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Os políticos que não respeitam a vida e desonram a morte não têm condições para ser lideres. António Costa e Constança Urbano de Sousa ainda não realizaram o diálogo filosófico e ético a que estão obrigados. Independentemente de critérios técnicos, logísticos e operacionais, o primeiro-ministro e a ministra da administração interna esquecem que respondem perante Deus e imperativos de ordem moral. A comunidade de crentes não aceita a missa que reitera que "as comunidades têm de se tornar mais resilientes". Este discurso lembra modelos de selecção natural aplicados por regimes fascistas ou nacional-socialistas. De acordo com a Constança Urbano de Sousa, a tragédia e as mortes tornarão as sucessivas gerações melhor preparadas para o apocalipse final. O determinismo patente nestas afirmações, desprovidas de empatia e religiosidade, remete as vítimas e familiares para a odisseia trágica, para a anulação existencial. A entidade sagrada foi totalmente obliterada em nome de considerações políticas. A ministra da administração tem o desplante de agradecer os profissionais de saúde por terem anulado a greve prevista, mas pode colocar debaixo do travesseiro as quase cem mortes e dormir descansadinha - Tancinha.
Sem excepções, e diariamente, atravessar uma passadeira na cidade de Lisboa é um martírio. O total desrespeito pelos peões diz muito sobre o modo como o cidadão trata o seu concidadão. E pouco importa que as posições sejam revezadas - o mesmíssimo peão, que há instantes quase foi atropelado na passadeira, será o condutor seguinte a colocar em perigo a vida de outrém. Este estado de alma nacional tem muito a ver com as causas da crise, do descalabro. Tem a ver com a ideia da obtenção de vantagens sobre o semelhante. Tem a ver com atribuir maior importância à vida de uns em detrimento de outros. Tem a ver com a distorção do conceito de democracia. Tem a ver com a ditadura e a liberdade que residem no espírito de cada um. Tem a ver com a pressa de chegar a parte alguma, a um destino que pouca diferença faz. Animais. Zebra - superior no seu estado selvagem.