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Ricardo Costa apresenta a Gala do Panamá

por John Wolf, em 09.04.16

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Quem ontem assistiu à Gala do Panamá, apresentada por Ricardo Costa, no programa o Expresso da meia-noite, teve a oportunidade de ver os jornalistas mais frouxos e comprometidos à face da Terra. A única convidada digna foi a Elisa Ferreira (Socialista - como podem ver, não estou a enviesar-me ideologicamente) que rebateu a tendência de relativização dos males dos offshores operada pelos jornalistas e os seus convidados.  Se repararam com atenção, havia um nervoso miudinho por aquelas bandas. Parece que esta história pode comprometer certas pessoas. O que vale é que o jornal Expresso, assim como a TVI, não valem grande coisa no universo de jornalismo sério e idóneo. O que vai safar os portugueses, ávidos por saber quais os ex-ministros e afins metidos ao barulho, é que os jornalistas de meia-tigela desta praça não têm o exclusivo do franchising do escândalo. Se não for o Expresso ou a TVI a "botar a boca no trombone", poderemos contar com a irresistível força do disclosure que já está em marcha a nível internacional. Correio da Manhã? Mexe-te. O Expresso está tão orgulhoso por colocar três tristes tigres (um foi águia) na capa do seu semanário - Luís Portela, Manuel Vilarinho e Ilídio Pinho. Que vergonha. E desde quando o Expresso tem a autoridade para servir o público às pinguinhas? Portugal precisa de uma bomba. E sem demoras. O Expresso, em particular, deveria ser alvo de investigação do tal consórcio internacional de jornalistas. Há sempre toupeiras e traidores dentro das organizações.

publicado às 08:46

Geração Galamba

por João Almeida Amaral, em 23.02.16

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 Não tenho dúvidas , nasceu uma nova expressão, " geração galamba". 

Do alto da tribuna com a verdade que os lugares e a arrogância lhes atribuem , a geração galamba, impõem a sua verdade , a verdade que emana da autoridade do poder da arrogância, da sua falta de humildade e até de vivências. 

São membros de uma geração que rejeita a eleição de um D. Trump, por que não faria sentido (apesar de o dito poder ser eleito em eleições livres), a sua vida urbana atribui-lhes a sabedoria , que um qualquer labrego do campo,  não pode almejar compreender. Jogam com subtileza com as palavras, de forma a que a sua verdade seja a única, pois também não admitem opiniões diferentes.

Para além de maçadores são um cansaço.

Vislumbro num futuro próximo, um insulto que possa ser : o homem " deixe-se de galambices"

Não merecem mais texto.   

publicado às 21:29

O Justiceiro em Bruxelas

por Manuel Sousa Dias, em 26.05.14
Factos: Marinho Pinto foi o único bastonário da Ordem dos Advogados que recebeu remuneração. Esqueceu-se de assumir os gastos que a OA suportou com o próprio nos seus dois mandatos. Durante os seus dois mandatos nunca teve um orçamento aprovado.

O ex Bastonário da OA e novo justiceiro da política, reclama agora com a sua eleição que "falta à política portuguesa verdade e transparência" e que "não se pode mentir como se tem mentido em Portugal ao povo português".

Depreendo que Bruxelas seja o melhor lugar para o ex bastonário começar a moralizar a política portuguesa.

publicado às 21:56

Portugal e o referendo da mentira

por John Wolf, em 18.01.14

O Parlamento, ou o Governo, podem, para todos os efeitos, inventar os referendos que entenderem. E os portugueses podem morder o anzol ou não da distracção política para se deixarem levar na conversa. O espectáculo absurdo a que foram submetidos os portugueses parece ter um propósito claro - distrair da questão essencial. A situação dramática em que se encontra Portugal. Por mais esforços que façam para omitir a verdade, os factos económicos, financeiros e sociais demonstram o contrário. Demonstram que a retoma não passa de um mito e o dobrar da esquina uma ilusão cozinhada ao sabor de números truncados, especialmente convenientes para governos de coligação. A única pergunta que deveria ser colocada aos portugueses em forma de tudo ou nada,  de sim ou não, já foi colocada pelos próprios. E a resposta também foi fornecida sem hesitações. O país exige algo maior do que passes de mágica parlamentar, chumbos ou aprovações de tribunais constitucionais. O país exige a solução maior e parece não haver homens de verdade para avançar com um Governo de Salvação Nacional. Quer o Presidente da República, quer o António José Seguro, não estão para aí virados. Aliás ninguém quer prescindir da sua agenda em nome do interesse nacional. No fim quem pagará a factura serão os portugueses. A saída limpa da Troika não passa de "optimismo ébrio", um acto de fé e mais nada. O país já é orfão de um Governo incapaz de oferecer a segurança de um lar aos portugueses. Os portugueses são filhos de uma terrível madrasta, vergastados sem piedade pela chibata de convicções erradas - foram co-adoptados pelo governo de coligação e a Troika. Entramos, deste modo, na fase de total disfunção política dos orgãos de soberania. Na loucura total de argumentos e pretextos, a voz do povo foi trazida à baila para entrar no esquema de decepção, para sacudir as águas do capote que vão aparecendo, granizo. Mas não devemos esquecer quem colocou no semi-círculo parlamentar os miúdos e graúdos. Não devemos omitir quem escolheu os líderes dos partidos políticos em Portugal. Não devemos esquecer quem elegeu o Presidente da República. Todos eles, sem excepção, emanam da matriz cultural e ideológica de Portugal, da vontade de cada um expressa na sua forma democrática e constitucionalmente consagrada. Portugal é filho de muitos progenitores, resulta de uma interminável orgia política iniciada há décadas. O que irá acontecer a Portugal nos próximos tempos não servirá para esclarecer seja o que for. Dia 17 de Maio e a saída da Troika não significa rigorosamente nada. Nessa data auspiciosa, Portugal não se divorciará do seu drama, do seu flagelo. Na melhor das hipóteses estará sozinha para conduzir os seus destinos - o seu fado.

publicado às 18:42

Swaps e zeros políticos

por John Wolf, em 06.08.13

 

O porta-voz dos socialistas João Ribeiro quer saber se Passos Coelho mantém a confiança na equipa de finanças. De acordo com o júnior do Rato - "a credibilidade está perto do zero". Gostaria de saber de que lado do zero se encontra a credibilidade. Se no lado do mais ou no lado do menos. Se na coluna do haver ou na coluna do dever. Na coluna do haver podemos confirmar que quer os social-democratas quer os socialistas estão metidos ao barulho. Ambas os grémios do poder estão envolvidos nesta trapalhada interminável de SWAPS. Podemos afirmar que existe mesmo uma coligação involuntária de responsabilidade que se estende do largo do Rato à Rua de São Caetano, de um governo para o seguinte. Na coluna do dever (com maiúscula), o campo onde o sentido ético impera, toda a verdade deveria ser exposta sem reservas, por forma a que as ilações pudéssem ser tiradas e as consequências distribuídas pelos senhores do destino nacional. O carinha-laroca João Ribeiro tem várias coisas que não jogam a seu favor. Em primeiro lugar, mesmo que esteja a falar em nome da magna instituição, deve estar preparado para responder à letra (e ao número). O aluno João Ribeiro vem da mesma área de formação de Ana Drago - sociologia-, e embora seja uma disciplina interessante, pouco serve para interpretar os números que estão associados a instrumentos financeiros complexos ou seus derivados. De repente somos obrigados a mascar as palavras de razão de alguém que não reúne as ferramentas adequadas para aferir se os contratos SWAP são uma coisa boa ou má. O senhor em questão percebe de análise fundamental ou técnica? Sabe ler gráficos? Consegue interpretar padrões de tendência inscritos em candlesticks japoneses?Percebe de mercados? Percebe de economia?Francamente não sei responder. Talvez possa provar o que sabe em Setúbal onde deseja estagiar até ser chamado por Seguro para uma missão de maior vulto. Não deixa de ser curioso que no PS, os caminhos trilhados na ascensão política, obedecem a uma mesma diáspora, a um semelhante DNA de residências mais ou menos temporárias. Macau parece ser uma antecâmara para a descolagem política dos socialistas. João Ribeiro por lá passou, assim como António Vitorino ou Jorge Coelho. O território, embora desaparecido da administração Lusa, foi sempre uma espécie de offshore político, uns bastidores asiáticos de São Bento, próximo dos negócios da china, dos jogos de azar e fortuna, na distância adequada para cair no esquecimento. Quem disse que Portugal não tem lobbies, tem razão: localizam-se no oriente. Os SWAPs, qual ficha de casino, são o joguete do momento, o bastão que vai passando de mão em mão, para ir queimando cartuchos que nada têm a ver com a salvação do país. A reposição de toda a verdade respeitante a esta forma de controlar danos financeiros, implicaria recuar aos primórdios do conceito de risco. Envolveria analisar retroactivamente decisões políticas de outros tempos. Quando o Rei D. Sebastião lançou-se a galope em Alcácer-Quibir, já estaria a esboçar os termos de um SWAP sem o saber. Correu um risco e o país pagou um preço elevado. Se a coisa tivesse acontecido de modo diverso e Marrocos se tivesse transformado numa colónia Portuguesa jamais alguém ousaria questionar o propósito da campanha. Não sei se me faço entender, mas o coitadito do SWAP  não tem culpa nenhuma, é mais uma arma ao serviço da sobrevivência económica e financeira. O problema está nos cavaleiros que o utilizam como arma de arremesso. O desgaste que sentimos tem a ver com o facto dos políticos não se apearem das suas montadas para se redimirem perante as derrotas infligidas pela dureza das mentiras. A verdade pode repor a honra de não se sabe bem quem, mas não gera emprego e crescimento - o que o país precisa urgentemente. O resto são detalhes de história. Os oradores de ocasião que se escondem atrás de púlpitos partidários serão esquecidos ou levados pelos ventos autárquicos. 

 

publicado às 16:41

Ontem como hoje

por Samuel de Paiva Pires, em 20.04.13

 

António de Aragão Paiva, Terras do Nú e do Batuque (1933):

 

«E se para lamentar é o facto de haver ainda no País quem contraponha à justiça e à verdade a mentira e a aleivosia sempre nefastas, triste se torna à nossa consciência e ao nosso raciocínio analisar a procedência de falsos conceitos e comentários idiotas, quando eles partem de cérebros cujo grau de civilização e intelectualidade nos deixam confusos e perplexos.»

publicado às 19:44

A liberdade e a igualdade entre a verdade e a retórica

por Samuel de Paiva Pires, em 24.02.13

Roger Scruton, Postmodern Tories:

«If we are to confront these ideas, it seems to me, we must begin from Plato’s famous distinction between philosophy, whose goal is truth, and rhetoric, whose goal is persuasion. In a media-dominated democracy truth counts for very little, while persuasion is everything. Looming over the battlefield of modern politics is the rhetoric of equality. It fights for any side that can capture it, defending traditional conservatism as equality of opportunity, and socialism as equality of outcome.

Philosophically speaking the idea that all human beings are equal is questionable. Equal in what respect, for what end, and in what perspective? Are criminals to be treated equally with law-abiding citizens, for instance? Nevertheless, from the rhetorical point of view, the very same idea of equality is the premise of every winning argument. Equality demands equal treatment for disadvantaged and advantaged children, and therefore exams that make no real distinctions between them. It demands equal treatment for nationals and for migrants, and therefore the abolition of effective border controls. It demands equal treatment for gay and straight people, and therefore gay marriage.

 

Looming slightly less prominently over the battlefield is the rhetoric of freedom. Philosophically speaking it is again highly questionable whether human beings are or ought to be free: free from whom, to do what? In the name of freedom men abandon their families; schools abandon discipline; universities abandon the old and tried curriculum in order to offer students a wider choice of degrees. Freedom means opportunity, and opportunity means that the canny, the determined and the strong rise to the top, enjoy those phenomenal city salaries, and join the new class of global fat cats. Dressed up in this way, individual freedom cries out for top-down control.

 

Yet freedom also opens the road to the rest of us; educational freedom creates opportunities for those at the bottom of society; economic freedom protects the volunteer and the entrepreneur against the smothering cloak of regulation; freedom of conscience protects us from the rule of priests and mullahs, while freedom of speech enables us to scorn bigots and bullies without fear of reprisal. Freedom, in this sense, is unquestionably a good thing—unless it is abused. And there’s the rub. What counts as abuse, who is to decide, and what should be the penalty? The philosophy here is deep and difficult but the rhetoric is easy. Matthew Arnold summarised the matter succinctly: “a very good horse to ride; but to ride somewhere.”


Reading these two books I came to the conclusion that the current difficulties for the conservative cause lie exactly in the tension that worried Plato. The philosophy of conservatism, launched two centuries ago by Adam Smith, Edmund Burke and David Hume, and on the continent by GWF Hegel and Joseph de Maistre, is, in my view, difficult, intricate and true. Today’s winning political rhetoric, by contrast, is simple, persuasive, and false. The theory of knowledge and its social function that inspires Michael Gove cannot silence the loud cry of the teachers’ unions for equality whatever the cost. The subtle arguments for the market economy developed by the Austrian school will never extinguish the zero-sum fallacy, which says that if some are rich it is because others aren’t. Burke’s defence of common law justice, like Hegel’s defence of the family and the corporation, has little weight against the rhetoric of “compassion.” Even those on the right who believe that the long-term effect of this rhetoric is to make everyone dependent on the state, and the state dependent on borrowing from a purely imaginary future, will go on repeating it. For the ruling belief is that “in the long run we are all dead,” as Keynes famously put it—none of us will have to pay for current policies and meanwhile it is best to look caring and nice. The philosophy of conservatism has nothing to say in response to this. For it is not about appearing nice. It is about conserving the foundations of civil society. Whatever rhetoric you choose for promoting that cause, the other side is going to describe you as “nasty.” For rhetoric is about appearance, not truth.»

publicado às 18:24

Da heresia e da rebeldia

por Samuel de Paiva Pires, em 19.01.13

José Adelino Maltez, O homem é um ser que nunca se repete... viva a heresia!:


«Há um Deus que pode nascer todos os dias dentro de quem somos. Porque, às vezes, é na rebeldia que está a lealdade, nessa suprema ortodoxia do heterodoxo, e não na diluição no rebanho seguidista. Deus pode ser o mundo e haver mais mundos, sobretudo aqueles que continuam a criação, dando novos mundos ao mundo. As seitas sempre foram a própria negação da verdade. Não passam de rebanhos de dilectos que apenas reagem aos exoterismos, mesmo que se disfarcem em rituais, sobretudo quando estes perderam o sentido dos gestos. 

(...)

Odeio todos os grupos e movimentos que procuram assumir o monopólio da verdade, do espírito, da vida e do próprio bem, só porque alguns exibem uma contrafacção da chave da verdade e dizem ser o caminho. Odeio catecismos e formulários, bem como os seminaristas de cordel que procuram transformar-se nos cardeais da propaganda da falsa fé e nos comandantes de uma nova Inquisição que nos quer a todos relaxar para o braço secular da persiganga. Os que retomam a hermenêutica disciplinada da unicidade preferem a liturgia da subserviência à religiosidade da libertação. Até nem compreendem que só há pátria quando se cultivam as complexas heranças que nos sagraram a terra das árvores, dos rios e dos montes. Eles nunca entenderão que é possível o não através do sim e o sim através do não. A heresia continua a ser a única foram criativa de fecundarmos este caminho repleto de dejectos, ditos os filhos dilectos, mas que sabem que a revolta individual dos que procuram é o que mais se aproxima de sua imagem e semelhança. O homem é um ser que nunca se repete.»

publicado às 22:13

 

Devo confessar que simpatizei com o actor que representou o papel de especialista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O artista Artur Baptista da Silva convenceu a crítica com o seu desempenho. As várias nuances gravosas com que expressou os seus diálogos, o refinamento dos gestos que acompanháram os momentos de maior tensão dramática. Sim senhor. Isto é bom. Há anos que a SIC produz ficção em televisão, mas nunca havia atingido este grau de credibilidade. E isto é bom teatro, é quase sétima arte. O papel desempenhado foi maior que o homem - serviu o interesse nacional, por demonstrar que até os burlões estão seriamente preocupados com o estado da nação. E a SIC e o Expresso sentem-se ofendidos e querem vingar o desfalque. Porquê? Não concedem (todos os dias ou semanalmente) tempo de antena e páginas inteiras a mentirosos compulsivos, a farsantes profissionais? Nem vou responder. Só sei o seguinte; o Sr. Artur Baptista da Silva mostrou como se faz. Não apresentou uma amostra de diploma da Universidade Lusófona, não fez algumas cadeiras e não lhe ofereceram outras. Não senhor. O homem fez a coisa com estilo, com o grau de exigência de quem consome apenas o melhor. Um alto cargo na ONU, um mandato no Banco Mundial, um duplo doutoramento em Harvard, conferências internacionais. Enfim, a crème de la crème que não chega a ser crime, na minha humilde opinião. Pergunto, o que preferem: um dignatário credenciado que mente todos os dias ou um condenado a chamar as coisas pelos nomes? Qual dos dois oferece mais garantias neste mundo de poses e cartões de visita. O homem-embuste não disse nenhuma mentira, o seu nariz não cresceu nem decresceu. É patético que a SIC ou o jornal Expresso queiram processar o homem que lhes passou a perna. Fica demonstrado como funcionam as coisas nos meios de comunicação social. Em condições normais, a haver cabeças a rolar, nunca seria a do Baptista. Se desejam apurar responsabilidades e aplicar processos disciplinares, será na estação de televisão SIC ou no Expresso que isso tem de acontecer. Seria o expectável. Despedimento com justa causa por incompetência flagrante. O método investigativo desses meios de comunicação social revela o seu modus operandi. De nada serve o Nicolau Santos retirar o laço e aparecer de camisa de ganga, num registo de hippie enganado, e apregoar que em décadas de carreira nada disto lhe havia acontecido. Não senhor. Assim não vão lá. Agora vão ser obrigados a confirmar a identidade de todos que se apresentam ao serviço ou aqueles que se fazem de convidados. Será que sou quem sou? Ou será que isto não passa de uma invenção da minha cabeça equivocada pela quadra natalícia? São muitas perguntas deixadas no ar pelo pai Natal.

publicado às 09:38

Antes de mais, permitam-me pedir desculpa ao Carlos Santos e ao Corcunda por só agora conseguir responder a ambos. Aqui fica:

 

1) O Corcunda aponta que o agnosticismo "Esquece que nos apoiamos na fé para conhecer tudo o que nos rodeia", dando exemplos de fenómenos físicos, químicos e biológicos, que outrora foram tidos como verdadeiros, assinalando de seguida que "Sem a certeza de um ponto exterior, sem a presunção de uma ordem exterior de referência (e a verdade não é mais que o confronto do ser racional com um Ser que não é o seu), toda a discussão é meramente contingente (…)", o que vai no sentido da afirmação do Carlos de que "Se a Verdade existe então, para além do humano, o Absoluto tem também de existir." Temos, portanto, que a verdade é absoluta. Ora, há uma contradição lógica nisto: se a verdade, aqui entendida como divina e, portanto, decorrente da fé, é absoluta, como podem acepções tidas como verdadeiras ter sido contestadas e refutadas?

 

2) O ponto anterior leva-me novamente a perguntar de que verdade falamos em concreto? Porque não é a mesma coisa falar de verdade em teologia, filosofia ou ciência, embora existam, obviamente, pontos de contacto.

 

3) Afirma o Corcunda que "Uma religião que tem uma finalidade social é um código político, ou seja, um mero instrumento do Poder". Se uma religião não tem uma finalidade social, então que finalidade tem? Parece-me que não só toda a religião tem uma finalidade social como foi e continua a ser um instrumento do poder. Não quer dizer que seja apenas isto, mas é também isto. O que vai ainda de encontro à crítica do Carlos quanto à abordagem utilitarista à religião. A este respeito, com a devida autorização, aproveito para citar um comentário que a Silvia fez no Facebook: «Uma abordagem utilitarista da religião é uma abordagem muito válida e não concebo como pode recursar-se. Religare para alcançar a felicidade, a paz interior, o Amor universal – que é isto se não uma abordagem utilitarista? A religião é a estrada do mundano ao transcendente. Não só assume uma abordagem utilitarista nessa perspectiva (da prática individual da religião) como assume uma abordagem utilitarista no colectivo social, da procura do bem-estar pela regulação da ordem social a que a religião, desde o início dos tempos, não é alheia, como sabemos. E isto na abordagem utilitarista que não radica, como alguma parte do texto parece indicar, na utilidade (abordagem utilitária) em sentido lato. Se bem que, também aí, devo afirmar que a religião tem efectivamente uma utilidade – ou várias – controlo social, fonte de direito, and so on. Por isso está a religião organizada devidamente nas suas instituições onde pululam os ritos e outras acções simbólicas de ligação ao divino. São meios, meios que utilizamos. A estrada do religare.»

 

4) Como é que se justifica algo como justo ou injusto sem que seja meramente reflexo do poder? Através do direito natural, da razão prática em ligação com a noção de tradição e evolução cultural e do imperativo categórico kantiano.

 

5) Em resposta ao ponto 6 do Corcunda e à perspectiva do Carlos quanto à antropomorfização da Vontade Divina, quando eu falo nesta é no sentido que Hayek lhe dava, conforme Linda Raeder assinala: "Por outras palavras, ele temia que a atribuição da fonte de ordem à Vontade Divina pudesse levar à interpretação antropomórfica dessa Vontade como a “vontade da sociedade” (que tem, na realidade, de ser a vontade de seres humanos em particular) e inspirasse esforços equivocados para controlar o processo social espontâneo através da direcção consciente. Isso, acreditava, seria fatal não só à vontade humana mas à sobrevivência da civilização avançada." Coloco um exemplo prático: George W. Bush disse falar com Deus e que este lhe ordenou que invadisse o Iraque. Saddam Hussein também acreditava em Deus e, como muitos muçulmanos, que Alá lhes ordena que combatam os EUA. Como é possível a existência de duas verdades contrárias com justificações transcendentes? 

 

6) Diz o Corcunda, num comentário: "Se alguém diz que tem a certeza que Deus não existe, é porque tem uma visão do além e conseguiu vislumbrar aí o Vazio (...)." Da mesma forma, se alguém diz que tem a certeza que Deus existe, é porque tem uma visão do além e conseguiu vislumbrar aí algo. E eu simplesmente não consigo conceber nenhuma destas posições.

publicado às 18:12

Samuel, a premissa central do teu texto - que percebo a ser a antecedência do homem face a Deus -, da qual resulta a noção de que Deus é uma criação humana, bem como o deísmo antropomórfico que caracterizas, parece-me padecer de um problema de base, brilhantemente sumariado em Being John Malkovich. Se nós vemos o mundo pelos olhos de Malkovich, o corpo de Malkovich age de acordo com o que cada um de nós quer experimentar. A realidade de "ser John Malkovich" torna-se assim no paradoxo do relativismo absoluto: John Malkovich passa a ver e agir como cada um de nós quer.

Serve a metáfora para dizer que tudo pode ser entendido como uma construção humana, se entenderes que por ser visto pelos teus olhos, humanos, passa a ser uma realidade construída por ti. Naturalmente que foi o homem quem escreveu sobre Deus, porque a escrita é um exercício humano. Faz isso de Deus uma criação humana? Da mesma forma faria de cada mesa uma mesa diferente, consoante quem passasse pelo interior da mente de John Malkovich, e olhasse para a dita mesa. A falácia "post hoc ergo propter hoc" enviesa o conhecimento: não é por a reflexão humana sobre Deus, e a escrita do homem sobre Deus, anteceder uma epifania que admitas como válida, que essa epifania passaria a ser uma construção tua. Ou todo o conhecimento se tornaria relativo, e, como tal, nulo. O que não é o caso! 

No domínio da geometria euclidiana, o Teorema de Pitágoras é uma verdade à espera de ser descoberta, que não muda por ter sido Pitágoras a descobri-la. Fosse outro qualquer, mudasse o nome ao teorema, ele continuaria a conter uma relação indesmentível entre os comprimentos dos lados de um triângulo rectângulo, inscrito num plano.

O Teorema de Pitágoras foi verbalizado por homens. Tornar-se-ia diferente a cada um que passasse pelos olhos de John Malkovich? Não me parece, e por isso não me parece também que toda a verdade seja humana como afirmas. A Matemática é uma colecção de verdades que existem e da qual nos é dado vislumbrar pedaços da sua beleza de tempos a tempos. As verdades ainda não descobertas não são verdades inexistentes. E as existentes são idênticas para qualquer olhar que sobre elas se debruce. Mesmo o último teorema de Fermat sobreviveu séculos, apesar de não demonstrado até recentemente.

 

Se a Verdade existe então, para além do humano, o Absoluto tem também de existir. Porque a Verdade é absoluta. A nossa missão muda radicalmente. Tentamos apreender a verdade, como dizia Newton, trabalhando como anões nas costas de gigantes. Santo Agostinho separava de forma clara a matéria criada da que não o foi. Deus cria. Não é ele próprio matéria criada, e por isso antecede a matéria criada. A concepção humana de Deus pode-lhe ter conferido, em muitos cultos, rostos humanizados. Da mesma forma que estilizamos as representações de extra-terrestres a partir do nosso universo de conhecimento morfológico. Mas o Cristianismo, no que me parece ser um ponto que ilude a tua reflexão, não o faz. Jesus Cristo não é a humanização de Deus, nem a representação de Cristo pretende ser a representação de Deus. Cristo é Deus que veio ao mundo como Homem. E para interagir com os homens. Por isso, numa forma reconhecível pelos homens. Nenhum Homem, diz-nos Jesus, alguma vez viu Deus, na sua vida terrena. Quando muito, alguns tiveram a Fé para reconhecer Deus no homem Jesus Cristo.

Vale a pena recordar o episódio da sarça ardente, em que Moisés interage com Deus na montanha. Pede-lhe para o ver, para o poder apresentar ao povo que tirara do Egipto. E Deus permite-lhe apenas ver a sombra de umas costas numa pedra. Santo Agostinho, em Da Trinidade, conclui que essa sombra é a sombra das costas de Jesus, pois será essa a forma humana que Deus tomará quando vem ao nosso encontro no Novo Testamento.

Não podemos, por isso, confundir antropomorfismo deísta com Cristianismo. É assumido no Cristianismo que não conhecemos o rosto de Deus, nem sabemos se o tem. Foi-nos dado, pelo Seu Amor, conhecer a Cristo, Deus que veio a nós na forma humana. Mas que não consiste na forma (se o conceito se aplica?) do próprio Deus, pois Ele não é matéria criada, nem se situa neste plano de morfologias reconhecíveis. O Deus dos Cristãos é a Trindade Santíssima: uma união perfeita de três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) que são uma só, pois cada uma está em todas as outras e são consubstanciais. O Deus é uno e trino. Consubstancial porque todo é Amor. Só se distinguem nas relações recíprocas, mas todos um mesmo Deus.

Convirás, Samuel, que há pouco de antropomórfico, na percepção de um Deus uno e trino, pois essa é uma realidade desconhecida e mesmo misteriosa no nosso plano vivencial....

publicado às 18:31

 

Como alguns leitores terão notado, nos últimos tempos, especialmente desde que decidi assumir publicamente o meu agnosticismo, tenho-me debruçado, ainda que não tão aprofundadamente como gostaria, sobre a temática da religião, deixando por aqui excertos de autores como Scruton, Jung e Mark Vernon. Na lista de leitura constam ainda obras de Nietzsche, Kierkegaard, Feuerbach, Russell, William Rowe, Hitchens e dos mesmos Scruton, Jung e Vernon. Disto procede, como bem apontaste, Carlos, no primeiro texto em que respondias a um excerto de Vernon, que a verdade é que a minha abordagem à religião é essencialmente filosófica. Mais, eu padeço da mesma incultura religiosa de Camus, ou talvez mais apropriadamente, incultura em relação à religião católica, e é por isso que, embora a Bíblia também faça parte da minha longa lista de leitura, não sou capaz de responder nos mesmos termos simbólicos que utilizas. 

 

Ainda assim, permite-me uma breve réplica para dizer que o ponto que levantas relativamente à ausência do utilitarismo na religião católica - e não é surpreendente a crítica que fazes ao utilitarismo de Vernon, ou não tenha este sido padre da Igreja Anglicana - parece-me poder ser disputado em dois sentidos. O primeiro, é que quando se fala em Salvação somos obrigados desde logo a colocar a questão "o que é a alma?" - que recentemente Edward Feser abordou-; o segundo, é que como Hayek, também ele agnóstico, mostra em The Fatal Conceit, a religião tem, de facto, uma utilidade, mais imanente que transcendente. Distinguindo entre as práticas de comunidades primitivas e das modernas sociedades ocidentais, o autor austríaco salienta que instituições, sistemas morais e tradições evoluíram de forma a gerar e manter um número elevadíssimo de indivíduos, através de uma selecção natural competitiva mas pacífica das tradições de diversos grupos, tradições estas que muitos não entendem ou não apreciam e que até combatem, mas que são fundamentais para a sobrevivência destes grupos. Contudo, quanto ao porquê destas terem sido preservadas contra instintos e até contra o racionalismo construtivista, Hayek assinala que a religião desempenha/ou um papel fundamental (tradução minha): "Devemos parcialmente a crenças místicas e religiosas e, acredito eu, particularmente às principais crenças monoteístas, que tradições benéficas tenham sido preservadas e transmitidas pelo menos o tempo suficiente para permitir a estes grupos que as seguiam crescer e ter a oportunidade de se espalharem através da selecção natural ou cultural. Isto significa que, gostemos ou não, devemos a persistência de certas práticas, e a civilização que resultou destas, em parte ao apoio de crenças que não são verdadeiras – ou verificáveis ou testáveis – no sentido em que são as afirmações científicas, e que certamente não são o resultado de argumentação racional. Eu às vezes penso que pode ser apropriado chamar-lhes, pelo menos como gesto de apreciação, “verdades simbólicas”, visto que elas ajudaram os seus aderentes a ser “frutíferos e multiplicarem-se e reabastecerem a terra e subjugá-la” (Génesis 1:28). Mesmo aqueles entre nós, como eu próprio, que não estão preparados para aceitar a concepção antropomórfica de uma divindade pessoal, têm de admitir que a perda prematura do que consideramos como crenças não factuais, teria privado a humanidade de um poderoso apoio ao longo desenvolvimento da ordem alargada que agora gozamos, e que mesmo agora a perda dessas crenças, quer sejam falsas ou verdadeiras, criaria grandes dificuldades."1

 

Também Jung nos traz alguma luz a este respeito, quando faz a distinção entre credo e religião, que é também útil para responder ao Corcunda. Diz-nos Jung (tradução minha) que "Um credo dá expressão a uma determinada crença coletiva, ao passo que a palavra religião exprime uma relação subjectiva com certos factores metafísicos, extramundanos. Um credo é uma confissão de fé destinada principalmente ao mundo em geral e é, portanto, um assunto intramundano, enquanto o significado e o propósito da religião recaem na relação do indivíduo com Deus (cristianismo, judaísmo, islamismo) ou no caminho da salvação e libertação (budismo). A partir deste facto básico é derivada toda a ética, o que, sem a responsabilidade do indivíduo perante Deus pode ser chamado de nada mais do que moralidade convencional."2

Atendendo à moderna morte de Deus,  quando, em A Gaia Ciência3, Nietzsche aborda o assunto, fá-lo, como Vernon salienta, contando uma história que é ilustrativa da tragédia que, para ele, foi a proclamação da morte de Deus. Diz-nos a personagem do louco (tradução minha): "Como havemos de nos consolar, os assassinos de todos os assassinos? O que era mais sagrado e mais poderoso de tudo o que o mundo já possuiu sangrou até à morte sob as nossas facas: quem vai limpar esse sangue de nós? Que água existe para nos limparmos a nós mesmos? Que festivais de desagravo, que jogos sagrados teremos de inventar? Não é a grandeza deste acto demasiado grande para nós? Não deveremos nós próprios tornar-nos deuses simplesmente para parecermos dignos dele?"3 "O homem como o novo Deus", diz-nos Vernon, "quão assustador é este pensamento."4

Nietzsche percebeu claramente o que o Corcunda salienta, tal como Jung, no que diz respeito à ausência de um critério transcendente de verdade: "Ser o aderente de um credo, portanto, não é sempre uma questão religiosa, mas mais frequentemente uma questão social e, como tal, não faz nada para dar ao indivíduo qualquer fundamento. Para suporte ele tem que depender exclusivamente da sua relação com uma autoridade que não é deste mundo. O critério aqui não é a aprovação de um credo, mas o facto psicológico de que a vida do indivíduo não é determinada exclusivamente pelo ego e as suas opiniões ou por factores sociais, mas em igual medida, se não mais, por uma autoridade transcendente. Não são princípios éticos, por mais elevados, ou credos, por mais ortodoxos, que estabelecem as bases para a liberdade e a autonomia do indivíduo, mas simples e unicamente a consciência empírica, a experiência indiscutível de uma intensa relação pessoal e recíproca entre o homem e uma autoridade extramundana que actua como um contrapeso ao "mundo" e a sua "razão."5

Dito isto, importa afirmar que um agnóstico, ou melhor, um pensador ou filósofo agnóstico (aspirante, no meu caso), não é necessariamente irreligioso. Pelo contrário,  enquanto muitos, se não mesmo a maioria dos aderentes a um credo, limitam-se a existir e não a viver, já que aceitam dogmaticamente o que a Igreja do credo lhes diga que está certo e errado, não chegando sequer a debruçarem-se sobre as grandes questões da existência humana, como a existência de Deus, um agnóstico que o seja no sentido que a palavra tomava na Época Vitoriana, ou seja, que tenha a convicção de que nada pode ser conhecido com absoluta certeza mas que se dedica à busca pelo conhecimento com a plena noção dos limites deste e da sua ignorância, não pode deixar de repudiar o fundamentalismo quer dos credos quer do ateísmo, colocando-se numa posição de dúvida que dá corpo ao seu pensamento e à sua forma de estar na vida. Aliás, a sua relação com uma entidade extramundana, exercitando a dúvida, pode inclusive ser mais rica e intensa que a de um crente, como foi o caso de Sócrates. Mais, se o agnosticismo e o ateísmo são até mais velhos que o cristianismo, como pode este clamar estar em contacto ou saber o que é a verdade? E de que verdade falamos em concreto? E por que é que esta tem que ser necessariamente um sub-produto do Divino? Ademais, se aceitarmos que foi o Homem que criou Deus - como eu tendo a aceitar -, temos que a sacralização ocorre(u) do mundano para o extramundano pelo que, em última análise, estamos sempre a aceitar verdades que têm apenas origem humana. Não creio que a modernidade tenha transformado a verdade numa percepção humana, creio que sempre o foi, e que o Iluminismo apenas veio revelá-lo - reforçando o temor em relação à antropomorfização da Vontade Divina. Neste contexto, que outra hipótese temos que não virar-nos para a imanência, mas sabendo que esta não deixa, contudo, pelo menos para mim, de ter ligação à transcendência - na tal posição de dúvida -, e que individualmente cabe-nos adoptar princípios, valores e comportamentos que nos pareçam moralmente correctos, que em última análise, até podem derivar, e em larga medida derivam, da religião - de que as ideologias são, elas próprias, os melhores exemplos, no que à conduta política diz respeito?



1 - F. A. Hayek, The Fatal Conceit: The Errors of Socialism, Indianapolis,Liberty Fund, 1991, pp. 136-137.

2 - Carl Jung, The Undiscovered Self, New York, Back Bay Books, 1957, pp. 20-22.

3 - Friedrich Nietzsche, The Gay Science, New York, Vintage Books, 1974, pp. 181-182.

4 - Mark Vernon, How to be an Agnostic, Basingstoke,Palgrave Macmillan,2011, p. 8.

5 - Carl Jung, Ibid., pp. 22-23.

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