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Ele há coincidências tremendas. O fanatismo, em Portugal, sempre esteve bem presente na epiderme dos cidadãos - clubístico, bairrista, beato, neo-ateu, comunista, socialista, novo-riquista, fiscal, enfim um rol que a ser declamado no seu todo daria azo a uma prestação Gongórica.
Ocorreu-me isto, como digo, por haver coincidências que parecem tudo menos tal coisa. Agora vêem-se pessoas em pranto, a carpir, caramba à beira de vagir e uivar em choro compulsivo pela detenção de José Sócrates ao ponto de haver já vigílias, romarias, petições (bom, esta não conta porque até a posse - ó contrasenso - de animais dá azo a petições buscando isenções fiscais) em direcção a Évora. Espera-se uma alucinação colectiva no dia 13 de Dezembro, com o sol a dançar e figuras anciãs, vestidas de branco, empoleiradas num chaparro à muralha norte do reduto onde aprisionaram o Messias.
E não é que existe, justamente, em Évora um bar-restaurante chamado Fanatismo? Pelo que pode ler-se no Trip Advisor, é do tipo adequado ao momento e à geografia, pois as opiniões dos convivas que por lá passaram espelham bem a imagem maior de Portugal: para uns - quase sempre juízes em causa própria - está tudo maravilhoso e deslumbrante, para outros - quase sempre achincalhados pelos primeiros - o grau de exigência é, se calhar, um bocadinho maior.
É isto o fanatismo à portuguesa: não saber distinguir a nuvem de Juno.