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Bondex - a crise que se segue

por John Wolf, em 13.05.15

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Nunca se tratou de atirar ao ar a moeda (grega). As opções que se apresentam são claras. Qual o preço a pagar pela manutenção da Grécia no euro? Sai mais cara a estadia ou a partida? Tsipras e Varoufakis fizeram o que lhes competia perante o desespero do seu povo, mas não foram intelectualmente honestos. Desde sempre souberam que qualquer forma de ajuda extraordinária teria de ser acompanhada por mais austeridade. Ao rejeitarem esta premissa teriam de ter algo na mão que pudesse servir de alternativa. Mas não é o caso. Ontem pagaram ao FMI uma parte das suas obrigações recorrendo a fundos de emergência. E esses estão a acabar. Por isso é mais que natural que a União Europeia tenha em preparação um Plano B para a mais que provável saída grega do euro. Não assistiremos a um evento-surpresa, de choque. Há muito que as instituições europeias preparam o terreno. O próprio lançamento do programa de quantitative easing do Banco Central Europeu deve ser entendido enquanto almofada para a volatilidade que um evento desta natureza pode causar. No entanto, há algumas falhas de cálculo a ter em conta. Os decisores políticos europeus tardam em dar conta de uma outra crise de proporções muito maiores. Chamar-lhe-ei (e serei o primeiro a cunhar a expressão): Bondex - a fuga global aos títulos de tesouro (government bonds), a saída de posições detidas. Em síntese, o pressuposto comportamental macro-económico apontava para a persistência do ambiente deflacionário na Europa e o mesmo parece não se verificar (o crude, por exemplo, retoma a sua via ascendente no que diz respeito a preços). E existem mais factores a ter em conta. Mas, em traços largos, a inflação não premeia os detentores de títulos de tesouro uma vez que o yield recebido, seja ele qual for, vale menos, porque a divisa tem menos poder de compra. Por isso a valorização do dólar americano pode ser benéfica para atenuar problemas "regionais". Contudo, já não vivemos em regiões. A interligação financeira e monetária do nosso mundo tornou o mais pequeno canto do mundo ainda mais vulnerável a ventos forasteiros. Estou preocupado em relação ao progresso desta situação complexamente degenerativa que envolve múltiplas dimensões com efeitos recíprocos, mas assimétricos. Uma saída grega acarreta também trade-offs de natureza geopolítica e militar - refiro-me às eventuais perdas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e à ascensão Russa no contexto da fragilidade da União Europeia, exposta pela crise grega. Nem vou envolver Portugal nestes cenários, porque já faz parte dele, embora existam putativos candidatos a primeiro-ministro que não parecem cientes destes perigos. Não quero ser alarmista, mas a crise que se segue será avassaladora quando comparada com aquela iniciada em 2008. Há mais actores em campo e as variáveis nunca são idênticas. Peregrinações são coisa boa, mas duvido que sirvam para certos actos de fé como eleições legislativas ou teimosias ideológicas.

publicado às 08:28






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