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Acaba de ser publicado o meu mais recente artigo, que pode ser lido na íntegra aqui, cortesia da Society e da Springer. Aqui fica o abstract:

In the last decade, the European Union (EU), a bulwark of the liberal international order, has been subject to a high degree of turmoil resulting from various processes and crises and has witnessed the rise of national populism, of which Brexit was the main exponent. The leadership of the order was also impacted by the changes in the foreign policy of the United States of America (USA) effected by the Trump Administration. The USA, the United Kingdom (UK), and the EU are the leaders of the liberal zone of peace and if national populism structurally affects them the liberal international order could be seriously challenged. Among the various instances of national populism, Brexit remains a significant challenge to the EU and might greatly impact the liberal international order. By adopting an interpretivist methodology anchored in hermeneutics and in the methodological approach of emergent causation, this article seeks to understand how Brexit, as an internal challenge to the order, and the rise of China and other revisionist powers, as an external one, might influence the future of the liberal international order and great power competition. I argue that the news of the order’s death is greatly exaggerated, and that depending on British, German, and US variables, Brexit and the rise of China can either challenge or reinforce the liberal international order. Nevertheless, liberalism has a resilience no other political perspective has due to its innate ability for criticism and adaptation to change. Considering that the current liberal international order is a USA-led order, I argue that these are the two main variables concerning how Brexit might influence the liberal international order and how the order’s leading powers will adapt their strategies and foreign policies towards China and other revisionist powers.

publicado às 19:35

ISCSP debate culturas estratégicas dos EUA, China e Rússia

por Samuel de Paiva Pires, em 14.05.21

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"Culturas Estratégicas em Debate: EUA, China e Rússia" é o tema do webinar que se realiza dia 14 de maio de 2021, às 18 horas, com transmissão através da plataforma Zoom.

O painel de oradores será composto por três oradores Diana Soller, investigadora do IPRI/Universidade Nova de Lisboa, que irá discutir a cultura estratégica norte-americana, pela Professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Maria Raquel Freire, que falará sobre a cultura estratégica da Federação Russa, e o Professor do ISCSP-ULisboa Heitor Romana, que irá desenvolver a temática da cultura estratégica da China.

Poderá assistir à conferência através da seguinte ligação: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/83732954750?pwd=MGo1Nldzb0VLdXFtTkdzdGVVUWZFUT09. ID reunião: 837 3295 4750; Senha de acesso: 201068.

publicado às 13:08

Do "novo capitalismo de Estado"

por Samuel de Paiva Pires, em 20.01.20

Ontem, na TVI, incorrendo em vários erros de análise a respeito do acordo comercial entre EUA e China, Paulo Portas não conseguiu explicar que tipo de economia é a chinesa, ficando-se pela clássica dicotomia entre capitalismo e planificação centralizada. Ora, actualmente, não existem economias puramente capitalistas nem socialistas na acepção da planificação centralizada. Se colocarmos as diferentes categorias e países num espectro, percebemos que o que diferencia as economias mistas de países a que tendemos a chamar de capitalistas das de países a que tendemos a chamar de socialistas, é o grau e a forma da intervenção estatal. Enquanto nas primeiras a intervenção do Estado é geralmente encarada como temporária para remediar problemas económicos ou confinada a algumas indústrias consideradas estratégicas, bem como destinada a fazer face às externalidades negativas e providenciar bem-estar social, nas segundas temos o que tem sido designado por "novo capitalismo de Estado", em que a intervenção na economia e o controlo de grandes empresas são encaradas como políticas de longo prazo conducentes ao sucesso económico que escapam ao fracasso do comunismo e da autarcia por combinarem o controlo estatal com uma maior abertura ao comércio global. É assim na China, Rússia, Arábia Saudita ou Angola, ainda que recorrendo a diversas formas constantes do quadro que aqui deixo (Dolfsma, Wilfred e Grosman, Anna. ”State Capitalism Revisited: A Review of Emergent Forms and Developments”. Journal of Economic Issues LIII, n. 2 (Junho de 2019): 579- 86.) Se nos mantivermos agarrados a velhas categorias e dicotomias, não conseguiremos perceber o que irá acontecer em muitos destes países e continuaremos a não querer admitir que privatizações em países Ocidentais ganhas por empresas detidas pelo Estado chinês têm reflexos políticos, ou que Portugal - políticos, justiça, empresários e media - tem servido quer para escamotear as más práticas de políticos e empresários angolanos, quer enquanto joguete nas lutas políticas entre os diversos capitalistas de Estado de Luanda. De resto, a melhor obra sobre este tema do "novo capitalismo de Estado" é esta.

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publicado às 11:26

A crítica é a alma das democracias liberais

por Samuel de Paiva Pires, em 16.09.19

Hoje escrevo no Observador sobre como o processo de crítica imanente é central nas democracias liberais e na competição entre estas e potências revisionistas não-democráticas, como a China e a Rússia, que visam subverter a ordem internacional liberal. Aqui fica uma passagem:

A superioridade, nas mais diversas áreas, das sociedades demo-liberais em relação às não-democráticas resulta em larga medida deste processo de crítica que opera através da liberdade de expressão, do debate público, da concorrência e da inovação, permitindo às sociedades corrigirem o seu rumo com base nas experiências passadas, mudando de forma gradual, reformista ou evolucionista, não de forma revolucionária, como frequentemente acontece em sociedades fechadas.

(também publicado aqui.)

publicado às 00:41

Assobiar para o lado

por Samuel de Paiva Pires, em 20.08.19

A emergência do populismo no seio das democracias liberais, a perda de hegemonia dos EUA no sistema internacional, a ascensão da China e o ressurgimento da Rússia, ambas potências revisionistas e claras ameaças à zona de paz liberal, o Brexit e o futuro de uma União Europeia dominada por uma Alemanha encantada com Putin, as alterações climáticas, a crise dos refugiados, a cibersegurança e as guerras de informação e desinformação no ciberespaço fomentadas pela Rússia e China e nós o que discutimos? Petições a favor e contra um museu dedicado a Salazar, já depois da crise dos combustíveis, dos incêndios sempre reveladores da nossa aversão ao planeamento sistematizado, da importação dos espantalhos racistas dos estudos pós-coloniais, da sempre presente ideologia de género e da restante espuma dos dias alimentada pelos ciclos noticiosos e pelas shitstorms nas redes sociais. Sem embargo de a esfera pública numa sociedade livre dever comportar os mais diversos temas, entretanto, num mundo cada vez mais globalizado e perigoso, cá continuamos, neste cantinho à beira-mar plantado dominado por certa sociedade de corte composta por caciques e carreiristas partidários e umas quantas dúzias de famílias, sem darmos prioridade à política externa e andando essencialmente a reboque dos parceiros europeus. Já dizia Rodrigo da Fonseca que "nascer entre brutos, viver entre brutos e morrer entre brutos é triste”.

publicado às 17:11

Imperiais, ou não

por Nuno Castelo-Branco, em 10.12.18

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Ainda a propósito da recente visita do Chefe de Estado chinês, ontem Paulo Portas teceu uma série de muito oportunas considerações a propósito das relações internacionais portuguesas, mostrando-se moderadamente entusiasmado e chamando à razão que directamente provem de um quase ininterrupto processo histórico secular. Muito positivo, sem dúvida.

Não se trataria de qualquer excentricidade, se durante demasiado tempo todo o esquema vigente em Lisboa não tivesse sofrido um deliberado e oportunista curto-circuito mental que apagou precisamente a memória daquilo que ontem através da sua boca terá miraculosamente ressuscitado. Todos recordamos as tiradas de Sampaio a propósito da ilha indonésia que foi Timor e das decorrentes humilhantes e infindáveis esperas a que se submeteu nos corredores ministeriais de Lisboa um homem da classe de Ramos Horta, aquele que seria o Prémio Nobel da Paz que sempre escapou a qualquer outro português. Sampaio é apenas um daqueles que foi emulado por praticamente toda a gente que do regime se tem servido, alijando como tralha inútil aquilo que ciosamente deveria ter sido preservado como continuidade de um país que se reconhece e pretende progredir, adaptando-se a qualquer modificação da ordem internacional e mantendo intacto o núcleo duro da sua política externa, precisamente o que não pode mudar ao sabor da corrente ou interesses de grupo. Foram e ainda são fracos imitadores do que de fora vem, estando muito distantes daquilo que britânicos, espanhóis ou franceses têm feito.  Deveriam ter aprendido algo com D. Carlos I que antes de dar posse a qualquer um dos seus Presidentes do Conselho, os advertia como princípio basilar de conduta internacional:

- Toma nota de que poderemos estar de mal com todo o mundo, menos com a Inglaterra e o Brasil. 

O mesmo princípio é hoje extensível a todos os países componentes da CPLP e a quem connosco tem aproximadas relações de dimensão variável como as económicas, políticas ou históricas na Europa, Américas, África e Ásia e no pleno respeito pela ordem interna de cada um ditada pela soberania. 

Seguindo adiante, muito tempo viveu Portugal diante do El Dorado das croissanteries pagas com perdidos fundos europeus, nisto irmanando-se os três partidos que rotineiramente têm feito a alternância do exercício do poder. Enfim, gostam e ainda almejam dar-se a ares europeus, mesmo que os seus homólogos do eixo Estrasburgo-Bruxelas, na sua imensa maioria utentes de passaportes provenientes de algo que existe no mapa-mundi há pouco mais de um século, entre discreta galhofa dentro de portas os reduzam a todos como partisanos de "copos e gajas" e a quem, nesta hora aflitiva da U.E., entre duas palmadinhas nas costas atiram uns amendoins que os entretenha. 

O que pareceu ser uma novidade, afinal nunca o foi para os mais atentos e sofríveis conhecedores da nossa história. Estando quem esteja no poder, voltou-se ao equilíbrio que nos fez ser alguém neste planeta e isso é o que há a reter. Oxalá não seja mais um subterfúgio tendo na mira mais uns tantos confortáveis lugares e respectiva engorda de conta bancária in ou offshore.

Nisso o regime teve pleno sucesso, o de fazer da imensa maioria dos portugueses gente muito desconfiada. 


publicado às 15:44

China, Rússia e a subversão das democracias liberais

por Samuel de Paiva Pires, em 20.12.17

Larry Diamond, This Sputnik Moment:

The proliferating global influence activities of China and Russia diverge from traditional means of public diplomacy. Instead, they use wealth, stealth and coercion to coopt influential policy voices and players, control information flows, censor unfavorable reporting and analysis, and ultimately mold societal attitudes and government postures.

 

The methods vary. Each regime has relied heavily on the promotion of its state-controlled media abroad, such as Xinhua News Agency, CGTV, and RT (formerly Russia Today). Russia has been perfecting a new form of geopolitical warfare, using social media to intensify political polarization, inflame social divisions, sow doubt and cynicism about democracy, and promote pro-Russian politicians and parties. Through investments, partnership agreements, donations, exchanges, positions on boards of directors, and other “friendly” relations, China has fostered wider and deeper penetration into the vital tissues of democracies—media, publishing houses, entertainment industries, technology companies, universities, think tanks, and non-governmental organizations. These intrusions are rapidly expanding not only in the West but in Latin America, post-communist Europe, and Africa as well. In different but perhaps equally devastating ways, China and Russia are using the openness and pluralism of democracies to subvert and bend them to their strategic objectives—principally, the weakening of Western democratic alliances and the relentless expansion of their own economic and geopolitical power.

 

What these two resurgent authoritarian states are projecting, argue Walker and Ludwig, is power that is not “soft” but rather “sharp,” like the tip of a dagger: It enables them “to cut, razor-like, into the fabric of a society, stoking and amplifying existing divisions” (in the case of Russia) or to seek, especially in the case of China, “to monopolize ideas, suppress alternative narratives, and exploit partner institutions.”

 

(...).

 

The bottom-line stakes are existential: Will the United States—and liberal democracies collectively—retain global leadership economically, technologically, morally, and politically, or are we entering a world in which we conspire in our own eclipse?

 

(também publicado aqui.)

publicado às 12:20

O capital talvez tenha pátria

por Samuel de Paiva Pires, em 06.10.17

A Alemanha que se recusa a reconhecer que a União Económica e Monetária (UEM) gera desequilíbrios que levam a choques assimétricos, que acredita que os seus excedentes comerciais resultam meramente da boa gestão e não se devem aos desequílibrios estruturais da UEM e à utilização de uma moeda subvalorizada, que insistiu na narrativa dos trabalhadores do norte da Europa vs. os preguiçosos do sul e que empurrou vários países para resgates financeiros que tinham entre os seus principais objectivos a privatização de empresas em sectores económicos estratégicos, vem agora queixar-se da influência que a China tem sobre os países europeus em que investiu. Mais do que irónico, é ilustrativo quanto baste da falta de visão da liderança merkeliana e de todos aqueles que sofrem do que Ulrich Beck denominou por cegueira da economia, que atinge muitos economistas que, segundo Wolfgang Munchau, padecem de analfabetismo político-social.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 10:25

A mensagem de Trump para Putin e Xi Jinping

por Samuel de Paiva Pires, em 07.04.17

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Não se consegue ainda perceber bem as consequências do ataque que Trump lançou esta noite sobre a base militar síria de onde alegadamente saíram os aviões que protagonizaram o recente ataque com armas químicas na Síria - ainda não foi confirmada a autoria deste ataque, embora a administração norte-americana afirme que tudo indica que a responsabilidade recai sobre Assad e a posição russa seja realmente risível. Alguns começaram já a condenar Trump por trair a retórica isolacionista em termos de política externa utilizada durante a campanha para as eleições presidencias do ano passado, outros afirmam que o ataque desta noite mostra um aventureirismo perigoso.

 

Eu prefiro sublinhar que Xin Jinping chegou ontem aos EUA para reunir com Trump e que tanto a China como a Rússia têm apoiado a Síria na ONU, o que me faz crer que a acção algo imprevisível de Trump comporta essencialmente uma mensagem para Pequim e Moscovo: há linhas que não podem ser atravessadas mesmo em contextos de guerra e os EUA não vão assistir impavidamente às acções de russos e chineses que atravessam essas linhas ou que apoiam quem as atravessa.

 

O ataque lançado pelos EUA é cirúrgico o suficiente para ser uma justa retaliação pela acção inqualificável de Assad, mas também, e mais importante, para servir como demonstração de força e enviar uma mensagem a Putin. E não deixa de ser ridículo ver o presidente russo, tantas vezes aplaudido por muitos por decisões imprevisíveis e demonstrações de força que ignoram ou violam o direito internacional e são justificadas por pretextos dúbios recorrendo a argumentos tipicamente utilizados por potências ocidentais, vir agora argumentar que a decisão de Trump viola o direito internacional, é uma agressão a um Estado soberano  e prejudica as relações entre EUA e Rússia. Ora, afinal, o que foram as invasões da Geórgia e da Ucrânia, e em particular a anexação da Crimeia, senão provocações da Rússia a todo o Ocidente e agressões a Estados soberanos violadoras do direito internacional?

 

A utilização recorrente deste tipo de argumentos por Putin, que não correspondem à prática russa, deixa bem patente a duplicidade do presidente russo que ainda vai passando algo incólume, mas a sua utilização no dia de hoje mostra também que Putin foi surpreendido por Trump e não sabe bem, pelo menos para já, como reagir - o que é muito positivo.

 

(também publicado aqui.) 

publicado às 11:25

Volto já - António Costa

por John Wolf, em 11.10.16

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Belisquem-me se eu estiver errado. Estacionem-me na rotunda do relógio se eu estiver enganado. Não era suposto o Orçamento de Estado ser o documento por excelência para a execução governativa? Não era suposto o primeiro-ministro fazer parte dos trabalhos conducentes à sua apresentação ao Parlamento? O timing da visita à China não é fruto de um acaso de agenda. António Costa colocou-se convenientemente a milhas da discussão de importantes questões que merecem a maior consideração governativa. Pelos vistos Mário Centeno também não estará presente em algumas sessões de trabalho antes de Quinta-feira. Já bastaram os taxistas terem barrado o acesso ao aeroporto para registarmos mais uma ausência. Ah, já entendi. Quem governa em Portugal é o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português. Sabemos que a pontualidade local não é britânica, mas isto é inadmissível. O homem não comparece. O nosso empregado - sim, António Costa é pago por nós -, pura e simplesmente não se apresenta ao serviço. Mas há mais. Vai dormir a bordo do Airbus com ligação directa, mas não engana nem o jet lag nem o mind gap. Também não importa - o défice não vai aterrar onde querem.

publicado às 16:30

Portugal não tem culpa desta crise

por John Wolf, em 24.08.15

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Lamentavelmente, Portugal e tantas outras nações, encontram-se no momento errado da história do mundo. Há quem lhe chame sina, há quem lhe chame fado. Mas em todo o caso, não se trata de um assunto jocoso. Se quisermos dar-lhe um nome, esse terá de ser parente de tragédia. E não me refiro à Grécia. Inauguramos hoje, um pouco por todo o mundo, uma nova crise financeira com contornos mais graves do que a de 2008. Não se trata agora de uma crise subprime, mas provavelmente de uma crise resultante dos efeitos da terapêutica que foi prescrita ao longo dos últimos anos para a curar. O crash bolsista da China, e que rapidamente incendiou o resto das praças financeiras do mundo, relaciona-se com um conceito financeiro que comporta na sua essência grandes perigos. O quantitative easing, iniciado nos EUA e depois aplicado a outras divisas e regiões económicas, serviu para promover a ideia de ficção económica. A noção de que os banqueiros centrais poderiam substituir a verdadeira dinâmica das economias. Ora baixaram juros a níveis nunca antes visto, ora compraram títulos de tesouro para garantir o funcionamento de governos e Estados, ora aprovaram, sozinhos ou em conjunto, pacotes de salvamento de países. Por outras palavras, foram só facilidades financeiras inventadas com um estalar de dedos. As dificuldades, essas, poderiam ser resolvidas mais tarde - pensavam eles. Pois bem, esse "mais tarde" é agora, mas infelizmente não vem só. No seio da União Europeia, se não bastava a crise Grega, podemos agora juntar a desaceleração da economia chinesa, a ascensão imperial da Rússia, o acordo com o Irão, a clivagem entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, a crise de migrantes e refugiados que galga as margens que separam a Europa desenvolvida da África e do Médio-Oriente, a ameaça crescente do Estado Islâmico, entre outros factores imponderáveis resultantes da combinação nefasta destes elementos. O perfect storm, a que muitos se referem, não trará bons ventos a Portugal. Veremos de que modo cínico e oportunista os detractores de Portugal se irão servir desta ementa de consequências nefastas para vaticinar de um modo pós-orácular - como se já soubessem, como se pudessem prever. Numa frase: this does not look good and Portugal´s not to blame.

publicado às 20:39

Grécia - o canário na mina chinesa

por John Wolf, em 08.07.15

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Uma visão exclusivamente eurocêntrica do mundo implica imensos perigos. O drama que assola a Grécia e que implica substantivamente o resto da Europa, deve ser interpretado à luz de um quadro maior de consternações. Vou pedir emprestada a expressão em língua inglesa para retratar a crise grega no âmbito de uma visão panorâmica, global - a Grécia é um canary in the coal mine. Enquanto Tsipras e Juncker, entre outros protagonistas, roubam as atenções, uma crise de proporções avassaladoras está a atingir velocidade de cruzeiro. Os mercados bolsistas chineses encontram-se em processo de melt-down e os títulos accionistas têm registado invulgares níveis de volatilidade. Enquanto o Banco Central Europeu tenta estabilizar as economias em apuros da Zona Euro, procedendo à compra de títulos de tesouro, o Banco Central da China vai mais longe na expressão da mesma ficção monetária e estabelece arbitrariamente o preço das acções das empresas cotadas em bolsa. Por outras palavras, as autoridades chinesas tudo fazem para salvar os mercados, mas não a economia. As reformas estruturais que são requeridas estão a ser obviadas através de um mecanismo de manipulação da bolsaMeus senhores, corremos perigos reais. As poupanças dos cidadãos daquele país estão a ser destruídas e quando o pânico se instalar não vai haver Praça Syntagma que nos valha. Enquanto os gregos se queixam do défice de Democracia na Europa e apelidam de terroristas os credores, os chineses nem sequer têm direito de resposta. O governo da República Popular da China quando quiser esmagar, não tem de pedir autorização a quem quer que seja. A Grécia nem sequer entra nas considerações orientais, mas o oposto não podemos afirmar.

publicado às 11:11

Criminosas sacanices chinesas

por Nuno Castelo-Branco, em 02.09.14

Igreja em Wenzhou, China.

publicado às 21:00

Criminosas sacanices chinesas

por Nuno Castelo-Branco, em 20.08.14

Demolição da igreja de Wenzou, China

E entretanto noutras paragens…

publicado às 20:33

Putin na China

por Nuno Castelo-Branco, em 30.04.14

Consta que V. Putin visitará a China, com este país assinado um contrato de fornecimento de gás natural. É esta a resposta conseguida pelo ocidente e aqui está uma excelente oportunidade oferecida a alguns polos industriais portugueses. Poderemos acelerar a produção de edredões, lanifícios e pijamas-Kispo  destinados à Europa central, oriental e do norte. Será que ainda temos alguém capaz de fabricar escalfetas e braseiras? Prevê-se alguma procura internacional.

publicado às 10:19

Arroz com arroz

por Nuno Castelo-Branco, em 26.12.13

Na comemoração do 120º aniversário do sanguinário, fisicamente imundo e prepotente Grande Líder, ficámos a saber pela confirmação dos seus sucessores em exercício, que o embalsamado totem esteve certo em 70% das suas opções e apenas errou nos remanescentes 30% da sua acção política. O que deveria ter especificado, é se esses 70% incluem as mais de sete dezenas de milhões de mortos pela fome nos campos e cidades, execuções a eito e grotesca revolução cultural de analfabetos. Coisas de pouca monta e com a certeira desculpa de mais um histórico vendaval de leste. Bem vistos os factos, o local onde se reune o Politburo do PCC é uma espécie de santuário Yasukuni elevado à milésima potência, capaz de entupir o Tribunal de Haia durante uns dois séculos de ininterrupto labor.

A retórica deste senhor Xi Junping está a apressar um certo regresso ao passado. Aproveitando o entusiasmo, oxalá se decida a atirar o capitalismo e o industrial-consumismo borda fora, optando pelo pijama universal e pelas malgas de arroz com arroz.  Será um colossal alívio para a Europa. 

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publicado às 18:44

No centenário...

por Nuno Castelo-Branco, em 13.11.13

...da abominável criatura, eis uma notícia tão insólita como as louvaminhosas homenagens por cá prestadas ao defunto. 

publicado às 15:50

A "véstoria" ao pezinho

por Nuno Castelo-Branco, em 08.07.13

 

Como lacrimosamente diria o Sampaio, os chineses  fizeram uma "véstoria" e aqui estão os resultados. Um ex-ministro encontra-se enrodilhado em nauseabundos lençóis, porque:

 

1. Ao longo de 25 anos, "conseguiu arrecadar perto de 8 milhões de Euros". Oito milhões de Euros, "apenas" isso?

Pobre homem, devia ter vindo para Portugal. Mesmo depois de reformado continuaria a debitar sentenças, multas a passar para a responsabilidade do povoléu, aproveitando para empochar as mordomias sob a forma de "direitos adquiridos".

 

2. O dito camarada,"terá atribuído alguns contratos de exploração de linhas de caminhos-de-ferro a troco de subornos. Ocupava o cargo de ministro desde 2003, mas já antes tinha funções de governação nesta mesma área."

Azar o dele, pois se cá estivesse, seria um grande dirigente de uma betoneira nacional, importante na área das "obras públicas".


3. "O ex-ministro tinha também sido acusado concretamente de favorecer 11 pessoas com aumentos salariais ou atribuição indevida de contratos."

Um impopular unhas de fome que apenas tinha onze amigos.


Enfim, a primeira pena é pesada, horrenda. Em princípio ficará com uma sentença de perpétua suspensa. De qualquer forma, se vivesse num certo país da Europa Ocidental, talvez fosse hoje o presidente de uma das empresas envolvidas nos tais negócios com o Estado e na pior das hipóteses, obteria um posto de comentador político.


É de ficar com os olhos em bico. 

publicado às 17:29

O meu pior prato de sempre

por Nuno Castelo-Branco, em 30.05.13

 

Há uns vinte anos, em Bangkok, fui convidado para um almoço de trabalho. A empresária chinesa não gostava "desses restaurantes" locais, onde o menu apenas continha pratos tailandeses e assim fui conduzido a uma sofisticada casa de pasto, plena de sedas e madeirames dourados e vermelhos. Como facilmente me adapto a novidades, foi sem qualquer preocupação que soube ter um cardápio já escolhido pela anfitriã.  Tudo bem. O pior veio depois.

 

Como entrada, uma bela tigela de porcelana azul e branca, na qual fumegava uma translúcida e brilhante gosma. Usando os palitos, atrevi-me a degustar o delicado e seguramente tradicional acepipe e francamente, não gostei. Não gostei, é dizer pouco. A coisa colava-se aos dentes, ao céu da boca e à língua. Dava-me engulhos. Diplomaticamente nada disse e optei pelo apressado engolir do conteúdo da tigela, uma forma eficaz de me preparar para os pratos que se seguiriam. Agradavelmente surpreendida, a senhora bichanou qualquer coisa ao sempre sorridente empregado e em milésimos de segundo tinha outra tigela igualzinha à primeira, teimosamente fumegando diante de mim. Já meio achinesado pela certeza de não poder perder a face, masquei a tal gosma com mais cautela e por incrível que a todos possa parecer, jamais esqueci o indesejável repasto.

 

Vem agora a gente da ONU, habituada a faisonadas, entrecôtes, tornedós e outras porcarias do género, recomendar a inclusão das medusas - nome mais chique do que alforreca, coisa de sonoridade demasiadamente islâmica - na lista de compras no supermercado. Pois sim, aqui está uma excelente oportunidade para negócios da nossa extinta frota pesqueira. Caçadas e jeitosamente processadas, teremos mais um "produto de valor acrescentado" a enviar às carradas para a China. O sr. Cavaco Silva bem pode iniciar as suas démarches, instando ao uso da imaginação: ao estilo batatas fritas, nachos, takos, tikos, tekos, palitos salgados e outras guloseimas mais, quem sabe se um dia destes não acompanharão as Sagres nas sempres excitantes horas da bola?  

publicado às 19:58

Da cerâmica

por Nuno Castelo-Branco, em 16.05.13

 

... passemos então aos têxteis, calçado, vidros e maquinaria diversa. Isto, para começarmos a corrigir aquilo que durante décadas serviu para o maoísmo acusar o Ocidente de fero explorador: os  tratados desiguais.

publicado às 03:00






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