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Punhadas socialistas

por John Wolf, em 24.09.14

Anda tudo espantado com o baixo nível do derradeiro debate televisivo que opôs Seguro a Costa, ou vice-versa. Não se trata de baixo ou alto nível. As coisas são o que são. Ponto final. Não me venham com a conversa de indignação, de espanto pela falta de decoro. As ilusões há muito que foram estilhaçadas. Estes dois políticos resultam do mesmo sistema. Um mais do que outro. Foi a matriz democrática dos últimos 40 anos que autorizou este género de lideres. Ataques pessoais? Não me parece. E pela simples razão dos negócios político-partidários deste país assentarem na premissa da pessoalidade, dos conhecimentos e das amizades. Então, se é essa a prática, a linguagem deve ser coerente com a mesma. Seguro fez muito bem em inaugurar uma série de ataques às condições endémicas do partido socialista, à promiscuidade entre a política e os negócios, contingências essas que são transversais ao universo político, partidário e ideológico de Portugal. Do mesmo modo que se exige transparência, rigor e legalidade na conduta do primeiro-ministro (refiro-me ao caso Tecnoforma), também seria expectável um escrutínio preventivo em relação àqueles que se apresentam como salvadores da pátria, futuros governantes. O que Seguro fez, no terceiro round, nos sucessivos assaltos, nada tem a ver com o sagrado e o profano do discurso político. Todos os Godinhos da cena política nacional devem ser arrastados para a praça pública para tirar a limpo as consequências. O problema, que aflige mais Costa do que Seguro, é precisamente esse. A ideia de que o sucesso político e a consolidação de poder dependem de uma boa rede de apoio que opera nas margens do exercício político em sentido restrito. Ao longo dos anos António Costa praticou a mesma religião de sempre, cultivou as mesmas tradições de envolvimento da sociedade civil a seu favor, em seu benefício. É esse o espólio de que dispõe Costa, designadamente junto dos agentes culturais, dos proto-intelectuais, da boémia das modas lisboetas. Porventura sem o desejar, mas em resultado das condições de disputa, Seguro levanta lebres importantes, mas, o mais provável, à boa moda portuguesa, é que o atavismo ganhe, qualquer que seja o candidato a levar o troféu das Primárias.

publicado às 08:40


6 comentários

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De Diogo a 24.09.2014 às 16:27

Dentro de alguns anos, a Abstenção vai cerrar os dentes e esmagar firme e decididamente a «Partidocracia Representativa», dando lugar à Democracia Direta:
 
Quem esteja minimamente atento à catadupa de embustes, contradições e roubos colossais que as «Democracias Representativas» cometem contra os povos que dizem representar, já terá percebido que não estamos em presença de um «Sistema Político» a funcionar em prol das populações, mas de um Sistema Extorsionário exclusivamente às ordens de uma Elite Financeira.
 
Esta Elite Financeira, que, como diria Eça – é dona de toda a Banca, de toda a Política e de todos os jornais e telejornais, não só traz o povo dependente pelo capital como, injúria suprema, pela voz dos seus Media, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar, e como há-de viver e morrer.
 
As «Democracias Representativas» - filhas diretas das ditaduras – foram congeminadas para lidar com uma população mais letrada. Repetem até à exaustão o slogan da «liberdade» - «liberdade de escolha», «liberdade de opinião», «liberdade de ação», etc. No entanto, toda essa «liberdade» tem sido ditada e conduzida pelas redações dos jornais e televisões (até ao atual advento da Internet).
 
Como afirmou Chris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» "consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objetivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."

Pois bem, é chegada a hora da Democracia Direta. O indivíduo já não vota em «representantes», mas no objeto do seu interesse: seja a construção de um infantário local, um hospital regional ou uma autoestrada nacional…
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De John Wolf a 24.09.2014 às 16:41

Caro Diogo,
Muito grato pelo seu contributo que amplia e completa as minhas singelas considerações.
Bem haja.
John
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De Diogo a 24.09.2014 às 21:52

Foi um prazer conhecer o seu blog.


Obrigado pelas suas palavras.


Um abraço
Diogo
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De Lionheart a 25.09.2014 às 00:44

O Seguro pode ser um banana, mas tem toda a razão no ataque que fez ao Costa acerca da teia de interesses que o rodeia. E vieram logo as "virgens" ofendidas nas TVs após o debate falar em suicídio. Não. Pode não servir para mais nada, mas ao menos foi um serviço que o actual líder do PS prestou ao país, alertando para o embuste que é o António Costa; e que de resto sabemos bem, ou não nos lembrássemos das suas passagens de má memória pelas pastas da Administração Interna, Justiça e agora por Lisboa. Falhanços em todo o lado.


Mas isto não é nada de novo naquele partido, e de resto bem revelador da sua faceta "democrática". Durante um bocado põem um fantoche à frente do partido para aguentar os anos de oposição e depois, quando cheira a poder, em cima da hora aparece o gajo que é para pôr como primeiro-ministro. Foi assim com Guterres (que fez a Sampaio o que Costa está a fazer a Seguro), foi assim com Sócrates (as repercussões do escândalo da Casa Pia no PS e o Sampaio em Belém abriram-lhe o caminho) e agora o Costa, direitinho da CML e da SIC para São Bento, pensa ele. E se calhar ainda com a ajudinha destas trapalhadas com os trocos em que Passos está metido por causa da Tecnoforma, uma merdice em comparação com os MUITOS milhões que o Sócrates, o Costa e o PS custaram ao PAÍS. Digam lá se o pi-esse" não tem muitos amigos, com o caso Tecnoforma a explodir na altura certa. E não querem que o Seguro diga que há muitos interesses  por detrás do Costa? Que ideia!


Agora só falta os portugueses serem BURROS e recompensarem a máfia socialista com o poder em 2015, e depois queixem-se.


PS - Se por causa da Tecnoforma o PSD tiver de mudar de líder, era bem aproveitado...
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De John Wolf a 25.09.2014 às 09:49

Caro Lionheart,
Grato pelos seus comentários que explicam em detalhe a "novela".
Cordialmente,
John 
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De cristof a 25.09.2014 às 15:50

O circo precisa alem dos bons leoes dum domador competente e eficente, que me parece ao fim de tres anos de espectaculo faltar aqui.

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