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O PS ficou em prisão domiciliária

por John Wolf, em 05.10.15

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O Partido Socialista colocou-se numa situação difícil. Diria mesmo que ficou em prisão domiciliária. A derrota eleitoral da noite de ontem põe em evidência alguns factos relevantes. António Costa, que fez da alternativa de confiança a sua bandeira de campanha, nem sequer é alternativa de si mesmo, mas ficou preso à cadeira do Largo do Rato como se não fosse arguido de uma noite eleitoral para esquecer. António Costa não se apresenta como um homem toldado pelos mais recentes acontecimentos. O que ontem aconteceu deveria ter implicado outro discurso. Em primeiro lugar, e em nome do fair-play democrático, congratular a coligação Portugal à Frente (PàF) e os portugueses pela escolha dessa maioria (mesmo que relativa). Em segundo lugar, e sem demoras, apresentar a sua demissão à luz de um outcome insuficiente, servindo-se da mesma régua que serviu para admoestar António José Seguro. São comportamentos desta natureza, que "administrativamente" podem dizer apenas respeito aos socialistas, que transbordam para o espectro integral da matriz electiva nacional - os portugueses viram e tornam a ver incongruências, e isso afasta-os cada vez mais, para gaudio do Bloco de Esquerda que soube interpretar as deficiências congénito-políticas do partido rosa. Os socialistas, pela mão de Costa, parecem não estar interessados em aprender. Repetem erros e mais erros que minam os fundamentos da representatividade partidária. As consequências do descalabro de Costa devem se fazer sentir o mais celeremente possível no Largo do Rato. A coligação, por seu turno, pode encarar a maioria relativa como algo de positivo. Um governo, fragilizado pelo número de assentos parlamentares, pode aproveitar a dissonância para conduzir a governação de um modo que assenta no envolvimento colectivo. As propostas que a coligação venha a apresentar em sede legislativa podem ser inviabilizadas pela oposição, mas a plenitude dessa negação recairá sobre os ombros de Costa e sua bancada parlamentar. O Partido Socialista (PS), se for inteligente, poderá aproveitar a estrada que tem pela frente para capitalizar junto da população portuguesa, demonstrando que é capaz de pensar para além do lugar dianteiro reservado aos ganhadores. O conceito de lead from behind seria um modo do PS paulatinamente renascer das cinzas. Mas não me parece que o ego político de António Costa queira acomodar o melhor para o país. A aposta foi de tudo ou nada. Pelos vistos o tema monolítico da Austeridade tem mais nuances do que os olhos querem ver. Aguardemos com expectativa, e com algum grau de suspeição, para confirmar se António Costa pretender mesmo lançar Portugal no marasmo político. Apenas mais uma coisa para terminar e que salta à vista de um forasteiro como eu: em Portugal temos quase sempre um grupo de génios que é sempre melhor que o outro grupo de atrasados mentais.

publicado às 13:29

PS fora da Zona Oiro

por John Wolf, em 19.06.15

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É o que dizem as sondagens. O Partido Socialista está fora da Zona Oiro das legislativas. Seguro não está a rir.

publicado às 15:59

O congresso do PS ou como pensar pequeno

por John Wolf, em 01.12.14

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O congresso do Partido Socialista (PS) confirma o que nós já sabíamos, e o que certamente transcende aquela unidade política. Os lideres não estão à altura dos desafios que enfrentamos. Este fim de semana fomos agraciados com prestações de nível intelectual medíocre. O que está em causa é muito maior do que saneamentos internos, escândalos socráticos, viragens à Esquerda, rejeições da alianças ou maiorias absolutas. O que está em causa é areia demais para a camioneta destes protagonistas. Ou seja, a capacidade de pensar um modelo societário profundamente diferente daquele que nos conduziu ao descalabro. António Costa, Ferro Rodrigues, e os outros recrutas, simplesmente não têm a visão e a cultura para repensar a sua condição. O congresso do PS eterniza os mesmos vícios que definem a política. Os arranjos internos são mais importantes do que uma abordagem integrativa de soluções trans-políticas, para além da ideologia. Por outras palavras, a fonte da ideologia já não serve de um modo pertinente para encher as medidas das pessoas carentes de soluções "civis" - respostas económicas e sociais desprovidas de assinatura programática ou ideológica. Pelo que escutamos ontem, podemos afirmar que o PS deseja (mais uma vez) reclamar o estatuto de fundamentalista da verdade política. Os socialistas não conseguem esconder o vazio que permeia o seu espírito. Servem-se da mesma cartilha para enfrentar um mundo radicalmente diferente. São vítimas dos mesmíssimos paternalismos que enfermam os seus processos de pensamento. Definitivamente, a filosofia e a política estão divorciadas. De nada serve o lirismo bacoco de Alegre ou o apelo ao rasgo visceral da violência doméstica. A política, quando é eticamente movida, parte de uma base racional, metódica e autocrítica. Quando as emoções se tornam arma de arremesso sabemos que pouco ou nada resta. A agremiação deste fim de semana foi um mero exercício de austeridade de pensamento, ou simplesmente, um caso de pequenez.

publicado às 09:57

O campeão do Largo do Rato

por John Wolf, em 29.09.14

António Costa está feliz e contente. Os camaradas socialistas estão felizes e contentes. Mas para continuarem a sorrir vão ter de mentir e muito. Vão ter de convencer os portugueses que a Troika não existe, que o memorando nunca foi assinado, que não existem compromissos financeiros incontornáveis, que a dívida será resolvida por si, que o desemprego baixará dramaticamente assim que formarem governo, que vai haver orçamentos sempre extremamente favoráveis, e, que quando chegarem ao poder vão resolver todos os problemas que Portugal enfrentar. António Costa bem pode anunciar o início de uma nova maioria de governo e acumular a pasta da presidência da câmara e da secretaria do partido socialista (PS), e exercer o magistério da superioridade política e intelectual que afirma deter - as tais condições que Seguro não reunia -, mas António José Seguro ficará na história política do partido socialista e do país por ter obrigado um partido a entrar em alvoroço, a colidir com a sua condição endémica, a revelar os seus vícios e a sua tendência arcaica para entronizar os mesmos de sempre. Os últimos meses serviram para confirmar os nossos piores receios - o poder é um fim em si. A política não pertence aos partidos, pertence a um concílio eterno, a um cartel disposto a regressar às lides. Vimos ontem os camaradas Ferro Rodrigues, Maria de Belém Roseira, assim como a darling Ana Catarina Mendes, efusivos com a "vitória da casa", a piscar o olho e a esfregar as mãos com a possibilidade de um retorno ao executivo ou, nalguns casos, com uma estreia auspiciosa. E o problema é esse. A deixa de Seguro não serviu de grande coisa. Não aproveitaram o quadro maior das suas intenções. Não o escutaram para além da sua voz. Os intentos do outsider esbarraram com os barões que nunca poderiam autorizar o seu próprio fim. A triste conclusão que podemos tirar deste processo, é que o PS não se renovou, nem se renovará. Mas o mais grave de tudo isto é a confirmação de que o povo português é tradicionalista, conservador. Não quer a mudança, embora se sirva da mobilização enquanto engodo, decepção. Porque mobilização nada tem a ver com mudança. Mobilização tem mais a ver com mobília. Cadeiras que se arrastam de um local para o outro, sem que se mexa no estilo, no design, nos amigos de sempre que se sentam à volta da mesma mesa. E mudança também tem a ver com móbilia, mas neste caso nem sequer foram urbanos na aplicação deste conceito. Ninguém saiu da sua zona de conforto, ninguém saiu de casa para se aventurar na genuína alteração das condições de exercício político em Portugal. Para já António Costa é o campeão absoluto do Largo do Rato. E pouco mais.

publicado às 09:21

Domingo

por Manuel Sousa Dias, em 27.09.14

A piada que acho quando ouço a mal disfarçada falsa modéstia do "regresso com muito orgulho à condição de militante de base".

publicado às 05:26

Punhadas socialistas

por John Wolf, em 24.09.14

Anda tudo espantado com o baixo nível do derradeiro debate televisivo que opôs Seguro a Costa, ou vice-versa. Não se trata de baixo ou alto nível. As coisas são o que são. Ponto final. Não me venham com a conversa de indignação, de espanto pela falta de decoro. As ilusões há muito que foram estilhaçadas. Estes dois políticos resultam do mesmo sistema. Um mais do que outro. Foi a matriz democrática dos últimos 40 anos que autorizou este género de lideres. Ataques pessoais? Não me parece. E pela simples razão dos negócios político-partidários deste país assentarem na premissa da pessoalidade, dos conhecimentos e das amizades. Então, se é essa a prática, a linguagem deve ser coerente com a mesma. Seguro fez muito bem em inaugurar uma série de ataques às condições endémicas do partido socialista, à promiscuidade entre a política e os negócios, contingências essas que são transversais ao universo político, partidário e ideológico de Portugal. Do mesmo modo que se exige transparência, rigor e legalidade na conduta do primeiro-ministro (refiro-me ao caso Tecnoforma), também seria expectável um escrutínio preventivo em relação àqueles que se apresentam como salvadores da pátria, futuros governantes. O que Seguro fez, no terceiro round, nos sucessivos assaltos, nada tem a ver com o sagrado e o profano do discurso político. Todos os Godinhos da cena política nacional devem ser arrastados para a praça pública para tirar a limpo as consequências. O problema, que aflige mais Costa do que Seguro, é precisamente esse. A ideia de que o sucesso político e a consolidação de poder dependem de uma boa rede de apoio que opera nas margens do exercício político em sentido restrito. Ao longo dos anos António Costa praticou a mesma religião de sempre, cultivou as mesmas tradições de envolvimento da sociedade civil a seu favor, em seu benefício. É esse o espólio de que dispõe Costa, designadamente junto dos agentes culturais, dos proto-intelectuais, da boémia das modas lisboetas. Porventura sem o desejar, mas em resultado das condições de disputa, Seguro levanta lebres importantes, mas, o mais provável, à boa moda portuguesa, é que o atavismo ganhe, qualquer que seja o candidato a levar o troféu das Primárias.

publicado às 08:40

A expressão sacudir a água do capote assenta que nem uma luva. António Costa demonstra mais uma vez que não tem o que é preciso para governar um país:"foi mais o susto que o prejuízo" (?). Não sei há quantos anos este político lidera os destinos da cidade, nem sei há quantas décadas anda o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles a se bater pelas causas da eco-sustentabilidade de Lisboa, mas António Costa nem sequer é capaz de limpar as sarjetas e os sistemas de drenagem de águas. E se um sismo de grandes proporções ocorrer, is Costa our man? Não me parece. Onde esteve António Costa quando os rápidos desceram pela Av. da Liberdade? Não o vi de galochas ao lado dos senhores da protecção civil. Não o vi mais ou menos molhado. Ah, já percebi. Se aparecesse em cena seria logo acusado de estar em campanha, de se aproveitar despudoradamente do evento para granjear uma opinião favorável junto dos simpatizantes. Mas não é disso que se trata. Trata-se simplesmente de estar no exercício das suas funções. De fazer o que lhe compete. Em vez disso, apresenta-nos um paleio empírico de águas em abundância, surpresas e sustos. A água que certamente irá regressar a Lisboa para apanhar desprevenidos outros autarcas, levanta a eterna questão, permanente: de que modo a cidade de Lisboa tem vindo a redesenhar a estrutura sobre a qual assenta o seu futuro? Em plena festa de protesto climático em todo o mundo, Lisboa levou um aviso sério, mas os mesmos desafios que puseram os lisboetas com água pelos joelhos, são transversais à integridade do país, à sua totalidade. Seguro que também quer mandar, também não soube aproveitar a deixa. Viram-no de galochas a armar-se em bombeiro? Não vi nada. Em 1927, o Estado do Lousiana, EUA foi devassado pelas cheias que se viriam a tornar épicas. O então presidente Coolidge acorreu logo ao local para emprestar a sua aura de lider e dar confiança aos cidadãos. É óbvio que o que aconteceu ontem não se pode comparar com a catástrofe da cidade de Evangeline, mas o chefe Costa não cumpriu os requisitos mínimos. Se acontecer algo realmente devastador nesta cidade, pelo menos sabemos com o que não contamos. Não contamos com presidentes de câmara capazes de pensar nas questões de fundo subjacentes ao governo de uma cidade ribeirinha. E diz ele que quer ampliar os resultados da gestão de Lisboa ao resto do país. Ao que restar dele.

publicado às 08:47

O mundo infantil das primárias

por John Wolf, em 12.09.14

Enquanto uns realizam testes primários, outros demonstram ao mundo o valor da ausência da palavra. Enquanto uns discutem IVAs e restaurantes, outros redesenham mapas de continentes. Enquantos uns estão à janela, outros organizam respostas concretas a ameaças substantivas. Enquanto uns falam de traições, outros dão facadas. Enquanto uns estão focados em si, outros sabem que deixaram de ter importância. Enquanto uns angariam simpatizantes, outros inscrevem combatentes. Enquanto uns pensam em tachos, outros aumentam a pressão da panela. Enquanto uns dormem, outros estão acordados. Enquantos uns são o que são, outros nem isso conseguem ser.

publicado às 14:26

Sobre o debate de ontem

por Samuel de Paiva Pires, em 11.09.14

Do que se pode ler por aí, o Pedro Correia talvez tenha feito a análise mais isenta. Da minha parte, pareceu-me que António Costa saiu vencedor. Em larga medida porque, como escreve Luís Aguiar-Conraria, "Seguro teve momentos patéticos". Tenho alguma dificuldade em ver o empate técnico de que fala Luís Menezes Leitão, especialmente porque logo nos primeiros minutos Costa esvaziou o suposto programa de Seguro. Nas palavras de João Miguel Tavares:

Costa provou que aprendeu com os erros do debate da TVI, encostando várias vezes Seguro às cordas com o achado que foram as “seis propostas e meia" novas das 80 medidas do Contrato de Confiança, e atirando-se à sua jugular após a enorme argolada da “janela do município”. Bastou ver o ar destroçado de Seguro no final do debate, sem sequer conseguir valorizar as propostas de uma nova lei de incompatibilidades (importantíssima) ou de uma nova lei eleitoral.

publicado às 11:13

Também tenho uma palavra a dizer sobre o debate entre António Costa e António José Seguro. Sim, já todos sabemos que Seguro, na sua versão "animal feroz", surpreendeu António Costa e o país. Claro que certa direita que parece quase odiar António Costa, principalmente por temer que este consiga vencer a coligação PSD-CDS nas próximas eleições legislativas, saiu a terreiro exultante com Seguro, não lhe poupando elogios. Boa parte da mesma direita que se dedicou a caricaturá-lo e menorizá-lo ao longo dos últimos 3 anos. 


Ainda que concorde com o João Gonçalves a respeito da recorrente prática de refúgio no "ataque pessoal", pois que em política, ao contrário do que António Costa dizia há tempos, os julgamentos de carácter são essenciais, não nos esqueçamos que António Costa também poderia ter explorado semelhantes contradições. É que António José Seguro era, alegadamente por princípio, contra a implementação de eleições primárias no PS, mas passou a ser a favor destas quando confrontado por Costa. Afinal, já dizia Sir Humphrey Appleby que "where one stands depends upon where one sits." Seja como for, subscrevo o Embaixador Francisco Seixas da Costa: «Espero que AJS tenha dado por ditas todas as queixas pessoais que tem contra AC. Era o que faltava se, nos próximos dois episódios, viéssemos a assistir a um "remake" do tema da "deslealdade" e da "traição".» 


António Costa evitou comprometer-se em relação a alterações na carga fiscal e a eventuais coligações, o que lhe dá maior margem de manobra, mas que tanto pode passar por moderação e realismo, para quem tenda a simpatizar com ele, como por tacticismo, para os que prefiram vê-lo derrotado por Seguro. 


Mas, agora que os ânimos já acalmaram um pouco, quanto a Seguro, que partindo em desvantagem se vê na obrigação de jogar mais duro, prometer demitir-se se tiver de aumentar impostos leva a política portuguesa para um domínio algo surreal. Se eleitoralmente poderá passar muito bem, não deixa de me recordar o episódio em que Passos Coelho, na campanha para as legislativas de 2011, quando questionado por uma criança se aumentaria impostos caso chegasse ao poder, recusou liminarmente tal ideia. E isto chama-se demagogia e populismo. Sem esquecer que Seguro descarta também qualquer possibilidade de coligação com o PSD e o CDS, o que lhe retira precisamente o espaço de manobra que António Costa pretende preservar. 


Por último, permitam-me ainda assinalar que a percepção sobre a vitória no debate também depende muito da gestão de expectativas. Naturalmente, esperava-se que António Costa fosse claramente superior a António José Seguro. Não o foi, e a agressividade de Seguro criou a sensação de que esteve melhor do que o seu oponente. Mas pelo que acima escrevi, ou seja, a atitude de vitimização de Seguro, as promessas algo surreais e o reduzido espaço de manobra em que voluntariamente se coloca, parece-me que este não é um candidato que possa viabilizar uma futura opção de governo, caso os resultados eleitorais não ditem uma maioria absoluta.

publicado às 20:14

Costa, Seguro e tu cá tu lá...

por John Wolf, em 10.09.14

Posso opinar à vontade sobre o debate de ontem entre António Costa e António José Seguro - não tenho habilitações para votar neste país. Contudo, interessa-me para onde vai este país. É aqui que resido, e Portugal, para bem ou para mal, merece a minha consideração. Não sou um turista ocidental encantado pelo vinho barato de qualidade e os dias de sol sem fim. Sinto na pele o descalabro nacional, sei quais são as qualidades lusitanas e quais os vícios de Portugal. Mas regressemos à noite de ontem e ao duelo dos candidatos socialistas. Numa frase: assim não vamos lá. Assistimos ontem a uma reunião de condóminos, à acareação de camaradas incapazes de oferecer algo de substantivo a um país em estado de emergência. Seguro entrou a disparar e serviu-se do folclore emocional a que os portugueses espectadores de novelas estão habituados. A palavra "traição" mexe com o foro emocional de todos os portugueses. Foi muito bem sacada por Seguro. Usou a linguagem que a comadre usa quando a nora foge com um amante. Ainda por cima, Seguro apresentou a sua desilusão sem a distância formal de que se servem os políticos. O jargão de proximidade, de parque de campismo, fez descer à terra o sentimento - tu fizeste isto, tu fizeste aquilo. António Costa ainda tentou invocar a Convenção do Rato sobre a proibição de ataques pessoais, mas de nada lhe serviu exibir esse falso moralismo. Costa apresentou-se à mesa da Judite com o à vontade de quem tem as costas protegidas, o tal crédito dos fundadores e notáveis, os amigos para todas as ocasiões. Mas não ficou bem na fotografia. Quem preparou o debate com disciplina e material de suporte, foi Seguro. Sim, o dossiê e os gráficos deitados sobre a mesa e aos olhos dos portugueses demonstram que Seguro quer trabalhar. António Costa não trouxe nada e recebeu uma falta de material. A arrogância por detrás da ideia de que poderia resolver a coisa apenas com as mãos e os dentes, paga-se caro. Sentia-se na sua pose, e no seu tom paternalista, a presença dos Almeidas e Soares do partido, os cordelinhos de uma teia a trabalhar nos bastidores. Contudo, nenhum dos dois foi capaz de endereçar as questões que realmente interessam. Nem um nem outro conseguiram surpreender com uma ideia sequer. Serviram-se de frases-feitas e chavões. Mas, Seguro, que alegadamente vinha de trás, deu boa mostra de si. Provou que os menos dotados têm de se esforçar mais, têm de trabalhar mais. E isso contraria a matriz instalada num país que ainda acredita em bons e maus, melhores e piores, iluminados ou nem por isso. No rescaldo do primeiro debate, Constança Cunha e Sá acaba por demonstrar a contradição genética e política de Portugal. Bastou-lhe uma frase para sintetizar a doença de que padece, e a patologia que contagia as hostes políticas de Portugal: "prefiro antigos bons a novos maus". Aliás, a pivot da TVI não é a única comentadora enviesada, a mando de interesses ideológicos e partidários. A cambada de comentadores da SIC Notícias, RTP, assim como os jornalistas da estação de televisão de Queluz, deixaram-me completamente desesperado com a superficialidade das suas considerações. Não são melhores que António Costa ou António José Seguro. São igualzinhos a esses dois. Têm é outra profissão. Logo à noite teremos mais. Mais do mesmo?

publicado às 09:26

"Chácha" talking

por Nuno Castelo-Branco, em 10.09.14

 

Nem se esperaria outra coisa a não ser um lavar de roupa suja. Todos previam um inseguro Seguro, mas afinal o homem não esteve pelos ajustes e da forma mais agressiva possível, disse o que bem lhe apeteceu, colocando-se a jeito para um comentário à la vichysoise do prof. Marcelo.

Ficámos a saber algumas novidades:

 

1. Referindo-se às prementes "desconjunâncias" partidárias, Costa declarou o passado como nada mais que isso mesmo, "urgindo olhar para o futuro". No entanto, minutos depois acusava Seguro de obliterar o passado  do PS, querendo com isto referir-se a tudo o que de alegadamente bom fizera Sócrates. No resto do debate, do perplexo Costa nada mais houve a registar. É mesmo um digno sucessor de Sampaio, o bem conhecido agente 00-Zero. 

 

2. De outra coisa ficamos cientes: se por suave milagre conseguir o inexcedível feito de ganhar as próximas eleições, Seguro demitir-se-á no próprio dia da tomada de posse. 

publicado às 09:20

Qual a relação entre as aspirações políticas de António Costa e o timing da destruição das gravações de José Sócrates? Just asking (logo à noite não teremos a resposta...).

publicado às 10:40

Ora tomem lá

por Nuno Castelo-Branco, em 04.09.14

Há uma certa vantagem em todo este carnaval americanado nas "directas do PS". Até nisto seguem muito daquilo que chega do lado de lá do Atlântico e veremos se no dia da tal eleição, os bombos e gigantones não irão fazer a vez das majorettes. Pode até repetir-se o caso de Bush number two, alegadamente eleito com menos votos que o seu contendor. Terá qualquer um dos candidatos à liderança, um "irmão  governador" na contagem de votos? 

 

Embora todos o saibam desde há décadas, agora torna-se mais nítido o império da fraude, dos mortos que vivem e votam, não esquecendo os miraculosos saquinhos paga-quotas e os mega-T2 Bangla Desh onde vivem vinte e tal fulanos em suposta rebaldaria. Nada de muito diverso daquilo que sempre se passou no PPD, no futuro ex-"Berloque" e talvez, não sei nem me interessa saber, no CDS.

 

De muito disto se livra o PC, pois a coisa é decidida naquela espécie de purgatório a que se dá o nome de "centralismo democrático". Este artifício representa o supra sumo do elitismo, ou seja, uma perfeita réplica da defunta urss, onde 0,5% fazia o que bem lhe aprouvesse. Aliás, quase os mesmos 0,5% que atiraram a foice e o martelo para a sucata e orgulhosamente agora ostentam a antiga águia negra do czar, mas desta vez pintada de dourado. Coisas de novos ricos.

 

Além da lenga-lenga do Fado, Futebol e Fátima amplamente salivados e confirmados pela actual situação, aqui está mais um rol de acusações outrora dirigidas à gente da 2ª república. Tal mãe, tal filhota. Vá lá, paguem pela língua.

publicado às 00:46

Os minutos que separam Costa e Seguro

por John Wolf, em 29.08.14

Sabemos muito bem que este tira-teimas entre António Costa e António José Seguro, a propósito dos debates e a duração dos mesmos, não passa de uma encenação para captar a atenção dos mais incautos. Faz parte da novela. Faz parte do esforço de atribuir importância ao próprio umbigo. Antes de mais, convém referir que alguns pressupostos intelectuais nem sequer serão observados. Ou seja, um debate implica discussão de ideias, mas como podemos observar, quer Costa quer Seguro apenas repetem chavões que foram coleccionando ao longo dos anos. Seja qual for a natureza das tertúlias inscritas no calendário, e no período de tempo acordado pelos concorrentes, em termos práticos nada se alterará no que diz respeito às grandes opções de Portugal. Como já havia dito por diversas vezes, não interessa qual o governo que sucede ao actual. Os elementos operativos financeiros serão os mesmos. A necessidade de gerar receitas será a mesma. Os impostos continuarão por anos vindouros e todas as facilidades que estes ou aqueles venham a prometer, não passam de falsas promessas, mentiras. Não sei quantos simpatizantes já se registaram no largo do Rato, mas mesmo que sejam 100 mil, o Benfica ou o Sporting (para mencionar apenas alguns) têm muitos mais adeptos. Em suma, mesmo que batam todos os recordes de Portugal, o número de simpatizantes arrebanhados para as primárias, não representam nem de perto nem de longe Portugal. Nessa medida, os debates televisivos entre Costa e Seguro deveriam acontecer num canal fechado com subscrição. Aliás, sugiro que se crie uma TV Primárias (TVP) para não esbanjar a paciência de tantos portugueses que não estão interessados nos arrufos das comadres. A TVP até pode combinar as perguntas e as respostas com os convidados por forma a que todos fiquem felizes e contentes. Portugal definitivamente não pode perder tempo com figuras de estilo e retórica, que uns apresentarão em detrimento de outros. Os minutos que separam Costa de Seguro pouco têm a ver com a hora de Portugal.

publicado às 16:01

António Costa e Seguro directo

por John Wolf, em 28.08.14

Jogo limpo e política não combinam. Aliás, iria mais longe. Política é uma actividade suja pela sua própria natureza. Alguém no seu perfeito juízo acredita, por um instante sequer, que António Costa prescindiria da sua principal ferramenta de comunicação política? O alegado presidente da Câmara Municipal de Lisboa sabe muito bem que as batalhas se ganham nas televisões, em directo, ou enquanto motivo de reportagem das peregrinações de norte a sul do país. António José Seguro faz o que lhe compete. Expõe a vantagem comparativa do seu adversário, mas ao fazê-lo, demonstra as suas fragilidades. Contudo, a pergunta deve ser colocada de outra forma. A SIC apoia qual dos candidatos e porquê? A estação de televisão nem sequer é tímida na declaração da sua preferência. Existe uma relação histórica entre as vitórias socialistas e o tempo de antena cedido pela SIC. Assim foi na campanha de Guterres e assim será com António Costa, que não precisa nem deseja debates com Seguro. Costa tem feito um bypass a Seguro de um modo prepotente e com um sentido de desprezo deplorável. Trata o homem como se não existisse e este não encontra modo de dar nas vistas. António Costa tem uma agenda social carregada que lhe granjeia grande visibilidade. É a entrega do troféu da Volta a Portugal, é a primeira fila na Moda Lisboa, é a inauguração disto e daquilo, e, para Seguro, pouco sobra. Seguro tem rapidamente de inventar uma fórmula, de se lançar numa operação dirigida por si. Se eu fosse Seguro, participava numa conferência TED(io). Convidava membros parlamentares de todos os partidos, mas excluiria António Costa, para um debate em directo numa sala ampla com eco e tudo. Se eu dirigisse a campanha de Seguro, certamente que teria ideias um pouco mais ousadas e desconcertantes. Porque de politicamente correcto, este Seguro tem em demasia.

publicado às 15:48

Política rectificativa para totós

por John Wolf, em 26.08.14

 

Algumas factos que confirmam que os governantes (actuais e futuros) são totós:

 

1. O impacto do descalabro do Grupo Espírito Santo no PIB ainda está por ser apurado, mas situar-se-á no intervalo dos 2 aos 4% negativos.

 

2. Os efeitos negativos da austeridade suplantam largamente os seus benefícios, pelo que a mesma obrigará a ainda mais impostos na descida ao fundo do poço económico e social.

 

3. O desemprego nunca regressará aos valores convencionais, pelo que a sua expressão estrutural (e optimista) andará próxima dos 10%.

 

4. O socialismo, ou a social-democracia, nos moldes anteriormente praticados (e que levaram diversas nações europeias à falência), nunca poderão renascer baseados nos mesmos modelos de "negócio" social. 

 

5. A centralidade da crise europeia significará, em última instância, que os "tradicionais" dadores/credores irão dedicar a sua atenção económica e social às dimensões domésticas dos problemas.

 

6. A crise ucraniana e o consequente agravamento das linhas orientadoras da política-externa russa, irá surtir efeitos negativos no conceito de "paz relativa" a que a Europa estava habituada.

 

7. O conflito israelo-palestiniano, embora não coincidente com uma crise energética, acabará por gerar desequilíbrios nesse sector.

 

8. A tradicional lentidão do Banco Central Europeu, e em particular no que diz respeito à implementação de medidas de estímulo da Zona Euro, obrigará, um pouco mais tarde, a uma acção ainda mais vigorosa e com efeitos de desequilíbrio intensos nos mercados financeiros.

 

9. A possibilidade de mais empresas do sector financeiro, ou outras de dimensão assinalável, estarem envolvidas em esquemas fraudulentos.

 

10. A mais que provável reedição de uma crise financeira à escala global, semelhante ou superior àquela registada em 2008.

 

10. E, por último, a possibilidade de um facto de "força maior" determinar um curso de acção não tido em conta pelos decisores políticos, nomeadamente um flagelo natural, o surto de uma epidemia ou um movimento gerado por largas camadas da população.

publicado às 14:00

Invocando o espírito do vovó socialista

por Nuno Castelo-Branco, em 24.08.14

 

..."querida avôzinha, olá, estás aí? Já pagámos as tuas quotas!"

 

Ou como mais uma daquelas acusações à gente da 2ª república, é gostosamente copiada pelos seus netinhos da 3ª.

publicado às 17:59

Pergunta do dia

por Nuno Castelo-Branco, em 01.08.14

O secretário Sr. Seguro diz que o secretário Sr. Moedas é ..."uma escolha partidária decidida pelo governo, escolhendo um dos seus". Se em vez de um simpatizante do PSD tivesse sido escolhido um homólogo do PS, estaríamos então perante quem ou o quê? Uma escolha "apartidária", ou apenas uma réplica daquela velha e conhecida fraude geralmente utilizada pelos caríssimos e gulosos comensais belenenses que reivindicam a mentirola ..."de todos os portugueses? 

publicado às 18:40

Antónios, primárias e dinheirosas...

por John Wolf, em 29.07.14

António Costa bateu por meia-hora o rival António José Seguro - chegou trinta minutos mais cedo para formalizar a sua candidatura às eleições primárias no Partido Socialista (PS). Mas Seguro, certamente melindrado pelo facto, não foi de meias-medidas e apresentou uma resposta à altura da situação: o orçamento para sua campanha é maior que o de António Costa - 165 mil euros contra 163 mil. Parece-me que somos confrontados com um empate técnico. Contudo, existe uma questão de fundo, menos jocosa e mais pertinente, que deve ser endereçada sem demoras, neste caso ou noutros de índole semelhante: a proveniência dos dinheiros de campanha. Este é o momento mais que indicado para avançar com medidas tendentes à normalização e transparência dos processos eleitorais. O cidadão português, recenseado ou não, tem o direito de saber de onde vêm os valores que ajudam a sentar políticos nas cadeiras do poder. As questões financeiras relacionadas com campanhas são sempre apresentadas de um modo convenientemente vago. São frases como; "estimam gastar 328 mil euros" ou "está tudo em aberto", que minam a confiança dos eleitores e dão margem para trafulhices. À americana, sem rodeos ou rodeios, que seja publicada a lista oficial de fundos e donativos concedidos à campanha deste ou daquele (podem inserir o apelido Wolf no motor de busca). O Dr. Solgado passou um cheque de 10 mil euros? Não, não consta na lista. Muito bem. Adiante. O Eng. Santos dos Soares teve uma atenção para com o outro? Sim, senhor - está aqui na terceira página do balancete. Estão a perceber? É simples. Pagou - passa-se recibo (dedutível no IRS logo se vê) e publica-se a folha de pagamentos no diário da república. Bananas. Obrigado. Passe bem. Passa para cá o meu.

publicado às 18:08






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