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Poupança portuguesa

por John Wolf, em 23.06.17

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Tenho autorização para regressar à economia real? Se sim, então tomem nota do seguinte: "a poupança das famílias recuou para 3,8% do rendimento disponível no primeiro trimestre de 2017, marcando assim o valor mais baixo da série que teve início há 18 anos". Significa isto que os portugueses pouco aprenderam e que acreditam no conto do vigário. Somem a este vector o outro - o nível de dívida pública acima dos 130% do PIB e temos o cocktail perfeito para deflagrar mais um descalabro, um semelhante àquele de 2011. Nem mesmo as sucessivas tragédias incendiárias ensinam grande coisa. O comportamento colectivo é unamunaniano, suicida. A expressão saving for a rainy day não se aplica ao continente ou às regiões autónomas. Não sei qual a medida portuguesa, e não sei se a família-tipo tem reservas equivalentes a 6 salários ou se prefere ir de férias e logo se vê. Os partidos que formam o governo de Portugal não parecem ligar muito a estas leituras estatísticas. E existe uma explicação para isso - replicam os comportamentos individuais. Vivem para além das possibilidades. Nem acima nem abaixo. Vivem noutro universo desprovido de responsabilidade moral. A dívida e a falta de poupança são dissabores que ardem sem se ver. E eles querem que assim seja, que não sejam vistos ou revistos.

publicado às 20:35

Aí vêm os bancos americanos!

por John Wolf, em 21.12.16

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Podíamos viver sem bancos? Podíamos viver sem crédito? Podíamos viver sem títulos de dívida? Podíamos viver sem resgates do FMI? Perguntem a Catarina Martins, a Mariana Mortágua, ou ao guru que as conduziu pelos caminhos da verdade - Francisco Louçã. Releio o académico anarco-esquerdista norte-americano David Graeber e o seu pensamento expresso na obra-  Dívida, os primeiros 5000 anos -, a resposta é inequívoca: não. Não, o crédito sempre existiu. O dinheiro sempre foi desigual e para mal dos pecados europeus, na grande competição planetária de instituições financeiras, os EUA estão a dar uma ripada na Europa. Os bancos europeus, se fossem equipas de futebol, estariam bem mais próximas da Liga de Honra do que aqueles lugares que dão acesso aos grandes prémios da UEFA. O Barclays é um brexitário financeiro e o Deutsche Bank tem de pagar uma multa às autoridades americanas - pouca coisa, uns 6 a 7 mil milhões de USD ou Euros (sim, a paridade está bem perto). Nem vou mencionar o banco-barraca CGD por ser irrelevante neste campeonato. O que eu vejo ou prevejo é o seguinte. A administração Trump vai agitar as águas da "normalidade" e tirar partido da letárgica "tradição" europeia. Bastou o pequeno sopro do fechar da torneira de liquidez por parte da Reserva Federal para o dólar americano galgar a marca psicológica dos 1.04 face ao Euro. E isto tem consequências para este cantinho à beira-mar plantado. Os títulos de dívida dos Estados-membros da Europa dependem em larga escala da procura exterior e, no contexto da crise, foi o BCE que substituiu os agentes do mercado que foram incapazes de produzir a procura requerida dos títulos em causa. Se o dólar fortalecer ainda mais significa que a compra de títulos de dívida expressos em Euros se torna mais em conta para essa divisa e, por analogia ao Japão que detém grande parte da dívida dos EUA, a dívida europeia passará a estar nas mãos de entidades bem longe dos centros de decisão europeus. Sim, a UE tornar-se-á refém de bancos de além-mar e arredores. Mas há mais. Os commodities, como o petróleo ou o cobre, são expressos em USD o que dificultará o trabalho de governos de mãos largas que são obrigados a obter dólares para deitar a mão a energia ou vigas de ferro. Eu sei que estou a dar uma grande volta neste texto, mas ainda não percebi, à luz destas singelas considerações, como António Costa e a sua escola irão pagar as extravagâncias anunciadas para a década e para o ano de 2017. Foi o primeiro-ministro que anunciou há dias que o sector da construção precisa de levar um empurrão. E nós sabemos que o chefe do executivo não está a pensar num New Deal à Trump. Está a pensar no sistema político. Está a revalidar a chave socialista que permite enfrentar as tormentas. Foi o sector da construção que aguentou os socialistas em diversos mandatos, mas fez descambar as contas cada vez que houve um seu governo. Foram os lanços e sub-lanços de estradas que inquinaram as contas. Foram as auto-estradas para nenhures que comprometeram orçamentos de Estados. Foram elefantes brancos e outras bestas dispensáveis que descarrilaram Portugal. Enfim, todos sabem o que foi e como foi. Mas ao fim e ao cabo, com  todas estas extravagâncias, perde-se algo de essencial. A genuína ideia de empreendimento, de geração de dinâmicas económicas, a  noção de retorno e acima de tudo justiça social. Assim não funciona. E isto aplica-se a projectos de ordem diversa. Não excluo a Cornucópia e afins. São bons exemplos de erros de intransigência e incompetência em gestão de empresas. Há dias brinquei com a ideia de um Teatro Haitong ou uma Fundação das Artes Altice, mas não estava a brincar. A imagem é boa e serve. Portugal deve rapidamente pensar uma estratégia duradoura. No entanto, o país padece de um problema grave - a falta de visão. E nessa obscuridão lá aparece um velho projecto sacado da mesma gaveta de promessas e avarias. E que tal um novo aeroporto? E lá surge uma OTA de cara lavada para fazer mexer o sector das construtoras. É assim que funciona. Dizem que é teatro. Mas sai sempre caro. Não acreditem. Dinheiro não cai dos céus. E daqui a nada quando os bancos Wachovia ou a Wells Fargo abrirem sucursais na Lapa e no Intendente não roguem pragas ao Durão Barroso e à Goldman Sachs. O cozinhado é da casa. A receita tem dono.

publicado às 15:28

O PREC do TRAQUE

por John Wolf, em 08.10.15

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O governo de Passos Coelho e Paulo Portas tenta a todo o custo travar o Processo Revolucionário em Curso (PREC II) levado a cabo pelo Trio de Ataque , também conhecido por TRAQUE e formado pelo Partido Socialista (PS), a Coligação Democrática Unitária (CDU) e o Bloco de Esquerda (BE). Nesse sentido, e colocando o interesse de Portugal acima de questões ideológicas, a coligação procura encontrar as linhas mestras de um entendimento que evite o marasmo e a confusão políticos em Portugal. O PS, que se encontra em cacos após a utópica promessa de governar a solo, talvez não encontre tão rapidamente melhor oportunidade para chegar perto de mandar no que quer que seja. A extremização dos socialistas, e subsequente convocação de novas eleições, certamente que afastaria ainda mais simpatizantes da sua franja de apoio. E acresce a esse facto que grande parte das propostas do governo de coligação têm o assentimento dos socialistas, embora estes se vendam como radicais e distintos dos restantes. Mas não é bem assim. A verdade é que o condicionamento económico e financeiro de Portugal mitiga as apirações de qualquer entidade política.  Não existe margem suficiente para grandes aventuras, lamentavelmente. A ideologia, invocada a torto e a direito, há muito tempo que foi substituída por conceitos operativos que buscam soluções a montante e a jusante, à Esquerda e à Direita. Os socialistas não entenderam isso e estão limitados pela sua imagem de marca, o seu branding. Entramos, deste modo, numa nova fase de política em Portugal. Bastará à coligação, fazendo uso de alguma inteligência estratégica, abraçar os socialistas. Se de facto a recuperação económica ganhar ainda mais pernas para andar, o PS poderá fazer parte da solução e não do problema, reclamando para si uma parte desse sucesso. Sendo do contra, os socialistas arriscam-se a ver bonitos do governo de coligação e a perder o comboio que já está em andamento. Ultimamente no Largo do Rato tem faltado algum juízo e bom-senso. Julgava Costa que o crédito do património socialista seria suficiente para ganhar tudo e todos. Mas ele insiste. A casa de apostas do Rato parece desejar mais um flop. Maria de Belém não é uma figura icónica que possa beneficiar de uma moção de confiança presidencial dos portugueses. A bússola socialista está efectivamente escangalhada. Talvez não fosse má ideia António Costa negociar algo que bem conhece - o Ministério da Justiça. O que pensaria Sócrates sobre esta hipótese? Não está mal pensado, pois não?

 

Trio de Ataque foi uma designação proposta pela minha amiga Ana Luísa Ferreira Rodrigues para a coligação PS-CDU-BE. A expressão simplificada TRAQUE é de minha autoria.

publicado às 11:10

How the economic machine works

por John Wolf, em 07.11.13

publicado às 18:21

Uma questão pertinente

por João Pinto Bastos, em 25.01.13

Qual é o banco que está a conceder o generoso crédito que permite ao engenheiro da falência colectiva da nação levar uma vida nababa na cidade luz? É que com tanta abundância de crédito para Sócrates começo a perguntar-me o porquê de as pequenas e médias empresas não terem acesso com a mesma facilidade ao crédito concedido pela banca. A solidez das contas de Sócrates é assim tão superior à segurança creditícia fornecida pelas milhares de empresas que labutam todos os dias pela sua sobrevivência?

publicado às 14:14






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