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Esta semana podem encontrar um artigo da minha autoria no Prisma, nova plataforma de slow journalism do Jornal Económico, em que viso contribuir para o debate sobre a política externa portuguesa na era de turbulência em que vamos vivendo, marcada pela crise do euro, crise dos refugiados, Brexit, Trump, Putin, Merkel, populismo, eurocepticismo, fundamentalismo islâmico e uma União Europeia à procura de perceber o seu futuro.

publicado às 22:31

Entrevista de Jeffry Frieden sobre a crise do euro

por Samuel de Paiva Pires, em 09.05.17

Jeffry Frieden a explicar coisas fáceis de entender sobre a crise do euro e o futuro da União Europeia. Não vi esta entrevista muito divulgada por cá e compreende-se porquê: à esquerda é mais fácil continuar a acreditar na narrativa sobre o malvado ultra-neo-liberalismo, ao passo que à direita é mais fácil continuar a acreditar na narrativa dos trabalhadores do norte contra os preguiçosos do sul, dos responsáveis contra os irresponsáveis que só gastam dinheiro em copos e mulheres, que serve os interesses alemães.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 12:48

Dear Jeroen Dijsselbloem

por Samuel de Paiva Pires, em 22.03.17

I would like to let you know that I have no problem with direct style. Just with blatant stupidity and your inability (as well as of most European leaders) to understand that the roots of the eurocrisis lie in the structural weaknesses of the Economic and Monetary Union.

 

Yours sincerely 

publicado às 18:08

O problema não são as declarações de Dijsselbloem

por Samuel de Paiva Pires, em 22.03.17

Para lá da deselegância óbvia geradora da indignação fácil, o verdadeiro problema é aquilo que subjaz às declarações do holandês: uma narrativa dominante entre as elites europeias, inclusive entre muitos políticos de países do sul da Europa, que só vê virtudes nos países do norte da Europa e defeitos nos países do sul, no que concerne à sua gestão política e económica, ignorando, propositadamente ou não, que a crise do euro se deve à deficiente arquitectura deste. Permitam-me recuperar o que escrevi em 2014 a este respeito:

 

Começando no estabelecimento da União Económica e Monetária - em que prevaleceu a visão do Bundesbank de um BCE inspirado no seu modelo, centrado quase exclusivamente na estabilidade de preços -, que não era e continua a não ser uma Zona Monetária Óptima, circunstância agravada pela inexistência de uma união orçamental que permitisse uma gestão macroeconómica conjunta, o que a torna propensa a choques assimétricos; passando por uma fragilidade estrutural essencial para a compreensão da crise, segundo Paul De Grauwe, que é a perda da capacidade de os países emitirem dívida numa moeda própria, emitindo-a numa moeda que não controlam, pelo que estão, assim, mais facilmente à mercê dos mercados financeiros e podem ser rapidamente precipitados por estes para um default; e chegando aos anos da crise do euro, em que o diagnóstico da crise da dívida soberana grega foi erradamente generalizado a outros países, conforme Jay Shambaugh sublinha, servindo como justificação para prescrever pacotes de austeridade e reformas estruturais que, per se, não são suficientes para superar os constrangimentos resultantes das fragilidades estruturais da UEM, conclui-se que estas fragilidades não só resultam da perspectiva alemã aquando das negociações que levaram ao seu estabelecimento, como aproveitam actualmente à Alemanha. Hans Kundnani assinala que a actual situação, com um euro fraco (segundo Andrew Moravcsik, a taxa de câmbio real da Alemanha, actualmente, está 40% abaixo do que estaria se o país ainda tivesse o marco alemão), é a ideal para a economia alemã baseada nas exportações e avisa que o narcisismo económico da Alemanha coloca toda a Zona Euro em causa. Assim, a Alemanha está actualmente numa posição muito confortável, com um euro fraco que favorece as suas exportações, tornando-a a economia mais competitiva da Zona Euro, e, em parte em resultado disto, encontra-se de forma indisputada na liderança política da UE, tendo a cooperação entre países soberanos sido relegada em favor de uma dominação de facto por parte de Berlim. Ulrich Beck resume de forma lapidar esta situação em A Europa Alemã: "Como a Alemanha é o país mais rico, agora é ela que manda no centro da Europa." A austeridade imposta erradamente aos países sob resgate financeiro permite à Alemanha manter este status quo em que, nas palavras de Moravcsik, ao "utilizar uma moeda subvalorizada para acumular excedentes comerciais, a Alemanha actua como a China da Europa."

 

(também publicado aqui.)

publicado às 12:46

Sobre a Alemanha

por Samuel de Paiva Pires, em 31.08.15

Os alemães que acolhem de bom grado milhares de refugiados que atravessam o Mediterrâneo são os mesmos que punem com medidas de austeridade, de há anos a esta parte, os povos de países que fazem parte da União Europeia, fomentando Merkel e Schäuble a desconfiança generalizada em relação ao futuro do projecto europeu. Desculpem-me a intromissão, podem continuar a elogiar os alemães.

publicado às 11:30

Dos conceitos básicos de economia

por Ana Rodrigues Bidarra, em 21.08.14

Ambrose Evans-Pritchard (via Pedro Arroja):

 

Professor Christopher Sims, a US expert on monetary policy, said EMU policy makers had not sorted out the basic design flaws in monetary union, and are driving Club Med nations into deeper trouble by imposing pro-cyclical austerity.

"If I were advising Greece, Portugal or even Spain, I would tell them to prepare contingency plans to leave the euro. There is no point being in EMU if all that happens when you are hit with a shock is that the shock gets worse," he said.

"It would be very costly to leave the euro, a form of default, but staying in the euro is also very costly for these countries. The Europeans have created a system that is worse than the Gold Standard. Countries are in the same position as Latin American states that borrowed in dollars," he said.

publicado às 10:35

 

(fotografia cortesia da Organização das Conferências do Estoril)

 

Num painel presidido por João Carlos Espada, Anthony Giddens, teorizador da célebre Terceira via, e Jorge Sampaio, ex-presidente da República, deram início aos trabalhos do último dia das Conferências do Estoril.

 

O sociólogo britânico começou por salientar que nunca viveu uma época tão difícil de compreender, dando como exemplo ilustrativo desta problemática um artigo que leu recentemente sobre uma reunião de economistas do FMI que afirmam já não conseguir compreender a economia mundial, resumindo-se a perspectivar que tudo será diferente dos últimos 20 ou 30 anos, sendo por isso necessário, segundo Giddens, um grande esforço de reconstrução intelectual em todas as áreas.

 

Giddens classificou-se como um forte pró-europeu, o que talvez explique uma afirmação no mínimo discutível, para não dizer claramente errada: "ninguém cometa o erro de culpar a União Europeia e o euro pelos desafios que enfrentamos, porque senão não vamos encontrar solução viável."

 

Procurando tratar também as implicações políticas da crise económica, Giddens assinalou que estamos a entrar numa nova fase de transformação, em que as expectativas optimistas quanto às alegadas Quarta e Quinta Vagas de Democratização (América Latina, África e partes da Ásia no primeiro caso, e Primavera Árabe no segundo), saíram goradas, e até mesmo na Europa e nos EUA existem diversos problemas em virtude de divisionismos vários que têm fomentado a emergência de movimentos populistas e extremistas como o Tea Party nos EUA ou o UKIP no Reino Unido. Aliás, o académico que serviu de inspiração à acção política de Tony Blair mencionou várias vezes o UKIP, revelando uma certa preocupação com os resultados eleitorais da noite passada e a assunção de um papel político de relevo pelo partido de Nigel Farage.

 

Outro dos principais problemas apontado não apenas por Giddens, mas também por Jorge Sampaio, é a falta de liderança política no mundo Ocidental, que em conjunto com a reduzida accountability, ou seja, a responsabilização dos líderes políticos perante os eleitores, e a crescente utilização dos social media pelos cidadãos produz desafios que ainda ninguém consegue vislumbrar muito bem como ultrapassar. O antigo director da London School of Economics terminou a sua intervenção clamando por que os europeus olhem em conjunto para estes desafios e adaptem as instituições democráticas tradicionais, complementando-as com uma maior participação política e fiscalização por parte dos eleitores.

 

Em relação a este mesmo assunto, o ex-presidente da República considerou, por seu lado, que não há neste momento substituto para as instituições democráticas tradicionais, que temos de reformar as que temos, modernizando-as com inputs que vêm da sociedade, afirmando que esta é a única forma de dar esperança às pessoas e de impedir que se sintam atraídas por ideologias simplificadas. Para este efeito, salientou que os parlamentos necessitam de ter maior relevância e reestruturar a ligação à sociedade e que urge também tentar envolver as universidades, think-tanks, instituições da sociedade civil e indivíduos no mundo político, para evitar o processo de distanciação e desconexão da realidade a que este está cada vez mais sujeito.

 

Na sua intervenção, o histórico líder socialista centrou-se essencialmente na União Europeia, colocando cinco questões/temas em cima da mesa. Primeiro, começou por perguntar que Europa é esta que mostra não fazer nada em relação precisamente à transformação das democracias, instituições, políticas e processos de decisão em face de uma crise que está a atirar milhões de indivíduos para o flagelo do desemprego, fazendo perigar a muito necessária coesão social, não deixando de mostrar a sua veia socialista ao proferir o lugar-comum, também no mínimo discutível, de que os últimos 30 anos de políticas de desregulação são os principais responsáveis pela crise. De seguida associou a ascensão de movimentos populistas à perda de confiança nas instituições europeias, reclamando que este é o momento para reconstruir o contrato social que fundamenta a União Europeia, o que necessitaria de uma liderança digna dessa qualificação. Em complemento a este ponto, referiu também a necessidade de requalificar as democracias nacionais, precisamente no sentido de envolver os cidadãos na construção da polis, para que se interessem pela política e a compreendam como absolutamente necessária para responder a problemas reais e às aspirações das populações. Em quarto lugar, Jorge Sampaio referiu-se ao papel dos media, não só os tradicionais, em relação aos quais afirmou que moldam as percepções públicas sobre os mais variados assuntos e devem também ser fiscalizados e responsabilizados, mas também em relação aos social media, um dos temas que esteve em foco esta manhã, dando relevo ao papel destes na Primavera Árabe e na forma como os jovens se organizam e dão voz às suas reivindicações. Por último, o ex-Alto Representante da Aliança das Civilizações clamou ainda por novos fora de governança global com vários níveis e actores nacionais, internacionais, europeus, regionais e locais que possam elaborar melhores políticas de regulação, e terminou o seu discurso afirmando que se os cidadãos não participarem politicamente, desde o nível local até outros níveis e eleições, e isto tendo em consideração que temos de lidar com uma grande decepção em termos de liderança e soluções para os problemas dos cidadãos, não vamos conseguir enfrentar os problemas que vivemos, salientando ainda que "se a União Europeia significa alguma coisa, e claro que significa responsabilidade, não tem de significar uma espécie de liquidação da sociedade."

 

A finalizar o debate, destaque ainda para as afirmações de Anthony Giddens a respeito da crise do euro e do papel do Reino Unido na União Europeia. Embora se sinta desconfortável com a situação, crê que só há uma saída possível para a crise, o federalismo, já que acabar com a moeda única seria não só extremamente difícil como implicaria um cenário que ninguém sabe muito bem como seria, mas em que a Europa perderia relevância na arena internacional e o sistema financeiro tornar-se-ia demasiado instável. "Acho que o futuro da Europa depende da manutenção do Euro, apesar de não estar muito feliz com esta situação. Se o Euro colapsar, estaremos em terreno muito difícil. Se sobreviver, poderemos assistir a um renovar do apoio à União Europeia", disse. Por último, afirmou também que "É possível que o Reino Unido se retire da União Europeia, mas não creio que seja muito provável. Defendo que haja um referendo não só quanto à manutenção do Reino Unido na União Europeia, mas também quanto à adesão ao Euro." 

 

(publicado originalmente no Cables from Estoril)

publicado às 15:05

Crise de euros de Chipre

por John Wolf, em 20.03.13

 

Em 1962 a União Soviética teve um "affair" com uma ilha (a crise dos mísseis de Cuba) e agora, volvido mais de meio século, a Rússia tem o seu "caso" novamente com uma ilha (chamemos-lhe a crise dos euros do Chipre)...

publicado às 20:43

Bacanais, orgias e uniões políticas

por John Wolf, em 20.03.13

Tenho andado equivocado. Tenho procurado uma grande teoria para explicar o descalabro da União Europeia (UE) e cheguei a uma simples conclusão. É óbvio que a UE nunca poderia resultar. Sem grandes elaborações conceptuais ou teóricas, mas baseando-me apenas em provas fornecidas por seitas e grupos místicos, podemos afirmar, de um modo moralista ou não, conforme os gostos, que uma relação poligâmica tinha de dar nesta confusão, neste arrufo de namorados.  A comunidade económica, que começou de mansinho como uma coisa séria, vista retrospectivamente, nada mais foi do que um imenso bacanal. Um orgia política coberta por uma manta de grandes desígnios económicos. O grupo, formado por dois ou três machos valentes, líderes espirituais do norte, e uma panóplia de seguidores do sul, estava destinado a esbarrar com um dissidente. Um membro insatisfeito com os rituais impostos pelos iluminados. O Chipre confessa agora os seus dois amores. O coração amargurado do Chipre revela a sua ambivalência. Viveu estes anos todos  num ménage à trois enquanto a maralha pensava que era uma união de facto. A ilha solitária vacila nesta hora de aflição. Procura o conforto de alguém. Não sabe ainda se deve entregar o seu amor à Babushka ou preservar a amizade colorida com tantos parceiros de deboche - 27 ao todo. Levou uma mocada dos lideres espirituais e começa a ter sérias dúvidas sobre a religião que professou durante tantos anos. Quando o Chipre rasgar os votos de feliz casamento  com a UE, outras noivas seguir-lhe-ão as pegadas...braçadas para não se afogarem. 

publicado às 10:24

A crise

por Nuno Castelo-Branco, em 03.06.12

Mais de setenta mil jovens e uns tantos milhares de menos jovens no Rock in Rio, com bilhetes comprados ao preço que se sabe. Outras dezenas de milhar abarrotando o Estádio da Luz e ansiosos por assistirem a um miserável jogo de preparação que se saldou num 3-1. À noite, o Bairro Alto e imediações, entupidos por alegres foliões de copázios em riste.

 

Estamos a reagir muito bem à crise. Antes assim.

publicado às 07:12

A europa cartesiana

por Samuel de Paiva Pires, em 29.01.12

Daniel Hannan, The solution to the euro crisis? A European credit rating agency!:

 

«Commentators sometimes talk of the EU has having been constructed on 'Cartesian' lines, meaning that it was designed in the logical French tradition rather than the empirical British one. But where the EU is truly Cartesian is in its belief that, like the malicious demon in Descartes' famous thought experiment, it can control reality by regulating our senses. Unemployment rising? Publish some better figures! People turning against the single currency? Release a celebratory video! Bad economic data? Get rid of the agencies and put a better one in their place! When our leaders believe they can legislate against bad news, the end is near.»

publicado às 16:04






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