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Dando conta de mais um camarada mártir às mãos do Estado-sarcófago, mais não posso fazer do que abstrair-me dos capítulos correntes nesta ópera distópica e regressar, um pouco, ao passado.
Corria a década de 1990. António Guterres, uma nulidade processual biológica, assumira as rédeas da carroça macabra que já era o Portugal de então, mal descolonizado de si mesmo entre as heranças da inquisição, do índex, da filoxera, do Estado Pai, dos kolkhozes em Alcochete e finalmente, em auge dourado como o da pintada Danae, da teta farta e sudibunda germinada em Bruxelas.
Desde então, o arquétipo do aluno luso passou a avatarizar, entre inúmeras outras, as seguintes máculas indiciárias:
- obter 11 como resultado da divisão de 200 por 20
- não perceber a utilização do hífen ("ah fodasse!", a exemplo)
- inabilidade de definir um rectângulo sem desenhar uma variante do mesmo
- desinteresse e/ou desconexão com a realidade laboral e financeira do meio
- erros grosseiros de paralaxe ao tentar ler uma notícia
- "attention span" de dez minutos
- correlação negativa, até à terceira derivada, com os valores que criaram a sociedade que o criou
- alcoolismo, depressão, e dissonância cognitiva
- software mental assente, com cofragem adamantina, sobre o relativismo absoluto e a negação da adversidade
- episodios frequentes de desconexao, à espera de instruções de uma casa-mãe em Andrómeda
Qualquer adulto nascido antes de 1976 (eu nasci em '71) sendo ou nao progenitor de uma prole, tendo ou nao lido Gramsci, amargando a côdea rija dos justos ou demitindo-se desta merda toda, saberá que a raiz mais seminal de toda a lassidão que ainda grassa é o sistema de ensino.
Restando apurar se houve intento, deriva doutrinal ou estupidez pura na amorfização de três gerações, facto é que perante uma tragédia da qual só pode ser dito: foi um assassinato em massa por negligência grosseira, a indiferença e a anomia dos jovens - mais gritante e grotesca agora do que, a exemplo, quando se demitem do voto - conubiada com a aceleração do desastre demográfico (reparem que nao falo da perda de população, e sim da intensidade com que aumenta a mesma, coisas bem diferentes para um estatístico) - no entanto nao camufla verdades simples que são inegáveis e públicas.
Maria de Lurdes Rodrigues anda aí e escreve num jornal. Ferro Rodrigues anda aí e viaja à Ásia Menor. Armando Vara anda aí. António Guterres é líder, passe o termo, da ONU. Portugal tem aos comandos da coisa fisco-social dois sicários da ignorância, sendo que um é torpe da mente e o outro um perigo ambulante movido a cobiça, que acaso estivessem na América, com mísseis ao seu alcance, e seria de orar aos deuses por uma catástrofe geológica global que os comesse.
Bom, já nem sei onde ia. Às páginas tantas uma pessoa tem de cozinhar para comer, e de comer para viver. Se alguém estiver aí a ouvir, que diga qualquer coisa. Eu por mim acho que demitir a ministra resolve zero ou nada, mas que demitir do exercício cardíaco a classe política, numa catarse que só Goya saberia registar para a museologia futura, é que era de gente.
Abraços. Tentem não ter muito nojo ao espelho. Digo eu.