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Mário Centeno não é Sinel de Cordes. O ministro das finanças pratica outro género de humor. A sua comédia é mais do tipo absurdo. Agora anda a pedir para que invistam em Portugal. E aqui reside uma grande parte da contradição. Portugal não é, decididamente, investor-friendly. Se esta malta da geringonça fosse inteligente já teria criado onshores - zonas de exclusão fiscal no país continental, e em particular nas zonas mais afectados por altas taxas de desemprego, pobreza crónica e ausência de tecido industrial. Simples. Já teria criado mecanismos de financiamento ao nível autárquico como acontece nos Estados Unidos - nunca ouvi falar de municipal bonds - títulos de dívida para financiar obras em concreto que se venham a desenvolver nas autarquias. Mas há mais matéria de nível infantil que não está a entrar na cabeça de Centeno. Um dos pressupostos que empresta confiança a um país consubstancia-se no seu grau de checks, controls and transparency. Ora a Caixa Geral de Depósitos está a ser protegida pelo governo que não apoia a ideia de uma comissão parlamentar de inquérito a seu propósito. Por outras palavras, um investidor estrangeiro nem sequer pode contar com o due diligence do governo nacional. Depois somos confrontados com outra barbaridade do mercado contaminado por preferências ideológicas. As "desprivatizações" em curso enviam um sinal claro a potenciais investidores - Portugal tem sintomas de Venezuela. E isso segue em sentido contrário à ideia de investimento seguro. Sabem lá essas multinacionais se a geringonça de repente decide afiambrar-se do que não lhe pertence com uma taxa inventada à pressão? O Commerzbank tem razão no que afirma. Portugal inverteu o rumo iniciado pelo governo anterior, mas essa mudança de sentido de marcha não melhorou nem o nível de vida dos portugueses nem as condições de atracção de investimento directo estrangeiro. O Centeno e os outros que andam em Paris nem sequer são capazes de esboçar um pacote de oferta para aqueles que venham a ser intensamente afectados pelo Brexit. Afinal o que anda Centeno a inventar para captivar algum incauto? Só pode ser ficção. Um conjunto de baboseiras.
Já vimos que António Costa conseguiu contratar o humorista-rei de Portugal. Ricardo Araújo Pereira (RAP) tem capital intelectual para dar e vender. Apenas alguém com níveis de inteligência muito elevados consegue apostar no cavalo político ganhador. Não há mal nenhum em ser franco e honesto em relação à preferência ideológica. RAP não está a ser cínico. Tem mesmo afecto por António Costa. O problema reside na explicação racional que teria de oferecer (se não fosse humorista) para fundamentar a sua escolha. Mas depois pensei no seguinte; os humoristas, à semelhança dos mágicos, apresentam truques com uma mão cheia de nada. Eu entendo que seja tentador estar alinhado com a parte fraca, com aqueles pintados de perdedores. E a comédia é intrinsecamente um exercício de contestação, mas não de alinhamento com um partido político. Isso tem outro nome - propaganda. Charlie Chaplin também fora acusado de ser socialista, mas eu sei que não devo confundir o cu com as calças. Ainda falta bastante para RAP superar Herman José, quanto mais Charlot (que raio de tradução?!). Por estes motivos de escalada mediática ou de manutenção do status de humor, devemos questionar as suas motivações e o que afirma Pereira (Tabucchi, perdoa-me) no seu programa tá-se-bem (é assim?). Se RAP fosse mesmo rapper, incluiria na sua letra um sentido mais ecológico e subtil, esbanjaria gargalhadas no boletim de voto integral e não correria o risco de ser eleito faccioso. Mas deste modo, impõe-se de um modo anti-democrático. Canoniza a antitese perfeita, corporiza o estado paliativo do humor inteligente e apresenta um estado novo de comédia. RAP tornou-se numa autoridade, no ditador da piada fácil, dispensável.
Ministro da Economia afirma que o Estado deve reduzir a estrutura de custos para aliviar o quadro fiscal dos portugueses |
Perante os bons sinais da economia, António Pires de Lima diz que depois do esforço das empresas e do ajustamento que as famílias fizeram é agora a vez do Estado fazer a sua parte, ou seja reduzir a estrutura de custos para aliviar o quadro fiscal aos portugueses. Declarações de António Pires de Lima, ministro da Economia. |
12-09-2013 - TVI - Diário da Manhã |
A propósito deste post do Fernando Melro dos Santos (de onde retirei o título), um video que é uma autêntica paródia da sociedade idiotizada que se está a criar:
Há também um tutorial semelhante sobre como abrir uma porta. Melhor que muito sketch dos Monty Python, não é?
Agora vejamos este tutorial a sério feito pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, muito politicamente correcto (muita família monoparental, só uma das mães tem aliança de casamento) e multicultural do princípio ao fim:
É uma velha lição dos totalitarismos que quanto mais se tratarem as pessoas como idiotas e incapazes, mais as pessoas nisso mesmo se tornarão e acatarão o que lhes for ordenado sem questionar, porque se sentirão sem competência nem responsabilidade para decidirem ou pensarem pelas suas cabeças. E nesta matéria, ninguém bate os países anglo-saxónicos.
Caro Rui, já agora acrescente-se esta à lista. Sabemos que o mundo está perdido quando os candidatos a James Bond se comportam desta forma (via Maradona):
A former spy is suing the Metropolitan police for failing to "protect" him from falling in love with one of the environmental activists whose movement he infiltrated.
(...)
"I worked undercover for eight years," he told the Mail on Sunday. "My superiors knew who I was sleeping with but chose to turn a blind eye because I was getting such valuable information They did nothing to prevent me falling in love."
E o João Miranda está cada vez mais hilariante. Tenta rebater o único estudo sério sobre a TSU em meia dúzia de linhas, das quais o ponto 3 não tem qualquer relação com os resultados do estudo, e termina assim: "No entanto só fiz uma leitura muito na diagonal e pode-me ter escapado alguma coisa."
Sem dúvida, uma das melhores Mixórdias de Temáticas de Ricardo Araújo Pereira:
Alguém ofereça um manual de estatística ao Rodrigo.
O 3D é uma tanga para cobrar mais dinheiro por um bilhete de cinema e o Titanic é um dos filmes mais aborrecidos que alguma vez vi (tanto que adormeci das duas vezes que o vi, acabando por ver as metades). O que é que pode levar alguém a transformar aquilo em 3D (que não seja o lucro) e, mais, o que pode levar alguém a querer passar pela tortura de ver novamente aquele entediante filme? Se eu passasse 4 horas com aqueles óculos de hipster a ver aquela película, certamente começaria a sangrar dos olhos - e também dos ouvidos, devido à Celine Dion. Enfim, mas já que virou moda, entretanto aguardo pacientemente que transformem o Matrix em 3D, enquanto me divirto com os vídeos a gozar com o Titanic, como este.
No Sol, Barça envia 'mensagem subliminar' a rebeldes sírios:
«A alegação insólita parte do canal de televisão sírio Al Dunya, próximo do regime de Bashar al-Assad: as movimentações em campo de Messi e dos seus colegas do Barcelona representam um código do Governo do Qatar para os rebeldes encontrarem armas e combaterem Damasco.»
Vejam o vídeo no site do Sol. Como diz Luís Pedro Nunes no Facebook, nem o Inimigo Público bate isto!
Hoje de manhã, ao entrar na estação de metro da Baixa, deparei-me com um indivíduo de jornal na mão e aos gritos: "Hoje é dia do Avante!" Minha reacção: "Vade retro, Satanás!" Acho que o senhor não achou piada. Não percebo porquê.