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Tenho fama de distribuir chapada a torto e a direito - mais à esquerda do que à direita -, para ser coerente e honesto, mas aprecio casos de sucesso. Escuto com a devida atenção as histórias daqueles que ousaram romper com as regras da casa, aqueles que têm uma visão que transcende as formatações de quadros mentais estanques. O Presidente da Câmara do Porto Rui Moreira deve servir de farol para a construção de um novo ADN político. O homem do Norte não deve ser apenas daquela região. A declaração peremptória de que não haverá jobs for the boys deve fazer parte do caderno de encargos de todas as agremiações políticas. E aqui não faço distinções. A farinha é a mesma seja qual for o saco de interesses partidários. São comunas que metem a cunhada Aliete no serviço. São sociais-democratas que lançam o Martim na banca. São socialistas que enchem de afilhados os corredores da PT. O que Moreira afirma é, em certa medida autofágico, mas obrigatório. É a promiscuidade e a proximidade de interesses que esmaga a excentricidade criativa do mérito desfiliado. É o incesto partidário que produz aberrações. Mas é sobretudo o fundamentalismo ideológico que mata e mói nesta ordem invertida. Rui Moreira declama qual o seu campo de crenças, com toda a naturalidade, mas não cerra fileiras. Abre a vedação. Professa uma salutar forma de ideologia civil. E quanto às obras no Porto. Onde está o pó das autárquicas? Também irão a votos.