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Moskva e Angola

por Nuno Castelo-Branco, em 13.07.13

1. Vale a pena visitá-lo. O Moskva, um belo cruzador da esquadra russa, está em Lisboa. Aproveitem, pois previsivelmente será um dos últimos navios deste tipo. 

 

 

2. Neste blog temos defendido a ideia da valorização da capacidade dos nossos estaleiros e esta visita a Angola, permite o encetar de uma política mais consentânea com os interesses nacionais, alargando esta possibilidade de cooperação a outros países lusófonos. Sabe-se que é uma antiga tese do sector monárquico, mas individualidades como Adriano Moreira também já a subscrevem, falando de uma "esquadra da CPLP". 

publicado às 17:54

Os matreiros e os tresloucados

por João Quaresma, em 20.03.13

No início dos anos 20, um aristocrata alemão propôs-se instalar um sanatório na Madeira que, além dos seus atractivos terapêuticos, contava com uma magnífica vista sobre o Funchal. Um projecto que foi muito bem visto pois traria turistas endinheirados à capital madeirense. No entanto, e antes de dar a sua aprovação, o governador do Funchal resolveu sondar a opinião de Lisboa pois desconfiou que os ingleses pudessem não gostar de ver alemães na Madeira. O que de facto era verdade: o embaixador britânico logo disse ao Governo ser absolutamente contra, pois era evidente que o verdadeiro interesse do sanatório era vigiar a presença de navios de guerra britânicos que escalassem a ilha e justificar a presença de cidadãos alemães. Os alemães sabiam muito mas os ingleses também não eram ingénuos. E, como naquele tempo o embaixador de Sua Majestade mandava e o Governo Português não tinha outro remédio que não obedecer, o sanatório não foi autorizado.

Isto a propósito do excelente post do Nuno Castelo-Branco, sobre o qual faço dois comentários.

 

Primeiro, e numa altura em que já se fala na possível implantação de uma base naval russa em Chipre, espero que por fim os crédulos na intrínseca bondade do investimento estrangeiro, qualquer que ele seja, aprendam que o dinheiro tem pátria, que os investimentos não se explicam apenas por interesse empresarial e que são assuntos que envolvem Política Internacional e Geopolitica, e não apenas Economia. E que finalmente percebam qual o verdadeiro interesse da Rússia na compra dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, apesar do estado caótico em que a empresa se encontra. A indústria naval russa não precisa de Viana do Castelo para nada (embora não diga que não ao seu portefólio de projectos e à tecnologia); mas tem sido um objectivo de sempre de Moscovo obter pontos de apoio à Marinha Russa em mares quentes, para obter a liberdade de acção que a geografia russa não permite. Um estaleiro competente na costa atlântica seria sem dúvida um trunfo importante, sobretudo quando a Marinha Russa adquire navios com vocação expedicionária e para manter uma presença naval longe das suas costas.

Antes de embarcar em vendas precipitadas a estrangeiros, é preciso que quem decide trate de se informar devidamente sobre a situação, nomeadamente junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Defesa, para compreender todas as implicações que um investimento estrangeiro envolve, de forma a não meter o país em grandes problemas. Já basta terem entregue a electricidade portuguesa ao Partido Comunista Chinês.

 

Segundo, não houve dúvida por parte dos comentadores em geral em qualificar a proposta de confiscar parte dos depósitos nos bancos cipriotas como qualquer coisa de tresloucado. E com razão, porque de facto era algo de irresponsável e tresloucado. Mas que dizer, no actual quadro estratégico (no Mediterrâneo e Norte de África em particular), da intenção do Governo de cortar em um terço as capacidades das Forças Armadas, já de si bastante abaixo das necessidades de um país como Portugal? Também temos direito às nossas medidas tresloucadas, não é?

publicado às 01:36

Recordar Diu 50 anos depois

por Pedro Quartin Graça, em 17.12.11

50 anos passam amanhã relativamente a um acontecimento histórico, um dos mais dramáticos que a história de Portugal enquanto Nação regista: a invasão de Diu (Estado Português da Índia), território com apenas 37 Km2 mas recheado de simbolismo, por parte da União Indiana e a heróica resistência das tropas nacionais, com particular destaque para as da Marinha de Guerra Portuguesa. A invasão iniciou-se a 17 mas concretizou-se a 18 de Dezembro de 1961.

 

O sítio da Marinha, muito justamente, dá esse destaque à efeméride. Vale a pena lê-lo aqui:

 

"A 18 de Dezembro de 1961 o exército indiano, apoiado pela aviação, invadiu em força o Estado Português da Índia. Para colaborar na invasão, a Armada Indiana lançou mão de todos os navios operacionais de que naquela altura dispunha. Ao cruzador Mysore e à fragata Trishul, com as respectivas forças de desembarque, foi atribuída a missão de ocupar a ilha de Angediva; as fragatas Betwa, Beas e Cauvery foram encarregadas de colaborar no ataque a Goa; ao cruzador Delhi coube colaborar na tomada de Diu; ao grupo constituído pelo porta-aviões Vikrant, acompanhado pelas fragatas Khutar, Kirpan e Khukri e pelo destróier Rajput foi dada a missão de fazer frente a qualquer situação inesperada que pudesse surgir; o grupo constituído por quatro caça-minas e um navio de apoio logístico foi encarregado de dragar as minas que os portugueses eventualmente tivessem lançado à entrada do porto de Mormugão e assegurar o funcionamento deste após a ocupação. Era o mesmo que usar um martelo para partir um ovo, uma vez que os Portugueses, na Índia, dispunham apenas de um antigo aviso de 1ª classe e de três lanchas de fiscalização. É certo que no início do diferendo com a União Indiana tinham começado a ser preparados dois submarinos, dois destróiers e um navio apoio para serem enviados para o Índico. Mas tal ideia foi abandonada para não acirrar os ânimos. A verdade é que o Governo Português nunca acreditou que a União Indiana, o arauto da política de não violência, recorresse alguma vez à força para fazer valer o que entendia serem os seus direitos.

Na manhã de 18 de Dezembro, encontrando-se fundeado no porto de Mormugão, o aviso Afonso de Albuquerque, de que era comandante o capitão-de-mar-e-guerra Cunha Aragão, foi atacado pelas três fragatas indianas travando com elas um vigoroso duelo de artilharia em que foi repetidamente atingido, acabando por ser encalhado e abandonado. Nesta acção foi morto um grumete; o bravo comandante Aragão ficou gravemente ferido; cerca de meia centena de elementos da guarnição, entre oficiais, sargentos e praças, ficaram ligeiramente feridos, tendo apenas dez tido necessidade de receber tratamento hospitalar. Um autêntico milagre!

A lancha de fiscalização Sirius, que dispunha apenas de uma peça de 20 mm, foi abandonada. A Antares conservou-se ao largo de Damão sem que tivesse avistado qualquer navio indiano nem sido atacada pela aviação. Quando se apercebeu de que a cidade tinha sido ocupada pelas tropas indianas, o seu comandante, segundo-tenente Brito e Abreu, seguiu para Karachi.

Em Diu encontrava-se uma lancha semelhante, a Vega, de que era comandante o segundo-tenente Oliveira e Carmo. Nada podendo fazer contra o cruzador Delhi que se encontrava ao largo, mas não lhe sofrendo ânimo ficar de braços cruzados, Oliveira e Carmo decidiu manter-se a navegar nas proximidades da fortaleza ajudando com a sua peça de 20 mm a defendê-la contra os repetidos ataques de que estava sendo alvo por parte da aviação indiana.

Na execução da missão suicida que Oliveira e Carmo impôs a si próprio, com o único fim de honrar a Pátria e a Armada, a Vega foi atacada sucessivamente, por oito ou mais vezes, por parelhas de dois aviões de jacto indianos. Navegando em zig-zag, Oliveira e Carmo conseguiu evitar por diversas vezes que o seu navio fosse atingido. Por fim sucedeu o inevitável. Uma rajada de projécteis incendiários e explosivos atingiu em cheio a lancha, ferindo-o gravemente, matando o marinheiro Ferreira e incendiando as munições que estavam no convés. Pouco depois uma segunda rajada, disparada contra o navio imobilizado, acabou-lhe com a vida e feriu gravemente mais três marinheiros. Com a lancha a arder e as munições a explodirem, os seis marinheiros que restavam, três deles gravemente feridos, atiraram-se à água. O marinheiro Cardoso da Silva, que era bom nadador, conseguiu alcançar a balsa e trazê-la para junto dos companheiros, enquanto a Vega era engolida pelas águas. Depois de ter ajudado a subir para ela dois dos feridos graves, o Jardino e o Bagoim, bem como o Freitas que era fraco nadador, amarrou as fitas do seu colete de salvação à balsa e, com o corpo e os olhos cobertos de óleo, começou a rebocá-la, nadando na direcção de terra, que conseguiu chegar ao fim de sete horas! Durante o trajecto o Jardino morreu. O marinheiro Nobre, pensando que era o último sobrevivente nadou em direcção à costa da União Indiana que conseguiu alcançar. O grumete Ramos, gravemente ferido nas pernas, conseguiu chegar a terra junto da fortaleza que, naquele momento, estava a ser intensamente bombardeada pelo cruzador Delhi.

A forma como se comportaram o Comandante e os marinheiros da Vega, no combate sem esperança que travaram com os aviões indianos à vista da velha fortaleza de Diu, constitui uma das páginas mais brilhantes da História da Marinha de Guerra Portuguesa."

publicado às 07:54

Arpão em Lisboa

por Nuno Castelo-Branco, em 30.04.11

Chegou à base do Alfeite, o segundo submarino construído na Alemanha. Chama-se Arpão e seria um dos seis ou oito que Portugal devia possuir. Isto, se fossemos um país normalmente bem gerido e cioso do seu espaço territorial-marítimo.

 

A burranqueira esquizofrenia continua no próximo telejornal. Já agora e só para irritar os excelsos crânios que nos lêem e enviam e-mails insultuosos, há que dizer-lhes que os lucros com o casamento de ontem, já seriam suficientes para pagar integralmente o Tridente e o Arpão.

 

*Entretanto, os "intelectuais" de escola primária, vão-se divertindo em pré-campanha.

publicado às 20:39

Milionários-africanistas ao fundo...

por Nuno Castelo-Branco, em 14.10.09

 

O conhecido milionário e ex-colonial-africanista Almeida Santos, insurgiu-se contra a aquisição dos submarinos da Armada, recentemente construídos na Alemanha.

 

Presidentes,  ex-presidentes, conselheiros de Estado e afins, são parte daquele selecto grupo de personalidades com capacidade para conformar os destinos do país e em lógica contrapartida, deverão ser exactamente aqueles melhor preparados e aconselhados para a tomada de posições políticas. A questão dos submarinos que tem vindo a envenenar há anos a vida política portuguesa, obedece a toda uma série de equívocos, processos de reserva mental ou simples arma de arremesso a utilizar numa situação azada.

 

Almeida Santos é para o contribuinte, uma personagem dispendiosa e tem a obrigação de se informar antes de propor a venda das mais recentes e tecnologicamente avançadas unidades da Marinha. A falta de informação de que o cidadão comum padece - especialmente no que se refere a todos os assuntos de índole militar -, leva a tomadas de posição geralmente consentâneas  com o imediatismo da notícia fácil, onde o desfiar de milhões serve sempre como chamariz à demagogia. 

 

Os submarinos são caros e ninguém nega a evidência, especialmente neste momento de crise que não pode, nem deve ser apenas imputada a factores externos. Nem sequer mencionando as capacidades de acção destas unidades (ver especificações gerais AQUI), os submarinos vêem afinal ao encontro daquilo que a política externa portuguesa sempre foi, ou seja, tradicionalmente atlantista por imposição da nossa situação geográfica, da preservação da integridade e independência nacional e não menos importante, significando a garantia da soberania sobre uma vasta superfície oceânica que é fruto da directa cobiça de certa potência vizinha. De facto, desde que o nosso mais directo adversário político e económico ingressou na NATO, tudo tem feito para mitigar a presença portuguesa no Atlântico Norte, ao mesmo tempo que de forma mais ou menos velada contesta a posse portuguesa sobre territórios estratégicos como as Selvagens. O controlo dos recursos a explorar num futuro não muito distante, o reaproveitamento do valor dos Açores e a afirmação nacional no concerto das nações, impõe uma Marinha Nacional moderna e eficiente. 

 

Há décadas bombardeados incessantemente por uma propaganda desmoralizadora, os portugueses aprenderam a olhar as Forças Armadas como uma fonte de despesa, enquanto os próprios titulares da soberania delas se servem para as mais variadas missões de índole claramente política, sob a prazenteira capa da ONU. Mal equipadas e exíguas, exige-se muito e oferece-se pouco. É quase um milagre o facto de até hoje nenhuma catástrofe ter sucedido a qualquer uma das missões no estrangeiro, dada a conhecida parcimónia na disponibilização de recursos mínimos para o cumprimento das tarefas.

 

A Armada não só precisa destes submarinos - apenas dois - como também tem imperiosa necessidade de ver crescer os efectivos e o número de unidades de patrulha e de intervenção rápida. Navios modernos e com equipagens bem treinadas, capazes de garantir aquele que é há séculos o destino de Portugal: o mar, vital para a manutenção da nossa influência na CPLP, na estrutura da NATO e também, para a obtenção das vantagens económicas presentes neste grande filão que o futuro próximo garante.

 

Além da arrogante ignorância do sr. Almeida Santos, o mais preocupante consiste na verificação da existência de uma corrente que no seu partido advoga a tomada de posições concludentemente lesivas do interesse colectivo. Se a apontada ignorância consistir apenas num impulso populista que ciclicamente afecta quase todos os agentes políticos, nada temos que temer. Mas, se pelo contrário, se erigir em pura estupidez na condução dos negócios públicos, o caso torna-se muito mais sério e prenhe de consequências.

 

Aliás, o sr. Almeida Santos há muito se devia ter retirado da vida política, gozando a sua reforma e preocupando-se em exclusividade, com os seus afazeres empresarias. Ele e muitos outros que por aí ainda deambulam não se sabe bem com que fim.

publicado às 19:05

A necessidade de reforçar a Marinha

por Samuel de Paiva Pires, em 09.03.09

 

(imagem picada daqui)

 

Ler o Jorge Wahnon Ferreira no blog da CPA/AJPA:

 

Um alargamento e modernização da marinha, desde que de forma ponderada, sem exageros, poderia em muito beneficiar Portugal, o seu papel na NATO e na UE. Especialmente quando o país aspira a aumentar a sua influência sobre o atlântico sul, nomeadamente a CPLP, e servir de ponte entre esta e a União Europeia e a NATO (lembre-se o apoio dado a Cabo Verde para a obtenção do estatuto de parceria especial da UE). Ora, não pode Portugal pretender ser um ponto de ligação entre o atlântico sul e a NATO ou a União Europeia sem dispor de uma marinha capaz. Quer para cooperação, patrulhas, crises ou "operações de charme" de diplomacia pública, tão bem conseguidas pelas visitas dos navios. Só assim será possível uma convergência económica, cultural e de defesa. Um real alargamento do atlântico sul.

publicado às 23:13






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