo em prol daqueles que gerou e a quem deixa um mundo pior que o esperado, é fechar-se, remeter-se ao ermitério, desaparecer, calar, calar a voz mas também a baioneta. 

 

E depois emerge sem nada a perder. 

publicado às 12:17







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