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Dando de barato o facto de Ronaldo ser, na actualidade, o melhor futebolista do mundo (ainda que isto do "melhor jogador de futebol do mundo" seja, a meu ver, uma fantochada sem quartel), a verdade é que o que se passou, em Belém, há poucas horas atrás foi um espectáculo a que nem a melhor versão dos Gato Fedorento seria capaz de se equiparar. Entendamo-nos: Cristiano Ronaldo é, de feito, um português com méritos mais do que firmados no mundo da bola, sendo que, nos dias que correm, o seu nome é já uma marca global reconhecida em qualquer recanto deste mundo cada vez mais globalizado, porém, não há, na minha óptica, nada, rigorosamente nada, que justifique o pobríssimo espectáculo de variedades criado em torno da atribuição do Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique ao craque madridista. Em primeiro lugar, não é minimamente admissível que se faça da entrega de uma condecoração de Estado um circo mediático a que nem o bom português conseguiu escapar às arranhadelas primárias dos intervenientes deste bacanal de gorilas enfatuados. Em segundo lugar, uma condecoração não é, que eu saiba, um troféu laureado que pressuponha um protocolo que mais parece uma derivação pouco original das berrarias tão características das meninas que compõem as claques desportivas americanas. Em terceiro lugar, o argumento do reconhecimento internacional é, a bem da verdade, um argumento pífio, pois, se alinharmos nesse diapasão, há quem tenha feito, com uma influência bem mais vincada, muito mais pela pátria do que Ronaldo. Em quarto lugar, e last but not the least, eu cria, mas pelos vistos erradamente, que a atribuição deste tipo de condecorações era feita no final de uma carreira desportiva. Ao que tudo indica, enganei-me redondamente. Para Cavaco, essas minudências, pura e simplesmente, não existem. Mas já que estamos numa de entregar a torto e a direito condecorações por feitos que pouco ou nada influíram na vida das pessoas, por que não premiar o Grande Oriente Lusitano pela influência subliminar que teve na fundação do F.C. Barcelona? É que, para todos os efeitos, se, hoje, temos o prazer de ver Messi e companhia jogarem, isso deve-se, numa medida nada negligenciável, à Maçonaria portuguesa. Portanto, caríssimo Presidente, se deseja comprar os favores da populaça com condecorações a granel, não se esqueça de agraciar quem, antes de Ronaldo, já fez alguma coisa de útil pelo desporto mundial.
Pelos vistos Blatter não desarma. O artista-imitador deve ter ficado arreliado com a resposta de Ronaldo, que demonstrou a sua superioridade e arte ao marcar golos que deixaram Messi a morder os calcanhares da lista de melhores marcadores. Como se não bastasse, Joseph Blatter ainda continua com o seu tom persecutório a Portugal. Agora que esgotou a questão do militarismo de Ronaldo, este sargento aponta baterias para o campo onde Portugal enfrentará obstáculos a breve trecho - os play-offs que determinam a presença ou não no mundial de futebol em 2014. Para este primo de Platini (outro político de algibeira a levar em conta), de repente a forma de acesso in extremis é uma coisa muito emocionante, boa para as audiências televisivas, mas não o suficiente para um país que tem talento de bola para dar e vender, mas que porventura não terá um mercado com dimensão suficiente para colocar marcas das grandes corporações que deram emprego a este dirigível. Este Blatter tem qualquer coisa de Madoff, Strauss-Kahn, Vale e Azevedo, Berlusconi e Baptista da Silva combinados - não inspira confiança. Não inspira grande coisa. Não inspira nada. Contudo, Portugal saberá dar a resposta que ele merece. O carteiro sueco irá bater duas vezes e entregar-lhe-á a encomenda. Entretanto, teremos de bater no Blatter.