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Não sou uma coisa nem outra. Não sou feminista nem o oposto. Fica feito o aviso. Mas não resisto à tentação de estabelecer a ligação entre os dois casos - a gravidez de Assunção Cristas e a embriaguez de Glória Araújo. As duas senhoras são políticas que se encontram de costas voltadas, em campos opostos da gestação parlamentar que conduz à tomada de decisões. A Ministra da Agricultura está efectivamente no governo, para bem ou para mal, e sempre me disseram que o poder é um afrodisíaco. Que estimula os sentidos, que desperta a vida que há em nós, que tem um efeito de placebo na placenta. Digo isto de um modo respeitoso e saúdo a sua gravidez, especialmente em tempos de contenção reprodutiva. E fico aborrecido com certos comentadores da praça que a desejam arrumar à laia de doméstica cujo lugar é em casa, perto da cozinha e na cercania da tábua de engomar. Muitos observadores dão por certa a interrupção voluntária do seu mandato. Eu vejo algo diverso. Entendo que a posição que ocupa não deve ser interrompida, mas aproveitada para avançar uma outra causa. Uma causa querida pelas mulheres e crianças. A igualdade de direitos no local de trabalho. Refiro-me à amamentação no local de trabalho. Não sei se seria inédito, mas talvez fosse a ocasião propícia para demonstrar os benefícios do leite materno em plenário. Isto sim seria leite pleno. Por outro lado, e nos antípodas da saúde e da alegria, encontramos a deputada do PS - Glória Araújo. Assumindo-me como psicólogo de ocasião, devo partilhar o meu diagnóstico do estado inebriado em que a encontraram. A rapariga está amargurada. Está na oposição e ninguém lhe liga. Meteu-se nos copos e fez-se à estrada. Foi o modo que encontrou para chamar as atenções a altas horas da madrugada, enquanto os colegas de bancada dormiam. Se se tivesse metido nos copos e não se tivesse feito à estrada passaria despercebida. Acresce a esta leitura rebuscada outra ainda mais elaborada. O governo, entendido como inimigo visceral do PS, acaba de anunciar a diminuição da sinistralidade e vítimas mortais nas estradas Portuguesas. Mas a Glória Araújo não foi em cantigas. Não senhor. Não será o governo de Passos Coelho a colher os frutos do seu trabalho. Afinal, a deputada inebriada até fez parte da Comissão Interparlamentar da Segurança Rodoviária e não são os outros que vão aproveitar o seu esforço. Entende-se, deste modo, que desejasse ser ela própria a manchar os resultados obtidos. Eu sei que isto dá a volta ao estômago, mas em última instância tem tudo a ver com garrafas. É uma questão de bebida.