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Há quem diga que a política é a arte do possível, que é a luta pela aquisição, manutenção, exercício e expansão do poder, ou que na sua acepção mais nobre é uma das mais moralmente elevadas actividades humanas.
A isto acrescento eu que a política é, em maior ou menor escala, a arte da coacção e da extorsão sob o manto do cinismo e da hipocrisia, com aparentes propósitos nobres a disfarçar a prossecução de latentes fins mais ou menos (i)morais, (i)lícitos ou (i)legais.
Além do mais, se os conceitos de bem comum e vontade geral são falácias e não existem na realidade, pode existir o que se denomina por causa pública?
Na origem do nome deste blog, como todos sabem, está este conceito, princípio ou valor, que embora de difícil definição, é passível de ser reconhecido enquanto virtude que caracterize alguém. Acontece que, ao ler On Democracy, de Robert A. Dahl, cruzei-me com um parágrafo (p. 73) que parece sumarizar bastante bem o que é o sentido de estado. Tomando a seguinte concepção, não é difícil percepcionar que é coisa que há muito vai faltando à maioria dos políticos portugueses - em muitos, para não dizer a esmagadora maioria, talvez nunca tenha existido - e talvez ajude a perceber porque é cada vez maior o desgoverno.
(imagem retirada daqui)
To govern a state well takes more than knowledge. It also requires incorruptibility, a firm resistance to all the enormous tempations of power, a continuing and inflexible dedication to the public good rather than benefits for oneself or one's group.