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Acabo de regressar da manifestação humana, de homens e mulheres, despidos de ideologia ou partidos políticos, que aconteceu na Praça do Comércio a propósito da falência ética e técnica do presente governo. Para cima de dez mil pessoas estiveram, solenes e dignos, em pose de indignação interior. Não foi necessária uma liderança vocal do protesto, não foram necessários acessórios partidários. As pessoas, toldadas e incrédulas pelo abandono do Estado em Pedrógão, Mação ou Arganil, vieram em paz, à civil. No entanto, o movimento silencioso e sereno foi contemplado por uma provocação com provável origem no governo e as suas filiais de geringonça. Bastou uma pequena seita de provocadores, que hasteou a bandeira da culpa do PS, PSD e CDS, para que alguns arrufos e socos mal orientados decorassem o terreiro do Paço. Os media, que vivem de sangue e emoções à flor da pele, para vender publicidade e comprar tele-espectadores, aproveitaram a pequena deixa para denominar a manifestação de "violenta". A RTP, pertença do Estado e do governo, apelidou o evento de "manifestação contra os incêndios", mas está a ser cínica e a obedecer aos patrões. O protesto foi mesmo contra a inexistência do governo, do Estado. Foi a favor da maior prerrogativa que um Estado deve defender - a protecção dos seus cidadãos. Mais nada.
fotografia: John Wolf