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Dos Eric Cartman da direita portuguesa

por Samuel de Paiva Pires, em 06.11.20

Durante os últimos quatro anos, os partidários portugueses de Trump e quejandos líderes e movimentos populistas não só ignoraram como se regozijaram com os inúmeros ataques do ainda Presidente dos EUA aos fundamentos da democracia liberal e às mais elementares regras de decência e civilidade. Aprenderam com Trump uma táctica discursiva de contornos bastante simples, assente em duas fases, que temos observado nos últimos dias: acusam os adversários daquilo que, na verdade, são as práticas dos próprios acusadores, e quando confrontados recorrem invariavelmente à vitimização. Isto em registos constantemente marcados pela grosseria e ofensas gratuitas ao mesmo tempo que se arvoram em adeptos da elevação no debate. São constantes os ataques vis protagonizados por Trump, as acusações de que os adversários fizeram X ou Y que, na realidade, é o que o próprio faz, e a sempre previsível vitimização perante o confronto. A estratégia de Trump para as eleições é, aliás, elucidativa quanto baste a este respeito. Entre os seus aprendizes, um exemplo particularmente ilustrativo foram as críticas a Joe Biden por ter chamado “clown” a Trump no primeiro debate presidencial, tecidas por quem ignorou olimpicamente o facto de ter sido Trump a levar o debate para a lama. Mais uma vez, escamotearam a conduta miserável do seu querido líder e alguns, sem terem visto o debate, concentraram os seus ataques sobre esse momento, não tendo sequer a noção de que Biden revelou capacidade de contenção numa situação em que muitos nivelariam a sua postura pela de Trump ou abandonariam o debate.

Entretanto, por cá, à direita, a divisão entre democratas liberais e populistas tem-se tornado cada vez mais visível, sendo célebres, dos trumpistas nativos, várias ofensas, desde as mais patéticas (“a direita cobarde”, “os moderados cobardes”, “a direita fofinha”, “a direita Haddad”) às mais directas e em registo taberneiro. Recorrem com uma inusitada frequência a este estilo pela simples razão de que atrás de um computador, e no tempo das redes sociais, a propensão para a agressividade é particularmente acentuada. Ao vivo, perante aqueles que apelidam de cobardes, não se atrevem, como já pude observar várias vezes, a adoptar um vislumbre da retórica ofensiva a que recorrem nas redes, até porque a frontalidade e a coragem moral e física de muitos é inversamente proporcional à que demonstram no mundo virtual, da mesma forma que a sua noção de civilidade também é inversamente proporcional à que fica patente na internet - felizmente! Talvez mais interessante que a fase das ofensas, é a fase da vitimização. Revela a mesma postura moral do bully no recreio da escola que, quando confrontado, choraminga e vai fazer queixas aos professores e aos pais. São os Eric Cartman da direita portuguesa.

Mas esta semana trouxe-nos uma novidade nas práticas discursivas. Às acusações, ofensas e vitimização vieram acrescentar a cereja no topo do bolo: o gongorismo proclamatório em declarações sobre o fim da civilização, do debate público elevado e, no limite, da humanidade como a conhecemos. Descartados os óbvios exageros de quem se leva demasiado a sério, há que mostrar alguma compreensão. Estão desnorteados com a eventual queda do querido líder e com o que esta significaria para o futuro dos movimentos nacional-populistas. Agora que os EUA poderão entrar numa fase de regeneração, por cá a direita radical ainda está na fase de crescimento. Quando a direita radical lusa atingir o auge, em muitos outros países já os populistas estarão no espelho retrovisor. O populismo é a antítese da democracia liberal. Em vez de harmonizar contrários, alimenta-se da tribalização e da polarização. Mas quando chegarmos à fase de síntese, isto é, quando algumas críticas dos populistas tiverem sido absorvidas e respondidas pelo mainstream que descarta as soluções anti-liberais, os "moderados-fofinhos-cobardes" cá estarão, na sua infinita paciência, tolerância e, em muitos casos, caridade cristã, para acolher os que os têm ofendido.

publicado às 22:04

Boa viagem… até à China

por Nuno Castelo-Branco, em 10.11.16

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A América dos "rédenéques", racistas, deploráveis, analfabetos, misóginos, homofóbicos, cretinos, imbecis, KKK, xenófobos, anti-islâmicos, anti-judaicos, anti-budistas, anti-hindus, anti-católicos, anti-hispânicos, preconceituosos e por aí fora. 

Pronto, nós todos, da esquerda e da direita europeia, já temos um excelente argumento para as manifs e depois, para desopilarmos, uma viagem de relaxamento até à China.

publicado às 09:52

Mea culpa Trump

por John Wolf, em 09.11.16

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Começo por realizar um mea culpa. Deixei-me levar pelos media dos EUA. Acreditei, de facto, na imparcialidade dos jornais e estações de televisão, nas emissões com paineis de especialistas, nos fabricantes de sondagens e no status quo dos meus compatriotas. Não votei em Trump, mas à luz da sua eleição, devo conservar o espírito construtivo e procurar acreditar que o povo americano deve saber interpretar e moldar a excepcionalidade deste desfecho. Seria faccioso e fundamentalista político, mas acima de tudo hipócrita, se não responsabilizasse a própria Hillary Clinton pelos resultados e os limites das suas ambições. Houve, na senda do partido Democrata, uma insistência na velha escola, nos valores autofágicos, e na rejeição da revolução que não veio a acontecer. Enquanto conhecedor do sistema político americano sei que qualquer exagero comportamental de Donald Trump encontrará barreiras e fará soar alarmes. Quer o desejemos ou não, uma nova ordem mundial está a ser construída e assenta numa premissa fundamental. Os diversos povos do mundo há muito que vêm reclamando uma alteração das regras de jogo. Veremos como a Europa nos seus diversos processos electivos se reconfigura. Como já foi democraticamente enunciado no século XIX: I don´t agree with what you say, but I´ll defend to death your right to say it.  Em nome da nossa própria sanidade mental aguardemos então que as palavras descabidas de Trump apenas parcialmente sejam convertidas em actos, e que uma epifania política possa brotar do pântano de Washington que alguém diz que prontamente será drenado.

publicado às 09:03

Make America Great (Britain) Again!

por Nuno Castelo-Branco, em 03.11.16

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publicado às 08:30

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Os portugueses que não elegeram António Costa já estão a sentir os efeitos questionáveis do seu governo. O mesmo se passará com a eleição do próximo presidente dos EUA. Seja quem for que ocupe a Casa Branca, o resto do mundo será destinatário de decisões tomadas pelo presidente mais poderoso do mundo. Encontro-me no meio da discussão. O meu voto, por mais singular e ínfimo que seja, pode ajudar a esclarecer o processo presidencial americano. No entanto, enfrentamos, qualquer que seja a nossa nacionalidade, perigos trans-ideológicos assinaláveis. Ontem assistimos ao "dia 2" do longo processo de nomeação de candidatos presidenciais - Hillary Clintou levou uma ripada da estrela do "socialismo americano" Bernie Sanders, e Donald Trump arrasou Cruz e os demais republicanos. O que Sanders defende está no cerne da questão do grande desequilíbrio económico e social daquele país, e por extensão, do resto do mundo. Sabemos que os excessos de Wall Street minam os fundamentos da Democracia e prorrogam a vantagem obscena daquele 1% mais abastado do mundo. Sabemos que a justiça social ainda não foi alcançada em sociedades capitalistas um pouco por todo o mundo. Sabemos também que todo e qualquer serviço de saúde congeminado por um Estado deve chegar aos mais carentes. Em relação a isto duvido que discordemos - existem grandes fracturas que devem ser reparadas se quisermos manter viva a nossa crença na humanidade. Mas também sabemos qual o significado de cultura ideológica, de tradição ou partidarismo. Nessa medida, há que utilizar uma medida de interpretação distinta daquela convencionalmente aceite. Por outras palavras, a nomeação de Bernie Sanders quase de certeza que significará a eleição de Donald Trump como próximo presidente dos EUA. Se e quando o socialista americano Sanders chegar à nomeação, certamente que será empurrado para a extrema ideológica onde habitam os medos de que se alimenta Trump. Teremos, simplesmente, uma América rachada entre um nacionalista ultra-liberal e um recém-designado comunista, e, a haver esse dilema existencial, o pior dos EUA emergirá para eleger o uber-conservador que segue em sentido contrário aos valores fundamentais que estão na génese da nação americana. Sinto que os EUA não estão preparados para interiorizar o que pretende Sanders, e irá, por uma questão de tradição económica e financeira, pender para o lado do guru bilionário. Como votante neste processo eleitoral, não me sinto muito confortável com o que quer que seja. Hillary Clinton ainda não tem o meu aval, porque não acredito na graça política do voto útil. Aquele mecanismo sobejamente gasto pela política portuguesa, onde a virtude reside mais em derrotar do que eleger. Veremos se Bloomberg será a alavanca apropriada para desempatar um jogo cínico, ou se será apenas mais um factor de risco e volatilidade. Eu sei que a malta anda toda entusiasmada com as continhas do Orçamento de Estado, mas a eleição do próximo presidente americano diz respeito a todos. Se não tivermos cuidado, os portugueses ainda vão levar com mais um que não elegeram. Isto sem contar com António Costa.

publicado às 15:52

Retrocesso terrível? Em quê?

por João Pinto Bastos, em 05.11.12

Haverá alguma alma caridosa que me explique o porquê da possível - e desejável a meu ver - eleição de Mitt Romney representar, segundo as rabugentas palavras de Miguel Sousa Tavares, um "retrocesso terrível"? A ideia peregrina, que perpassa alguns estamentos da intelectualidade que tem poiso habitual nos media, de que Romney é um perigo político que deve ser travado a todo o custo, é um daqueles arroubos pueris que amiúde atingem gente muito bem formada. Obama foi uma decepção em toda a linha que, curiosamente, tem vendado as vistas de uma esquerda sem programa nem espírito. O Henrique Raposo, com alguma ironia - e mestria, diga-se de passagem -, descreveu Obama como o pretinho salazarista, em virtude do debate eleitoral estadunidense estar arrimado em bases bem diferentes das que presidem ao debate político europeu. É certo que nos EUA não se verificam os arrebatamentos, tão próprios de uma Europa em crise, em torno do agonizante Estado Social, contudo, Obama e a sua entourage, por mais que se negue o contrário, ajudaram, com a sua inépcia sufocante, a protelar a resolução da crise económica americana. A candidatura republicana é passível de muitas críticas, resultado, sobretudo, das suas insuficiências programáticas, porém, criticar Romney por, supostamente, ter como substrato ideológico um distributivismo pró-ricos, revela um primarismo político que, infelizmente, domina muita opinião dita e publicada. Romney pode perder, e é bem provável que perca, mas Obama, vencendo ou não, não terá a sua aura messiânica rejuvenescida. 

publicado às 21:50

A divertida campanha de Mitt Romney

por Pedro Quartin Graça, em 27.10.12

publicado às 17:40

Telenovela americana - Parte 2

por Ana Firmo Ferreira, em 04.01.12

 

Parece que Mitt Romney lá conseguiu vencer as a primeira ronda das primárias Republicanas - por uns escassos 8 votos.

 

Poder-se-á dizer que esta magra vitória, foi por haver tão bons candidatos  e que como tal, foi uma luta renhida - acho que foi o oposto, foi mesmo por nenhum ser suficientemente bom.

 

publicado às 12:00

Já tinha saudades da telenovela

por Ana Firmo Ferreira, em 03.01.12

 

Parece que começa hoje a escolha do adversário de Obama para as próximas eleições presidenciais no EUA.

Começam já as polémicas, as lavagens de roupa suja em público, as campanhas milionárias, enfim a telenovela do costume acompanhada 24h pelo resto do mundo - porque enfim, goste-se ou não, estas influenciam tudo o resto.

 

Podia começar agora a dissertar sobre os candidatos ou sobre os métodos de eleição ou ainda a influência que os resultados podem exercer na política mundial, mas para já vou limitar-me a observar e a guardar os meus comentários para mais tarde - não podia no entanto não deixar a nota.

publicado às 11:45

A decadência

por Nuno Castelo-Branco, em 18.09.08

Hoje, ouvindo do suporífero Obama e parceiro ao decaído McCain e alvar pateta que o assessora, damo-nos conta do fim da inspiração.

publicado às 20:55






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