Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Poço sem fundo

por John Wolf, em 02.10.13

Água é vida? - perguntou Adão. Sim - confirmou Eva. E desde então não deixou de chover no molhado. Fomos levados na corrente de uma sagração da Primavera, na arca de Noé, directamente para um promontório de vistas largas, e eis que nos encontramos aqui - orfãos da torneira, escravos da liquidez bancária, algo tributário segundo alguns, parca homenagem. A austeridade é uma palavra que soa a deserto, dita boca sêca, admoestada por um outro silêncio. É uma nova religião, a conversão à doutrina de um novo baptismo. A torneira fecha-se no mesmo instante de uma porta entreaberta. São seiscentas e cinquenta mil lágrimas que correm no volte-face de um remorso. É o início de uma noite áspera, diáspora duradoura certamente, inaugurada no desligamento húmido para bolorar, fossilizar os elementos naturais que ainda restam, como o rasto da água que deixou de escorrer. A terra não se mexe - assiste impávida e serena. O ar consumado na chama de uma labareda vizinha. O ar que respiramos pisado por palmas, sete palmos abaixo da dignidade. Um dia o litro será readmitido na barragem de mágoas límpidas. 

publicado às 11:32

Nas letras miudinhas

por Fernando Melro dos Santos, em 06.02.13

"... até atingirem o objectivo de médio prazo, o que no caso português significa um défice de 0,5% em 2015. Mais exigente será a nova regra para a dívida pública. Segundo o articulado da LEO em discussão, se o nível de dívida pública for superior ao limite de 60% do PIB, então Portugal terá de "reduzir o montante da dívida, na parte em excesso, a uma taxa de um vigésimo por ano, aferida numa média de três anos". De acordo com os números do Eurostat, a dívida pública de Portugal superou os 120% do PIB em Setembro do ano passado."


Breve comentário: é impossível, mas eles vão tentar, porque disso depende a teta que os sustenta, e vão falhar, por ser impossível.

Aceitam-se apostas sobre quem quebrará primeiro, o contribuinte ou o aparelho de Estado.

 


Dead men walking.


publicado às 17:49

São 50 cêntimos se faz favor

por Pedro Quartin Graça, em 20.05.12

O Governo quer privatizar as águas. É mais um erro crasso que hipotecará definitivamente o futuro de Portugal. Entretanto, houve quem já se apercebesse da importância económica do precioso líquido. É o caso de Luís Marmelete, proprietário do snack-bar "O Pirata", situado à entrada da Ilha de Faro, o qual cobra 50 cêntimos por um simples copo de água da torneira, há mais de um ano.

"O Estado não oferece nada a ninguém, tudo se paga, o terreno, as licenças, os alvarás, e porque é que eu sou obrigado a oferecer a água que pago? Estou aqui a tentar ganhar a vida, a prestar serviços, não sou uma entidade pública", justifica-se o proprietário d'"O Pirata". No balcão, um papel escrito à mão informa os incautos de que ali a água não é grátis, mas custa 50 cêntimos, condição prévia para que a prática esteja de acordo com a lei, disse à Lusa fonte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). A lei prevê que, mediante informação adequada ao consumidor, os estabelecimentos que prestam serviços de restauração e bebidas gozem de liberdade de fixação do preço dos produtos e bens neles servidos, uma vez que a sua actividade não se encontra submetida a qualquer regime limitador desses preços, explicou a mesma fonte. Continuando a justificar-se, Luís Marmelete garante que este mês só por pouco não passou para o segundo escalão da tarifa da água, o que implicaria pagar quase o dobro da factura.

Quando a água for privada este exemplo será reproduzido por mil. E nada ficará como dantes.

publicado às 15:13






Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas


    subscrever feeds