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Macron Bonaparte

por John Wolf, em 27.02.24

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Para atenuar os efeitos nefastos na mioleira, gerados pela verborreia incessante de políticos em campanha e comentadores de serviço em Portugal, hoje volto-me para outro personagem toldado por manias de grandeza europeia. Macron Bonaparte, que ambiciona ser o lider da Europa, não se inibe de produzir declarações no mínimo inflamatórias e que colocam em risco nações europeias. Ao sugerir a ideia de colocação de soldados de países europeus no teatro de operações da Ucrânia, fala como se já houvesse um consenso militar, como se já existisse um exército da União Europeia, como se a Europa não dependesse da sombrinha protectora dos EUA e por extensão da NATO — e como se a Rússia não existisse. Um lider que produz este género de declarações, esconde algo mais dramático na manga. A França que se encontra a braços com uma revolta agrária, é sobretudo uma sociedade fracturada, dividida e guetizada, fruto da realidade islâmica e de décadas de pilarização. Macron encontra assim um modo de incendiar a casa europeia, uma vez que França representa o maior exemplo na Europa de como a integração falhou. Não me refiro à integração europeia — que também padece de males, mas da sua própria sociedade, da qual os cidadãos mais abastados fogem para encontrar refúgio em Portugal, no bairro agora conhecido por Champs d´Ourique.

publicado às 20:05

Acaba de ser publicado o meu mais recente artigo, que pode ser lido na íntegra aqui, cortesia da Society e da Springer. Aqui fica o abstract:

In the last decade, the European Union (EU), a bulwark of the liberal international order, has been subject to a high degree of turmoil resulting from various processes and crises and has witnessed the rise of national populism, of which Brexit was the main exponent. The leadership of the order was also impacted by the changes in the foreign policy of the United States of America (USA) effected by the Trump Administration. The USA, the United Kingdom (UK), and the EU are the leaders of the liberal zone of peace and if national populism structurally affects them the liberal international order could be seriously challenged. Among the various instances of national populism, Brexit remains a significant challenge to the EU and might greatly impact the liberal international order. By adopting an interpretivist methodology anchored in hermeneutics and in the methodological approach of emergent causation, this article seeks to understand how Brexit, as an internal challenge to the order, and the rise of China and other revisionist powers, as an external one, might influence the future of the liberal international order and great power competition. I argue that the news of the order’s death is greatly exaggerated, and that depending on British, German, and US variables, Brexit and the rise of China can either challenge or reinforce the liberal international order. Nevertheless, liberalism has a resilience no other political perspective has due to its innate ability for criticism and adaptation to change. Considering that the current liberal international order is a USA-led order, I argue that these are the two main variables concerning how Brexit might influence the liberal international order and how the order’s leading powers will adapt their strategies and foreign policies towards China and other revisionist powers.

publicado às 19:35

O regresso do fim das ideologias?

por Samuel de Paiva Pires, em 12.03.22

Hoje escrevo no Observador sobre como a guerra na Ucrânia nos coloca perante um retorno da tese do fim das ideologias. Aqui fica um excerto:

Nesta conjuntura internacional, parece-nos importante questionar se não estaremos também a assistir ao regresso da tese do fim das ideologias, desta feita com base na dicotomia entre democracias liberais e regimes autoritários. Esta já era uma característica da política internacional pós-Guerra Fria, mas a interdependência económica entre as democracias liberais e, principalmente, a Rússia e a China, levou o Ocidente a lidar com uma certa bonomia com as interferências e tentativas de subversão das suas sociedades abertas. Agora que as aparências caíram por terra, somos todos, nas democracias liberais, convocados para um confronto político e ideológico. Com raras excepções, as divergências entre a esquerda e a direita parecem dar lugar a uma coesão social que se revela no apoio à Ucrânia e na consciência de que estamos perante uma ameaça existencial ao modo de vida demoliberal. A política internacional volta a definir as convergências e cisões ideológicas. O século XXI começa agora.

publicado às 09:24

Hoje, pelas 18:00, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa organiza um webinar sobre a situação na Ucrânia. Serão oradores os Professores José Maltez, Sandra Balão e Marcos Farias Ferreira.

A participação, via Zoom, é livre, mas sujeita a inscrição prévia aqui. Juntem-se a nós na análise a este momento delicado da segurança europeia e mundial.

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publicado às 10:09

A resistência ucraniana e o bluff de Putin

por Samuel de Paiva Pires, em 28.02.22

Hoje, no Observador, um artigo meu com uma análise neo-realista sobre a resistência ucraniana e o bluff de Putin a respeito da utilização de armas nucleares.

Importa ainda salientar que, desde o início do conflito, subsiste aparentemente um motivo para as potências ocidentais não intervirem directamente com forças militares convencionais no teatro de guerra: a posse de armas nucleares por parte da Rússia. É o receio de uma escalada conducente a uma guerra nuclear que está nas mentes dos decisores políticos, bem como nas de muitos comentadores, especialmente após a ameaça, por Putin, de consequências nunca vistas na nossa história. Ora, a ameaça implícita de utilização de armas nucleares por Moscovo não é credível. Primeiro, porque, como mencionado acima, os Estados são actores racionais e estratégicos que têm como objectivo primário a sua própria sobrevivência e as armas nucleares só são úteis para efeitos ofensivos se apenas um dos lados num conflito as detiver. Segundo, porque retém validade a brilhante análise de George Kennan no seu Long Telegram (1946) e em The Sources of Soviet Conduct (1947), que esteve na génese da doutrina da contenção do expansionismo soviético. Conforme salientou o eminente sovietólogo, o Kremlin é “Impermeável à lógica da razão e altamente sensível à lógica da força. Por esta razão, pode-se retirar facilmente – e geralmente fá-lo quando encontra uma forte resistência em qualquer ponto.” Assim foi aquando das crises dos Estreitos Turcos e do Irão, logo em 1946, mas também no restante período da Guerra Fria, quando os EUA já não detinham o monopólio das armas nucleares.

Isto significa que o cálculo da utilização de armas nucleares não é tão linear e automático como muitos comentadores e políticos pensam, talvez influenciados pelo clássico de Stanley Kubrick Dr. Strangelove. Trata-se de uma tecnologia eminentemente defensiva e quando dois lados em confronto a detêm, ao invés de poder contribuir para uma escalada, pode precisamente levar ao término das hostilidades. Quando a sobrevivência de um dos lados é colocada em causa pelo recurso a esta tecnologia, devido à garantia de retaliação, deixa de fazer sentido utilizá-la – era nisto que assentava a doutrina da Mutual Assured Destruction (MAD).

Putin está ciente disto e acredita que os Estados ocidentais não intervirão militarmente na Ucrânia devido ao receio de uma escalada para um confronto nuclear. Talvez esteja na altura de o Ocidente ser imprevisível e surpreender Putin com o que para este é improvável, revelando o seu bluff. Seria um golpe de mestre que rapidamente o obrigaria a suspender as hostilidades e a sentar-se à mesa das negociações antes que o seu regime colapse.

publicado às 09:31

A Ucrânia é aqui

por Samuel de Paiva Pires, em 22.02.22

Escreveu Montesquieu que “todo o homem que tem poder é levado a abusar dele; vai até encontrar limites”. É assim tanto no plano doméstico dos Estados como na política internacional, onde, na última década, um Ocidente em turbulência não tem conseguido lidar devidamente com o bully-in-chief de uma cleptocracia apostada em fragmentar as democracias liberais. Como se não bastasse a inépcia dos líderes Ocidentais, o chefe do Kremlin ainda é aplaudido à saciedade por idiotas úteis beneficiários do conforto e das liberdades da civilização ocidental e da geografia que lhes calhou em sorte. Quem louva a violação, por uma potência revisionista e agressiva, dos dois princípios basilares da ordem vestefaliana, a soberania e a não-ingerência, ignora a história (mesmo que Putin não seja Hitler ou Estaline) e não compreende que o expansionismo russo ameaça a ordem internacional sobre a qual repousa o nosso modo de vida. A Ucrânia é aqui ao lado e não colocar limites a Putin é franquear ainda mais as portas da segurança europeia e transatlântica.

publicado às 09:58

ISCSP debate culturas estratégicas dos EUA, China e Rússia

por Samuel de Paiva Pires, em 14.05.21

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"Culturas Estratégicas em Debate: EUA, China e Rússia" é o tema do webinar que se realiza dia 14 de maio de 2021, às 18 horas, com transmissão através da plataforma Zoom.

O painel de oradores será composto por três oradores Diana Soller, investigadora do IPRI/Universidade Nova de Lisboa, que irá discutir a cultura estratégica norte-americana, pela Professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Maria Raquel Freire, que falará sobre a cultura estratégica da Federação Russa, e o Professor do ISCSP-ULisboa Heitor Romana, que irá desenvolver a temática da cultura estratégica da China.

Poderá assistir à conferência através da seguinte ligação: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/83732954750?pwd=MGo1Nldzb0VLdXFtTkdzdGVVUWZFUT09. ID reunião: 837 3295 4750; Senha de acesso: 201068.

publicado às 13:08

Do "novo capitalismo de Estado"

por Samuel de Paiva Pires, em 20.01.20

Ontem, na TVI, incorrendo em vários erros de análise a respeito do acordo comercial entre EUA e China, Paulo Portas não conseguiu explicar que tipo de economia é a chinesa, ficando-se pela clássica dicotomia entre capitalismo e planificação centralizada. Ora, actualmente, não existem economias puramente capitalistas nem socialistas na acepção da planificação centralizada. Se colocarmos as diferentes categorias e países num espectro, percebemos que o que diferencia as economias mistas de países a que tendemos a chamar de capitalistas das de países a que tendemos a chamar de socialistas, é o grau e a forma da intervenção estatal. Enquanto nas primeiras a intervenção do Estado é geralmente encarada como temporária para remediar problemas económicos ou confinada a algumas indústrias consideradas estratégicas, bem como destinada a fazer face às externalidades negativas e providenciar bem-estar social, nas segundas temos o que tem sido designado por "novo capitalismo de Estado", em que a intervenção na economia e o controlo de grandes empresas são encaradas como políticas de longo prazo conducentes ao sucesso económico que escapam ao fracasso do comunismo e da autarcia por combinarem o controlo estatal com uma maior abertura ao comércio global. É assim na China, Rússia, Arábia Saudita ou Angola, ainda que recorrendo a diversas formas constantes do quadro que aqui deixo (Dolfsma, Wilfred e Grosman, Anna. ”State Capitalism Revisited: A Review of Emergent Forms and Developments”. Journal of Economic Issues LIII, n. 2 (Junho de 2019): 579- 86.) Se nos mantivermos agarrados a velhas categorias e dicotomias, não conseguiremos perceber o que irá acontecer em muitos destes países e continuaremos a não querer admitir que privatizações em países Ocidentais ganhas por empresas detidas pelo Estado chinês têm reflexos políticos, ou que Portugal - políticos, justiça, empresários e media - tem servido quer para escamotear as más práticas de políticos e empresários angolanos, quer enquanto joguete nas lutas políticas entre os diversos capitalistas de Estado de Luanda. De resto, a melhor obra sobre este tema do "novo capitalismo de Estado" é esta.

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publicado às 11:26

A crítica é a alma das democracias liberais

por Samuel de Paiva Pires, em 16.09.19

Hoje escrevo no Observador sobre como o processo de crítica imanente é central nas democracias liberais e na competição entre estas e potências revisionistas não-democráticas, como a China e a Rússia, que visam subverter a ordem internacional liberal. Aqui fica uma passagem:

A superioridade, nas mais diversas áreas, das sociedades demo-liberais em relação às não-democráticas resulta em larga medida deste processo de crítica que opera através da liberdade de expressão, do debate público, da concorrência e da inovação, permitindo às sociedades corrigirem o seu rumo com base nas experiências passadas, mudando de forma gradual, reformista ou evolucionista, não de forma revolucionária, como frequentemente acontece em sociedades fechadas.

(também publicado aqui.)

publicado às 00:41

Assobiar para o lado

por Samuel de Paiva Pires, em 20.08.19

A emergência do populismo no seio das democracias liberais, a perda de hegemonia dos EUA no sistema internacional, a ascensão da China e o ressurgimento da Rússia, ambas potências revisionistas e claras ameaças à zona de paz liberal, o Brexit e o futuro de uma União Europeia dominada por uma Alemanha encantada com Putin, as alterações climáticas, a crise dos refugiados, a cibersegurança e as guerras de informação e desinformação no ciberespaço fomentadas pela Rússia e China e nós o que discutimos? Petições a favor e contra um museu dedicado a Salazar, já depois da crise dos combustíveis, dos incêndios sempre reveladores da nossa aversão ao planeamento sistematizado, da importação dos espantalhos racistas dos estudos pós-coloniais, da sempre presente ideologia de género e da restante espuma dos dias alimentada pelos ciclos noticiosos e pelas shitstorms nas redes sociais. Sem embargo de a esfera pública numa sociedade livre dever comportar os mais diversos temas, entretanto, num mundo cada vez mais globalizado e perigoso, cá continuamos, neste cantinho à beira-mar plantado dominado por certa sociedade de corte composta por caciques e carreiristas partidários e umas quantas dúzias de famílias, sem darmos prioridade à política externa e andando essencialmente a reboque dos parceiros europeus. Já dizia Rodrigo da Fonseca que "nascer entre brutos, viver entre brutos e morrer entre brutos é triste”.

publicado às 17:11

Esta semana podem encontrar um artigo da minha autoria no Prisma, nova plataforma de slow journalism do Jornal Económico, em que viso contribuir para o debate sobre a política externa portuguesa na era de turbulência em que vamos vivendo, marcada pela crise do euro, crise dos refugiados, Brexit, Trump, Putin, Merkel, populismo, eurocepticismo, fundamentalismo islâmico e uma União Europeia à procura de perceber o seu futuro.

publicado às 22:31

Portugal e os irmãos Kamov

por John Wolf, em 31.03.18

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Portugal tem alguma experiência no jogo-duplo. Durante a Segunda Grande Guerra sabemos que no tabuleiro geopolítico a nação teve de conviver com o regime Nazi sem descurar a sua apetência Aliada. Com alguns fez o negócio do volfrâmio, e com outros acertou rendas para bases militares. Se Portugal fosse a Áustria entenderia perfeitamente a sua neutralidade para com os russos. Não expulsava quem quer que fosse. Mas Portugal não deve grande coisa à Rússia. Em 1955 foi a União Soviética que ofereceu o país à Áustria, desde que este mantivesse a sua neutralidade quando e se as coisas dessem para o torto - chegou esse momento. Basta visitar Viena para apontar o dedo a uma quantidade assinalável de bancos russos, muitos deles "boutique", feitos à escala de oligarcas. Mas há mais, para aqueles que se deixam encantar por lirismos e distrair por valsas de Mozart - a Áustria não é um estado-membro da NATO ao invês de Portugal que é um dos seus fundadores desde 1949. Por outro lado, não vejo grandes negócios em curso com os russos - esqueçam os Kamov. O problema essencial é outro. Jerónimo de Sousa e Catarina Martins são pacifistas. Não acreditam na exclusão. Mas por outro lado odeiam a NATO. Sim, andam confusos. O ministério dos negócios estrangeiros parece estar agarrado, encostado à parede - assemelha-se a uma menina medrosa. Quando esgotarem os embaixadores para a troca, é bem provável que Portugal fique com uma mão cheia de nada. Na vida, tal como nos negócios estrangeiros, devemos assumir posições, dar a cara e respeitar os princípios orientadores de democracias e alianças. Portugal não faz nem uma coisa nem outra. Terá sido envenenado? Ou será que basta uma repreensão escrita e siga para bingo?

publicado às 08:53

China, Rússia e a subversão das democracias liberais

por Samuel de Paiva Pires, em 20.12.17

Larry Diamond, This Sputnik Moment:

The proliferating global influence activities of China and Russia diverge from traditional means of public diplomacy. Instead, they use wealth, stealth and coercion to coopt influential policy voices and players, control information flows, censor unfavorable reporting and analysis, and ultimately mold societal attitudes and government postures.

 

The methods vary. Each regime has relied heavily on the promotion of its state-controlled media abroad, such as Xinhua News Agency, CGTV, and RT (formerly Russia Today). Russia has been perfecting a new form of geopolitical warfare, using social media to intensify political polarization, inflame social divisions, sow doubt and cynicism about democracy, and promote pro-Russian politicians and parties. Through investments, partnership agreements, donations, exchanges, positions on boards of directors, and other “friendly” relations, China has fostered wider and deeper penetration into the vital tissues of democracies—media, publishing houses, entertainment industries, technology companies, universities, think tanks, and non-governmental organizations. These intrusions are rapidly expanding not only in the West but in Latin America, post-communist Europe, and Africa as well. In different but perhaps equally devastating ways, China and Russia are using the openness and pluralism of democracies to subvert and bend them to their strategic objectives—principally, the weakening of Western democratic alliances and the relentless expansion of their own economic and geopolitical power.

 

What these two resurgent authoritarian states are projecting, argue Walker and Ludwig, is power that is not “soft” but rather “sharp,” like the tip of a dagger: It enables them “to cut, razor-like, into the fabric of a society, stoking and amplifying existing divisions” (in the case of Russia) or to seek, especially in the case of China, “to monopolize ideas, suppress alternative narratives, and exploit partner institutions.”

 

(...).

 

The bottom-line stakes are existential: Will the United States—and liberal democracies collectively—retain global leadership economically, technologically, morally, and politically, or are we entering a world in which we conspire in our own eclipse?

 

(também publicado aqui.)

publicado às 12:20

Das operações russas de propaganda nas redes sociais

por Samuel de Paiva Pires, em 13.09.17

Asha Rangappa, "How Facebook Changed the Spy Game":

 

The vast majority of counterintelligence cases I worked in the FBI involved a foreign intelligence service (FIS) conducting what we called “perception management campaigns.” Perception management, broadly defined, includes any activity that is designed to shape American opinion and policy in ways favorable to the FIS home country. Some perception management operations can involve aggressive tactics like infiltrating and spying on dissident groups (and even intimidating them), or trying to directly influence U.S. policy by targeting politicians under the guise of a legitimate lobbying group. But perception management operations also include more passive tactics like using media to spread government propaganda—and these are the most difficult for the FBI to investigate.

 

(...).

 

As the internet renders useless the FBI’s normal methods to counter foreign propaganda, the reach of these operations has increased a thousandfold. In the past, a failure to neutralize a perception management operation would at least be limited by the reach of “traditional,” i.e., paper, media which are practically constrained to a region or paying customers. But social media platforms can reach an almost limitless audience, often within days or hours, more or less for free: Russia’s Facebook ads alone reached between 23 million and 70 million viewers. Without any direct way to investigate and identify the source of the private accounts that generate this “fake news,” there’s literally nothing the FBI can do to stop a propaganda operation that can occur on such a massive scale.

 

This fact is not lost on the Russians. Like any country with sophisticated intelligence services, Russia has long been a careful student of U.S. freedoms, laws and the constraints of its main nemesis in the U.S., the FBI. They have always known how to exploit our “constitutional loopholes”: The difference now is that technology has transformed the legal crevice in which they used to operate into a canyon. The irony, of course, is that the rights that Americans most cherish—those of speech and press—and are now weaponized against us are the same ones Russia despises and clamps down on in its own country.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 22:51

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Aaron David Miller e Richard Sokolsky, "Trump is a Bad Negotiator":

Granted, international diplomacy is a lot tougher than cutting real estate deals in New York, and there’s still a lot of time left on the presidential clock to make Trump great again. But half a year into the Trump era, there’s little evidence of Donald Trump, master negotiator. Quite the opposite, in fact: In several very important areas and with some very important partners, Trump seems to be getting the short end of the proverbial stick. The president who was going to put America first and outmaneuver allies and adversaries alike seems to be getting outsmarted by both at every turn, while the United States gets nothing.

(...).

Let’s start with the president’s recent encounters with the president of Russia, a man who admittedly has confounded his fellow world leaders for nearly two decades. Apparently without any reciprocal concessions, the world’s greatest negotiator bought into Russia’s plan for Syria, where U.S. and Russian goals are in conflict; ended America’s covert program of support for the moderate Syrian opposition, then confirmed its highly classified existence on Twitter; and had an ostentatious one-on-one meeting with the Kremlin strongman at the G-20 dinner, sticking a finger in the eye of some of America’s closest allies. It’s bad enough to give Putin the global spotlight he craves while accepting Russia’s seriously flawed vision for Syria. But to do so without getting anything in return gives “the art of the deal” a whole new meaning. Trump’s failure to hold Putin accountable for Russian interference in the presidential election is the most egregious example of putting Russia’s interests first and America’s interests last, but it’s hardly the whole of the matter. There’s no other way to put it: Trump has become Putin’s poodle. If it weren’t for Congress, public opinion and the media, Trump would be giving away more of the farm on sanctions, Russian aggression in Ukraine and other issues that divide the United States and Russia. That’s not winning; it’s losing.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 14:29

Quando o partidarismo se sobrepõe ao interesse nacional

por Samuel de Paiva Pires, em 09.06.17

Jamelle Bouie, "Who Needs Rule of Law?":

Just one of our two parties is interested in checking this president’s abuse. The other, the Republican Party, is indifferent, content to tolerate Trump’s misconduct as long as it doesn’t interrupt or interfere with its political agenda. What defined Thursday’s hearing, in fact, was the degree to which Republicans downplayed obvious examples of bad—potentially illegal—behavior and sought to exonerate Trump rather than grapple with Comey’s damning allegations about the president. Sen. James Risch of Idaho, for example, pressed Comey on his claim that President Trump had asked the then–FBI director to drop the investigation into Flynn, suggesting that—because Trump didn’t give a direct order—we ought to ignore the clear subtext of the president’s statement. Sen. James Lankford of Oklahoma described Trump’s actions on behalf of Flynn as a “light touch.” Other Republican committee members, like Sens. John Cornyn of Texas and John McCain of Arizona, steered the conversation toward the FBI’s investigation of Hillary Clinton’s private email server. Still others, like Sen. Marco Rubio of Florida, defended Trump’s actions, blasting leaks to the press as efforts to undermine his administration.

 

Republican committee members were aided in all of this by the official organs of the GOP, which treated the hearings as a distraction—a partisan frivolity driven by Democrats and the press. “Director Comey’s opening statement confirms he told President Trump three times that he was not under investigation,” said a statement from the Republican National Committee that recommended a strategy of deflection. The RNC additionally argued that “Director Comey lost confidence of both sides of the aisle, and the president was justified in firing him.” House Speaker Paul Ryan, commenting on the procedures, defended Trump’s potentially illegal behavior as the mistakes of a novice. “He’s just new to this, and probably wasn’t steeped in long-running protocols,” he said.

 

(...).

 

James Comey’s sworn Senate testimony, both written and spoken, is evidence of one political crisis: A president with little regard for rule of law who sees no problem in bringing his influence and authority to bear on federal investigations. The Republican reaction—the effort to protect Trump and discredit Comey—is evidence of another: a crisis of ultra-partisanship, where the nation’s governing party has opted against oversight and accountability, abdicating its role in our system of checks and balances and allowing that president free rein, as long as he signs its legislation and nominates its judges.

 

Americans face two major crises, each feeding into the other. Republicans aren’t bound to partisan loyalty. They can choose country over party, rule of law over ideology. But they won’t, and the rest of us will pay for it.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 17:00

1983

por Nuno Castelo-Branco, em 14.10.16

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 Estávamos em 1983, na fase final da Guerra Fria. Não costumo falar das minhas experiências, mas neste caso abrirei uma excepção. Fui convidado pelo então deputado Borges de Carvalho, para participar num seminário da NATO a realizar-se em Pont-à-Mousson, nas cercanias de Nancy, numa abadia magnífica e adaptada para este tipo de encontros. Um serviço onde a gastronomia e civilidade francesa era acompanhada por um horário de trabalho intenso com professores e militares provenientes de alguns dos países-membro da coligação ocidental. Como colegas portugueses tive um sobrinho do presidente da A.R. de então e o actual primeiro-ministro António Costa. 


Naquele momento a NATO encontrava-se sob esmagadora pressão militar, política e mediática após uma fase de refluxo da presença do ocidente em todo o mundo, perda de influência à qual não foi estranha a derrota americana no Vietname e mais importante ainda, como então sublinhei a quem pacientemente quis ouvir-me, a catastrófica perda de todas as possessões de um dos países fundadores da Aliança Atlântica, deixando assim oaqueles que deveriam ter sido os interesses euro-americanos perigosamente fragilizados nas vias de acesso do grande comércio internacional marítimo, para além da evidente segurança militar que a existência de portos, costas e ilhas amigas representavam. Abertamente o afirmei a quem do outro lado do Atlântico ali chegou para um misto de doutrinação, aulas e talvez prospecção de futuros quadros de confiança. Nunca mais fui convidado para coisa alguma e muitos anos mais tarde percebi o porquê, mea culpa,  quando os outros dois portugueses, então muito mais parcos nas palavras, bem depressa chegaram aos lugares que pretenderam. Nestas reuniões aparentemente procuravam alguns yes, Sir! e a minha personalidade não lhes pareceu cumprir este requisito. 

O que lhes terei dito que tenha soado tão mal aos seus ouvidos? 

Começando por criticar rispidamente toda a política norte-americana quanto ao seu relacionamento institucional com um aliado formal como era, sempre foi e é Portugal, foi em silêncio que escutaram a minha longa lista de protestos plenamente justificados com números e factos e sempre em termos comparativos com as outras prioridades internacionais das administrações que teoricamente se sucederam na Casa Branca. A posição dos EUA na Indochina, os erros crassos, quando não abusos descarados, na relação americana com todos os países da zona, confirmando o fetiche soviético pelo dominó; o disparatado boicote do esforço de guerra português na guerra em África, precisamente em três frentes onde o ocidente poderia ter feito a diferença; o estranho caso da quase gratuita Base das Lajes, sempre em comparação com o despejar de biliões de dólares para sempre irremediavelmente perdidos em Subic Bay e Cam Rahn; a total falta de informações relevantes, obrigatoriamente no âmbito da aliança a fornecer a Portugal e bem pelo contrário, a passagem delas para o campo adversário por intermediários vizinhos dos portugueses. 

Em algumas conversas fora das salas, dois dos militares então presentes concordaram com praticamente tudo o que lhes dissera e encolhendo os ombros - não encontro imagem mais apropriada - disseram-me que não podiam corrigir o mal já feito e ultrapassado em quase uma década. O pior é que estes reconhecidos erros terão durado o tempo suficiente para serem corrigidos ou minorados, atendendo à evolução claramente negativa do conflito na Indochina e a duas consecutivas guerras no Médio Oriente, onde Israel em 1973 seria salvo in extremis, mercê de uma massiva ponte aérea na qual os Açores jogaram uma parte muito relevante, sem que por isso Washington sequer aconselhasse o seu preferencial aliado a moderar a retórica anti-portuguesa nas Nações Unidas. Retorquiu um deles que para o Pentágono, Portugal apenas era uma landing beach a saturar com bombas e mísseis antes do desembarque dos G.I. Assim mesmo, a seco e um tanto ou quanto já sem paciência para a repetição do reconhecimento dos apontados erros. 

Neste período cheio de incertezas, a Base das Lajes vai sendo notícia de forma discreta, não procurando - e bem - as autoridades de Lisboa agitar oceanos que apenas poderão muito prejudicar o nosso país no seu todo territorial. Tem alguém a mais pequena dúvida disso? A viagem de Costa à China não serviu apenas para o estreitamento de relações comerciais luso-chinesas, disso deveremos estar tão certos como o Sol despontar a leste todos os dias.

Existe um facto incontornável que pela sua perenidade de imediato deverá estar sempre presente a quem, seja quem for o partido que domine o poder em Lisboa, se encontre em qualquer tipo de negociações em relação à preciosa possessão portuguesa situada em pleno Atlântico norte: mesmo que os EUA retirem todo o pessoal que tem povoado a Base das Lajes, decerto Washington ali manterá um corneteiro e um soldado que ali diariamente hasteie a bandeira estrelada. Os símbolos conformam toda a importância que têm e neste caso, a Base é de facto um local privilegiado no preciso momento em que o alargamento do Canal do Panamá promete intensificar ainda mais as ligações marítimas do resto do mundo com a até hoje abastada Europa, agora, apesar da censura dos media, sob um ataque total proveniente do exterior. Poderão argumentar os portugueses e os seus hipotéticos convidados, venham eles de onde vierem, com  intenções meramente científicas ou comerciais, mas deverão sempre ter em conta que os americanos jamais admitirão um único corneteiro, para além do seu, naquelas ilhas. Muito menos ainda, aviões, navios, blindados, mísseis, soldados ou técnicos militares que sequer de longe possam representar uma passagem de testemunho. Esta é a realpolitik com que temos de nos conformar e se são totalmente desejáveis e imprescindíveis as novas relações de comércio e troca de conhecimentos entre Portugal, a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e até outros países europeus que connosco ainda participam na bastante incerta U.E., a questão da posse militar do arquipélago açoriano é um escolho imenso, intransponível. Para além da praticamente segura perda dos Açores, o nosso país não pode ser um alvo de qualquer tipo de campanha hate ou ter Lisboa a servir de alvo como foi Belgrado. 

Hoje a NATO tal como existe é questionável, urge mesmo a sua rápida reforma após as colossais decepções decorrentes da queda do comunismo soviético. Há que avisar todos os nossos aliados acerca desta urgência incontornável e de preferência, numa reunião magna, diante do mundo.

Previa-se a anexação do território da zona soviética da Alemanha e a neutralização ao estilo finlandês dos países do Pacto de Varsóvia, outrora servos de Moscovo. Não foi isso o que aconteceu, para grande desilusão russa, preparada como estava para aceitar a retirada do território da RDA, mas que hoje vê com legítima inquietação a grotesca, aberrante tentativa de incluir a Ucrânia numa aliança que parece cada vez mais tentacular e devemos dizê-lo sem rebuços, unilateral e capa de desculpa para acções que apenas a um dos seus membros interessam. Muito legitimamente, os russos sentem-se ameaçados directamente e para isso bastará passarmos nós, os aliados ocidentais, as nossas vistas sobre a lista de bases ocidentais espalhadas de ocidente a leste e a sul da Rússia. Em política, a psique funciona e nalguns casos é mesmo um factor determinante.

A NATO surgiu com propósitos defensivos, até de garantia de progresso material e liberdade numa Europa destruída pela guerra e ódios seculares. Cumpriu plenamente o seu papel e obteve, graças à persistência e claras insuficiências e contradições internas do sistema soviético, uma vitória certamente esperada. Nos anos de 1989, 1990 e 1991 bateram-se palmas de alegria, cantaram-se hinos, unificou-se uma nação dividida arbitrariamente e num ápice desapareceram os Estados totalitários que oprimiam os próprios povos, mantendo-os numa abjecta sujeição a um suserano externo, fatalmente incompetente no que interessava - o conforto material, a liberdade de expressão e circulação -  e brutalmente impiedoso. 

Hoje começamos a ouvir ao longe o inconfundível rufar dos tambores da guerra. Num momento em que os russos nunca viajaram tanto, num momento em que os russos livremente lêem e escrevem tudo o que entendem, num momento em que os russos são uma sociedade de consumo muito exigente e valiosa para o conjunto europeu, num momento em que os russos investem, compram e viajam na Europa, estamos perante aquilo que durante os anos de chumbo que foi a Guerra Fria jamais sucedeu: a iminência de um conflito militar de larga escala, onde, queiram ou não queiram os mais optimistas, as armas nucleares serão usadas, mesmo que pontualmente. Não serão apenas utilizadas na Europa, mas também além Atlântico, ...precisamente onde mais lhes dói, segundo o dizer de um conhecido russo.  A Síria será então um pretexto tão ínfimo como o Caso Gleiwitz. 

Em 1939, o governo então presidido por Salazar encontrou-se perante o dilema de se situar entre a potência tutelar, o então enfraquecido Reino Unido que connosco fazia fronteiras na África e na Ásia e uma Alemanha plena de vigor e espírito expansionista. Salazar sabia que não podia quebrar com os ingleses como sempre prepotentes na chantagem sobre o nosso império e em simultâneo, também tinha a plena consciência do que poderia advir para Portugal ao antagonizar-se com o Reich.

Declarada a guerra a 3 de Setembro, o Presidente do Conselho foi à Assembleia Nacional e ali manifestou a fidelidade portuguesa à Velha Aliança e em simultâneo declarou a neutralidade. Pois é disso mesmo que os nossos aliados têm a imperiosa necessidade de recordar e que o então meu colega de três semanas, António Costa, hoje primeiro ministro, deverá, em caso de inopinada e impensável necessidade,  integralmente copiar. Mesmo morrendo, salvaremos a face em relação aos poucos que ficarem para contar a história. 




publicado às 22:11

Screen Shot 2015-04-16 at 19.01.07.png

  

Há qualquer coisa que não bate certo neste guião. A Grécia vive dias muito difíceis. Tem a corda na garganta. Prometeu libertar o seu povo da Austeridade imposta pela Alemanha e chora desalmadamente porque não tem como pagar as contas. Mas isso não a inibe de negociar a compra de sistemas de mísseis à Rússia. Tsipras confirma os nossos piores receios. Não é um libertador da Europa periférica. É um perigoso apostador que arrisca lançar a Europa na maior das imprevisibilidades. A Grécia está à espera de um ataque turco? De uma investida de Panzers alemães? A União Europeia procura salvar a face, mas estes eventos exigem uma tomada de posição intransigente. Será o povo grego que em última instância pagará a factura, mas repartirá a mesma pelos restantes europeus. A política de casino, bluff, e o cinismo de Tsipras terão certamente os seus dias contados. O problema, no entanto, serão os danos colaterais deixados ao abandono. A poesia lírica do Syriza, que serviu para encantar as Esquerdas da Europa, está a ceder o seu lugar a algo intensamente explosivo. Há limites que devem ser respeitados por aqueles que afirmam pertencer à grande família europeia. O mais irónico deste enredo é que serão os Estados-membros da União Europeia a financiar a compra do sistema de mísseis à Rússia. Tsipras faz lembrar outros chicos-esperto de praças conhecidas. Se deixarem, pegará nos dinheiros de "salvamento" para comprar brinquedos para fazer a sua guerra. Não se esqueçam, Tsipras é um produto europeu. Certificado democraticamente, eleito por cidadãos no seu perfeito juízo. Dêem dinheiro ao Varoufakis e Tsipras. E depois não se queixem quando o mesmo se extraviar.

publicado às 18:33

Putin e Tsipras atiram o pau ao gato

por John Wolf, em 01.03.15

home-cat

 

Se Putin premiu o gatilho da pistola que abateu Boris Nemtsov não é a questão principal. Há outra mais importante que acaba de ser colocada aos russos: será que estão dispostos a colaborar com um regime repressivo que atenta à liberdade de expressão e a direitos e garantias fundamentais? Embora ainda faltem peças ao puzzle, o mar de gente que enche as ruas de Moscovo faz lembrar eventos mais ou menos recentes. Por exemplo Maidan ou até a Primavera Árabe. Sem dúvida que o aparato em torno do assassinato de Nemtsov serve para distrair das movimentações russas em solo ucraniano, mas Putin pode involuntariamente ter libertado  a força crítica e avassaladora do seu povo. Putin virou-se para a exterioridade da Crimeia e da Ucrânia porque há muito que sente o seu regime ameaçado - "lá fora" parece ser mais fácil justificar as acções e vendê-las de um modo glorioso no próprio país. Mas não é o único. Tsipras também aplicou o mesmo princípio que resulta de insuficiência interna, e atirou-se aos portugueses e espanhóis chamando-os de principais responsáveis pelas dificuldades negociais havidas entre a Grécia e os interlocutores europeus. São comportamentos enviesados e desta natureza que nos devem preocupar. As atitudes de políticos que atiram o pau para longe. A Grécia e a Rússia têm muito mais em comum do que possam imaginar. E não se quedarão por aqui. Já passámos a fase de meras sugestões. A Estónia e a Turquia parecem ser candidatos para serem arrastados para o já de si complexo mapa geopolítico. Isto não fica assim. Se as coisas não correrem de feição a Putin e Tsipras, estes são mais do que capazes de incendiar casas alheias.

 

*os gatos são muitos populares na internet, mas não servem para grande coisa.

publicado às 19:39

A grande ilusão europeia

por John Wolf, em 31.01.15

opticalillusions

 

Quando vejo a histeria a tomar conta dos povos, recordo-me dos filmes históricos dos anos 30 do século passado. Quando vejo povos derreados pela verga da indignidade económica e social, penso no sofrimento incomensurável de famílias inteiras. Quando vejo expressões de pura demagogia a tomar conta dos discursos de políticos, sinto que as nossas sociedades correm grandes perigos. Quando observo a bandeira da libertação ser hasteada, penso como será a nova ordem proposta pelos mercenários. Quando comprovo como nações inteiras podem ser postas ao serviço de interesses ideológicos, deixo de acreditar na pureza da Democracia. Quando testemunho a facilidade com que se arrebanha gente, penso em colunas militares. Quando sinto a prevalência do dinheiro na retórica inflamada, sei que a alma humana foi vendida. Quando registo a facilidade com que se desonra a palavra, conheço o valor de um aperto de mão. Quando nem preciso de olhar para ver, sei que já embarcaram num caminho de difícil retorno. 

publicado às 20:02






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