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Bem-vindos ao teatro do absurdo

por Samuel de Paiva Pires, em 25.01.21

O meu balanço das eleições presidenciais, no Sapo 24:

Salvou-se o bom discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, uma espécie de Presidente-Rei do Portugal contemporâneo, numa noite que representa, por diversas razões, um novo capítulo da história democrática. O regime precisa de se modernizar para promover uma maior participação eleitoral e aprofundar a representatividade e tem forçosamente de responder aos problemas económicos e sociais que enfrentamos para evitar a fragmentação social e a polarização política em que o populismo medra. Marcelo demonstrou ter consciência disto mesmo, mas encontra-se perante uma conjuntura de difícil gestão. Tanto a esquerda como a direita democráticas têm de se regenerar e reconfigurar para procurarem reconquistar aqueles que se sentem injustiçados e ignorados pelo sistema. A contagem decrescente já começou.

publicado às 23:38

Prevaleceremos

por Samuel de Paiva Pires, em 18.03.20

Ainda que devessem ter sido tomadas mais cedo, as medidas ora adoptadas são necessárias para reorientar o país para o esforço de combater esta pandemia. Por isso, hoje, há que reconhecer justamente que tanto o Primeiro-Ministro como o Presidente da República estiveram bem. O caminho é longo e penoso, mas prevaleceremos.

publicado às 20:26

Não por acaso, nisto MRS tem muita razão

por Nuno Castelo-Branco, em 24.12.18

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Prudentemente e no seguimento da sua já muito longínqua e muito profícua aprendizagem nas suas férias em Moçambique, o ocupante do casarão rosa de Belém foi visitar a mesquita de Lisboa. Irritaram-se as tias, arrepelaram-se as cabeleiras com ou sem caspa.
A razão da visita parece insólita, mas deve-se sobretudo a um velho costume que agora parece espantar os mais incautos nas redes sociais. Ali foi realizado um repasto natalício, como se tal trivialidade obedecesse a recônditas conspirações onde a reserva mental tecerá das suas. 

Nada disto é novidade e já à distância de meio século, quem tenha nascido no Ultramar decerto se recordará da lojas pertencentes a muçulmanos, caprichosamente decoradas para este período do ano e onde eram comuns as alusões a mais esta religião do Livro. Era habitual o nosso pai chegar a casa com presentes destinados ao Nuno, Miguel e Ângela com um cartão do Abdool, Momade ou Karim, prendas cuidadosa e vistosamente embrulhadas, atitude decerto comum a uma infinidade de nomes que por si identificavam a origem das lembranças.

Portugal tem o privilégio de há muito poder contar com a lealdade dos seus muçulmanos, uma muito discreta, pequena e laboriosa minoria que para os mais exaltados auto-proclamados nacionalistas que pela propaganda escolar são formatados mentalmente por uma certa não menos auto-proclamada esquerda, fazem agora a amálgama do que se vê fora de portas, naquele incontornável princípio que  descerebradamente ambiciona do vizinho o espelho onde almeja  barbear-se. Aquela dita esquerda, na sua ânsia iconoclasta de rebenta quarteirões da História, aqui reproduziu ponto por ponto tudo aquilo que decerto terá aprendido com vários tipos de Marchais e sucedâneos mais ou menos aburguesados e alapados às instituições do Estado. Criado o precedente e o consequente caldo de cultura, o resultado está à vista.

Aquando da invasão do Estado da Índia e sem sequer contarmos com o bem conhecido auxílio político e logístico do Paquistão, as diversas comunidades muçulmanas que nele habitavam mantiveram intacta aquela lealdade, em boa parte para sempre partindo em direcção a outro território no Índico sob soberania portuguesa e ali provisoriamente refazendo as suas vidas até 1975, quando tiveram de voltar a refugiar-se. 

Não tomem os espantados por aquele recente almoço de Natal, as dores que pertencem exclusivamente a franceses, belgas ou alemães, entre muitos outros.

De factos fomos e podemos ser diferentes.

Não nos convém, não queremos ser confundidos e é um desnecessário e criminoso insulto ao povo que durante séculos talvez inconscientemente soubemos ser. Disto tomem boa nota uma parte irada dos alegados nacionalistas, pois o termo em Portugal significará exactamente o oposto daquilo que supõem.

publicado às 15:52

Milagre de Tancos, parte II

por Nuno Castelo-Branco, em 05.11.18

 

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Saiu-lhes a sorte grande por algo que já estava programado há muitos meses, coincidindo esta altura com a turbulência que tem abanado o regime na sua vertente militar e política.

O Comendador de La Vichyssoise, hoje na sua versão de Supremo Comandante, disse um disparate monumental, quando relativamente à Alemanha de 1914 insistiu no apodo do odioso.

Odioso era o regime que então vigorava em Portugal, capaz de todas as infâmias e violências contra a sua própria população usada como carne para canhão, fosse ele o que troava a partir dos cruzadores surtos no Tejo disparando metralha em direcção à Rotunda, ou os de 75 que em Monsanto varejavam o Torel, a zona da Duque de Loulé, o Príncipe Real, enfim, praticamente a cidade inteira. A isto acrescentaremos os caceteiros e facas de mato de Afonso Costa, os assassinatos ao domicílio, a destruição de jornais e espancar de jornalistas em plena via pública, o corte radical dos cadernos eleitorais recebidos da "ominosa Monarchia", a fome generalizada e a ruína económica que significou uma enorme vaga de emigração para o Brasil, a repressão do sindicalismo ou os massacres contínuos no qual se evidenciou o Movimento das Espadas que acabaria com montões de cadáveres.

Comparativamente àquele Portugal, o que era então a Alemanha do Kaiser Guilherme?
- Tinha no Reichstag o SPD como principal partido eleito.
- Tinha direitos sindicais e um correspondente movimento sindical determinante e muito poderoso.
- Tinha assistência social com direitos que a maioria dos países europeus apenas adquiririam décadas depois: creches do Estado e das empresas, escolas públicas e alfabetização generalizada, escolas e institutos técnicos de primeiro plano em termos mundiais, reformas de aposentação garantidas, ensino grátis e escolaridade obrigatória, saúde pública e os mais avançados hospitais do mundo, etc.
- Uma imprensa livre e bastante dinâmica.
- Era a vanguarda científica mundial onde sobressaía o Instituto Kaiser Guilherme, hoje conhecido por Max Planck


Relativamente à França, Reino Unido, Itália ou Rússia, o II Reich estava num plano de superioridade a todos os níveis, apenas destoando das democracias ocidentais por ser o imperador quem nomeava o Chanceler, geralmente em contraponto com os deputados do Reichstag. Longe de ser um ditador, de facto Guilherme II tinha a palavra final e isso era algo que colidia com a praxis francesa, britânica ou italiana, mas num plano muito diferente da situação russa, também parte integrante e vital da Entente. Passe o anacronismo, o Kaiser retinha atribuições que hoje são atribuídas ao ocupante da Casa Branca e nem sequer presidia ao Conselho de Ministros. Noutro prisma, a própria organização territorial alemã, não sendo a de um Estado unitário, acabou por facilitar os jogos de interesses e a preponderância prussiana, não apenas ditada pela sua dimensão territorial, como pela concentração dos meios materiais. Tal como hoje acontece, a Alemanha era um Estado Federal.

A descendente longínqua dessa Alemanha também hoje foi vista, incompreensivelmente afastada dos contingentes francês, americano e britânico, sendo nestes tempos todos eles aliados de Portugal. Má decisão por parte dos organizadores.

Voltando ao desfile, para além da subliminar mensagem de aviso transmitido pela presença de um forte contingente de elementos pertencentes a duas unidades militarizadas que desfilaram na companhia de equipamentos destinados à repressão interna, o Comendador poderia ter retido um lampejo de grandeza e por uma vez, deixar-se de recaduchos político-partidários. Como se comprova a tentação é insuperável e não deixa de ser alguém oriundo de um sector político que rotineiramente vai a votos. Isto é tão válido para ele, como para os seus antecessores. Pareceu no que interessava para o caso, um desfile bem realizado e com uma certa grandeza, não faltando evocações históricas e os sempre esperados espectáculos de cavalaria e respectivos uniformes que atestam a passagem de séculos que tudo o mais secundarizam.

No que ao mais se refere, apenas duas peças de artilharia, dois blindados Leopard II e a bem visível falta de uniformes de parada. Dir-se-ia estar aquela mole de gente preparada para dali mesmo ter de seguir para uma frente de combate qualquer, tal era a predominância de camuflados que camuflam a penúria geral na instituição.

publicado às 11:04

Dignidade institucional...

por Nuno Castelo-Branco, em 08.10.18

 

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 ...ou como ele gosta de referir, sentido de Estado, nestes tempos onde o vale tudo faz escola diária, num sentido sem sentido algum.


MRS ontem respondeu a quem o interrogava acerca das eleições brasileiras, com o clássico ..."não comento eleições noutros países".

Certo.

Hoje, não resistindo a mais uma trica politicamente correcta, resolveu iniciar o discurso com ..."um dia de más notícias", logo rematando com o "extremismo, racismo, xenofobia", etc. Sem dizer um único nome, todos entenderam e o alvo também, é quase certo que por lá terá quem lhe puxe pelo cotovelo e lhe segrede o dito ao ouvido. 

Errado.

Brilhante sentido de Estado, para quem num futuro próximo forçosamente sentar-se-á diante do potencial dirigente do país que não é nada mais, nada menos, senão o principal integrante da CPLP. 

publicado às 14:43

Populismo à Portuguesa

por John Wolf, em 01.07.18

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Não existe uma estirpe de Populismo que possa ser considerada benigna. O hino "a minha alegre casinha" adjudicado pelos Xutos & Pontapés ao coro da Santa Geringonça não pode escapar à doutrina que postula a apropriação de símbolos avulso para fins propagandistas, políticos. A subida ao palco do Rock in Rio de diversas representações soberanas não é um populismo melhor do que o nacionalismo de Orbán ou o Trumpismo da Casa Branca. Com a aparente candura e inocência da bochecha rosadinha, Marcelo, Costa, Ferro e Martins (entre outros bivalves da comitiva mandante, consortes ou nem por isso) lá entoaram a versão pimba da melodia, já de si questionável em termos ideológicos, por ser uma faixa remanescente do Antigo Regime. É nessa pequena e alegre casinha onde deve pernoitar o cidadão português - quietinho e sem causar alarido - é essa a mensagem apaziguadora que passa em rodapé. Fernando Santos também lá podia estar a rufar versos da mesma melodia com a sua noção de desígnio-maior, assente no endeusamento intocável de Cristiano Ronaldo. Essa fé, repelente da objectividade analítica, é uma praga que tem vindo a atraiçoar a falsa-brandura dos costumes de Portugal. Sob a pretensa aura-suave da chefia das migrações ou da Organização das Nações Unidas, o país recruta e confirma o serviço de limpa-vidros tão útil para aliterar percepções e paixões. A graxa interna é semelhante à pomada esfregada no exterior. Com a ingenuidade da decoração atribuída, Portugal coloca-se a jeito da sua auto-valoração. A agência de rating política suprema passou a ser o Rock in Rio. Os tronos "branco-bronco" assentes sobre rodinhas, amestrados no palanque da realeza-selfie, atestam sem margem para dúvida o grau de sordidez que traja o poder em Portugal. O que o povo precisa é de circo. Um grande circo volante que dê guinadas para encobrir a falência do Serviço Nacional de Saúde, assim como a crónica e paliativa doença da Educação em Portugal e a nova crise financeira que não tardará a eclodir à luz da feroz guerra de tarifas entre a União Europeia e os Estados Unidos. Portugal não é os Estados Unidos. Mas aposto que Cristiano Ronaldo ainda se torna Presidente do Governo Regional da Madeira deixando os demais daquele coro com dor de corno. E sim, Cristiano, já o sendo, seria ainda mais populista do que é, e do que aquela cambada que diz que não sabe de nada sobre aventurismos políticos e perfis extremados. A pergunta colocada por Donald Trump é pertinente.

publicado às 15:10

A falência técnica do PS

por John Wolf, em 03.01.18

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Sempre apreciei sátiras, mas sou mais fã de ironias do destino. Para esta rábula sirvo-me do falido Partido Socialista (PS), porque este assume-se como lider da pandilha, mas a ilustração pode servir de template para qualquer partido político. Pensavam eles que enquanto o português enchia o bucho com rabanadas faziam passar a Lei do Financiamento dos Partidos. Nada de mais errado. Venham de lá mais hérnias para endireitar as costas dos políticos. Bravo Marcelo. Mas adiante. Vamos ao Largo do Rato. Face à falência do PS, vejo alguns caminhos de salvação. Começemos pela austeridade doméstica; o corte nas despesas e mordomias dos dirigentes socialistas; o acesso a empréstimos bancários mediante a concessão de garantias imobiliárias; a angariação de receitas próprias, designadamente a transformação da sede do Rato em alojamento local com direito a tour político e a oferta de um brinde de campanha. Enfim, é absolutamente deplorável que os partidos estejam nesta situação. Para todos os efeitos, a Geringonça é como uma Troika, e eu esperava mais solidariedade e racionalidade na gestão de meios. O Partido Comunista Português, o grande capitalista imobiliário do panorama partidário, poderia, se fosse mesmo marxista, ceder um edifício ao PS ou conceder um empréstimo com juros bonificados aos seus camaradas de governação. Pensava eu que o Mário Centeno poderia ser um belo patrão das contas internas do PS, mas arranjaram mesmo um Patrão, um tal de Luís Patrão. Tecnicamente falido - dizem eles - uma expressão simpática. Faz lembrar a técnica da força ou a força da técnica. Não interessa. Estão falidos. Venha de lá uma execução fiscal, o arresto de bens, o congelamento de contas - aquilo a que está sujeito o zé ninguém, o cidadão anónimo, filiado na ilusão do fim da Austeridade, a fraude vendida por essa mesma casa arruinada. Marcelo devia aproveitar a deixa e propor a elaboração de uma Lei da Falência Técnica dos Partidos. Chega de perdões. Para magoar, tem de doer a todos. A ironia do destino é a Austeridade que o PS vai ter de administrar a si mesmo. Talvez seja boa ideia pedirem ajuda ao Passos Coelho, que sabe como se faz.

publicado às 11:05

A grande oportunidade de Marcelo

por John Wolf, em 27.12.17

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Marcelo Rebelo de Sousa, mais do que o Presidente da República com quem temos convivido, tem a oportunidade de ser efectivamente o Presidente de todos os portugueses. Se vetar a Lei do Financiamento de Partidos, e abrir a necessidade de um debate profundo sobre as implicações da mesma, estará a servir a República. Não estará a servir o sistema político nem a matriz partidária do país. Colocar-se-á ao lado de um princípio que deve imperar em Democracias - o princípio da igualdade de tratamento. Iria mais longe até nas consequências a extrair do grande tema do financiamento dos partidos políticos. Não pensar apenas na dimensão do haver - pensar obrigatoriamente na lógica do dever - do dever moral, ético, mas acima de tudo fiscal. Instituiria uma taxa partidária a que estariam obrigadas todas as filiações no sentido de financiar a ideia genérica de participação activa política de cidadãos independentes que em nome da cidadania e da sociedade civil procuram servir o país. Não vejo por que razão o tratamento positivo e discriminatório há-de ser a norma. Marcelo Rebelo de Sousa poderia equilibrar os pratos da balança do seu porte presidencial. O veto elevaria a consideração de tantos portugueses em relação à missão presidencial. Marcelo apenas tem dado a conhecer o mel dos abraços e da solidariedade. Agora falta-nos provar o fel do incómodo que causaria a toda uma classe política versada no parasitarismo, na promiscuidade e no esbanjamento de dinheiros públicos. Simples, Marcelo. É rasurar a proposta de Lei e devolvê-la ao remetente para nova redacção contemplando uma genuína revolução do financiamento partidário. Esta é a grande oportunidade de Marcelo.

publicado às 14:05

Rita passa a Ferro Rodrigues

por John Wolf, em 05.11.17

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Não me recordo bem para qual revista, mas há muitos muitos anos, a Rita Ferro Rodrigues afirmava categoricamente em entrevista que se havia candidatado a um emprego na RTP, "omitindo sempre o nome do seu pai para que o processo fosse imaculadamente imparcial", para que fosse avaliada pelos seus dotes, pelo seu inegável talento - treta, bullshit. Será expectável, à medida que for perdendo o seu brilho televisivo impoluto, que procure servir-se do seu património de exposição mediática e da tradição familiar para alavancar uma putativa carreira política. A plataforma Capazes é um belo trampolim. Não teria sido mais adequado que Marcelo Rebelo de Sousa tivesse convocado a Bárbara Guimarães para se inteirar da temática da violência doméstica? Enfim. Adiante. Daqui a escassas épocas, quiçá quando o presidente da assembleia da república se reformar e for para uma construtora ou empresa de telecomunicações, teremos a Rita Ferro Rodrigues, e não a anónima Rita Rodrigues, a subir a escadaria do parlamento para poisar o traseiro na bancada da casa, na tribuna socialista. São  falsas representações deste calibre e provas de incesto deste tipo que arruinam o país. A menina tem de escolher. Ou é a carreira das TVs ou quer ser a filhinha política do papá. Mas reparem bem - Marcelo é um belo exemplo. Soube comentar livros aos Domingos. E veja-se onde chegou.

publicado às 13:49

Fase de rescaldo

por Samuel de Paiva Pires, em 18.10.17

A agora ex-ministra da Administração Interna já não tinha condições para continuar no cargo há, pelo menos, 4 meses. Era inevitável que saísse do Governo, embora não seja despiciendo referir que foi necessário o Presidente da República intervir para António Costa se submeter ao que já era mais do que evidente. Mas agora, independentemente da dança das cadeiras no Governo, o que importa é saber se o Primeiro-Ministro vai tornar a reforma do dispositivo de prevenção e combate aos fogos uma prioridade nacional, alocando os recursos que forem necessários para evitar que se volte a repetir algo que possa assemelhar-se ao que aconteceu no passado fim-de-semana e em Junho. Agora que veio a chuva, esperemos que não se limite a mudar pouca coisa para que, na essência, fique tudo como está e para o ano haja mais do mesmo, como vem acontecendo há já cerca de 40 anos. Quanto mais não seja, e como Marcelo Rebelo de Sousa deixou patente no seu discurso, para assegurar a sobrevivência do seu Governo - algo que parece motivar o Primeiro-Ministro muito mais do que considerações éticas, sobre o interesse nacional ou a respeito das funções primordiais do Estado.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 22:31

Ministra demitida, animal à solta...

por John Wolf, em 18.10.17

 

A demissão da ministra da administração interna Constança Urbano de Sousa soltou o animal de perguntas e questões que estavam dentro de mim. À laia de caos instalado, vou atirar as interrogações ao ar, sem que as mesmas tenham nexo entre si ou sejam justificadas. Aliás, são totalmente despropositadas;

 

1. Quem preenche o lugar deixado vago pela ministra? Simples. Alguém do PCP ou do BE.

2. Porquê? Porque nunca governaram o que quer que fosse e fazia-lhes bem ao currículo provar esse veneno chamado poder político. Afinal, garganta e mais garganta não pode ser.

3. Marcelo Rebelo de Sousa demitiu a ministra? Sim. Respondeu ao pedido que havia sido formulado pela própria há quatro meses e que foi indeferido por António Costa.

4. Significa que as relações entre o presidente e o primeiro-ministro foram afectadas? Sim. O presidente terá um mandato que extravasa os limites temporais da legislatura e convém ir afagando o pêlo de uma alternativa ideológica de governo.

5. O facto da ministra ser uma mulher facilitou a pressão exercida por António Costa? Sim e não. Por um lado, a senhora é um osso duro de roer, e por outro, não deixa de ser uma mulher e António Costa não deixa de ser António Costa.

6. A descoberta das armas roubadas em Tancos foi uma coincidência ou não? Não foi. Aquele trunfo político estava no armazém de oportunismos. Mas saiu o tiro pela culatra. Não serve para grande coisa. O povo topa logo.

7. António Costa já pediu desculpa à ministra da administração interna? Não, mas ainda vai a tempo. E para além de isso, o ministro Vieira da Silva já lhe endereçou um abraço de solidariedade.

8. Por que é que os Verdes ou o PAN não tomam a iniciativa da reforma da floresta? Porque não é a sua especialidade. Não têm competência para tal acção e estão a ser muito sensatos.

9. Um pedido de desculpa não resolve nada? Não. Nada mesmo. O deputado do PCP João Oliveira pediu perdão por esta mesma explicação.

10. E por último; a Protecção Civil é uma designação bem atribuida? Sim, senhor. É adequada e corresponde à realidade. Foram os civis que se defenderam das chamas o melhor que souberam. Se tivesse sido o Estado, chamar-se-ia Protecção Estatal.

publicado às 13:56

Atentado na Catatonia

por John Wolf, em 19.08.17

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Enfrentamos um falso dilema ideológico. Os governos de Esquerda invocam que a sua natureza não é securitária. Defendem as liberdades individuais e o direito à criatividade, mas sabemos - porque a história é tramada e não mente (embora existam revisionistas!) -, que foram também regimes estalinistas e que são regimes de inspiração maoista que mais controlam (ou controlaram) os seus cidadãos. Os atentados de Barcelona remetem-nos para a Catalunha, e simultaneamente para a catatonia, ou seja, a forma de esquizofrenia que se caracteriza pela alternância de períodos de passividade e de excitação repentina. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa diz que "não há razões para alarmismos" e, deste modo, preenche uma das metades do estado catatónico. António Costa também lá anda na mesma ala de prejuízo e inconsequência. A geringonça, que saúda a estirpe revolucionária de um Manuel Alegre inspirador, tarda em dar conta do recado. Portugal está à mercê, pôs-se a jeito. Enquanto deglutem as mortes da avó e da neta, esquecem a geração do presente, aquela ensanduichada na mesma irresponsabilidade que grassa de Pedrógão a Tancos. A Esquerda ainda julga que existe um oásis moral, uma reserva intangível. Será expressamente proibido efectuar controlos aleatórios de cidadãos nas ruas pejadas de turistas. Está completamente vedada a colocação de barreiras físicas nas portas da Rua Augusta. É totalmente inconcebível colocar militares na ruas. Porque tudo isso é obra para o diabo  - a Direita que deve carregar o regime securitário às costas. Quem disse que a festa do Avante não é um soft target? O governo está à espera que elas aconteçam. Desse modo, pode alinhar-se com os países civilizadamente evoluídos que já viram os seus corações destroçados. Até uma criança pode entender o guião, a argumentação subjacente. Estão à espera de um estoiro de dimensão assinalável para poderem justificar as tais medidas securitárias. Inventaram a figura de estado de calamidade preventiva, mas não pescam nada de nada do mundo perigoso em que vivemos. Tenham cuidado. Ninguém vos protege. Estão sós. Estavam.

publicado às 19:47

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Portugal está de luto. Pelo menos 64* pessoas perderam a vida nos fogos florestais de Pedrógão. E Marcelo Rebelo de Sousa abraça a Ministra da Administração Interna, o Secretário de Estado da Administração Interna e o Presidente de Câmara. No lugar dos afectos e compaixão política desmesurados, EXIGE-SE que haja demissões. Houve pelo menos um socialista, em análoga situação de tragédia, que soube interpretar o que os eventos demandavam - Jorge Coelho. O então Ministro das Obras Públicas, assim que ruiu a ponte de Entre-os-Rios, pôs o lugar à disposição. Mas o Presidente da República tem razão - não há falta de competência nem de audácia dos bombeiros  e da população que tentaram defender-se o melhor que souberam. O que temos é outra coisa: dolo político, irresponsabilidade governativa e administração danosa das florestas portuguesas. Enquanto os atrasados mentais dos jornalistas perguntam aos banhistas molhados se estes vão ao mar para se refrescarem, tantas questões certeiras deixam de ser colocadas. Das perguntas que devem ser colocadas em plena câmara ardente, uma delas será: "Sr. António Costa, vai sugerir a demissão de responsáveis políticos?", em vez disso, ficámos sem saber se os gelados tiram a sede. Vergonhoso, trágico e para além de lamentável.

 

* número em actualização constante

publicado às 07:12

Pastéis e selfies de Belém

por Nuno Castelo-Branco, em 02.06.17

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Quando é que o sempre excitado afectuoso vai distribuir afectados afectos à pobre e desvairada gente que silenciosa e discretamente todos os dias e aos magotes chega ao aeroporto do Funchal? Já que está nos Açores, aproveite para fazer uma voltinha e aterre na Madeira, pois dentro de momentos terá mesmo de fazê-lo remediadamente aqui bem perto, na Portela.

Não, não vale a pena dizer que são apenas "turistas como quaisquer outros", ansiosos visitantes do busto que nem de longe faz lembrar o Cristiano Ronaldo.

Alguns deles são refugiados, perdão, retornados e talvez pela segunda vez nas suas vidas, irra!

publicado às 11:31

Procedimento por elogios excessivos

por John Wolf, em 22.05.17

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Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente de todos os Portugueses + a Geringonça, alargou o âmbito do elogio respeitante à saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE). Afinal o governo anterior também tem direito a uma fatia do bolo, e a apagar uma vela. Mas o problema não reside nos festejos, nos globos de ouro, nas sandálias do Beauté, ou na alcatifa vermelha de políticas de mais ou menos Esquerda. O espinho que parece ter causado mais comichão é a simplificação que João Salgueiro cravou nos pressupostos da glória económica dos indicadores. Diz o especialista que foi o Turismo que se mexeu e roubou o lugar às indústrias, à economia dita clássica. Sem dúvida que a febre turística é responsável por uma grande quota-parte do sucesso. Mas existem perigos. Estarão recordados do primeiro boom turístico-imobiliário que desfigurou a pacata Armação de Pêra e que cicatrizou Quarteira? Pois bem. Assistimos a uma segunda vaga que comporta alguns desafios. Portugal encontra-se na fase hélio da bolha - é só facturar. São restaurantes e hóteis, tuk-tuks e programas de lazer, festivais de música, certames da bolota, mostras da rolha, mas o cidadão-residente, aquele que fica depois das festas acabarem, não está a participar no lado lúdico do espectáculo. Como o incremento do lado da oferta é superado pela procura, a equação é linear e tem um nome: inflação. O conceito Inatel, de turismo para o povo, deixou de existir. Pergunte-se a um idoso, com a reforma que se conhece, se vai para fora cá dentro. Não me parece. E é aí que a questão se torna problemática. O governo descobriu a galinha de ovos de ouro, mas à semelhança de tantas aventuras históricas de exploração económica (coloniais se quisermos), geralmente os processos descambam. Agora querem mexer no sector para o hiperbolizar ainda mais. A saída do PDE pode alimentar fantasias que estão na origem da ruína primeira que conduziu a sevícias da União Europeia, do FMI e do BCE. Por outras palavras, ao fazerem passar a ideia celebratória de vitória no festival da canção política, podem contribuir para que haja ainda mais extravagâncias. Os resultados do Turismo são óptimos. A ver se não estragam a coisa.

publicado às 17:35

Geringonça recebe medalha de Marcelo

por John Wolf, em 12.02.17

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Marcelo Rebelo de Sousa tem razão. A geringonça é um arranjo inédito. O Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português formaram governo, mas a criação teimosa de um executivo não é um objectivo político em si. Um governo que se preze não pode sobreviver à custa de validações endémicas, de justificações internas, de palmadinhas nas costas dos parceiros de ocasião. Existe muito mais para além das virtudes do narcisismo e das comendas presidenciais - a realidade. E a verdade nua e crua das limitações económicas e dos entraves financeiros não pode ser dissimulada por malabarismos de balancete. Portugal não padece de extremismos de Esquerda ou Direita que parecem retratar a Europa maior, por isso a geringonça nem sequer é salvadora ideológica - não pode invocar esse estatuto. Este governo é um esquema aritmético, um tabuleiro de somas parlamentares e pouco mais. Pensar-se-ia que o presidente da república fosse uma velha raposa política, sábia e experiente. Mas deste modo castelhano levanta sérias dúvidas sobre o seu sentido de Estado. Portugal não está tão distante da Grécia quanto possa parecer. Quando o país económico for esmurrado pelo declínio de investimento público, como modo de conter os deslizes orçamentais para cumprir os preceitos da Comissão Europeia, já será tarde demais. Quando olho para a geringonça e o marketeer Marcelo não sinto a reviravolta do país. Deparo-me com actores posicionados para preservar intactos os princípios da continuidade. A ruptura, que seria encabeçada por uma efectiva reforma estrutural, nunca acontecerá. Se abanarem as fundações do aparelho de um regime, onde encaixam os partidos deste acerto de ocasião, vão todos de carrinho. Como uma cenoura pendurada à frente do chanfro do burro, a descentralização serve apenas para incitar a passada mais larga. Mas o asno anda à volta da nora. E não sai do mesmo lugar.

publicado às 20:05

Marcelo, déficit emocional e populismo

por John Wolf, em 09.01.17

 

 

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Em plenos dias de emoções à flor da pele, afectos e vazios, parece-me apropriado pensarmos o caso Marcelo Rebelo de Sousa de um modo mais expressivo. O presidente da República Portuguesa parece padecer de uma espécie de déficit emocional. Apenas deste modo se explica a sua incessante necessidade de ser amado a torto e a direito, de norte a sul pelos ares de gente e as gentes dos mares. O seu estado roça a condição psicótica e acarreta sérias consequências para o serviço político que se espera de um chefe de Estado. Por seu turno, o comportamento obsessivo-compulsivo do sujeito não vive a solo. É uma nação inteira falha de afectos que leva em ombros este estado de transe. São os recepientes dos abraços também responsáveis pelos fundamentos desta premissa psico-emocional registada em forma de beijos e selfies. Embora Marcelo possa parecer neutralizar polaridades, ao integrar a gama completa de sabores ideológicos, em abono da objectividade, a sua acção preenche os requisitos da construção populista. E é esse o perigo da sua toada de normalização - empresta a aura benigna, pacífica. Aos poucos, Marcelo vai-se desprovendo de espinha dorsal, vai perdendo o respeito político de actores de todos os quadrantes. A dada altura do realismo pragmático que o ultrapassará, o presidente terá de tomar a posição incómoda e inequívoca. Numa fase madura e de dor governativa, Marcelo terá de trair o guião de consensos e entendimentos que escreve. E Marcelo terá de virar a casaca se pretende sobreviver e alimentar a ideia de crédito institucional e presidencial. Marcelo procura em vida aquilo que Soares está a receber nesta sua hora. A mais alta homenagem, a tábua rasa de considerações supletivas, positivas. Para se ser amado em política não se pode amar desalmadamente. Lidamos, para todos os efeitos práticos e questionáveis, com um caso maníaco.

publicado às 09:43

A cornucópia de Marcelo

por John Wolf, em 18.12.16

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Antes que me atirem dardos; a seguinte manifestação de opinião nada tem a ver com a qualidade ou a substância da missão da companhia teatral a Cornucópia. Tem mais a ver com Marcelo e algumas dúvidas existenciais. O Presidente da República Portuguesa tem de decidir se quer ser um mero agente da sociedade civil ou se um digno titular do cargo público que ocupa. Não pode misturar as peças. Não pode confundir os distintos teatros de operações. E não pode vestir qualquer farda a seu bel prazer. Por mais afectos que nutra pelo seu amigo Luís Miguel Cintra, Marcelo simplesmente não pode fazer uso de prerrogativas institucionais disfarçadas de informalidade e convívio para alavancar soluções que dizem respeito ao putativo ministério da cultura. Mas há mais. Se vai a uma tem de ir todas. Tem de ir às companhias teatrais de norte a sul do país, que com igual empenho e devoção, quantas vezes pro bono, servem a mesmíssima causa e que também se encontram em situação precária, senão terminal. Eu sei que o estatuto de Deus conta muito em Portugal. Que Luís Miguel Cintra é um monstro da cultura e que deve ser protegido custe o que custar. Nada de mais errado. O princípio que parece estar a ser posto em prática põe em causa algumas nuances ideológicas. A saber; que o dinheiro da maioria dos contribuintes deva servir causas parcelares, por vezes despropositadas intelectualmente ou culturalmente, de certos agentes, porque a cultura não é "mensurável" em termos de investimento ou retorno financeiro. O que está ser chorado não é muito diferente da missa do salvamento de bancos privados, a título de exemplo, e sem adiantar mais em analogias.  Do lado das cornucópias do país também há críticas a realizar. Os encenadores e directores de companhia não podem assumir cargos de gestão. Não é essa a sua missão. Devem concentrar-se naquilo que sabem fazer. Ou seja, no fogo-cruzado de razões e lamentações que já vai no ar, convém realizar a destrinça entre o efémero e o essencial. Portugal não detém uma visão sustentável e de longo prazo no que diz respeito às artes e letras, e os sucessivos governos ainda estão contaminados com a ideia doutrinamente carregada de que o Estado deve, "a fundo perdido", subvencionar as artes e os devaneios intelectuais que o pobre do cidadão comum mal consegue assimilar. Assim não se educa um povo, e confirmamos assim, que existe aqui alguma perversão. Uma certa intenção tácita em manter o fosso entre as Óperas e os festivais onde deambulam meritoriamente, e dentro do seu género, espécies como Tony Carreira e afins. A discussão é longa e relevante, mas na maior parte das vezes infrutífera. Hoje Cornucópia, amanhã a Barraca. Abana tudo, no fim.

publicado às 13:35

Marcelo Castrol

por John Wolf, em 27.10.16

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No meu entender, mesmo num sistema político não presidencial, um chefe de Estado deve (acima de tudo) defender o interesse nacional. Não consigo perceber o que Marcelo Rebelo de Sousa anda a fazer posando para a fotografia com Fidel Castro (?). Nem sei se existe algum valor simbólico que se possa extrair deste investimento mediático. Será que o presidente da república portuguesa tem uma dívida pendente para com Otelo? Marcelo esbanja Castrol num motor avariado. E o aparelho cubano de inspiração fidelista já era uma máquina questionável. Dar um abraço ao enigmático lider não é muito diferente do que dar um encosto fraterno a Mobutu ou Lenine - ambos (incluindo o remanescente Castro) avançaram as causas da miséria humana, da pobreza e da opressão. Não fica bem a Portugal usar recursos para fins altamente duvidosos. Cuba ainda não realizou a transição para a Democracia e o estender da mão de Obama deve ser interpretado no contexto de outras emergências geopolíticas. A única coincidência linguística-ideológica que se pode espremer deste preparado tem a ver com a ideia de embargo. Quem diz embargo diz sanções. Nessa medida, Marcelo alinha-se com aqueles que sofrem os efeitos de sanções, sejam sevícias da União Europeia, sejam admoestações impostas pela administração norte-americana. Marcelo deve ter algum cuidado para não fazer a figura de urso de Marinho gaivota. Soares fartou-se de viajar à pala não se sabe bem de que ideal. E até se fez transportar de tartaruga numa qualquer ilha perdida.

publicado às 15:39

Traduzir de Marcelês para Português

por John Wolf, em 12.10.16

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Não é preciso ser intérprete de conferência (o que os Media erradamente designam de tradutor simultâneo - uma das minhas profissões), para descodificar o enigma de Marcelo. De um modo geral, a regra do contraditório sobeja. Quando políticos dizem uma coisa, geralmente querem fazer passar a mensagem contrária. O Presidente da República não invoca o nome da vaca sagrada uma vez sequer, mas sabemos que o Orçamento de Estado (OE) é uma parte apenas da mesma manada de considerações - o futuro próximo da geringonça e a possibilidade desta se estampar. Mas vamos por partes. Com tanto disponível para distrair o Zé da esquina há que tomar algumas precauções. Ele é a birra de taxista, ele é o violador de virgens, ele é a visita à China, ele é o homicida que ainda anda a monte, ele é a condenação do Rei Ghob, ele é a corrupção no IMT, ele é o jogo da bola, ele é o livro Do(m) Profano e sagrado...enfim, um conjunto de alarvidades mentais para garantir um zapping contínuo. O que Marcelo Rebelo de Sousa diz não é uma abstracção. Ele avisa os parceiros de geringonça sobre os perigos das vistas curtas, das facilidades para pensionista ver e sindicalista aplaudir. Sendo hábil na transacção de sentimentos, Marcelo apela para um imaginário político, e sugere, por entre as linhas que coze, que existe vida para além dos (frágeis) entendimentos de Esquerda. O OE que o homem de Belém quer apadrinhar não é filho monogâmico. O OE que deseja é uma consciência  partidogâmica que extravasa o poder pelo poder e encara a realidade de Portugal.  Por outras palavras, embora use a etimologia orçamental para confessar os seus anseios, engana-se na dimensão conceptual. Ao referir as vistas largas a que Portugal está obrigado, mais sentido faria usar a expressão doutrina, ou ainda, aquela arrestada por intelectuais virados a escolas francesas -  paradigma. Em suma, à falta de melhor veículo de comunicação, Marcelo traduziu-se a si mesmo. Usou um código monetário, consubstanciado num OE, para deambular por terrenos de ordem filosófica e existencial. Não sei se os visados receberam o telegrama. Os visados não estão para aí virados. Mas as eleições hão-de chegar. Primeiro as autárquicas e depois logo se vê.

 

publicado às 19:13






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